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DISTRIBUIÇÃO DA DENGUE NAS AMÉRICAS

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1. INTRODUÇÃO

1.7. DISTRIBUIÇÃO DA DENGUE NAS AMÉRICAS

A urbanização rápida e desordenada, associada a uma distribuição desequilibrada dos níveis de renda, conduz a uma proporção cada vez maior de pessoas vivendo em áreas onde o abastecimento de água, esgoto sanitário e coleta de lixo são precários ou inexistentes (TAUIL, 2001; ALMEIDA et al., 2009).

Nas Américas, a dengue é conhecida há de mais de 200 anos. Após a década de 1960, os casos de dengue foram aumentando e os surtos começaram a ocorrer com frequência crescente. Desde 1980, o problema da dengue nas Américas piorou consideravelmente (GÓMEZ-DANTÉS; WILLOQUET, 2009).

A Região das Américas tem sido uma das mais afetadas pela dengue em sua forma mais grave (KOURÍ, 2006). A primeira grande epidemia de dengue hemorrágica na América ocorreu em Cuba em 1981, com milhares de pacientes e 158 mortes. Apesar de ter sido controlada em pouco mais de quatro meses, a um custo de mais de 103 milhões de dólares, a região não teve novas epidemias por sete anos, a circulação simultânea de vários sorotipos perpetuou o risco, existindo ainda, novas epidemias de formas graves da dengue (CALUNGA et al., 1981; KOURÍ, 2006).

Levando em consideração vários fatores que contribuíram para a explosão de casos da dengue nas Américas, foram notificados entre os anos de 1981 e 1996, aproximadamente, 42 mil casos graves e 581 óbitos (NOGUEIRA et al., 2001; SAN MARTIN, 2007).

Nos Estados Unidos da América, a maioria dos casos de dengue vem dos trópicos americanos e asiáticos, refletindo o aumento do número de pessoas que viajam entre essas áreas (HASTEALD, 2006).

Durante o período de 1980 a 2007, o Brasil registrou a maioria dos casos de dengue (54,5%), no entanto, ocupou o sexto lugar no total de casos de FHD (Figura 4). O País Venezuela, apesar de ficar em quarto lugar no registro de casos de dengue, ocupou o primeiro lugar no registro de casos de dengue hemorrágica (35,1%). Durante os anos 80, em Cuba foi registrado o maior número de casos da dengue clássica e da dengue hemorrágica. Até o final de 2007, apenas em dois países, Uruguai e Chile foi registrada a ausência de transmissão autóctone. Transmissão endêmica de dengue foi relatada na Ilha de Páscoa, um território chileno no Oceano Pacífico (SAN MARTÍN et al., 2010).

Figura 4. A, Países com o maior número de dengue, Região das Américas, 1980 a 2007. B, Países com o maior número de dengue hemorrágica, Região das Américas, 1980 a 2007. Fonte: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2803522/

O número de países com uma incidência média maior do que 100/100.000 hab. aumentou de 5 durante a década de 80, para 7 durante os anos 90 e 15, durante o período que compreende 2000 a 2007 (Figura 5) (SAN MARTÍN et al., 2010).

Figura 5. Incidência média de dengue por 100.000 habitantes, por país, Região das Américas, 1980-2007.

Fonte: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2803522/

As epidemias de dengue determinam uma importante carga aos serviços de saúde e a economia dos países. Estima-se que tenha sido gastos 2,1 bilhões de dólares por ano (cotação em dólares americanos de 2010) com a dengue nas Américas, de 2000 a 2007. Neste gasto, não foram inclusos componentes, como controle de vetores e as consequências econômicas da dengue (JOHANSEN; CARMO, 2012). Um trabalho realizado em oito países do continente americano e asiático, incluindo o Brasil, demonstrou que o custo das epidemias ocorridas nesses países foi de cerca de U$ 1,8 bilhão, gastos anualmente, somente com despesas

ambulatoriais e hospitalares (SUAYA et al., 2009). É importante lembrar que o Brasil é o país com o maior número absoluto de casos de dengue das Américas e, também, onde os custos decorrentes da doença são os mais elevados (SHEPARD et al., 2011). Sendo, o custo médio da hospitalização por dengue, calculado conforme os procedimentos estabelecidos no guia de manejo clínico do Ministério da Saúde, estimado em U$ 1.622 (SUAYA et al., 2009).

Em 2010, 1,8 milhões de casos de dengue foram notificados apenas nas Américas, dos quais 44.656 eram casos de dengue grave, resultando em 1.167 óbitos. Entre os países que registraram surtos destacam-se: Brasil, Colômbia, Guatemala, Honduras, Nicarágua, México, Porto Rico, República Dominicana, Venezuela, além de países e territórios do Caribe. Sendo que o Peru, cuja região amazônica sofre um surto particularmente grave da doença (PAHO, 2012a).

A situação epidemiológica da dengue em 2010 apresentou uma característica muito instável, com surtos graves de dengue em vários países da região das Américas, a exemplo: Brasil, Colômbia, Equador e México (PAHO, 2010).

Em 2011 o cenário da dengue nas Américas distribuiu-se da seguinte forma: na América do Norte registrou-se 7 casos, na América Central 129.709 casos, na Região Andina 128.908 casos, no Cone Sul 807.191 casos, Hispânico Caribe 7.993 casos e no Caribe 19.444 casos. Totalizando 1.093.252 casos de dengue, dos quais 19.455 tinham formas graves, necessitando de internação e 763 evoluíram para o óbito. Este ano, os surtos de dengue excederam os dados históricos no Paraguai, Panamá e nos países e territórios do Caribe, Inglês e Francês como Aruba,

Bahamas, St. Lucia. Observamos também a introdução do vírus da dengue 4 no Panamá e em alguns Estados do Brasil (PAHO, 2012a).

Dados consolidados até a 7ª semana epidemiológica de 2012 pelo Programa Regional da dengue da OPAS/OMS registraram 62.643 casos da doença ocorridos na região das Américas. Dentre as áreas com transmissão ativa destacam-se o Cone Sul com 40.804 casos (Brasil 40.486 casos, Paraguai 313), seguida da região Andina com 12.415 casos (Colômbia 4.172 casos, Bolívia 3.734 e Peru 3.035). Quantos aos casos graves foram notificados 899 casos e 69 óbitos. Os países que registraram os maiores números de casos graves foram: México (300), Brasil (183), Colômbia (170) e Honduras (87). Quantos aos óbitos destaca-se a situação do Brasil (32 casos), Bolívia (16) e Colômbia (15). Com relação a circulação do vírus dengue foram detectados os quatros sorotipos (DENV1, 2, 3 e 4) (PAHO, 2012b).

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