• Nenhum resultado encontrado

Os efeitos térmicos associados ao pirometamorfismo de arenitos e calcários são caracterizados petrograficamente na região pela recristalização da fração mais fina das rochas (matriz feldspática de arenitos e micrito em calcários). A presença de vidro em xenólitos de buchitos no plug básico caracteriza o processo de fusão parcial de arenitos, além de indicar uma elevada taxa de resfriamento do liquido gerado. A cristalização de cordierita em alguns buchitos marca temperaturas mínimas de 800 °C e pressão inferior a 1 kbar (Grapes, 2011). Tais efeitos também são reportados por outros autores para xenólitos e rochas do entorno de plugs básicos espalhados na Bacia Potiguar (Sousa, 2009; Santos, 2011; Santos et al., 2014; Terra, 2015). Buchitos no corpo Serrinha (2 km a sudeste do plug São João) contêm vidro de diferentes colorações, englobando acículas de tridimita e clinoenstatita, demonstrando que a fusão parcial de material sedimentar atingiu cerca de 1150°C (Santos et al., 2014).

Calcários que estão pouco afetados, localizados em regiões próximas em relação aos analisados por este trabalho, conservam uma matriz micritica oriunda dos calcários preservados, porém com pequenos bolsões ou aglomerados de material recristalizado. Com o aumento de temperatura este material, constituído de dolomita, adquire textura cristalina, assim como maior porcentagem e dimensões na rocha. De acordo com Terra (2015), a continuidade deste processo gera a desdolomilitização das rochas, formando novamente calcita. Em seguida, com o aumento continuo de temperatura, a ininterrupção deste procedimento consegue gerar mármores com cristais centímetros de calcita, observado em xenólitos no corpo ígneo.

Na região do plug São João, um possível corpo ígneo (ou extensão do corpo aflorante) ocorre a cerca de 500 m do plug estudado. Devido ao seu difícil acesso e escassez de dados que haviam a disposição nos bancos de dados da área, o modelamento térmico deste corpo não foi efetuado. Além disso, nenhum dado adquirido neste levantamento caracterizou a ação da intrusão vizinha como agente direto do processo metamórfico das rochas estudadas.

De acordo com os dados adquiridos e interpretados, as principais conclusões estão listadas abaixo:

 Os corpos intrusivos da região entre Pedro Avelino e Jandaíra intrudiram rochas das formações Açu e Jandaíra ocasionado pirometamorfismo ígneo.

50

 O principal efeito relacionado ao pirometamorfismo ígneo nas áreas afetadas são: aumento do grau de cristalização em calcários, podendo gerar mármores, e fusão parcial em arenitos, podendo gerar buchitos.

 Os efeitos pirometamórficos gerados pelas intrusões conseguem chegar a 150 m de distância. Todavia, a geração de rochas relacionadas a este tipo de metamorfismo de contato restringe-se a 5 m das intrusões.

 As mudanças nas rochas carbonáticas são graduais, começando com temperaturas próximas a 400 °C, para rochas pouco afetadas, 550 °C para moderadas e 800 °C ~1000 °C para as muito afetadas.

 A condutividade térmica dos calcários aumenta proporcionalmente com a compactação da rocha pela recristalização, até extinguir totalmente a porosidade. Porém, diminui com a recristalização e remobilização de calcita, o que torna os valores variáveis ao longo da auréola pirometamórfica.  A partir dos minerais e elementos indicadores avaliados em buchitos (por exemplo, cordierita e vidro riolitico) estima-se temperaturas para o contato entre os corpos ígneos e sedimentares em torno de 1000 °C e pressões de 0,5 kbar, com base nos diagramas sugeridos por Grapes (2011). Este fato é confirmado pelo modelamento térmico para a proximidade das intrusões.

51

6.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, F.F.M.; CARNEIRO, C.D.R.; MACHADO JR., D.L.; DEHIRA, L.K., 1988. Magmatismo pós-Paleozóico no nordeste oriental do Brasil. Revista Brasileira de Geociências, 18, 451-462.

ANGELIM, L.A.A.; VASCONCELOS, A.M.; GOMES, J.R.C.; WANDELEY, A.A.; FORGIARINI, L.L.; MEDEIROS, M. de F., 2004. Folha SB.24 – Jaguaribe. In: SCHOBBENHAUS, C., GONÇALVES, J.H., SANTOS, J.O.S., ABRAM, M.B., LEÃO NETO, R., MATOS, G.M.M., VIDOTTI, R.M., RAMOS, M.A.B., JESUS, J.D.A. de. (eds.). Carta Geológica do Brasil ao Milionésimo, Sistema de Informações Geográficas. Programa Geologia do Brasil. CPRM, Brasília. CD- ROM

BEARDSMORE, G.R.; CULL, J.P., 2001. Crustal Heat Flow - A Guide to Measurement and Modelling. Cambridge University Press, Londres, Inglaterra. 334 p.

