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DISPOSIÇÕES FINAIS

No documento LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE MEIO AMBIENTE (páginas 137-149)

Art. 22. Os Ministérios das Cidades, da Fazenda e do Planejamento, Orça-mento e Gestão poderão, em ato conjunto, rever anualmente os limites de renda familiar estabelecidos, na forma deste decreto, para o PNHU e PNHR.

Parágrafo único. Na atualização dos valores adotados como parâmetros de renda familiar estabelecidos neste decreto deverão ser observados os limi-tes fixados no § 6º do art. 3º da Lei nº 11.977, de 2009.

Art. 23. A participação dos estados, Distrito Federal e municípios no âmbi-to do PMCMV será regida por termo de adesão, a ser definido pelo Ministé-rio das Cidades, que conferirá aos estados, municípios e ao Distrito Federal as seguintes atribuições:

I – executar a seleção de beneficiários do PMCMV, observada a regulamen-tação do Ministério das Cidades;

II – executar o trabalho técnico e social pós-ocupação dos empreendimen-tos implantados, definido como um conjunto de ações que visam promo-ver o desenvolvimento da população beneficiária, de forma a favorecer a sustentabilidade do empreendimento, mediante a abordagem dos temas mobilização e organização comunitária, educação sanitária e ambiental, e geração de trabalho e renda;

III – promover ações que facilitem a elaboração e execução de projetos, na forma disposta no art. 4º; e

IV – firmar, a cada projeto, instrumento de compromisso com a execução dos equipamentos e serviços, de que trata o inciso IV do art. 6º.

Art. 24. Os recursos vinculados ao PNHU e ao PNHR, previstos neste decreto, serão transferidos para a CEF, na qualidade de gestor operacional, pelo Ministério das Cidades, conforme programação orçamentário-financeira a ser definida pelos Ministérios da Fazenda e do Planejamento, Orçamento e Gestão.

Art. 25. Em casos de utilização dos recursos de subvenção econômica vin-culada ao PMCMV em finalidades e condições diversas daquelas definidas em lei e na forma deste decreto, será exigida a devolução ao erário do valor da subvenção concedida, acrescido de juros e atualização monetária, com base na remuneração dos recursos que serviram de lastro à sua concessão, sem prejuízo das penalidades previstas em lei.

Art. 26. Fica instituído o Comitê de Acompanhamento do Programa Mi-nha Casa, MiMi-nha Vida (CAPMCMV), com a finalidade de acompaMi-nhar e avaliar as atividades do Programa.

§ 1º O CAPMCMV será integrado por um representante titular e um su-plente dos seguintes órgãos:

I – Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, responsável pela sua coordenação e por oferecer os meios necessários ao seu funcionamento;

II – Casa Civil da Presidência da República;

III – Ministério das Cidades; e IV – Ministério da Fazenda.

§ 2º O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão poderá convidar para integrar o CAPMCMV outros órgãos e entidades da administração pública federal direta ou indireta.

§ 3º O Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão designará os membros do CAPMCMV indicados pelos titulares dos órgãos referidos neste artigo.

§ 4º O CAPMCMV disponibilizará ao Conselho das Cidades, órgão inte-grante da estrutura básica do Ministério das Cidades, dados e informações que permitam o acompanhamento e avaliação da execução do PMCMV.

§ 5º A participação no CAPMCMV será considerada prestação de serviço público relevante, não remunerada.

Art. 27. Às operações do PMCMV, protocoladas nos agentes financeiros até 1º de dezembro de 2010, será assegurada a aplicação das regras de con-tratação então vigentes, nos termos que vierem a ser regulamentados pelo Ministério das Cidades.

Art. 28. O inciso II do art. 1º do Decreto nº 5.435, de 26 de abril de 2005, passa a vigorar com a seguinte redação:

“II – até R$ 9.850.000.000,00 (nove bilhões e oitocentos e cinquenta milhões de reais), na aquisição de imóveis para

atendimento aos objetivos do Programa de Arrendamento Residencial (PAR).” (NR)

Art. 29. Este decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 30. Fica revogado o Decreto nº 6.962, de 17 de setembro de 2009.

