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4 CAPÍTULO OS ENFOQUES FORMATIVOS DA PESQUISA

4.3 OS CAMPOS DE CONHECIMENTOS E OS ENFOQUES FORMATIVOS

4.3.1.2 Dissertações e Teses sobre “Currículo”

Esse enfoque formativo concentra o segundo maior número de documentos de todos os enfoques do estudo, com 23 documentos (24,7% de 93), sendo 20 dissertações e 3 teses. Examinando a distribuição temporal desse enfoque formativo por lustro (Tabela 14), podemos observar que na primeira década não aparece nenhum trabalho, já no primeiro lustro da década de 1990 se iniciam as primeiras defesas de trabalhos, que aumentam na década de 1990 e, na última década (2001-2010), aparece o maior número de defesas dentre as outras décadas (78,3%).

Tabela 14: Distribuição temporal das Dissertações e Teses de Formação de Professores/as de

Biologia no Brasil (1979-2010), do campo de conhecimento pedagógico, quanto ao enfoque formativo “Currículo” por lustro.

Docs.

(5-5 anos)

DISSERTAÇÕES E TESES DO ENFOQUE FORMATIVO POR LUSTRO TOTAL

1979-1985 1986-1990 1991-1995 1996-2000 2001-2005 2006-2010 Docs. - - 017, 018 045, 085, 096 004, 006, 011, 036, 055, 064, 100, 106 001, 007, 034, 053, 057, 068, 071, 076, 079, 121 Subtotal - - - - 2 8,7% 3 13,0% 8 34,8% 10 43,5% 23 100%

As 23 dissertações e teses desse enfoque foram defendidas em vinte Instituições de Ensino Superior (IES) e apresentam uma dispersão no padrão de distribuição dos documentos, não se concentrando em uma IES. Do total destacam-se 10 documentos (43,5%) produzidos em oito IES da região Sul do país (PUC-PR, UEPG, UEL, UFPR, UFSC, FURB, UFSM, UPF), o que chama atenção o fato dessa região ter uma produção maior quanto ao estudo do currículo de formação de professores. Já em outros estados há uma menor produção, com 13 documentos produzidos em doze IES dos estados de São Paulo (com 3), Minas Gerais (com 2), Rio de Janeiro (com 2), Mato Grosso (com 2) e, Distrito Federal, Goiás, Ceará e Alagoas, com 1 documento em cada.

Considerando os contextos dos cursos (Apêndice L) a partir dos quais foram desenvolvidas as 23 pesquisas desse enfoque formativo, na maior parte delas, 13 documentos, estudaram um único curso de licenciatura em Ciências Biológicas (CB) de uma única Instituição de Ensino Superior (IES). Entretanto, outros trabalhos (3 documentos) foram desenvolvidos em 2 ou 6 cursos de CB de diferentes IES, no caso dos Docs. 057 e 064, em 2 cursos de duas IES e, no caso do Doc. 096, com 6 cursos de CB de seis IES diferentes. Além destes, outros que analisaram cursos de licenciatura em Ciências Biológicas (CB) juntamente com outros cursos (Docs. 001, 017, 018, 068, 071, 106, 121). A maior parte desses 7 documentos envolviam cursos de CB, Física, Química e Matemática, além de outras licenciaturas em alguns, variando os tipos de cursos em cada documento.

Quanto aos tipos de sujeitos analisados nos 23 trabalhos para esse enfoque formativo (Apêndices L, M), o qual é responsável pela organização das matrizes curriculares que estruturam a formação do licenciando, destacamos que os autores desenvolvem os estudos dos documentos curriculares considerando, majoritariamente, os sujeitos vinculados ao curso de Ciências Biológicas - os licenciandos (em 17 documentos) e os professores do curso (em 15) na maior parte dos estudos e também alunos egressos (em 7) e coordenadores de cursos (em 4). Somente em um dos estudos também consideraram a opinião de um professor de Ciências/Biologia e um pedagogo de escola de Educação Básica (Doc. 011).

Analisando os instrumentos usados para a coleta de dados nas 23 dissertações e teses (Apêndices L, N), verificamos seis tipos, com destaque para análise documental (em 22 documentos), a entrevista (em 16 documentos), o questionário (em 14) e, com menor frequência, o grupo de discussão (em 2), a observação (em 1) e o grupo focal (em 1).

Além do mais, quando se faz a análise do uso ou não de instrumentos combinados, por pesquisa, na maior parte delas foram usados três (39,1%) ou dois (34,8%) instrumentos

combinados, enquanto em outras, em número menor, foram utilizados um (17,4%) ou quatro instrumentos (8,7%).

Quanto ao foco das pesquisas que compõem o enfoque formativo “Currículo”, caracterizamos as mesmas em quatro grupos principais de acordo com as problemáticas que abrangem os estudos nesse enfoque descritas no Quadro 8.

Quadro 8: Classificação das Dissertações e Teses de Formação de Professores/as de Biologia no Brasil (1979-2010), do campo de conhecimento pedagógico, quanto aos aspectos tratados no enfoque formativo “Currículo”.