BUNTEBARTH, G., 1984. Geothermics, An Introduction, Springer-Verlag, Berlin. 144p.

CASSAB, R.C.T., 2003. Paleontologia da Formação Jandaíra, Cretáceo Superior da Bacia Potiguar, com ênfase na paleobiologia dos gastrópodos. Tese de Doutorado, Instituto de Geociências, UFRJ, Rio de Janeiro, 9 p.

CHANG, H.K.; KOWSMANN R.O.; FIGUEIREDO, A.M.F., 1988. New concepts on the development of East Brazilian Marginal Basins. Episodes, 11, 194-202.

CHEN, Z.; YAN, H.; LI, J.; ZHANG, G.; ZHANG, Z.; LIU, B., 1999. Relationship between tertiary volcanic rocks and hydrocarbons in the Liaohe Basin, People’s Republic of China. Am. Assoc. Petr. Geol., v. 83, 6, 1004-1014.

CLAUSER, C.; HUENGES, E., 1995. Thermal conductivity of rocks and minerals, American Geophysical Union, 3, 105-126.

CONCEIÇÃO, J.C.J.; ZALÁN, P.V.; DAYAN, H., 1993. Deformações em Rochas Sedimentares Induzidas por Intrusões Magmáticas: Classificação e Mecanismos de Intrusão. Boletim de Geociências da Petrobras, Rio de Janeiro, 7(1/4), 57-91d.

52

CREMONINI, O.A.; GOULART, J.P.M.; SOARES, U.M. 1996. O rifte potiguar: novos dados e implicações tectônica. In: UNEP, Simpósio sobre o Cretáceo do Brasil, 4, Rio Claro, Boletim de Geociências da Petrobras, p. 89-93.

DUNHAM, R.J., 1962. Classification of carbonate rocks according to deposicional texture. In HAM, W.E. (ed.). Classification of carbonate rocks. Tulsa, AAPG Memoir, 1,108-121.

EIRAS, J.F.; WANDERLEY FILHO, J.R., 2003. Sistemas petrolíferos ígneo- sedimentares. 2º Congr. Bras. P & D em Petróleo e Gás, Rio de Janeiro, Resumos Extendidos, 6 p.

ESPOSITO, K.J.; WHITNEY, G., 1995. Thermal effects of thin igneous intrusions on diagenetic reactions in a Tertiary basin of southwestern Washington: U.S. Geological Survey Bulletin; 2085-C, 1 - 40.

FERRY, J.M.; DIPPLE, G.M., 1991, Fluid flow, mineral reactions, and metasomatism: Geology, 19, 211-214.

FOLK, R.L., 1959, Practical petrographic classification of limestones: American Association of Petroleum Geologists Bulletin, 43, 1-38.

GRAPES, R.H., 2011. Pyrometamorphism. 2nd ed., Berlin, Springer Verlag, 365 p. GUEGUEN, Y.; PALCIAUSKAS, V. 1994. Introduction to the Physics of Rocks. 7ed.

Princeton: Princeton University Press. 294 pp.

HANS-DIETER, V.; RUDIGER, S., 2003. Infuence of temperature on termal conductivity, thermal capacity and thermal difusivity for diferent types of rocks, Physics and Chemistry of the earth, 28, 499-509.

HORAI, K., 1971. Thermal Conductivity of Rock-Forming Minerals. J. Geophys. Res., 76(5), 1278–1308.

JAEGER, J.C., 1964, Thermal effects of intrusions. Reviews of Geophysics, 2, 443- 466.

JAEGER, J.C., 1968. Coolingand solidification of igneous rocks, in Hess, H.H., and Poldwaart, A., eds., Basalts: New York, John Wiley and Sons, 503-536.

53

KAHN, J.S. 1956. The Analysis and distribution of the properties of packing in sand size sediments: 1. On the measurement of packing in sandstones. Journal of Geology, 64, 385-395.

KNESEL, K.M.; SOUZA, Z.S; VASCONCELOS, P.M.; COHEN, B.E; SILVEIRA, F.V., 2011. Young volcanism in the Borborema Province, NE Brazil, show no evidence for a trace of Fernando de Noronha plume on the continente. Earth and Planetary Science Letters, 302, 38–50.