Brasília, 16 de junho de 2011; 190º da Independência e 123º da República.

DILMA ROUSSEFF Guido Mantega Miriam Belchior Mário Negromonte Luís Inácio Lucena Adams

Verônica Maria Miranda Brasileiro264

264 Economista, socióloga e consultora legislativa da área XI (meio ambiente e direito ambiental, organização territorial, desenvolvimento urbano e regional) da Câmara dos Deputados. Con-tato: <veronica.miranda@camara.leg.br>.

A persistente desigualdade de desenvolvimento econômico e social entre as regiões brasileiras ensejou a inclusão da questão regional em diversos dispositivos da Constituição Federal. Inicialmente, no art. 3º, inciso III, a redução das desigualdades regionais é incluída entre os objetivos funda-mentais da República. Depois, o inciso VII do art. 170 a considera um dos princípios da ordem financeira e econômica da República.

Já a Seção IV do Capítulo VII do Título III (Da Organização do Estado) da Constituição Federal, que trata da administração pública, é dedicada às regiões. Ali se estabelece, no art. 43, que cabe à União articular, para efeitos administrativos, sua ação em um mesmo complexo geoeconômico e social, com o objetivo de promover o desenvolvimento e a redução das desigual-dades regionais.

Há, também, menções a planos regionais em diversos momentos do texto constitucional, como no art. 21, inciso IX, no qual se estabelece que com-pete à União a elaboração e execução de planos nacionais e regionais de or-denação do território e de desenvolvimento econômico e social. No art. 48, inciso IV, fica atribuído ao Congresso Nacional, com a sanção do presiden-te da República, dispor sobre planos e programas regionais e setoriais de desenvolvimento, que devem ser apreciados e submetidos a parecer pelas comissões permanentes e temporárias do Congresso Nacional (inciso VI do § 2º do art. 58).

O art. 165, em seus §§ 1º e 4º, por sua vez, determina que o plano orçamen-tário plurianual seja realizado de forma regionalizada e que os planos e pro-gramas nacionais, regionais e setoriais sejam elaborados em consonância com este plano plurianual regionalizado.

Consideramos, no entanto, que um dos principais dispositivos constitu-cionais não cita expressamente o desenvolvimento regional, embora esteja intrinsecamente a ele ligado. Trata-se do art. 159, inciso I, alínea c, no qual está previsto que a União entregará parcela especificada do produto da ar-recadação dos impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza e sobre produtos industrializados para aplicação em programas de financia-mento ao setor produtivo das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O mesmo dispositivo assegura ao semiárido do Nordeste a metade dos recur-sos destinados à região, na forma que a lei estabelecer.

De fato, ao regulamentar este dispositivo, a Lei nº 7.827, de 27 de setembro 1989, criou os fundos constitucionais de financiamento do Norte (FNO), do Nordeste (FNE) e do Centro-Oeste (FCO), para fins de aplicação desses recursos, dispondo também sobre sua organização e seu funcionamento. A Lei nº 10.177, de 12 de janeiro de 2001, promoveu alterações na Lei nº 7.827, de 1989, em relação às operações realizadas com recursos dos fundos cons-titucionais de financiamento.

Tais fundos destinam anualmente a essas regiões, com encargos menores que os de mercado, vultosos recursos financeiros para o financiamento dos investimentos de longo prazo ou mesmo como capital de giro ou custeio, quando estes complementam o aumento da capacidade produtiva regio-nal. A intenção é promover o desenvolvimento econômico e social daque-las áreas, por intermédio de programas de financiamento, buscando maior eficácia na aplicação dos recursos, de modo a aumentar a produtividade dos empreendimentos, gerar novos postos de trabalho, elevar a arrecadação tributária e melhorar a distribuição de renda.

