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Diversos recursos vêm sendo utilizados para o ganho de desempenho muscular. Entre eles, o uso de esteroides e anabolizantes (EA), que ao serem consumidos de modo indiscriminado podem favorecer o aparecimento de doenças e elevar o risco de morte de seus usuários (SANTOS et al., 2006; FERREIRA et al., 2014). Dentro dessa perspectiva, os estudos que abrangem a TLBI vêm sendo amplamente divulgados sobre os efeitos positivos no desempenho muscular. A TLBI é uma terapia não invasiva e que não apresenta efeitos adversos quando utilizada adequadamente (GARCEZ et al., 2012; COSTA et al., 2015). No entanto, muitos parâmetros de irradiação ainda não estão completamente elucidados. Desse modo, o presente estudo teve como objetivo identificar o melhor intervalo entre o momento da TLBI e o momento de exercício proposto, para verificar qual desses intervalos poderiam otimizar a desempenho muscular, visto que não há na literatura estudos em humanos que analisem diferentes tempos de intervalo no mesmo estudo.

As variáveis fisiológicas avaliadas no presente estudo foram a força máxima, a potência muscular, e o índice de fadiga muscular, os níveis de lactato sanguíneo e a atividade elétrica do músculo bíceps braquial em praticantes de musculação pós- irradiação.

Na análise da força máxima e da potência muscular foi verificado que o grupo laser imediato apresentou a maior média em relação aos outros grupos, mas não houve diferença significativa em relação aos grupos controle e o placebo. Nos estudos de Kelencz et al. (2010) e Kakihata et al. (2015) também não foram observadas diferenças significativas em relação à força máxima e à potência muscular pós-irradiação. Por outro lado, Ferraresi et al. (2011) verificaram um aumento de 28,76% na desempenho muscular em atletas submetidos ao teste de repetição máxima (RM) após a TLBI. Segundo dos Reis et al. (2014) essas divergências encontradas na literatura acontecem pelo fato do emprego de diferentes parâmetros da TLBI. Kakihata et al. (2015) ressaltam que essas diferenças podem influenciar nos efeitos da terapia sobre a musculatura.

Estudos que empregaram energia próxima a 1J obtiveram resultados positivos no aumento da força (FERRARESI et al., 2011; FELESMINO et al., 2013; VIEIRA et al., 2012). O presente estudo empregou energia de 3J, o que poderia justificar a ausência de influência sobre a força máxima e a potência muscular. No

entanto, mais estudos que abordem os parâmetros ideais de irradiação para o aumento de força e de potência muscular são necessários, considerando que a maioria das pesquisas concentra-se na resistência muscular, ou seja, na prevenção e tratamento da fadiga muscular. Destaca-se que a força máxima, a potência e a resistência muscular são variáveis fisiológicas distintas (BOMPA et al., 2012).

No presente estudo foi constatada diferença significativa na análise de força máxima no grupo laser imediato em relação ao grupo laser 10min, contudo não houve diferença entre os grupos tratados e o grupo controle. Na análise do índice de fadiga muscular (IFM), na qual é possível avaliar a resistência muscular e a FM, os dados são representados pela porcentagem (%). Quanto maior a porcentagem maior a FM. Foi observada diferença significativa entre os grupos irradiados em relação ao grupo placebo, contudo não foram observadas diferenças entre os grupos tratados e o grupo controle. Neste estudo foi observado que o grupo laser 10min apresentou o menor percentual de FM, porém sem diferenças em relação ao grupo controle ou placebo. Ferraresi et al. (2015) relataram que o aumento do ATP no tecido muscular ocorreu ao longo de um intervalo de 5 minutos a 24 horas. Estes fatos, associados aos valores médios obtidos nos grupos tratados, justificam estudos com um número maior de voluntários, a fim de se verificar possíveis alterações no padrão de força máxima imediatamente após a irradiação.

Os resultados da análise eletromiográfica (RMS - testes de força máxima, potência muscular e resistência à fadiga muscular), apontam para o aumento da atividade elétrica e do recrutamento muscular pós-irradiação, nas quais os grupos irradiados apresentaram diferenças significativas em relação aos grupos placebo e controle. Nos estudos de Munõz et al. (2013) e Kelencz et al. (2010), no qual foi avaliado a influência da TLBI sobre a musculatura mastigatória, foi constatado o aumento da atividade elétrica dos músculos analisados pós-irradiação, corroborando com o presente estudo. Estudos demonstraram a influência positiva da TLBI no aumento da resistência muscular (TOMA et al., 2013; LEAL Jr. et al., 2015; FERRARESI et al., 2015). De acordo com Albuquerque-Pontes et al. (2015) a radiação eletromagnética pode favorecer o aumento da síntese de ATP, disponibilizando energia para processos metabólicos, incluindo a contração e a resistência muscular (FERRARESI et al., 2014; FERRARESI et al., 2015). O processo de absorção da radiação eletromagnética ocorre no interior das células, onde um fotorreceptor denominado citocromo c oxidase, encontrado na mitocôndria,

absorve a luz, resultando no aumento do metabolismo celular (KARU et al., 2001; SILVEIRA et al., 2009). Segundo autores, a TLBI pode favorecer o aumento da microcirculação periférica, que é obtido através da paralisação dos esfíncteres pré- capilares (irradiação no infravermelho) ou pela degranulação dos mastócitos (irradiação no vermelho) (PINHEIRO et al., 2010; GARCEZ et al., 2012). O aumento do fluxo sanguíneo possibilita o aumento do aporte de oxigênio e de outros nutrientes aos tecidos irradiados, favorecendo a atividade muscular. No estudo de Queiroz et al. (2008) realizado em modelo animal, foi observado o aumento do diâmetro dos vasos do grupo irradiado de 20 a 40%, principalmente nos primeiros 5 minutos após a irradiação eletromagnética.

Na análise do lactato sanguíneo foi avaliada a porcentagem (%) de aumento do nível de lactato basal. Pode-se observar que o grupo laser 10min obteve um menor aumento em relação aos demais grupos, corroborando com os achados de Baroni et al. (2010), que analisaram o efeito da da irradiação no infravermelho sobre a musculatura do quadríceps, utilizando o protocolo de fadiga por meio do dinamômetro isocinético. Os mesmos resultados foram encontrados no estudo de Reis et al. (2014), no qual foi investigado a ação da TLBI em marcadores bioquímicos, sendo constatado pequeno aumento dos níveis de lactato sanguíneo nos grupos que receberam a TLBI. Maciel et al. (2013) ressaltaram em seu estudo, que a TLBI na faixa do infravermelho próximo, pré-atividade física de alta intensidade, pode facilitar a remoção de lactato sanguíneo e com isso reduzir os danos musculares, proporcionando melhor desempenho dos atletas durante suas atividades. No grupo laser imediato foi possível observar o aumento dos níveis de lactado sanguíneo em relação a todos os grupos. Com base no que já foi discutido no presente trabalho, pode-se sugerir que esse aumento dos níveis de lactado pode acontecer devido ao provável aumento microcirculação periférica pós-irradiação, que é mais acentuada nos primeiros minutos, favorecendo a atividade muscular.

O desempenho muscular deve ser estudado sobre diferentes parâmetros fisiológicos, tais como força máxima, potência muscular e resistência, pois há diferenças biomecânicas e bioquímicas entre essas valências físicas. A investigação com um número maior de voluntários tornasse necessária, a fim de que tendências observadas no presente estudo possam ser mais profundamente analisadas.

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