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Os resultados deste estudo mostraram que, para a região Norte, o modelo logístico indica possibilidade de estabilidade nos casos de AIDS para os próximos anos, ainda que

atualmente esta região seja aquela que demonstre maior crescimento nos casos de infecção pelo HIV nos últimos 10 anos.

O último boletim AIDS do Ministério da Saúde (BRASIL, 2014) mostra que, a região Norte obteve crescimento de quase 100% na taxa de incidência da doença entre 2003 e 2013, evolução semelhante foi acompanhada de perto pela região Nordeste com 60% de aumento na taxa.

Entretanto, verifica-se que nos últimos 5 anos os casos novos anuais de AIDS para essa região estão em patamares semelhantes, ou seja, os dados caminham para estabilização nos próximos anos, então, é justificável que se use o modelo logístico para se fazer previsões, pois, este é o mais indicado para dados que possuem tendência de estabilidade.

A região Norte, segundo o modelo logístico, irá se estabilizar em 5300 casos novos por ano a partir de 2029, esta é uma previsão utilizando o próprio modelo, considerando que o valor esperado para casos novos da doença para 2014 é de 4060, segundo o boletim AIDS Brasil (2014) e até o fechamento desta pesquisa o Datasus ainda não havia atualizado o banco de dados de 2014, os valores reais para este ano eram de 1965 casos até junho de 2014.

Outro dado que permitiu inferir, também, que a região Norte caminha para estabilizar os casos novos de AIDS na sua população é de que os estados do Acre e Pará também obtiveram como melhor ajuste o modelo não linear logístico, indicando tendência de estabilidade nos casos futuros de AIDS para estes estados.

Estabilização ou queda nos casos de AIDS podem ser reflexos de vários fatores, entre eles, a influência da disponibilidade universal da terapia antirretroviral que aumenta a sobrevida do paciente, reduzindo sua carga viral e consequentemente reduzindo a probabilidade de transmissão do vírus para pessoas saudáveis. A terapia com antirretroviral e sua contribuição para reduzir a transmissão da AIDS é uma realidade observada em vários estados do Brasil (SZWARCWALD; CASTILHO, 2011; DOURADO et al, 2006).

Os demais estados da região Norte, Amapá, Amazonas, Rondônia, Roraima e Tocantins apresentam tendência de crescimento nos casos de AIDS, explicados por modelos exponenciais e polinomiais. Uma análise no Boletim epidemiológico da AIDS (BRASIL, 2014) para buscar uma resposta para essa tendência de aumento na incidência verificou que, os jovens são o grupo etário que está puxando esses números para cima.

Para Taquette (2013, p. 623) essa mudança de grupo de incidência de HIV para os mais jovens se dá em função da escolaridade e da idade da primeira relação sexual, pois, “quanto mais baixa a idade e a escolaridade, menor a chance do uso do preservativo”, aumentando assim o risco dos jovens contraírem cedo a doença.

No Amazonas, por exemplo, que apresentou o modelo polinomial como o mais eficiente para previsão, este estado obteve aumento considerável nos casos de AIDS, concentrando 30,7% dos casos absolutos da região Norte. Dados do Ministério da Saúde mostram que a população sexualmente ativa daquele estado negligencia os cuidados de prevenção de HIV “na região Norte 87% das pessoas sabem da importância do uso do preservativo, mesmo assim, 50% da população sexualmente ativa não fez uso da camisinha em todas as relações sexuais com parceiros casuais, no último ano.” (BRASIL, 2015).

Os resultados deste estudo mostram que os números de casos de AIDS na região Norte ainda são preocupantes, e a prevenção ainda é o melhor remédio. Neste sentido, a população sexualmente ativa deve tomar consciência de que a AIDS é uma doença perigosa e o uso do preservativo é importante para evitar a contaminação.

Outra questão importante é a busca de apoio na rede pública, que dispõe de tratamento para pessoas infectadas gratuitamente. Nos últimos anos o número de pacientes que buscam tratamento no SUS têm aumentado “em um ano, foi registrado aumento de 30% no número de pessoas que iniciaram o tratamento com antirretrovirais no Brasil, passando de 57 mil, em 2013, para 74 mil novos tratamentos, em 2014” (BRASIL, 2015).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo geral deste estudo foi o de aplicar modelos de regressão para modelagem de casos de AIDS na população dos Estados da Região Norte do Brasil, para tanto, foram empregadas as técnicas de ajustes linear e não linear, seguidas da análise de resíduos e da avaliação da qualidade da previsão dos modelos pelos critérios BIC, AIC e R².

A análise de regressão permitiram escolher os seguintes modelos para os estados e região: Acre (logístico), Amapá (MMF model), Amazonas (polinomial), Pará (logístico), Rondônia (quadrático), Roraima (racional), Tocantins (associação exponencial) e região Norte (logístico).

Os modelos que apresentaram problemas com os pressupostos (heterocedasticidade, e independência) foram solucionados com remoção das observações influentes que estavam provocando discrepância de valores acima e abaixo da média. Com a retirada destas observações, as regressões foram novamente estimadas e apresentaram regularidade nos pressupostos.

Os modelos não lineares demonstraram um ajuste muito mais cômodo em relação ao ajuste linear quando este figurou em em algumas variáveis. A análise de regressão desses modelos foi aproximada da análise de regressão linear devido a boa estimação dos parâmetros realizada pelos softwares CurveExpert e Statistica que gerava resíduos com distribuição normal.

A estimação de casos de AIDS pelos modelos apresentados não é uma verdade absoluta, mas garante resultados muitos próximos da realidade, podendo ser tomado como base para futuras análises.

Assim, conclui-se que o objetivo geral deste estudo foi devidamente atingido, e se espera ter contribuído com conhecimentos novos, gerados a partir das técnicas de regressão para estimação de modelos matemáticos para os casos notificados de AIDS da região Norte e seus estados, e que esses modelos possam ser utilizados em trabalhos futuros.

6 REFERÊNCIAS

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ANEXO I – Banco de dados da Pesquisa

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