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DISTRIBUIÇÃO DOS PARTICIPANTES POR TEMPO DE SERVIÇO

Fonte: Primária – 2017/2018

O gráfico de distribuição dos participantes por tempo de serviço

Segundo os estudos relacionados à temática de inserção de assistentes sociais na rede de atenção psicossocial, o estudo de Gama (2015) que teve como objetivo investigar como os assistentes sociais têm contribuído para a participação dos usuários nos CAPS de Aracaju e em outros espaços societários, tendo-se como referência o que preceitua o projeto ético-político que norteia o seu exercício profissional revela que,

A ampliação do espaço para assistentes sociais se deu a partir de 2003 e a média de tempo de inserção na política é de 3,7 anos, sendo esta a mesma média para inserção nos caps. [...] De acordo com a informação sobre o tempo de formação podemos inferir que as referidas assistentes sociais não tiveram experiência em hospitais psiquiátricos, iniciando suas experiências em saúde mental nos serviços substitutivos do município de Aracaju o que contribui para que as práticas manicomiais possam ser superadas. (GAMA, 2015, p. 57) No que diz respeito a esta pesquisa, o primeiro dado analisado indica que os entrevistados podem estar localizados em dois mecanismos mais recentes da Reforma Psiquiátrica, os centros de atenção psicossocial e o pronto-atendimento em saúde mental, e esses dois serviços compõem a RAPS do município de João Pessoa, conforme assinalado no tópico sobre a

caracterização dos serviços de saúde mental que serviram de cenário para a realização da pesquisa.

De maneira semelhante ao exposto por Gama (2015), a presente pesquisa almeja que o primeiro contato desses profissionais com os serviços territorializados, dispostos na rede de atenção psicossocial, contribua para um exercício profissional que supere as práticas manicomiais.

Com isso, fica evidente também outro aspecto apresentado no gráfico, que é um percentual de 19% dos profissionais entrevistados que têm até 20 anos de trabalho no campo da saúde mental.

Esclarecemos que esses entrevistados conheceram um modelo de assistência à saúde mental ainda dentro daquela lógica descrita por Bisneto (2011), que ressalta o exercício profissional dos assistentes sociais nos hospitais psiquiátricos, como uma estratégia do Estado de controle político, ideológico e econômico, partindo de uma perspectiva racionalizante para diminuir o ônus do Estado e do mercado com o processo de adoecimento da classe trabalhadora.

Outros 19% dos entrevistados apresentam período de trabalho no campo da saúde mental entre 06 (seis) e 10 (dez) anos, o que demonstra que são profissionais que atuam nos serviços substitutivos do tipo do centro de atenção psicossocial, principalmente, nos primeiros CAPS criados no município de João Pessoa/PB, o CAPS Gutemberg Botelho e o CAPS infanto-juvenil Cirandar.

O gráfico 02 (dois) mostra também que 12% dos entrevistados exercem a profissão no campo da saúde a mais de 10 anos, corroborando com o dado anterior da inserção cada vez maior dos profissionais do Serviço Social na rede de atenção psicossocial em detrimento do número cada vez menor de profissionais que atuam nos hospital psiquiátrico; como ainda aparece no gráfico 02 (dois) que 6% dos entrevistados atuam há mais de 30 (trinta) anos no campo da saúde mental.

Ainda no que concerne ao tempo de serviço relacionamos com o tipo vínculo empregatício, evidencia-se que dos 16 (dezesseis) profissionais

entrevistados, 50% tem como vínculo empregatício de estatutário, os demais 50% responderam ter outros tipos de vínculos, destacando-se que entre esses tipos os prestadores de serviços 40% e 10% afirmaram ter cargo comissionado.

Destacamos que ao assinalar a opção “Outros” no questionário, os entrevistados definiram os outros vínculos, como: prestadores de serviços e codificados. Salientamos para fins desse estudo que os profissionais que têm como vínculos empregatícios de prestadores de serviços e codificados não têm contrato formal de trabalho, levando a situações cada vez mais precárias de trabalho, não gozando de férias ou décimo terceiro salário.

Um marcador importante a destacar nesta análise é que os 50% que informaram ter outro tipo de vínculo são aqueles que estão lotados nos centros de atenção psicossocial e que foram inseridos nesses serviços através de contratações informais, correspondendo a um quadro crescente de precarização do trabalho de assistentes sociais na política de saúde mental, devido a não realização de concursos públicos específicos para o campo da saúde mental, sendo que o penúltimo concurso realizado para assistentes sociais na área da saúde data do ano de 2010 e o último foi realizado no ano em curso, mas como área específica as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), conforme os documentos anexos.

Nesta caracterização do perfil profissional também foi possível analisar aspectos relevantes no tocante à formação acadêmica dos profissionais, principalmente, porque 100% dos entrevistados afirmaram que tiveram suas formações em universidades públicas.

A percentagem retrata a importância da manutenção de investimentos no ensino superior público, como nos afirma Iamamoto (2015) sobre qual universidade pública é necessário defender:

A universidade que se defende é aquela que cultiva a razão crítica e o compromisso com valores universais, coerente com sua função pública, não limitada e submetida a interesses particulares de determinadas classes; uma instituição a serviço da coletividade, que incorpore os dilemas regionais e nacionais como matéria da vida acadêmica, participando da construção

de respostas aos mesmos no âmbito de suas atribuições específicas. (IAMAMOTO, 2015, p. 432)

É com base na inferência de Iamamoto (2015) que se argumenta para fins desse estudo a incompatibilidade da realização do ensino superior privado em Serviço Social, que também já se encontra em número expressivo na modalidade de Educação a Distância, indo ao encontro com os posicionamentos do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS), no que diz respeito à formação crítica e comprometida com as transformações sociais.

Em documento elaborado em 2011, o CFESS se posicionou sobre o aumento no número de instituições de ensino à distância, alegando haver uma incompatibilidade entre o ensino de Serviço Social e essa modalidade e dos argumentos apresentados no documento que discorre sobre uma consonância com as diretrizes curriculares da ABEPSS, já essas correspondem a uma das partes do tripé de formulação do atual projeto profissional.

As Diretrizes Curriculares da área, cujo perfil já foi comentado anteriormente, estão sendo flagrantemente desrespeitadas, com a oferta de conteúdos estranhos às matérias definidas nas Diretrizes Curriculares e às Atribuições e Competências previstas na Lei 8662/1993. O exemplo mais contundente de oferta de conteúdos que não tem relação com o serviço social e as Diretrizes Curriculares vem do Pará: processo negocial, nutrição e higiene, mediação e arbitragem. Além disso, a análise do material didático que conseguimos acessar mostra uma generalizada simplificação e banalização dos conteúdos das Diretrizes Curriculares da ABEPSS. (CFESS, 2011, p. 18). Parece, portanto, que a defesa de um ensino superior público se tornou cada vez mais necessária no cotidiano profissional, haja vista que a defesa de uma formação com a perspectiva de instruir um profissional crítico e com capacidade teórica e técnica para intervir nas inúmeras expressões da “questão social” passa pela formação desse profissional.

Analisamos no gráfico 03 (três) a importância do processo de formação, tendo em vista o que foi informado pelos participantes sobre uma presença significativa de profissionais com especialização em detrimento da total ausência de profissionais com doutoramento, seja em área do Serviço Social e áreas afins.

GRÁFICO 3. DISTRIBUIÇÃO DOS PARTICIPANTES POR TIPO DE PÓS-

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