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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.5. Distribuição da biomassa ativa, heterotrófica e autotrófica

A tabela 27 mostra a repartição da biomassa ativa no reator com os suportes P4 e P5, fases A e B: i) biomassa autotrófica total (fixa + floculada) ; ii) biomassa heterotrófica (fixa + floculada); iii) biomassa fixa (autotrófica + heterotrófica); iv) biomassa floculada e v) biomassa total no reator.

Capítulo 4. Resultados e Discussão 123

Tabela 27. Repartição da biomassa ativa no reator

biomassa locação P4 P5

ativa Fase A % Fase B % Fase A % Fase B %

Autotrófico fixa 27641 99,32 28182 98,1 7630 91,1 16242 96,1 (mgXA) floculada 189 0,68 534 1,9 747 8,9 664 3,9 XAtotal 27830 100 28716 100 8377 100 16906 100 Heterotrófico fixa 44862 75,32 73198 95,7 21021 68,3 60716 87,5 (mgXH) floculada 14696 24,68 3321 4,3 9775 31,7 8689 12,5 XHtotal 59558 100 76519 100 30796 100 69405 100 Biomassa fixa (mg) 72503 82,97 101380 96,3 28651 73,1 76958 89,2 Biomassa floc. (mg) 14885 17,03 3855 3,7 10523 26,9 9353 10,8

Biomassa total (mg-reator) 87388 100 105235 100 39174 100 86311 100

Com relação ao suporte P4, durante a fase A, com idade de lodo mais elevada (10 dias), a fração da biomassa fixa era de 83%, e fração da biomassa floculada, de 17%. Na fase B, com idade do lodo média em torno de 2,7 dias, a fração de biomassa fixa aumentou (era 96% contra 4% da biomassa floculada). No que concerne ao suporte P5, a fração de biomassa fixa foi de 73% contra 26% da biomassa floculada durante a fase A (idade do lodo média em torno de 12 dias) e 89% da biomassa fixa e 11% da biomassa floculada, no decorrer da fase B (idade do lodo 3,5 dias, em média). Em comparação ao suporte P4, observa-se uma fração menor em relação à biomassa fixa. De fato, o suporte P4 é mais rugoso que o P5,sendo que sua superfície específica efetiva pode ser maior que a superfície calculada (257 m2/m3 de reator), considerando-se que o biofilme se desenvolve nas microcavidades do suporte. Por outro lado, a superfície específica efetiva do suporte P5 é menor que a superfície potencial calculada, uma vez que a adesão se verificou principalmente no interior do suporte. A superfície efetiva do suporte, levando-se em conta o desenvolvimento real do biofilme, é de 222,4 m2/m3reator.

A distribuição da biomassa nos reatores com suporte P4 e P5, nas fases A e B está resumida na tabela 28, efetuada a partir de cálculos da fração da biomassa autotrófica e heterotrófica

com relação à biomassa total no reator e sua distribuição entre biomassa fixa e biomassa floculada.

Tabela 28. Resumo da distribuição da biomassa ativa

Suporte Fase Fração Distribuição

31,85% Autotrófico 99,3 % fixa Fase A 0,7% floculada 68,15% Heterotrófico 75,3 % fixa P4 24,7% floculada 27,29% Autotrófico 98,1% fixa Fase B 1,9% floculada 72,71% Heterotrófico 95,7% fixa 4,3% floculada 21,39% Autotrófico 91,1% fixa Fase A 8,9% floculada 78,61% Heterotrófico 68,3% fixa P5 31,7% floculada 19,59% Autotrófico 96,1% fixa Fase B 3,9% floculada 80,41% Heterotrófico 87,5% fixa 12,5% floculada

A tabela 28 mostra que os dois suportes possuem a fração de microrganismos autotróficos fixos muito maior que a fração de autotróficos em suspensão. Isto se deve ao fato de que os organismos autotróficos são de lento crescimento e, no biofilme, a competição entre os organismos de rápido e lento crescimento é menor que na biomassa floculada - o que permitiu, então, o seu desenvolvimento. Este resultado concorda com os resultados obtidos por Ochoa et al (2002) e Oyanedel et al (2002), que observaram, em reatores híbridos, que a biomassa autotrófica é principalmente fixa.