LIMA, O.A.L., 2014. Propriedades físicas das rochas. Base geofísica aplicada. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Geofísica, 342 p.

LOVERING, T.S., 1935. Theory of heat conduction applied to geological problems: Geological Society of America Bulletin, 46, 69-94.

MATOS, R.M.D., 1992. The Northeast Brazilian rift system. Tectonics, 11, 766-791. MATOS, R.M.D., 2000. Tectonic evolution of the equatorial south Atlantic. In: Mohriak,

W. & Talwani, M. (eds.). Atlantic Rift on Continental Margins. Geophysical Monograph 115, American Geophysical Union, p. 331-354.

MEDEIROS, C.G., 2013. Efeitos térmicos provocados por intrusões de Diabásios em Calcários da Formação Jandaíra, Bacia Potiguar Emersa, Região de Jandaíra (RN). Relatório de Graduação, Curso de Geologia, UFRN, Natal, 10-44 p.

MIZUSAKI, A.M.P. 1989. A Formação Macau na porção submersa da Bacia Potiguar. Boletim de Geociências da PETROBRAS. v. 3, n. 3, p. 191-200

MIZUSAKI, A.M.P.; THOMAZ FILHO A.; MILANI E.J.; CÉSERO, P., 2002. Mesozoic and Cenozoic igneous activity and its tectonic control in northeastern Brazil. Journal of South American Earth Sciences, 15, 183-198

MIZUSAKI, A. M. P., THOMAZ FILHO, A., ROISENBERG, A. 2008. Rochas ígneo- básicas das bacias sedimentares brasileiras como potenciais reservatórios de hidrocarbonetos. IV Simpósio de Vulcanismo e Ambientes Associados, CD-Rom, 4 p. Foz do Iguaçu: SBG.

NOBRE, H.A.M., 2012. Petrografia e propriedades petrofísicas de rochas sedimentares da Bacia Potiguar termalmente afetadas por intrusões básicas

54

cenozóicas, Jandaíra – RN. Relatório de Graduação, Curso de Geologia, UFRN, Natal, 100 p.

NORTON, D.L.; KNAPP, R., 1977. Transport phenomena in hydrotermal system: nature of porosity. American Journal of Science, 277, 913-936.

NORTON, D.L.; KNIGHT, J., 1977. Transport phenomena in hydrotermal system: cooling plutons. American Journal of Science, 277, 937-981

PAIVA, H.S., 2004. Caracterização geológica e petrografia de corpos vulcânicos cenozoicos na região de Lajes a Pedro Avelino-RN. Relatório de Graduação, Curso de Geologia, UFRN, Natal, 77 p.

PESSOA NETO, O.C.; SOARES, U.M.; DA SILVA, J.G.F.; ROESNER, E.H.; FLORENCIO, C.P.; SOUZA, C.A.V., 2007. Bacia Potiguar. Boletim de Geociências da PETROBRAS, 15, 357-369.

PETTIHOHN, F. J.; POTTER, P.E; R. SIEVER, 1987. Sand and Sandstones. Second Edn. Springer Verlag, New York, 553 p.

SANTOS, L., 2011. Ocorrência de Buchitos na Bacia Potiguar (RN): implicações na Exploração de Hidrocarbonetos. Relatório de Graduação, Curso de Geologia, UFRN, Natal, 71 p.

SANTOS, L. 2013. Pirometamorfismo nos arenitos da Formação Açu, Bacia Potiguar, NE do Brasil. Dissertação de Mestrado, Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica, UFRN, Natal, 43p.

SANTOS, L.; SOUZA, Z.S; BOTELHO, N.F.; VIANA, R.R. 2014. Pirometamorfismo ígneo na Bacia Potiguar, Nordeste do Brasil. Geol. USP, Sér. Cient., 14, 121 -138. SCHMIDT, V.; MCDONALD, D.A. 1979. Texture and recognition of secondary porosity in sandstones. In: Scholle, P.A. & Schluger, P.R. (eds), Aspects diagenesis. Soc. Econ.Peleont. Mineral, Sp. Publ., 26, 209-225.

SCHÖN, J.H., 2004. Physical properties of rocks: fundamentals and principles of petrophysics. Amsterdam, Boston. Elsevier, 1st ed, 583 p.

SIAL, A. N. 1976. The post-Paleozoic volcanism of northeast Brazil and its tectonic significance. Anais da Academia Brasileira de Ciências, 48, 299-311.

