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Capítulo III: Relatório de Estágio em Farmácia Hospitalar

3. Distribuição

3.4. Distribuição a Doentes em Ambulatório

A distribuição de medicamentos a doentes em regime ambulatório, pelos serviços farmacêuticos hospitalares, resulta da necessidade de existir um maior controlo e vigilância de determinadas terapêuticas, em consequência de efeitos secundários graves, necessidade de assegurar a adesão dos doentes a terapêutica e também pelo facto da comparticipação de certos medicamentos só ser a 100% se forem dispensados pelos Serviços Farmacêuticos Hospitalares. Este tipo de distribuição permite reduzir os custos relacionados com o internamento hospitalar, reduzir os riscos inerentes a um internamento (infecções nosocomiais) e possibilitar a continuação do tratamento em meio familiar (1).

A sala de ambulatório tem acesso ao exterior e apresenta as condições adequadas para a conservação e dispensa de medicamentos. Existem dois postos de atendimento, cada um com um computador e estações de conferência com tecnologia RFID®, estes postos estão divididos por separadores entre si e entre a sala de espera de modo a permitir a confidencialidade entre o utente e o farmacêutico. Além do armazém do ambulatório (F4) e do RFID® (F9) existem ainda frigoríficos que conservam os medicamentos entre 2 a 8ºC de temperatura, um deles equipados com tecnologia RFID®. O correto armazenamento dos medicamentos no RFID® é essencial para garantir o funcionamento do circuito de distribuição em ambulatório. Assim, após a receção dos medicamentos a administrativa dá a entrada informática dos mesmos para o armazém do ambulatório (F4) e posteriormente o farmacêutico faz a transferência do F4 para o F9 através do programa informático colocando o nome do medicamento, o número de unidades (sempre em dose unitária) e o lote. Para colocar as embalagens no F9 é necessário identificá-las com etiquetas especiais com tecnologia RFID® de modo que seja detetado o seu movimento no momento da dispensa. Estas etiquetas indicam o nome da substância por DCI, o número de lote, o prazo de validade e a quantidade de unidades por embalagem. A etiquetagem das embalagens

e posterior armazenamento no RFID® é realizada pelo AO sob supervisão do farmacêutico mediante o auxilio de uma consola tátil e da pulseira ou cartão de acesso ao RFID®. O horário de funcionamento da farmácia de ambulatório é das 8h00 às 17h00 às Segundas, Quartas e Sextas e das 8h00 às 19h00 às Terças e Quintas (7).

O farmacêutico responsável pelo ambulatório assegura a assistência farmacoterapêutica sem interrupções a todos os doentes em regime de ambulatório; garante a dispensa de medicamentos na dose e condições corretas acompanhado de informação para uma correta utilização; deteta possíveis reações adversas que possam surgir da utilização dos medicamentos, efetuando a notificação das mesmas ao INFARMED; realiza pedidos de compra de medicamentos do ambulatório; efetua gestão de stocks; realiza inventários mensais aos medicamentos de maior impacto económico e verifica mensalmente o receituário que necessita de ser faturado e enviado aos Serviços Financeiros (7).

O atendimento farmacêutico é um ato de extrema responsabilidade e importância, em que o farmacêutico fornece ao utente todas as informações relativas ao bom uso do medicamento permitindo assim uma melhoria na adesão ao tratamento bem como uma utilização correta e racional da medicação. Após fornecer todas as informações relativas ao uso adequado da medicação e sua correta conservação e armazenamento, o farmacêutico pede ao utente ou seu cuidador a identificação (Bilhete de Identidade ou Cartão de Cidadão) de ambos e pede-lhe para assinar o consentimento informado que consiste numa nova norma implementada recentemente (Circular normativa n.º01/CD/2012 de 30 de Novembro de 2012) que responsabiliza o utente por toda a medicação que lhe é cedida. O atendimento farmacêutico é realizado com o auxílio do sistema informático CPC, onde o farmacêutico pode consultar todos os dados relevantes para o correto atendimento ao utente, nomeadamente o histórico de levantamentos de medicação, reações alérgicas, modo de administração, posologia entre outros. Ao introduzir o NCS do doente no sistema informático e caso a prescrição seja informática o farmacêutico introduz a quantidade de unidades que pretende dispensar. Em caso da prescrição ser manual, o farmacêutico precisa de transcrevê-la para o programa antes de dispensar os medicamentos. Quando o programa der sinal passa-se a pulseira no RFID® e retira-se a medicação que é posteriormente conferida na estação de conferência RFID® presente na secretária da zona de atendimento confirmando ou não a presença da medicação, permitindo assim minimizar os erros na dispensa.

Os medicamentos podem ser dispensados em ambulatório por dispensa gratuita ou por venda. A dispensa gratuita é efetuada para medicamento abrangidos pela legislação (anexo 15) ou que tenham sido autorizados pelo CA, enquanto a venda só é permitida em situações de emergência individual ou coletiva quando não exista o medicamento necessário no mercado local. Para isso o

A medicação em ambulatório é dispensada, regra geral, para um período máximo de 30 dias excepto no caso de doente em diálise peritoneal (60 dias), doentes oncológicos em hormonoterapia (60 ou 90 dias) e situações devidamente justificadas e autorizadas pela Comissão de Farmácia e Terapêutica. Alguns medicamentos não abrangidos pela legislação podem ser fornecidos gratuitamente pelos serviços farmacêuticos para os doentes com patologias crónicas que pertencem a grupos terapêuticos comparticipáveis a 100% desde que sejam prescritos em consulta externa no hospital e mediante autorização do CA (8).

No ambulatório é ainda preparada a medicação para o sistema de “Toma por Observação Direta” (TOD) do hospital de dia das doenças infeto-contagiosas. Este sistema é normalmente realizado para doentes infetados com VIH que necessitam de supervisão para tomarem corretamente a medicação tendo de se dirigir diariamente ao hospital para tomar a medicação sob a observação direta do enfermeiro.

Durante o estágio acompanhei o atendimento ao utente em regime de ambulatório, realizei alguns atendimentos sob supervisão de um farmacêutico, organizei os consentimentos informados nas respetivas capas, realizei transferências entre armazéns, acompanhei a aquisição e receção de encomendas para o ambulatório, etiquetei as embalagens e armazenei-as no RFID® e preparei a medicação para o TOD. Considero que esta área foi uma das mais importantes para mim pois permitiu-me aperceber-me da realidade em relação aos doentes infetados com VIH que constatei serem bastantes e de todas as idades, alertando-me para o meu papel enquanto profissional de saúde na constante divulgação dos métodos preventivos desta patologia que tantas dificuldades proporciona aos doentes bem como os gastos que acarreta para o hospital e para o Sistema Nacional de Saúde.

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