Algumas críticas aos fundos constitucionais dizem respeito à forma de administração e aplicação dos recursos nas regiões, que tem como conse-quência resultados de pouca relevância para o desenvolvimento daquelas áreas, uma vez que os investimentos tendem a se concentrar em municípios com economia mais dinâmica. Além disso, o FCO e o FNO são acusados de fecharem o ano com disponibilidade de recursos não reclamados pelos empresários daquelas regiões, sinalizando que, por algum motivo, não há interesse em obter financiamento dos fundos constitucionais.

A regulamentação do art. 43 da Constituição Federal gerou, por sua vez, as Leis Complementares nº 124 e 125, ambas de 3 de janeiro de 2007, e a Lei Complementar nº 129, de 8 de janeiro de 2009, que instituíram respecti-vamente as Superintendências do Desenvolvimento do Norte (Sudam), do Nordeste (Sudene) e do Centro-Oeste (Sudeco). Esses regulamentos estabe-lecem também a composição, a natureza jurídica, os objetivos, as áreas de atuação e os instrumentos de ação de cada uma dessas instituições.

A Sudam e a Sudene são os dois organismos regionais mais importantes para executar as políticas públicas e os planos regionais de desenvolvimen-to do governo federal para as regiões Norte e Nordeste. No entandesenvolvimen-to, devido a graves denúncias relacionadas a deficiências, falhas e irregularidades na

administração e aplicação de recursos, foram extintas em 2001 (medidas provisórias nº 2.156 e 2.157), quando foram criadas, em seu lugar, duas agências de desenvolvimento – a Agência de Desenvolvimento do Nordeste (Adene) e a Agência de Desenvolvimento da Amazônia (ADA) –, bem como dois fundos de desenvolvimento – o Fundo de Desenvolvimento do Nor-deste (FDNE) e o Fundo de Desenvolvimento da Amazônia (FDA). Durante alguns anos, as agências funcionaram precariamente e não foram adiante em suas competências de promoção do desenvolvimento regional.

Pressões políticas, especialmente, foram determinantes para a recriação das antigas superintendências, Sudam e Sudene, em substituição às malsu-cedidas Adene e ADA. Assim, a Lei Complementar nº 124, de 2007, além de recriar a Sudam, dispõe sobre o Fundo de Desenvolvimento da Amazônia (FDA). Da mesma forma, a Lei Complementar nº 125, de 2007, recriou a Su-dene e fez alterações no Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE).

A origem de recursos do FDA, do FDNE e do FDCO (Fundo de Desenvolvi-mento do Centro-Oeste, criado em 2009) é basicamente orçamentária e sua finalidade é assegurar recursos para a realização de investimentos na área de atuação da Sudene, da Sudam e da Sudeco. Os recursos dos fundos são disponibilizados para investimentos em infraestrutura, com destaque para energia, abastecimento de água e esgotamento sanitário, produção de gás, transportes, telecomunicações, produção e beneficiamento de petróleo, por-tos e terminais, além de investimenpor-tos em serviços públicos e em grandes empreendimentos produtivos. As diretrizes e orientações gerais dos fundos são estabelecidas anualmente pelo Ministério da Integração Nacional, con-siderando as peculiaridades atuais de cada região, cabendo aos conselhos deliberativos das superintendências a definição dos setores prioritários.

Além dos fundos de desenvolvimento regional, o país dispõe de um arca-bouço bastante intrincado, em termos normativos, de instrumentos fiscais colocados à disposição de empreendedores visando à diminuição das desi-gualdades regionais. Às empresas instaladas nas áreas de atuação da Sudam e da Sudene são concedidos incentivos fiscais provenientes de redução e reinvestimento do Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas, previstos por diferentes leis e decretos-lei, dependendo da data de apresentação do proje-to ou do seproje-tor da economia no qual se enquadre. Destaca-se o incentivo de redução de 75% do imposto sobre a renda e adicionais não restituíveis, con-cedidos a empreendimentos que se instalarem, ampliarem, modernizarem

ou diversificarem sua produção, em setores considerados prioritários para o desenvolvimento regional. Os decretos nº 4.212 e 4.213, de 26 de abril de 2002, definem os setores da economia prioritários para o desenvolvimento regional, nas áreas de atuação da Sudam e Sudene.

