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2. Estado da Arte

2.1. Equipamentos de monda mecanizada

2.1.3. Dispositivos portáteis

Martin-Gorriz et al. [5]realizaram um estudo acerca dos resultados obtidos por duas máquinas portáteis aplicadas à monda do pêssego para a indústria dos enlatados (calibre alvo > 56 mm). O primeiro dispositivo, modelo Giulivo da empresa italiana Volpi S.p.A, consiste num cabo de 2,5 m, com um peso de 2 kg, em que uma das extremidades possui uma cabeça rotativa com seis dedos ou hastes (ver Figura 2.4a). É movido por um motor elétrico de 12 V que permite operar a 2 velocidades distintas. O motor é alimentado por uma bateria de automóvel de 12 V, 75 A/h, colocada no chão e transferindo a energia através de um cabo elétrico com 15 m de extensão. O operador procede à monda do fruto percorrendo os ramos em torno da árvore, de forma a que as hastes entrem em contacto com os frutos e provoquem a sua queda, deslocando a bateria a cada 3-4 árvores permitindo que se mova com a maior liberdade possível. O segundo dispositivo consiste num agitador pneumático de ramos portátil (ver Figura 2.4b), fabricado pela Campagnola P.E.S, Itália. Este equipamento possui um peso de 1,9 kg, sendo alimentado por um compressor de ar a operar com pressões entre 1,0 Mpa e 1,2 Mpa. A sua mobilidade mostra-se algo limitada, devido sobretudo à presença da mangueira flexível de alimentação do ar.

a) Dispositivo elétrico com cabeça rotativa e hastes

axiais com ângulo regulável. b) Máquina pneumática para a agitação de ramos. Figura 2.4 - Equipamentos para a monda mecânica do fruto [5].

Foram testadas no campo quatro técnicas de monda, combinando o uso dos dispositivos com mondas manuais complementares. A monda manual por si só foi utilizada como método de controlo. De forma a otimizar o processo, durante as mondas manuais complementares, os trabalhadores focaram-se apenas nos aglomerados de frutos. Os ensaios de 2008 demonstraram que o uso do agitador pneumático com uma monda manual complementar permite reduzir o tempo de execução das operações em 28%, quando comparado com os 25 a 30 minutos por árvore requeridos pela monda puramente manual. No entanto, não removeu uma quantidade satisfatória de frutos, 499 face aos 1261 do método de controlo. O uso do dispositivo elétrico com uma monda

manual complementar, permite reduzir o tempo despendido em 46% face ao método manual e a quantidade de frutos removidos observada mostrou-se muito mais próxima da condição de controlo, com 988 frutos removidos. Estes factos traduziram-se num impacto económico positivo nos ensaios de 2008, mas o mesmo não se verificou nos ensaios de 2009, nos quais o uso do dispositivo pneumático foi descartado e a ausência de monda foi inserida como condição de controlo. Nestes últimos ensaios, o uso do dispositivo elétrico com monda manual complementar resultou num lucro por árvore inferior à monda puramente manual e à ausência de monda [5]. Além desta discrepância entre resultados económicos de anos consecutivos, o facto de alguns valores observados em ensaios com os dispositivos sem monda manual complementar se aproximarem mais da condição de controlo do que aqueles com monda manual complementar, destaca ainda mais a inconsistência dos resultados obtidos com estas técnicas.

Martin-Gorriz et al. [15] realizaram um outro estudo, de quatro anos, incluindo os resultados do estudo mencionado anteriormente, centrado no uso da máquina de seis hastes rotativas, representada na Figura 2.4. A ausência de monda foi utilizada como método de controlo e os resultados foram comparados com os obtidos através da monda manual, monda mecanizada com o dispositivo elétrico e monda com o dispositivo seguida de uma monda manual complementar. A ausência de monda demonstrou o maior lucro por árvore, mas este facto poderá ter a ver com os preços considerados corresponderem aos da indústria de enlatados, em que todos os frutos com calibre acima dos 55 mm são pagos ao mesmo preço. O diâmetro médio no caso da ausência de monda foi de 60 mm enquanto a média dos casos com monda foi de 66 mm, o que poderia acrescentar valor económico, caso os frutos fossem direcionados para o mercado de produtos frescos. Nos ensaios de 2009, a monda manual demonstrou um lucro por árvore superior ao obtido com métodos mecanizados. Nos ensaios restantes, os resultados obtidos com os métodos mecanizados foram superiores. Em alguns ensaios, a monda manual complementar aos métodos mecanizados aumentou o lucro por árvore enquanto noutros diminuiu. A diferença de resultados económicos com os métodos estudados foi considerada insignificante e os autores concluíram portanto, que a escolha do método para esta cultivar era indiferente, apesar de permitir atuar num período de tempo mais curto, o que por si só se pode demonstrar como uma vantagem para os produtores.