55

SILVEIRA, F.V., 2006. Magmatismo cenozóico da porção central do Rio Grande do Norte, NE do Brasil. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica, UFRN, Natal, 174 p.

SMULIKOWSKI, W.; DESMONS, J.; HARTE B.; SASSI F.P.; SCHMID R., 1997. Towards a unified nomenclature of metamorphism: 3. Types, grade and facies [A proposal on behalf of the IUGS Subcommission on the Systematics of Metamorphic Rocks], compiled 1 September 1997 and corrected 19 November 1997, 13 p. Disponível online em http://www.bgs.ac.uk/SCMR

SOARES, U. M.; ROSSETTI, E. L.; CASSAB, R.C.T., 2003. Bacias sedimentares brasileiras. Bacia Potiguar. Fundação Paleontológica Phoenix, Aracaju, informativo n° 52 (http://www.phoenix.org.br/Phoenix56_Ago03.htm).

SOUSA, V. F. C., NOBRE, H. A., SOUZA, Z. S., SILVEIRA, F. V., PAIVA, H. S., VIEGAS, M. C. 2008. Efeitos termais provocados por intrusões básicas Cenozóicas em rochas sedimentares da Bacia Potiguar (RN). XLIV Congresso Brasileiro de Geologia, Anais, 549-549. Curitiba: SBG.

SOUSA, V.F.C., 2009. Efeitos térmicos provocados por intrusões básicas cenozóicas em rochas cretácicas da Bacia Potiguar na região de Pedro Avelino (RN). Relatório de Graduação, Curso de Geologia e Departamento de Geologia / UFRN, 80 p.

SOUZA, Z.S.; VASCONCELOS, P.M.P., NASCIMENTO, M.A.L.; SILVEIRA, F.V.; PAIVA, H.S.; DIAS, L.G.S.; THIED, D.; CARMO, I.O., 2003. 40Ar/39Ar geochronology of Mesozoic and Cenozoic magmatism in NE Brazil. In: 4th South American Symp. on Isotope Geology, Salvador, Short Papers, v. 2, p. 691-694. SOUZA, Z.S.; SANTOS, L.; BOTELHO, N.P. 2012. Igneous pyrometamorphism:

Implications for hydrocarbon exploration in NE Brazil. XXXIV International Geological Congress, Proceedings, Abstract, 2949-2949. Brisbane: University of Queensland.

TERRA, S.A.; SOUZA, Z.S.; SANTOS, L.; MEDEIROS, C.G., 2013. Caracterização de pirometamorfismo em calcários da Bacia Potiguar emersa - (RN). XXV Simpósio de Geologia do Nordeste, Gravatá – PE. Resumo.

56

TERRA, S.A., 2015. Pirometamorfismo em calcários da Formação Jandaíra, Bacia Potiguar, NE do Brasil. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica, UFRN, Natal, 71 p.

THOMAZ FILHO, A.; MIZUSAKI, A.M.P.; ANTONIOLI, L., 2008. Magmatismo nas bacias sedimentares brasileiras e sua influência na geologia do petróleo. Revista Brasileira de Geociências, 38 (2, supl.1),128-137.

TURNER, F.J.; VERHOOGEN, J., 1960. Igneous and metamorphic rocks. McGraw- Hill Book Company. Michigan. 694 p.

TYRRELL, G.W., 1978. The principles of petrology. Methuen & Co. Ltd, London. 368p. WANG, X., LERCHER, I., WALTERS, C., 1989. The effect of igneous intrusive bodies

on sedimentary thermal maturity. Org. Geochem. Vol. 14, 6, 571-584.

WANG, D., ZHAO, M., QI, T., 2012. Heat-Transfer-Model Analysis of the Thermal Effect of Intrusive Sills on Organic-Rich Host Rocks in Sedimentary Basins, Earth Sciences, Dr. Imran Ahmad Dar (Ed.), 91- 98.

WINTER, J.D., 2001. An introduction to igneous and metamorphic petrology. New Jersey, Prentice Hall, 410 p.

ZÁLAN, P.V.; CONCEIÇÃO, J.C.J.; ASTOLFI, M.A.M.; APPI, V.T.; WOLFF, S.; VIEIRA, I.S.; MARQUES, A. 1985. Estilos estruturais relacionados à intrusões magmáticas básicas em rochas sedimentares. Boletim Técnico da Petrobras, 28(4), 221-230.

Documentos relacionados