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DISCUSSÕES E RESULTADOS Localização e chegada

ESTUDO DE CASO DO BEM CULTURAL CLUBE FINLANDÊS EM PENEDO/RJ

DISCUSSÕES E RESULTADOS Localização e chegada

Na primeira visita houve uma dificuldade por parte do pesquisador na chegada ao Clube Finlandês e no acesso as informações e horários. O clube fica distante por volta de 1,5 quilômetros do que pode ser considerado o centro comercial de Penedo. Uma distância insignificante para quem possui veículo automotivo, mas um abismo para turistas e visitantes dependentes de transporte público. O que pode ser ainda pior para pessoas com dificuldades de locomoção e localização espacial.

Outro fator agravante relacionado a chegada do visitante é o fluxo de transporte público limitado. Mesmo diante deste pequeno trecho para veículos automotivos, existem apenas duas linhas de ônibus que cumprem este pequeno trajeto. Este ônibus tem seu fluxo de passagem, em média, a cada duas horas. Complementar a este transporte, existe um ônibus turístico, de caráter privado, que durante a semana, funciona duas vezes ao dia e nos finais de semana, tem saídas regulares de uma em uma hora. Em nenhum dos transportes utilizados (ônibus turístico, ônibus municipal, táxi e a pé) viu-se condições de acessibilidade. Como o foco não era o caminho em si, não foi aprofundado pesquisas neste quesito, sendo esta uma possibilidade de campo para futuros trabalhos nesta área.

Informações, acesso e funcionamento

Complementar ao quadro do transporte verifica-se dificuldades de informação sobre o funcionamento do lugar e ao acesso em si do bem cultural. Foram encontradas dificuldades para obter o horário de funcionamento do estabelecimento e aconteceu, em alguns casos, de estar fechado no horário dito de operação. O acesso ao redor do Clube também aponta dificuldades para pessoas com necessidades específicas. Fator que também será desdobrado mais a frente.

O Clube Finlandês tem suas portas abertas ao público somente quando ocorre o baile finlandês. Trata-se de um evento que relembra as origens destes imigrantes oriundos da Finlândia. Para este estudo, as visitas ocorreram durante a realização dos bailes, pois não houve a

abertura por parte dos gestores para a análise do espaço em um dia diferente da abertura ao público.

Estes bailes acontecem duas vezes no mês, no segundo e quarto sábados, com datas a confirmar. O baile começa às 21h e termina 0h. Fora estas datas e horários, o clube permanece aberto apenas aos sócios, especificamente aos sábados. O Museu Eva Hildén, que faz parte do Clube, não está ligado internamente ao clube, mesmo estando anexo. O Museu tem sua abertura nos finais de semana em um horário bastante reduzido: de 10h 30 ás 15h.

Uma questão interessante é que o pesquisador demorou duas semanas, com visitas constantes, para descobrir estes horários. Não existem placas informativas no estabelecimento sobre os mesmos. Nas redes sociais são encontradas informações contraditórias sobre o horário do funcionamento do museu. E por vezes, inclusive, durante a realização deste trabalho, ocorreu do museu estar fechado em seu horário de funcionamento. Em pesquisa sobre esta situação em sites de viagem, foi percebido que evento semelhante aconteceu com outros visitantes. A resposta do gestor quando questionado por esta situação é de não haver verba e nem pessoal para o funcionamento constante do Bem Cultural, que não recebe apoio governamental de nenhuma instância.

A situação dos bailes é parecida. Existe um calendário anual, que teoricamente é seguido. Mas a informação não chega com facilidade aos visitantes interessados em conhecer. Nas redes sociais, os bailes são divulgados na proximidade do evento.

Em conversa com alguns turistas durante a ida em um baile, o pesquisador escutou relato semelhante, dizendo saber no dia, algumas horas antes, sobre o baile Finlandês. Estas questões são problemas que comprometem a visitação de qualquer pessoa ao atrativo turístico, também não sendo o objetivo do presente trabalho em apresentá-las detalhadamente ou propor soluções, mas de aponta-las como um desdobramento que impacta na acessibilidade do patrimônio cultural.

A questão do acesso também se refere às condições estruturais para circulação no entorno do atrativo. Nas adjacências, não existem passeios e calçadas com pavimentação aderente e sem desníveis. Inclusive, no trecho que é denominado pelos usuários como “calçada”, junto ao prédio; o pavimento é coberto de vegetação, numa espécie de gramínea ou parte de um canteiro de jardim. Apesar da via ser separada por paralelepípedo, apresenta piso incompatível com a finalidade. Existe também um telefone público, o que se supõe que a área realmente não seja um trecho para vegetação e sim para circulação de pessoas.

FIGURA 4 - Clube Finlandês e o acesso no entorno

Orientação Espacial

Neste item, leva-se em conta fatores que permitem o indivíduo conhecer o espaço em que está inserido. A partir disso, este poderá traçar estratégias, de forma independente, para deslocamento e visitação. Para isso, é necessário obter dos ambientes, informações que permitam definir suas ações. As condições arquitetônicas são fundamentais neste processo, pois a disposição e estrutura local influenciam diretamente na faculdade da pessoa para obtenção de informações.

Tabela 1 - Orientação Espacial

Principais problemas encontrados Diretrizes da NBR 9050/2015

Ausência de informações em braile e em formato sonoro.

Informações visuais limitadas a identificação do banheiro (parte interna) e de identificação social do edifício (parte externa).

5.2.7 - Obrigatoriedade da disposição de informação essencial em forma visual sonora e tátil na edificação e mobiliário.