Aos empreendimentos localizados nessas áreas, são igualmente concedidas a isenção do Adicional ao Frete para a Renovação da Marinha Mercante (AFRMM) e a depreciação acelerada incentivada, para efeito de cálculo do imposto sobre a renda e do desconto dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins.

Com objetivos semelhantes de redução de disparidades de desenvolvimen-to regional, os fundos de incentivos fiscais destinam-se a investir em insta-lações de empreendimentos considerados prioritários ao desenvolvimento socioeconômico das regiões Norte e Nordeste, por meio do aumento da di-versificação bruta de capital fixo. Os fundos fiscais de investimento Finam (Fundos de Investimento da Amazônia), Finor (Fundo de Investimentos do Nordeste) e Funres (Fundo de Recuperação Econômica do Estado do Espí-rito Santo) são alimentados por opções de renúncia fiscal realizada por pes-soas jurídicas de todo o país, que podem deduzir parte do imposto como forma de incentivo fiscal, para aplicação em projetos localizados no Norte ou no Nordeste, em troca de cotas de participação daqueles fundos. As em-presas que pretendem se instalar nas regiões Norte e Nordeste podem ter acesso a esses recursos e, em contrapartida, emitir ações ou debêntures conversíveis em ações até o exercício fiscal de 2013.

Esses fundos tiveram sua legislação alterada em 2001 (Medida Provisória nº 2.199, de 2001), mas a lei que os criou – Lei nº 8.167, de 16 de janeiro de 1991 –, bem como a Lei nº 10.177, de 12 de janeiro de 2001, que promoveu alterações nas operações realizadas com recursos dos fundos constitucio-nais de financiamento, ainda se constituem na base para a Lei nº 9.808, de 20 de julho de 1999, que define as diretrizes e os incentivos fiscais para o desenvolvimento regional. De fato, o art. 1º desta lei dispõe que os recursos decorrentes da dedução em favor do Finor, do Finam e do Funres poderão ser aplicados em empreendimentos não governamentais de infraestrutura, entre outras destinações legais.

Além de instrumentos financeiros e fiscais, o governo federal faz uso de arranjos institucionais voltados para a descentralização e regionalização

de políticas públicas. O art. 43 da Constituição Federal prevê que lei com-plementar disporá sobre as condições para integração de regiões em de-senvolvimento. Com fundamento nesse dispositivo constitucional, muitas propostas de instituição de regiões integradas de desenvolvimento trami-tam no Congresso Nacional. Até hoje, foram instituídas três regiões inte-gradas de desenvolvimento. Pela Lei Complementar nº 94, de 19 de feverei-ro de 1998, foi criada a Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride-DF), com o objetivo de reduzir as desigualdades regionais causadas pela alta concentração urbana em volta do Distrito Federal e minimizar as pressões de demanda por serviços públicos, bem como a dificuldade de provisão deles. Posteriormente, foram instituídas a Ride Petrolina-Juazeiro e a Ride Grande Teresina.

As Rides – arranjos institucionais propostos como forma de descentrali-zação e regionalidescentrali-zação de políticas públicas – devem obrigatoriamente en-volver municípios de mais de uma unidade da federação, e têm uma atua-ção mais ampla que a prevista nas regiões metropolitanas, pois são criadas para articular a ação administrativa da União e dos estados e municípios envolvidos. As Rides podem estabelecer por convênios as normas e os cri-térios para a unificação de procedimentos relativos aos serviços públicos, no âmbito de seus entes, quanto às tarifas, fretes e seguros, linhas de crédi-to especiais para atividades prioritárias e isenções e incentivos fiscais, em caráter temporário, de fomento a atividades produtivas em programas de geração de empregos e de fixação de mão de obra. Os programas e projetos prioritários para as Rides, principalmente no que se refere à infraestrutura básica e geração de empregos, podem ser financiados com recursos do or-çamento da União, dos oror-çamentos dos estados ou do Distrito Federal e dos municípios abrangidos pelas respectivas Rides, bem como com operações de crédito externas e internas.

