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O número de ciclos e intervalo entre pastejos apresentados demonstraram que em dosséis mantidos com A55 atingiram a meta de manejo no pré-pastejo de forma mais rápida, resultando no maior número de ciclos de pastejo e na melhor distribuição da produção de forragem ao longo do período avaliado. Fato que apresenta grande valia, uma vez que, períodos curtos de descanso resultam em forragem mais jovem e de dieta com melhor valor nutritivo (Luna et al., 2016). O uso da maior dose de N associado à A55 otimizou o processo produtivo do capim BRS Zuri, tornando o tratamento 55/300 o mais intensivo dentre os tratamentos apresentados no presente estudo.

Os resultados da MFpré e pós-pastejo demonstraram que, de maneira geral, dosséis mantidos mais altos apresentam maior massa de forragem correspondentes, seguindo padrão semelhante encontrado na literatura em diferentes trabalhos com pastagens (Carnevalli et al., 2006; Difante et al., 2010; Barbosa, 2020). A competição por luz é o principal fator determinante da DPP no dossel forrageiro (Machado et al., 2020). Dosséis mantidos mais altos, apresentam perfilhos maiores, em menor densidade populacional (Gastal et al., 2015) e, juntamente com seu potencial genético, a forrageira pode apresentar folhas cada vez maiores, o que pode explicar os maiores IAF e %C para os dosséis mandito sob A5 (Tabelas 5 e 7). Essas folhas com maior ângulo (mais horizontal) podem ter contribuído para a maior IL a A75, independente da dose de N (Tabelas 5 e 6). Desta forma, a redução de luz no perfil vertical do dossel forrageiro manejado mais alto está associado com o maior IAF e IL (Pedreira et al., 2001) e consequentemente a maior proporção de colmo.

Vale ressaltar que o peso do colmo é maior do que o peso da folha e, portanto, sob manejo inadequado, a maior MF pode ser composta por maior proporção de colmos, um componente indesejado. O alongamento de colmo está associado ao aumento da taxa de senescência devido ao maior sombreamento da parte basal da planta (Paciullo et al., 2017), o que causa a modificação da estrutura do dossel e consequentemente a resposta produtiva da planta (Hodgson, 1990). Assim, os dosséis manejados sob A75 registraram maior TMP, o que pode ter sido resultado do maior intervalo entre pastejos e pelo sombreamento da parte basal do dossel (Tabela 3).

Dosséis manejados com A55 apresentaram menor MFpré e pós-pastejo, no entanto, tiveram maior DPP, AF ao final da estação de crescimento e, consequentemente, maior TAF. O maior AF e TAF apresenta-se como resultado do número de ciclo de pastejo apresentado para A55 e está diretamente associado à maior DPP (Hirata & Pakiding, 2002) e maior %Fpré e pós- pastejo (Tabelas 5 e 7), visto que a folha é o principal órgão que realiza a fotossíntese, mantendo

a perenidade do pasto (Cabral et al., 2020). A velocidade dos processos fisiológicos da planta pode ser acelerado com maior dose de N (Develatti et al., 2019). Assim, dosséis com N300 e A55 apresentaram a maior DPP, PMP e AF, provavelmente devido à maior disponibilidade de N no solo, resultando assim, na otimização dos processos produtivos do capim BRS Zuri.

Conceitualmente, o IAF crítico refere-se ao IAF em que o dossel atinge 95% de IL (Brougham, 1956) e, para interceptar 90 a 95% de IL o dossel deve apresentar IAF de no mínimo 3 (Hay & Walker, 1989). Os valores encontrados no presente trabalho foram maiores que 3 (Tabela 4) e, embora os dosséis mantidos com A55 tenham apresentado maior AF, TAF e %Fpré e pós-pastejo, a IL foi 92 e 94% com N150 e N300, respectivamente. Esses resultados, mostram a possível flexibilidade do manejo para o capim BRS Zuri e sugerem a existência de uma amplitude de uso do cultivar abaixo de 95% IL (A75).

A produção de forragem é influenciada pela produção de perfilhos em nível individual e populacional (Hodgson, 1990), o que explica a semelhança entre os tratamentos 55/150 e 75/300 quanto a NTP por touceira mesmo tendo apresentado diferentes DPP. Pode-se inferir que houve influência positiva do N para os dosséis mantidos a 75/300 apresentando maior produção por perfilho. Por outro lado, os dosséis mantidos a 55/150 apresentaram maior produção em nível populacional devido à maior DPP. Alexandrino et al. (2011) avaliando o capim Mombaça sob diferentes alturas constataram a compensação da produção individual de perfilhos em dosséis mantidos mais altos com DPP reduzida. No entanto, vale ressaltar que mesmo recebendo menor dose de nitrogênio o tratamento 55/150 apresentou uma geração a mais do que o tratamento 75/300 (Figura 8).

O N afeta positivamente a TAP, embora, dado o rápido crescimento da planta possa ocorrer efeito reverso resultando na menor TAP (Lemaire & Chapman, 1996) o que pode explicar a ausência de efeito do N para esta variável independente da altura. Sob A55, por exemplo, os ciclos de pastejos apresentaram intervalo médio 18 e 13 dias entre cada evento de pastejo para N150 e N300, respectivamente (Tabela 3). O resultado apresentado mostra que na lotação rotativa sob A55 giro do sistema ocorrerou de maneira rápida, fazendo com que os animais visitassem mais vezes o piquete durante a estação de crescimento.

Após a desfolhação a planta prioriza a recuperação da sua área foliar para restabelecer seu equilíbrio (Gastal et al., 2015), e a %F no pós-pastejo está relacionado com o vigor e capacidade de rebrotação do dossel (Sbrissia & Da Silva, 2001). Assim, acredita-se que maior %Fpós apresentada em dosséis mantidos a A55 auxiliaram na rápida rebrotação. O fenômeno de plasticidade fenotípica apresentado pela planta faz com que a mesma responda ao ambiente em que está inserida (Bradshaw, 1965) e as variações (excesso ou falta) dos fatores de

crescimento afetam significativamente a dinâmica do processo de perfilhamento (Langer, 1963).

A planta realiza, constantemente, o ajuste da DPP de acordo com os recursos do meio em que está inserida e, quando necessário ativa seu mecanismo de auto-desbaste (self-thinning) com intuito de manter sua perenidade e sobrevivência (Yoda et al., 1963). A maior dose de N (N300) resultou em maior DPP, mas a falta da chuva do início de março, fim de abril e maio (Figura 2) causou, considerável redução do NTP por touceira para o tratamento 55/300 nas gerações G5, G7 e G9 (Figura 8). Antenção especial deve ser dada a G5 (55/300), pois não foi suficiente para compensar a TMP em função da falta de água deste período. Visto que os demais tratamentos não apresentaram semelhante redução do NTP por touceira ao longo do período avaliado, comprova a intensidade do tratamento 55/300 para o capim BRS Zuri. Esse resultado indica que o tratamento 55/300 é eficiente para o capim BRS Zuri e que o cultivar responderá positivamente à esse manejo, desde que não falte nenhum fator de crescimento (água, luz, temperatura, nutrientes).

Embora, o IE não tenha apresentado efeito da alura e dose de N, aos valores apresentados tanto para altura quanto para dose N foram maiores que 1 (valor médio = 1,20). O resultado sugere que os regismes de desfolhação atodados no presente trabalho não foram severos ou drásticos suficientes para afetar a estabilidade da vegetação e comprometer a persistência a longo prazo do cultivar, o que significa em última análise que a altura 55 cm não desafiou o capim BRS Zuri como o desejado no trabalho.

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