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5 FLUXO MIGRATÓRIO PARA A REGIÃO POBRE: QUEM SÃO OS SEUS MIGRANTES?

5.3 Distribuição da Migração por Região

A Tabela 11 contém uma distribuição da migração conforme a região de destino escolhida e seu grau de riqueza. Para a obtenção destes números considera-se somente na amostra aqueles indivíduos homens e maiores de 18 anos. São excluídas as pessoas que não tinham residências identificadas em 1995 e os nascidos no estrangeiro. Obteve, assim um total de 1.078 mil migrantes, os quais registraram domicílios diferentes nos anos de

1995 e 2000. Nesta primeira análise, também ficam de fora os migrantes retornados ao seu estado de nascimento, pois estes são estudados de forma separada ainda neste capítulo.

De acordo com a Tabela 11, observa-se que a região rica recebeu cerca de 423,2 mil migrantes, o equivalente a 39% do total da imigração. Considerando que a região rica compreende somente quatro estados, dá para perceber quão direcionado é o deslocamento ocorrido no país. Desta região, saíram 279,2 mil pessoas em direção às outras regiões, contabilizando um saldo migratório de 143,9 mil pessoas. Os estados ricos são, geralmente, pólos de atração de migrantes por serem neles que se encontram as melhores oportunidades de emprego. Por exemplo, o Sudeste, considerada a região mais rica do país, concentrou, no ano de 2000, 54% do emprego formal de todo país11. Neste caso, o fluxo migratório segue na direção esperada para onde se tem maior oferta de emprego.

TABELA 11 – Migração, segundo a classificação do grau de riqueza do destino Classificação das

Regiões Imigrantes Emigrantes Migração Líquida % na Imigração % na Emigração Rica 423.162 279.253 143.909 39.24 25.89 De Riqueza Intermediária 257.451 257.902 -451 23.87 23.91 Pobre 397.861 541.319 -143.458 36.89 50.19 Total 1.078.474 1.078.474 0 100.00 100.00 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Censo de 2000 para amostra de indivíduos homens maiores de 18 anos.

Nota: Não estão contabilizados os migrantes retornados aos estados.

A região de riqueza intermediária recebeu 257,4 mil pessoas e apresentou uma emigração na ordem de 257,9 mil pessoas, resultando, portanto, uma perda líquida negativa de um pouco mais de 450 pessoas, através do fluxo migratório.

Em relação à região pobre, o número de migrantes vindos de outras regiões foi de 397,8 mil pessoas, este valor representa aproximadamente 37 % da imigração da amostra. Esta região enviou para as demais 541,3 mil indivíduos, os quais correspondem a 50% da emigração realizada no período. No total, ela apresentou uma perda líquida populacional na ordem de 143,5 mil indivíduos. Este saldo migratório mostra a baixa capacidade de atração dos lugares pobres. Ainda mais se for levado em consideração que a região classificada como pobre compreende 17 estados brasileiros (Mapa 1).

A Tabela 12 apresenta a origem e o destino dos migrantes de acordo com as classificações das regiões segundo o seu grau de riqueza. Pelos dados desta tabela,

11

verifica-se o baixo volume da migração ocorrida entre os próprios estados de uma região rica, este valor foi somente de 47.756 pessoas, o qual corresponde a 17% do total de emigrantes da região. A maioria dos emigrantes desta região prefere como moradia uma região de riqueza intermediária, aproximadamente 45% destes. Quando se observa a origem das pessoas que estão vindo para região rica, percebe-se que cerca de 59% são oriundos de uma região pobre, enquanto a participação de imigrantes vindos de uma região de riqueza intermediária fica na ordem de 30%.

TABELA 12 – Migração, segundo o grau de riqueza das regiões de origem e de destino

Origem Destino Rica

De Riqueza

Intermediária Pobre Imigrantes

Rica 47.756 125.693 249.713 423.162

De Riqueza intermediária 126.899 62.230 68.322 257.451

Pobre 104.598 69.979 223.284 397.861

Emigrantes 279.253 257.902 541.319 1.078.474 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Censo de 2000 para amostra de indivíduos homens maiores de 18 anos.

Nota: Não estão contabilizados os migrantes retornados aos estados.

Em relação aos emigrantes da região de riqueza intermediária, observa-se que estes se destinaram, principalmente, para uma rica, cerca de 49%, com pouca participação dentro da própria região, e, para uma região pobre, 24% e 27%, respectivamente.

De todos os migrantes que se destinaram para uma região pobre, cerca de 56% são oriundos de uma outra região pobre, 26% são de lugares ricos e 18% são provenientes de uma região de riqueza intermediária.

De forma geral, observa-se que existe um fluxo maior de trocas entre a região rica com as demais e um menor entre as regiões de riqueza intermediária e pobre.

A Tabela 13 contém o número de remigrados considerando a origem e o destino destes, de acordo com o grau de riqueza das regiões. Verifica-se, pelos dados presentes nesta tabela, que os lugares considerados ricos contam com um número reduzido de migrantes de retorno, somente 61.085 indivíduos. Em relação aos imigrantes total da região, cerca de 484.247 (imigrantes da região somados aos retornados), os remigrados só correspondem a 13% destes (ver Tabelas 12 e 13).

Para as regiões de riqueza intermediária, obtém-se um total de 114.557 pessoas remigradas, este valor compreende cerca 31% da migração total para a região e 30% da migração de retorno dentro da amostra.

O número expressivo de retornados é verificado de fato para as regiões pobres. Estas apresentam um total de aproximadamente 201.820 remigrados, os quais correspondem a 34% da migração realizada para esta região e 53% da migração de retorno total.

TABELA 13 - Migração de retorno, segundo o grau de riqueza das regiões de origem e de destino

Origem Destino Rica

De Riqueza

Intermediária Pobre Imigrantes

Rica 12.358 30.158 18.569 61.085

De riqueza intermediária 70.947 22.324 21.286 114.557

Pobre 119.908 17.477 64.435 201.820

Emigrantes 203.214 69.959 104.290 377.462 Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do Censo de 2000 para amostra de indivíduos homens maiores de 18 anos.

Nota: Não estão contabilizados os migrantes retornados aos estados.

De acordo com os dados da Tabela 13, percebe-se, ainda, que a região rica é a que mais envia pessoas de volta para as regiões pobres, embora ela seja a que mais recebe os naturais destas. Conforme já citado no Capítulo 3, pode estar havendo, entre a região rica e a região pobre, um fenômeno próximo ao da migração pendular, na qual os indivíduos vão e voltam de acordo com as condições do mercado de trabalho, não se estabelecendo em nenhum lugar definitivamente. Neste caso, a migração de retorno confunde-se com este tipo de migração (Amaral e Nogueira, 1992, Baeninger, 2000).