Caracterização dos Estudos sobre Currículo Docu-

mentos 21 No

1- Estudos sobre as contribuições do estágio curricular e as relações teoria e prática nos currículos de formação de professores:

8

a) analisam a organização e o desenvolvimento de estágios curriculares e o reflexo destes na formação de professores;

001, 018, 034, 057

b) avaliam o tipo de formação oferecida a partir da relação teoria e prática presente nos cursos, a prática de ensino e o estágio curricular; a implementação da prática como componente curricular e os aspectos legais.

011, 053, 055, 121

2- Estudos sobre a relação entre as formações pedagógica, específica e para pesquisa presentes no currículo de formação de professores:

6

a) examinam as relações das formações pedagógicas e específicas estabelecidas no contexto das licenciaturas;

045, 064, 076, 096

b) avaliam a natureza do conhecimento científico e o lugar da pesquisa na formação de professores.

017, 079

3- Estudos sobre a presença e/ou inserção de temas e propostas metodológicas no currículo de formação de professores:

5

a) investigam a presença e as contribuições de temas (interdisciplinaridade, alteridade e conteúdos sociológicos) para o currículo de formação de professores;

068, 071, 106

b) avaliam as condições para inserção de temas e propostas metodológicas (dimensão ambiental, PCN) no currículo para a formação de professores.

006, 036

4- Estudos sobre as matrizes curriculares e seus reflexos nos cursos de formação de professores:

4

a) realizam um diagnóstico do tipo de formação oferecida nas licenciaturas a partir do currículo;

004, 085

b) avaliam as tensões e as relações entre bacharelado e licenciatura, conhecimentos específico e pedagógico, ciência e docência, ensino e pesquisa, estabelecidas em cursos de licenciatura.

007, 100

Total 23

Fonte: Dados da pesquisa.

21 Para maiores detalhamentos dos documentos citados no texto, como dados bibliográficos, autores e resumos,

A partir das análises gerais desse enfoque formativo, descritas no Quadro 8, passaremos à descrição das especificidades dos documentos que compõem os quatro grupos desse enfoque, discutindo as abordagens das pesquisas.

Ao analisarmos o primeiro grupo de documentos, grupo 1, o qual aborda os estudos sobre as contribuições do estágio curricular e as relações teoria e prática nos currículos de formação de professores, temos 2 eixos de discussão:

No primeiro, eixo a) da discussão, os autores analisam a organização e o desenvolvimento de estágios curriculares e o reflexo destes na formação de professores: nesse sentido, duas pesquisas (Docs.: 057, 2006; 001, 2008) da UFSM buscam caracterizar aspectos relevantes assim como sugestões e contribuições para organizarem e desenvolverem os estágios curriculares dos cursos - no caso do Doc. 057, a pesquisa foi desenvolvida em dois cursos de Ciências Biológicas (CB), da URI e UFSM e, no caso do Doc. 001, foi desenvolvida a partir do curso de CB juntamente com outros 10 cursos de licenciatura da UFSM. Em outros dois estudos (Docs.: 018 - FURB, 1995; 034 - UFC, 2010), os autores avaliam as contribuições das práticas curriculares dos Estágios Supervisionados para a formação do licenciando e apresentam sugestões para a melhoria das mesmas. Tais pesquisas foram desenvolvidas nos cursos da FACEPAL (em Palmas) e da UFC, respectivamente.

Ainda no grupo 1, no segundo, eixo b) da discussão, os autores avaliam o tipo de formação oferecida a partir da relação teoria e prática presente nos cursos, a prática de ensino e o estágio curricular; a implementação da prática como componente curricular e os aspectos legais. Nesse eixo, há uma preocupação das autoras em entender o tipo de formação oferecida nos cursos, a partir da articulação teoria-prática (Docs.: 011 - PUC-MG, 2004; 053 - UnB, 2006; 055 - UNIMEP, 2002), assim como a implementação da prática como componente curricular (Doc. 121 - UFU, 2008), nos cursos estudados, após as determinações da nova legislação das Diretrizes Curriculares para a Formação de Professores da Educação Básica22. Tais pesquisas foram desenvolvidas, em quatro cursos de diferentes instituições: Centro Universitário de Minas Gerais, UnB, USC e UFU, respectivamente.

Ao analisarmos o segundo grupo de documentos, grupo 2, o qual aborda os estudos sobre a relação entre as formações pedagógica, específica e para pesquisa presentes no currículo de formação de professores, temos 2 eixos de discussão:

No primeiro, eixo a) da discussão, os autores examinam as relações das formações pedagógicas e específicas estabelecidas no contexto das licenciaturas. Em três documentos

(Docs.: 045 - UFMT, 1998; 064 - PUC-PR, 2001; 096 - UFSC, 1997), os autores analisam a problemática da dicotomia entre as formações específica e pedagógica presente nos currículos, fazendo um alerta para a precariedade da formação pedagógica comparada à específica nos cursos das instituições, respectivamente: a) UFMT; b) PUC-PR e FIES; c) UFSC, UFPR, PUC- PR, UFRGS, UEPG, Universidade do Contestado. No Doc. 076 (UFPR, 2010), a autora avalia a presença desses elementos, investigando quais as competências que têm sido privilegiadas na formação de professores de Biologia, fazendo um paralelo entre o conteúdo presente nas questões do ENADE e os documentos curriculares do curso da UFPR.

