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Distinção entre Israel e a Igreja forte paradigma dispensacionalista

4. CAPITULO TERCEIRO

4.5. Distinção entre Israel e a Igreja forte paradigma dispensacionalista

Como paradigma do dispenscionalismo, qualquer um dos três aspectos fundantes, literalidade da palavra, distinção de Israel e a Igreja e propósito divino na história, podem ser observados, mas, a nosso ver, o que se apresenta mais marcante é a distinção entre Israel e a Igreja.

A teologia da substituição, que já citamos anteriormente, estabelece que as ‘Alianças’ divinas com Israel se ‘findam’ após a instituição do cristianismo, sendo a igreja o ‘novo Israel de Deus’. Teologia que é combatida veementemente em todas as edições da revistaChamada da meia-noite (CMN). Em janeiro de 2013, a edição número 01 da CMN inicia com o artigo ‘Os fatos e as falhas da teologia aliancista’:

A teologia Aliancista é o sistema teológico dominante na maioria das igrejas protestantes tradicionais. É um sistema de teologia que interpreta a filosofia da história da Bíblia através das lentes de duas ou três alianças e se fundamenta na teologia da Substituição. Esta afirma que Deus substituiu o povo judeu pela Igreja e que os cristãos agora são o povo escolhido de Deus. (Showers, 2013, p. 15).

Sobre o tema, Showers esclarece em seu artigo:

Os teólogos aliancistas que creem na Bíblia usam o método literal- gramatical-histórico de interpretação para maior parte das Escrituras, inclusive todas as profecias que foram cumpridas. Entretanto, quando se trata de profecias ainda não cumpridas, eles se voltam para um método diferente: o método espiritual alegórico, que os capacita a redefinir Israel e fazer dele a Igreja, e não o povo Judeu. (Showers, 2013, p. 17).

A temática se estende pelos meses de janeiro a maio de 2013 abordando uma das principais características de apropriação do capital simbólico do dispensacionalismo, Israel.

Além desse, outros títulos distinguem Israel como ponto saliente na teologia dispensacionalista que a revista CMN divulga.

Outro ponto dessa clara distinção está no artigo escrito por Win Malgo (1922 – 1992), fundador da revista Chamada da Meia-Noite. Com o título ‘O futuro nacional e o futuro Espiritual de Israel’, o argumenta sobre a distinção entre Israel e a Igreja, ressalta que esses dois personagens estão juntos em um processo divino e explica:

‘Israel terá um futuro nacional e um futuro espiritual’. No final, o futuro de Israel confluirá com o futuro da Igreja de Jesus. Os caminhos que Deus segue com a Igreja de Jesus e com Israel conduzem para um único e grandioso alvo – o estabelecimento do Reino de Deus, mas são caminhos bem distintos. Deus faz acontecer o visível em seu povo e através de seu povo, Israel, por meio de obras e milagres, enquanto o invisível, a transformação de seus corações no futuro. Com a Igreja ocorre o inverso. (Malgo, 2013, p. 14).

Essas abordagens que distinguem Israel como povo escolhido não se dão somente através do discurso, ou seja, não somente nesse sentido da distinção, traço do dispenacionalismo, mas também na valorização do seu capital simbólico.

Símbolos, gravuras ou referências são uma constante nas edições da CMN. Em publicações estudadas, existe pelo menos uma ilustração relacionada a Israel por publicação (nossa pesquisa não observou capas de livros, brindes, propagandas de congressos e viagens a Israel promovidas pela CMN).

O sionismo cristão é um resultado dessa distinção entre Israel e a Igreja e assim, é outro trabalho levantado nessa distinção, pois apresenta uma posição pró-Israel ou em sua defesa, diante das acusações e retaliações sofridas contra seu direito. No artigo sobre o Conselho Mundial de Igrejas – CMI, a revista denuncia a instituição que, segundo o texto publicado na CMN número 10, de 2013, é antissemita:

‘a atitude negativa do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) com relação a Israel tem sido evidente desde o inicio formal da organização, em 1948’. Seu site fala sobre ajudar os “palestinos desalojados” após a Segunda Guerra Mundial, mas não diz nada sobre ajudar o povo judeu, que suportou os horrores do holocausto. Tão pouco o CMI ajudou os judeus colonizadores, que eram continuamente sitiados por gangues e militantes árabes nos anos que levaram ao restabelecimento oficial de Israel. (McCraken, 2013, p. 19).

As críticas à CMI são contundentes, haja vista o fato de uma instituição cristã não apoiar o ‘povo escolhido’ ou não perceber que está em choque com a vontade e o agir

histórico de Deus. Esta é uma atitude criticada e apresentada como representação do antissemitismo cristão.

Nessa busca por valorizar Israel e sua distinção, a CMN também aborda o tema com muita frequência manifestando claramente uma posição sionista cristã. No artigo de Norbert Lieth, Diretor da Chamada da Meia-Noite Internacional e autor de livros publicados em três idiomas, o assunto é tratado com o título de “O grande engano do Anti-semitismo”, no qual o autor faz uma comparação com vários paralelos relacionados a trechos da bíblia e conclui: “O povo judeu não pode ser destruído porque têm o mais poderoso protetor, que é o próprio Deus.” Continua: “Os judeus são inextinguíveis não puderam ser exterminados naquela época e não podem ser exterminados hoje” (Lieth, 2012).

O Sionismo cristão é uma das marcas dos dispensacionalistas por entenderem que o futuro de Israel nacional está ligado ao futuro da igreja e da humanidade diante dos escritos sagrados.

FIGURA 9 - Capa da edição JUN/14 (Acervo pessoal do autor), fotografia de judeus etíopes na chagada em Israel no processo de retorno (Alyah).

FIGURA 10 - Capa das edições JAN/FEV 15.

FIGURA 11 – Cópia digitalizada da Carta de Bem-Vindo do prefeito de Jerusalém, Nir Barka, aos peregrinos da Festa dos Tabernáculos.

FIGURA 12 - Cópia da Carta do Primeiro Ministro de Israel Benjamin Netanyahu, agradecendo apoio da ICEJ durante o conflito de 2014, durante a operação Protective Edge (Margem Protetora).

FIGURA 13 - Sobreviventes cuidados pela ICEJ em celebração judaica.

Fonte: Acervo pessoal do autor.

FIGURA 14 - Doação de abrigos de proteção aos judeus na faixa de Gaza, durante o ultimo conflito entre Israel e o Hamas em junho de 2014.

FIGURA 15 – Algumas páginas do manual em português da festa dos tabernáculos em setembro de 2014, cita apóstolo Renê Terra Nova líder do M12Brasil como palestrante no evento oficial em Jerusalém e WFJ de 2015 (logo abaixo a esquerda) traz notícia da sua participação no evento no Deserto do En Gedi.