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DISTRIBUIÇÃO MULTIPLATAFORMA

Uma das potencialidades desenvolvidas a partir da cultura da convergência é a multimidialidade27. “Podemos definir multimidialidade como a qualidade de comunicar conteúdos multimídia28” (SALAVERRÍA; NEGREDO, 2008, p. 55). Salaverría e Negredo (2008) analisam que é importante diferenciar multiplataforma de multimídia. “Multiplataforma alude a coordenação dos meios e suportes, a multimidialidade se refere ao contrário, a combinação de conteúdos e linguagens29” (SALAVERRÍA; NEGREDO, 2008, p. 55).

Partindo daí, entende-se que a distribuição multiplataforma se refere aos meios de comunicação: jornal impresso, rádio, televisão, internet, rede social, aplicativo. A estratégia define os conteúdos que serão publicados ou veiculados em cada plataforma. Na distribuição multiplataforma podem ser produzidos conteúdos com multimidialidade.

A multimidialidade combina os conteúdos e as linguagens em um meio. Exemplo é a produção de uma reportagem para a web, que recorre a texto, acompanhado de foto e de vídeo. Dessa forma, enquanto o conceito de multiplataforma idealiza a produção para diferentes suportes de mídia, a multimidialidade pensa os conteúdos e formatos para exposição em uma mídia específica.

Salaverría e Negredo (2008) comentam que o processo de convergência surge nas empresas jornalísticas como forma de enriquecer a multimídia dos seus conteúdos. A coordenação através da multiplataforma facilita a produção de conteúdos multimídia (SALAVERRÍA; NEGREDO, 2008). “Pode-se afirmar que a convergência é condição necessária para o início da multimidialidade30” (SALAVERRÍA; NEGREDO, 2008, p. 56).

26 Tradução minha do trecho original: “En cualquier caso, lo fundamental es recordar que convergencia e

integración no son la misma cosa. La primera palabra se refiere a un proceso; la segunda, a uno de sus posibles resultados. La convergencia es inevitable. La integración, no”

27 Os autores afirmam que o principal desafio dos conglomerados midiáticos é alcançar um grau elevado de

multimialidade. Logo, buscam comunicar as informações para a audiência através de diversos meios de maneira conjunta e simultânea. Os autores destacam que que o digital é a mídia que consegue de maneira mais eficaz combinar imagem, texto e som. Entretanto, esse processo não é exclusivo da web. Na TV se combinam imagem em movimento e som, no jornal texto e foto, por exemplo.

28 Tradução minha do trecho original: “Podemos definir multimidialidad como la cualidad de comunicar

contenidos multimedia”

29 Tradução minha do trecho original: “Multiplataforma alude a la coordinación de medios y suportes, la

multimidialidad se refiere por el contrário a la combinación de contenidos y lenguajes”

30 Tradução minha do trecho original: “Se puede afirmar que la convergencia es condición necesaria para el

Existem duas formas de distribuição do conteúdo através das múltiplas plataformas, segundo Salaverría e Negredo (2008): shovelware e repurposing. “Shovelware é publicar informação a granel, sem seleção nem adaptação ao suporte31” (SALAVERRÍA; NEGREDO, 2008, p. 58). Os autores também citam como exemplo de shovelware os sites que não adaptam o conteúdo para a navegação através de dispositivos móveis. Salaverría e Negredo (2008) afirmam que o processo de shovelware é indesejável e deve ser eliminado. Para isso acontecer, de acordo com os autores, uma das alternativas é a integração das redações.

“O conceito de repurposing define o reaproveitamento de um bem para outro fim distinto daquele que ele foi inicialmente produzido32” (SALAVERRÍA; NEGREDO, 2008, p.59). A estratégia é importante nos negócios dos meios de comunicação para multiplicar a rentabilidade editorial. Porém, apesar da semelhança com o conceito de shovelware, o

repurposing adapta o conteúdo em diferentes mídias, adequando-o para o suporte e

respeitando a linguagem e os formatos do meio.

No entanto, no caso de repurposing, em vez de simplesmente reproduzir os conteúdos de outro meio sem consideração adicional, é adicionada uma adaptação editorial da matéria-prima informativa, pelo qual o conteúdo reciclado aproveita plenamente suas próprias potencialidades comunicativas da nova plataforma33

(SALAVERRÍA; NEGREDO, 2008, p. 61).

Como comentam Salaverría e Negredo (2008), a adaptação dos conteúdos para o dispositivo (repursposing) demonstra, por parte da empresa jornalística, a preocupação com os consumidores. A simples colocação do mesmo conteúdo, sem adaptações, é considerada apenas uma forma de aumentar o lucro, sem se preocupar com a qualidade do produto oferecido à audiência.

A partir de práticas como o repurposing pode surgir, em contextos de convergência jornalística, a narrativa transmidiática, já explicada neste trabalho. Para Renó et. al. (2014),

os meios e as audiências têm trocado rapidamente desde a chegada da web 2.0. O qual tem implicado trocas na sociedade, com um novo modelo de linguagem que tem como característica fundamental o conteúdo multiplataforma e uma navegabilidade profundamente interativa, além da circulação por redes sociais e através de dispositivos móveis. Essa nova linguagem denominada narrativa

31 Tradução minha do trecho original: “Shovelware es publicar información a granel, sin selección ni adaptación

al soporte”

32 Tradução minha do trecho original: “El concepto repurposing define el reaprovechamiento de un bien para

otro fin distinto de aquél para el que fue incialmente producido”

33 Tradução minha do trecho original: “Sin embargo, en el caso de repurposing, en lugar de limitarse a reproduzir

sin más miramientos los contenidos procedentes de otro soporte, se añade una adaptación editorial expresa de la materia prima informativa, con lo que el contenido reciclado aprovecha a fondo las potencialidades comunicativas proprias de la nueva plataforma”

transmídia, está nos diversos campos da comunicação entre eles o jornalismo34.

(RENÓ et. al., 2014, p. ix).

A narrativa transmídia surge, segundo Renó et. Al. (2014), principalmente a partir da necessidade da audiência de conteúdo, linguagens e informações diferentes para cada mídia. As estratégias para a distribuição desses conteúdos nas múltiplas plataformas são abordadas no próximo tópico.