No segundo, eixo b) da discussão, os autores avaliam a natureza do conhecimento científico e o lugar da pesquisa na formação de professores. No Doc. 017 (UFSC, 1991) foram analisadas as concepções sobre a natureza do conhecimento científico, veiculadas nos cursos de formação de professores de Ciências do Rio Grande do Sul, considerando os cursos de Biologia, Física e Química de quatro instituições (UFRGS; UCS, FERVI, UNIJUÍ). No Doc. 079 (PUC-Rio, 2010) a autora desenvolve um estudo buscando compreender o papel da pesquisa na formação de professores de Ciências, a partir da visão de licenciandos, professores e coordenador do curso em Ciências Biológicas da UFPA, somando-se ainda a visão de estudiosos do campo de Educação em Ciências do país, que foram entrevistados para a pesquisa. Ao analisarmos o terceiro grupo de documentos, grupo 3, o qual aborda os estudos sobre a presença e/ou inserção de temas e propostas metodológicas no currículo de formação de professores, temos 2 eixos de discussão:

No primeiro, eixo a) da discussão, investigam a presença e as contribuições de temas (interdisciplinaridade, alteridade e conteúdos sociológicos) para o currículo de formação de professores. No Doc. 068 (UFMT, 2006), frente às mudanças na legislação educacional, a autora analisa a presença da interdisciplinaridade nos currículos a partir da visão de licenciandos e professores nos cursos de licenciaturas de Ciências Biológicas, Física, Química e Matemática da UFMT. Em outra pesquisa, (Doc. 071 - UEPG, 2009), o autor analisa como a alteridade é constituída em cinco cursos de licenciatura da UEPG (Ciências Biológicas, Química, Matemática, Pedagogia e História) em termos de concepções e práticas que permeiam a formação, a partir da visão de licenciandos e por meio de um paralelo entre os projetos pedagógicos dos cursos e os documentos oficiais. Nesse sentido, outra autora (Doc. 106 - UFG, 2005) também avalia a contribuição dos conhecimentos sociológicos e o reflexo destes nas matrizes curriculares de cursos de formação de professores de Ciências Biológicas, Matemática e Ciências Sociais da UFG, a partir da análise documental dos projetos pedagógicos e da legislação para a formação de professores.

No segundo, eixo b) da discussão, os autores avaliam as condições para inserção de temas e propostas metodológicas (dimensão ambiental, PCN) no currículo para a formação de professores. No Doc. 006 (USP, 2004) a autora investiga as condições essenciais para a inserção da dimensão ambiental nos currículos de formação de professores de Biologia, a partir da análise das concepções e práticas desenvolvidas pelos professores do curso da USP, a partir de entrevistas com estes e da análise de documentos do curso. Por sua vez, na pesquisa feita no curso da UNOESTE (Doc. 036 - UNOESTE, 2003) a autora avalia a possibilidade de inserir as propostas teórico-metodológicas dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino de Ciências Biológicas na formação de professores de Biologia, a partir da análise de documentos do curso e de entrevistas com licenciandos.

Ao analisarmos o quarto grupo de documentos, grupo 4, o qual aborda os estudos sobre as matrizes curriculares e seus reflexos nos cursos de formação de professores, temos 2 eixos de discussão:

No primeiro, eixo a) da discussão, as autoras realizam um diagnóstico do tipo de formação oferecida nas licenciaturas a partir do currículo. No Doc. 085 (UEL, 1996) a autora avalia a formação oferecida pelo curso da UEL, analisando o projeto pedogógico e a visão de alunos e professores, com vistas a propor melhorias para a prática pedagógica do curso. Nessa direção, a autora do Doc. 004 (UPF, 2002) analisa a formação de professores de Ciências para o Ensino Fundamental, oferecida pela UPF, a partir da análise do currículo, dos programas das disciplinas e da visão de licenciandos e professores do curso.

No segundo, eixo b) da discussão, as autoras avaliam as tensões e as relações entre bacharelado e licenciatura, conhecimentos específico e pedagógico, ciência e docência, ensino e pesquisa, estabelecidas em cursos de licenciatura. Todas essas dimensões são avaliadas em um curso da UERJ (Doc. 007 - UFF, 2006) no qual a autora busca compreender como essas dimensões são enfrentadas no interior de um curso de licenciatura voltado para a formação de professores, a partir da análise de documentos do curso e da visão de professores e aluna egressa. No Doc. 100 (UFAL, 2003), a autora busca analisar as transformações ocorridas no curso e avaliar como tem se estabelecido a relação entre licenciatura e bacharelado na cultura do curso da UFAL, a partir da análise dos documentos deste e da visão de licenciandos, alunos egressos e coordenadores.

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