Inexistência de piso tátil nas áreas

internas e externas a edificação. 5.4.6.3 – Necessidade de pisto tátilalerta para situações de aclives, mudanças de direção, desníveis e obstáculos.

5.4.6.4 – Necessidade de piso tátil direcional em ambientes amplos. Falta de suportes informativos

(mapas, diagramas e quadros) que permitam o usuário escolher as atividades do local e se locomover com independência.

5.2.8.1.4 – O item refere-se a obrigatoriedade de sinalização acessível e clara para todos.

5.2.8.1.7 – Propõe a sugestão de mapas do espaço acessíveis.

Fonte: Próprio autor (2018)

Destaca-se, na parte externa ao Clube, nas calçadas, que há uma ausência de piso tátil direcional e de alerta, assim como a ausência de sinalização para estacionamento junto a elementos que possam orientar

aos vários tipos de público o local exato para estacionamento e a vaga destinada aos portadores de necessidades especiais. Não existe piso tátil no pátio externo, o que dificultaria a orientação de determinados visitantes. Nota-se também a inexistência de sinalização do ponto de ônibus que fica ao lado da entrada para veículos do bem cultural.

Na parte da circulação interna, nota-se ausência de placas informativas para o público sobre o que existe dentro dos espaços e as opções de deslocamento. O mesmo ocorre com relação às saídas de emergência.

FIGURA 5 - Placas informativas existentes: identificação do Clube e banheiro

Fonte: Próprio autor (2018)

Comunicação

A comunicação em um ambiente está relacionada a possibilidade da troca de informações por meio de tecnologia assessorativa. Esta facilita a compreensão e participação do indivíduo nas atividades existentes. Além disso, este fator é essencial para

autonomia do agente naquele espaço, principalmente das pessoas com deficiência auditiva, visual, problemas de fala e cognitivos.

Tabela 2 – Comunicação

Principais problemas encontrados Diretrizes da NBR 9050/2015

Ausência do dispositivo de emergência

na cabine sanitária. 5.6.4.1 – Obrigatoriedade do dispositivode socorro para o usuário. Ele deve estar presente próximo a bacia sanitária e do chuveiro.

A garagem não possui alarme sonoro e

visual. 5.6.4.2 - Necessidade do alarme nasgaragens com saída em passeio público. Sinalização de travessia inexistente. 6.12.8 – Obrigatoriedade das

sinalizações de travessia. As informações encontradas estão

somente sob o formato de texto. Não há conteúdo em braile ou de forma sonora.

10.7.3 – Regulamenta que todos os textos ou títulos explicativos devem estar disponíveis em braile ou sob formato sonoro.

Inexistência de telefone público

adaptado. 8.3.2 –Telefone que transmita mensagemde texto. O aparelho deve estar com altura entre 0,75 m a 0,80m.

Ausência do profissional intérprete de

libras. 10.3.1.g – Delibera a presença dointerprete de libras em cinemas, auditórios, teatros e espaços similares.

Fonte: Próprio autor (2018)

Destaca-se neste ponto a ausência de telefone público para pessoas com necessidades especiais. Existe apenas um telefone público, na área externa ao bem cultural. O telefone necessita de adequações de altura e acesso para deficientes visuais dentro dos parâmetros da norma ABNT 9050:2015. Foi notado que as informações existentes sobre as exposições não tinham possibilidade de serem replicadas, em sua maioria, para os deficientes visuais. Complementar a esta situação, nota-se a não existência de legendas e materiais em braile e em forma sonora.

FIGURA 6 - Telefone existente (esq.) e o ideal (dir.)

Fonte: Próprio autor (2018)

Deslocamento

O deslocamento está relacionado a capacidade de movimentação de qualquer pessoa, seja em trajetória horizontal ou vertical (saguões, elevadores, rampas e etc.) livremente, sem barreiras ou restrições impostas pelo ambiente.

Tabela 3 – Deslocamento Principais problemas

encontrados Diretrizes da NBR 9050/2015

Vegetação como empecilho para a

movimentação de pedestres. 8.8.1 – A vegetação não deve interferir nasrotas acessíveis e na movimentação de pedestres.

Revestimento do piso interno e

externo irregular. 6.3.2 – O piso deve ser firme, regular, estável enão trepidante sob qualquer condição climática. Calçada externa irregular e com

obstáculos no passeio. 6.12.3b – O item prevê uma faixa parapedestres de no mínimo 1,20m de largura livre de qualquer obstáculo.

6.3.4.1 – Desníveis de qualquer natureza devem ser evitados em rotas acessíveis. Circulação vertical somente por

escadas. 6.3 – A circulação vertical é acessível quandoapresenta mais de um meio de deslocamento (escadas, rampas ou elevadores).

Percebe-se que a via externa, especificamente as calçadas, são um grande empecilho aos portadores de necessidades especiais, na medida em que não apresentam piso regular e sinalização adequada. As calçadas precisam de tratamento acessível conforme a norma ABNT 9050:2015, com pisos de sinalização, táteis, rampas com inclinação máxima de 6,25% por segmento, sem obstáculos no passeio. No que tange ao interior do prédio, as escadas ganham destaque mais uma vez, mas como elemento positivo. Apesar de não terem a sinalização adequada, a sua configuração atende a maior parte dos itens solicitados pela norma. No entanto, a ausência de outras formas de deslocamento vertical torna o caminho inacessível.

FIGURA 7 - Escada e piso interno

Fonte: Próprio autor (2018)

Uso

O uso, conforme sugere a palavra, está relacionado a utilização e a participação com conforto, autonomia e segurança pelas pessoas no ambiente. Neste item, destacam-se o banheiro diante do número de adequações necessárias a serem feitas.