Assim, os objetivos das Rides podem ser viabilizados por meio da conces-são ou ampliação de benefício ou de incentivo de natureza tributária, como incentivos fiscais, linhas de crédito favorecidas e outros instrumentos, na implantação de projetos capazes de estruturar a economia. Essas regiões administrativas possuem um Conselho Administrativo da Região Integra-da de Desenvolvimento (Coaride), cujos membros representam a União, os estados e municípios abrangidos, com a competência para coordenar e decidir sobre a execução de programas e projetos de interesse da Ride. A

norma jurídica de criação da região integrada deve prever um Programa Especial de Desenvolvimento para a Região Integrada, com as ações de de-senvolvimento, os instrumentos para tratar dos serviços e tarifas comuns, e o envolvimento institucional, com as parcerias entre o setor público e a sociedade civil.

Em relação ao desenvolvimento regional, cabe mencionar a legislação apli-cada à Zona Franca de Manaus (ZFM), que é composta basicamente por leis relacionadas a reduções, suspensões e isenções de tributos. A legislação tri-butária brasileira é reconhecidamente complexa, sendo que, não raramente as normas dirigidas à Zona Franca de Manaus estão expressas em apenas alguns dispositivos de leis que versam sobre diversos tributos, como o Im-posto sobre Importação e o ImIm-posto sobre Produtos Industrializados, mas também sobre alíquotas de contribuição social para os Programas de Inte-gração Social (PIS) e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pa-sep) e de Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins).

Por vezes, os instrumentos tratam apenas de alterações da legislação tribu-tária. Ou seja, são leis e dispositivos de leis que modificam normas anterio-res, que, por sua vez, também já estão alterando outros instrumentos legais.

A Zona Franca de Manaus foi criada pelo Decreto-Lei nº 288, 28 de feve-reiro de 1967, que instituiu o enclave como uma área de livre comércio de importação e exportação e de incentivos fiscais especiais, estabelecida com a finalidade de criar no interior da Amazônia um centro industrial, comercial e agropecuário dotado de condições econômicas que permitam seu desenvol-vimento, em face dos fatores locais e da grande distância a que se encontram os centros consumidores de seus produtos. O prazo de vigência da ZFM era, inicialmente, de vinte anos. O art. 3º da Emenda Constitucional nº 42, de 19 de dezembro de 2003, incluiu o art. 92 ao Ato das Disposições Consti-tucionais Transitórias e prorrogou a ZFM até 2023. Depois, em 5 de agosto de 2014, a Emenda Constitucional nº 83 incluiu no ADCT o art. 92-A, que acrescentou mais cinquenta anos ao prazo fixado pelo artigo anterior.

Outra forma de o governo federal estimular a atividade econômica, por meio da criação de uma área de livre comércio, é a instituição de Zonas de Pro-cessamento de Exportação (ZPE). Esses espaços são destinados à instala-ção de empresas voltadas para a produinstala-ção de bens a serem comercializados exclusivamente no exterior. As empresas instaladas nesse tipo de enclave gozam de um regime aduaneiro e cambial especial, entre outras facilidades

administrativas e tributárias. São objetivos das ZPE a redução dos desequilí-brios regionais, o fortalecimento do balanço de pagamentos, a promoção da difusão tecnológica e o desenvolvimento econômico e social do país.

O Decreto-Lei nº 2.452, de 29 de julho de 1988, estabeleceu o regime tri-butário, cambial e administrativo das ZPE, instituindo, no Brasil, esse ins-trumento de política de desenvolvimento. Atualmente, a Lei nº 11.508, de 20 de julho de 2007, que dispõe sobre o regime tributário, cambial e admi-nistrativo das Zonas de Processamento de Exportação, com as alterações instituídas pela Lei nº 11.732, de 30 de junho de 2008, e pela Lei nº 12.767, de 27 de dezembro de 2012, é o instrumento que regula o funcionamento desses enclaves. No presente, há 24 ZPE criadas no país por decreto, mas apenas uma apresenta projeto industrial em análise.