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Observou-se, no reator com suporte P4, um aumento da fração de atividade dos autotróficos mais expressivo do que no reator com suporte P5. Como os organismos autotróficos de lento crescimento tendem a situar-se na profundidade do biofilme, estes provavelmente se desenvolveram nas cavidades, graças a uma maior rugosidade do suporte P4. Assim, os microrganismos ficaram mais protegidos das forças hidrodinâmicas, responsáveis pelo desprendimento do biofilme. Por outro lado, neste suporte, a totalidade do biofilme é mantida fina e ativa, justamente pela submissão às forças hidrodinâmicas (abrasão). Já o suporte P5, pouco rugoso, foi dimensionado de forma a obter uma elevada superfície potencial para o crescimento dos microrganismos, inclusive no seu interior, que é muito protegido das forças de atrito e cisalhamento. Desta forma, o biofilme formado no seu interior era muito espesso, o que pode ter prejudicado o transporte de oxigênio e nutrientes para o interior do biofilme. Em conseqüência dos fatores abordados, as eficiências de remoção de nitrogênio e DQO obtidas no reator com o suporte P4 foram superiores àquelas obtidas no reator com o suporte P5.

Observou-se, ainda, que a fração dos microrganismos heterotróficos foi mais elevada na fase B, com baixa idade do lodo, tanto para o reator com o suporte P4 (68% - fase A e 72% fase B), quanto para o reator com o suporte P5 (78% fase A e 80% fase B). Com relação à sua repartição, a fração fixa foi mais elevada na fase B, uma vez que a concentração de lodo diminuiu. A figura 59 mostra a composição da biomassa ativa, autotrófica e heterotrófica, fixa e floculada, nos reatores com suportes P4 e P5, fases A e B.

P4 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 A B Fase F ração b io m as sa at iv a ( % ) AFx/TFx AFloc/TFloc HFx/TFx HFloc/TFloc P5 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 A B Fase F ração b io m as sa at iv a ( % ) AFx/TFx AFloc/TFloc HFx/TFx HFloc/TFloc

Figura 59. Composição da biomassa ativa, autotrófica e heterotrófica, fixa e floculada, fases

A e B, suportes P4 e P5

A fração de microrganismos autotróficos fixos é muito maior que a fração de autotróficos floculados em relação à biomassa ativa total. A fração de autotróficos fixos com relação aos autotróficos totais também é bem mais elevada que a fração de autotróficos floculados em relação à biomassa floculada total, conforme observado na figura 59. Verificou-se que, mesmo à baixa idade do lodo (fase B), as frações foram pouco alteradas. Isto ocorreu porque os organismos autotróficos nitrificantes são de lento crescimento.A imobilização da biomassa em biofilmes é um método eficiente para reter os organismos de lento crescimento em reatores de fluxo contínuo (LAZAROVA et al., 1998), já que a competição por espaço e substrato entre os microrganismos autotróficos e heterotróficos é menor. No entanto, o rápido crescimento dos heterotróficos tendendo à superfície do biofilme pode limitar a difusão do oxigênio para o interior deste, o que poderá limitar muito a nitrificação. Nos reatores híbridos deste estudo, porém, observou-se que o desenvolvimento da biomassa heterotrófica floculada foi menor que a biomassa heterotrófica fixa (Hfloc < HFx), mas a fração de heterotróficos floculados em relação à biomassa floculada total é maior que a fração de heterotróficos fixos em relação à biomassa fixa total. A biomassa heterotrófica floculada pode ter reduzido a competição por espaço, substrato e oxigênio no interior do biofilme, pois as eficiências de

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remoção de cargas orgânicas volumétricas (DQO) e cargas volumétricas de nitrogênio (NTK) foram semelhantes para idade do lodo de 10 e 3 dias (fases A e B).

Ochoa et al (2002) estudaram um reator híbrido com o suporte P4 em condições operacionais semelhantes (ToC = 16 ; volume do reator = 22 L, vazão de alimentação = 45 L/dia, alternância de ciclos = 45 minutos), mas com recirculação 1,5 vezes a vazão de alimentação e com preenchimentos de 10 e 20%. Foram utilizadas 3 idades de lodo : 8 dias, 5 dias e 3,7 dias. Quando o reator foi operado com idade do lodo de 8dias, observaram que 95% da biomassa autotrófica era fixa. Para idade do lodo de 5 e 3,7 dias, a biomassa autotrófica fixa era 98 e 99%, respecivamente. Com relação à biomassa heterotrófica, os autores perceberam que, ao trabalhar com um preenchimento de 20%, a fração de biomassa heterotrófica fixa ficou em 60% ao final do experimento. Estes autores compararam o reator híbrido com um reator de controle tipo lodo ativado e observaram que, ao operar com idade do lodo de 8 dias, a biomassa autotrófica total no reator híbrido era duas vezes maior que no reator de controle. Ao reduzir a idade de lodo, a biomassa autotrófica total reduziu em ambos os reatores, mas a eficiência de remoção de N-NH4 não se alterou no reator híbrido, ao passo que reduziu muito

no reator de controle, chegando a ficar próximo a zero quando a idade do lodo ficou em 3,7 dias.

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