Martin-Gorriz et al.[17] foram ainda responsáveis pelo projeto de uma máquina de monda do pêssego (ver Figura 2.5), cuja principal inovação era a capacidade de trocar facilmente os filamentos e permitir variar a velocidade, para que com um único equipamento se pudesse proceder à monda da flor e do fruto.

Dispositivo elétrico com cabeça rotativa e hastes axiais

com ângulo regulável. Máquina pneumática para a agitação de ramos. Figura 2.5 - Equipamentos para a monda mecânica do fruto [16].

Esta máquina apresentava uma configuração semelhante à utlizada pelo autor nos anteriores estudos, sendo que o veio rotativo era acionado por um motor elétrico de 12 V controlado através de um variador eletrónico de velocidade, alimentado por um gerador a gasolina com um cabo elétrico de 15 m. O motor e o variador eletrónico de velocidade encontravam-se posicionados numa mochila com uma base metálica e uma cobertura retrátil. Concluiu que para a monda da flor deveriam ser utilizadas hastes de um material com maior flexibilidade e uma velocidade superior àquela indicada para a monda do fruto, processo esse que obteve melhores resultados com hastes mais rígidas. Com isto, ocorreu uma redução de tempo necessário para a monda da flor em 93% e em 82% para a monda do fruto, e dos respetivos custos em 92% e 80%, face aos processos manuais. No entanto, o impacto económico não foi avaliado. A monda manual removeu mais frutos do que a monda mecanizada, levando a que houvessem 16% mais de frutos na classe de calibre superior a 55 mm, mas simultaneamente 12% menos de produção total [16].

Existem já soluções semelhantes disponíveis para venda ao público, são no entanto dirigidas à monda da flor, não existindo no mercado até à data, dispositivos portáteis dirigidos à monda de frutos É o caso do Electro’flor, modelo da empresa francesa Infaco, existindo já estudos na literatura acerca da sua utilização [17]. O Electro’flor consiste num veio com fios rotativos na extremidade superior e um punho com controlos na extremidade inferior (Figura 2.6a), com a ligação à fonte de alimentação, um LED indicador de estado, um selecionador de velocidade e um botão on/off. Com um toque rápido neste botão, a máquina arranca e opera até que ocorra um novo toque. Caso se pressione durante algum tempo, a máquina entra em modo de funcionamento contínuo, parando assim que se larga o botão. A sua fonte de alimentação é uma

bateria de 48 V, com um peso de 2,4 kg, colocada num colete a ser vestido pelo operador (Figura 2.6b).

Actuador do dispositivo portátil para a monda da flor, Electro’flor.

(b) Colete com fonte de alimentação Infaco.

Figura 2.6 - Solução comercial de equipamento para a monda da flor (http://www.infaco.com/).

Outra solução semelhante dá pelo nome de Cinch (Figura 2.7), inventada pelo Norte-Americano Phill Miller, que consiste num veio compatível com os acoplamentos de berbequins convencionais, elétricos e pneumáticos, estando disponível em 3 tamanhos diferentes 3, 4 e 5 polegadas.

Figura 2.7 - Máquina para a monda da flor de pessegueiro Cinch, e o seu inventor (http://fruitgrowersnews.com).

O Saflowers, tem o mesmo princípio de atuação das duas soluções anteriores, no entanto, destaca-se pelo facto de ter um comprimento bastante reduzido (37 cm incluindo o punho de manuseamento). Existem disponíveis versões elétricas e pneumáticas. Pesa cerca de 0,45 kg. A sua utilização e resultados já foi estudada para a monda da flor de pessegueiro e cerejeira [18, 19]. É semelhante à patente descrita na secção 2.1.5.1, apresentada abaixo (ver Figura 2.9).