As Áreas de Livre Comércio (ALCs), por sua vez, não possuem uma legis-lação única para regular sua conformação e operação. Cada uma das sete Áreas de Livre Comércio com seu funcionamento já autorizado foi criada por uma lei específica. Não obstante, a legislação a elas aplicada é bastante uniforme, o que as sujeita a praticamente um mesmo regime tributário, que prevê, entre outros benefícios, a suspensão do Imposto de Importação e do IPI incidentes sobre todas as mercadorias estrangeiras entradas na ALC e a isenção do Imposto de Importação e do IPI incidentes apenas sobre as mer-cadorias estrangeiras que entram no enclave e que se destinarem a determi-nadas utilizações. Na verdade, o regime tributário de uma ALC não a torna tão competitiva quanto a ZFM, uma vez que ele estimula principalmente o comércio local, não sendo estendido à comercialização no restante do país.

As ALCs com funcionamento já autorizado são as seguintes:

• ALC de Tabatinga (AM): Lei nº 7.965, de 22 de dezembro de 1989;

• ALC de Macapá/Santana (AP): Lei nº 8.387, de 30 de dezembro de 1991, art. 11;

• ALC de Guajará-Mirim (RO): Lei nº 8.210, de 19 de julho de 1991;

• ALC de Pacaraima e Bonfim (RR): Lei nº 8.256, de 25 de novembro de 1991, alterada pela Lei nº 11.732, de 30 de junho de 2008, que substituiu a ALC de Pacaraima pela ALC de Boa Vista, também em Roraima; e

• ALC de Brasileia, com extensão a Epitaciolândia (AC) e ALC de Cruzeiro do Sul (AC): Lei nº 8.857, de 8 de março de 1994.

Além disso, para fomentar o desenvolvimento na Amazônia Ocidental, são estendidos a toda essa região os benefícios fiscais do Decreto-Lei nº 288/1967, que instituiu a Zona Franca de Manaus, sobre bens de pro-dução e consumo importados ou nela produzidos, os benefícios fiscais para minimizar o custo de aquisição ou consumo (Decreto-Lei nº 356, 15 de agosto de 1967) e o custo da produção para o consumo regional (Decreto-Lei nº 1.435, 16 de dezembro de 1975). Estes decretos-lei tratam exatamente da extensão dos benefícios da Zona Franca de Manaus às áre-as da Amazônia Ocidental.

Por fim, uma legislação específica trata da faixa de fronteira brasileira, a Lei nº 6.634, de 2 de maio de 1979. De acordo com essa norma jurídica, a faixa interna de 150 km de largura, paralela à linha divisória terrestre do território nacional, é considerada área indispensável à segurança nacional.

Recentemente, foi lançado o Plano de Desenvolvimento Agropecuário do Matopiba, por meio do Decreto nº 8.447, de 6 de maio de 2015, que abrange municípios dos estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia. O plano tem como diretrizes: o aumento da infraestrutura, o desenvolvimento tec-nológico voltado para a agropecuária e a ampliação e o fortalecimento da classe média rural na região.

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Em conclusão, ressalte-se que a legislação referente ao desenvolvimento regional e à integração nacional, visando à diminuição das desigualdades entre as grandes regiões brasileiras, é bastante completa em relação à ofer-ta de instrumentos fiscais e creditícios ao setor empresarial. Para que os objetivos buscados pela política conduzida pelo Ministério da Integração Nacional sejam plenamente alcançados e para que o nível de desenvolvi-mento econômico e social do Norte e Nordeste aproxime-se do verificado no centro-sul do país, é imprescindível a adoção de políticas voltadas para a melhoria e a ampliação da infraestrutura das regiões mais atrasadas, no-tadamente nos setores de transportes e energia. Sem medidas estruturado-ras, os instrumentos de desenvolvimento regional não serão capazes, por si, de reverter o quadro de concentração da renda e do capital nas regiões economicamente mais dinâmicas do Brasil.

No documento LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE MEIO AMBIENTE (páginas 137-149)

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