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3. ENQUADRAMENTO DO ESTUDO: DISTRIBUIDORES E PRODUTORES

3.1 Distribuidor: Retalho

De acordo com Levy e Weitz (2007) o retalho (retailing em inglês) é um conjunto de actividades de negócio que acrescenta valor aos produtos e serviços vendidos aos consumidores para uso pessoal ou familiar. A definição de Berman e Evans (2004) é muito semelhante, já que define o retalho como as actividades de negócio que envolvem a venda de bens e serviços aos consumidores para uso pessoal, familiar ou pessoas presentes em casa. Estas actividades são a objectivo principal do retalhista (retailer em inglês) (Levy e Weitz, 2007).

Uma vez que o estudo se irá focar no comércio de produtos alimentares é importante clarificar o tipo de distribuição que os consumidores têm ao seu dispor para a compra dos seus produtos. A empresa The Nielsen Company (2012) define seis tipos de lojas onde o consumidor pode encontrar os produtos. Esses tipos de lojas estão apresentados na Tabela 1.

26 Tabela 1 - Tipos de Loja

Tipo de Loja Definição

Hipermercados

 Produtos comercializados: alimentares, higiene pessoal, limpeza caseira e outros;  Modo de funcionamento: regime de livre

serviço;

 Área de venda: igual ou superior a 2500 metros quadrados.

Supermercados Grandes

 Produtos comercializados: alimentares, higiene pessoal, limpeza caseira e outros;  Modo de funcionamento: regime de livre

serviço;

 Área de venda: entre 1000 e 2499 metros quadrados.

Supermercados Pequenos

 Produtos comercializados: alimentares, higiene pessoal, limpeza caseira e outros;  Modo de funcionamento: regime de livre

serviço;

 Área de venda: entre 400 e 499 metros quadrados, ou menores que 400 metros quadrados, mas que pertençam a uma cadeia de supermercados.

Livre-Serviços

 Produtos comercializados: alimentares, higiene pessoal e limpeza caseira;

 Modo de funcionamento: possui, em geral, atendimento ao balcão;

 Área de venda: entre 50 e 399 metros quadrados (excepto lojas pertencentes a uma cadeia de supermercados).

Mercearias

 Produtos comercializados: alimentares, higiene pessoal e limpeza caseira;

 Modo de funcionamento: atendimento ao balcão, ou regime de serviço livre mas com área de venda inferior a 50 metros quadrados.

Puros Alimentares

 Produtos comercializados: alimentares (maioritariamente para consumo fora do estabelecimento, como leitaria, charcutarias e confeitarias).

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3.1.1 Retalho em Portugal

Tendo em conta o tipo de lojas definidas pela empresa The Nielsen Company (2012) é possível caracterizar o mercado de retalho português. É importante verificar o número por tipo de lojas que existe e quais as que têm uma maior quota no volume de vendas global. Essa comparação é possível fazer através da Figura 5 e da Figura 6.

Quanto ao número de lojas é de realçar o facto de o número de mercearias estar a diminuir, assim como a diminuição da sua percentagem em relação ao número de lojas, mas mesmo assim é neste tipo onde existem mais lojas. O número de hipermercados e supermercados (pequenos e grandes) cresce de ano para ano, mas a sua relevância relativa no número total de lojas é pequena (Figura 5).

Fonte: Adaptado de The Nielsen Company (2012)

7,0% 6,8% 6,5% 6,4% 2,0% 2,1% 2,3% 2,1% 69,0% 67,1% 64,5% 63,3% 14,3% 15,5% 17,4% 18,3% 5,6% 6,0% 6,6% 7,0% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2007 2008 2009 2010 Hipermercados Supermercados Grandes Supermercados Pequenos Livre-Serviços Mercearias Puros Alimentares Drogarias

28 Quanto à importância do tipo de loja no volume global de vendas (Figura 6), os supermercados (pequenos e grandes) detêm a maioria, estando a crescer de ano para ano. É de destacar ainda a importância dos hipermercados, que constituem ainda uma fatia importante do mercado. As mercearias têm um volume de vendas em relação às vendas globais uma importância cada vez mais diminuta. Pode assim ser entendido que os supermercados estão a crescer tanto na percentagem global do número de lojas como na percentagem global de vendas, e as mercearias estão a fazer o percurso inverso. Pode-se assim concluir que a distribuição moderna é cada vez mais importante para o consumidor. Segundo a Kantar Worldpanel (2012) a importância dos hipermercados e supermercados no volume global de vendas pode continuar a aumentar. De acordo com os tipos de conceitos de Rousseau (1997), as principais lojas que em Portugal distribuem produtos alimentares (área onde este estudo vai incidir) podem classificar-se de acordo com o exposto na Tabela 2.

Tabela 2 - Conceito de Lojas de Rousseau

Conceito Exemplo de Cadeias de Supermercados

Hipermercado/Supermercado

Continente (Grupo Sonae), Jumbo (Grupo Auchan), Pingo Doce (Grupo Jerónimo Martins)

Hard Discounters Aldi, Lidl, Minipreço (Grupo Dia)

Comércio Tradicional

Fonte: Adaptado de Rousseau (1997); Exemplos do Autor

5,7% 5,3% 4,9% 4,5% 7,0% 6,8% 6,8% 6,4% 28,6% 29,2% 29,6% 30,5% 28,7% 31,0% 32,0% 32,5% 28,2% 26,2% 25,2% 24,8% 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2007 2008 2009 2010 Hipermercados Supermercados Grandes Supermercados Pequenos Livre-Serviços Mercearias Puros Alimentares Drogarias

Fonte: Adaptado de The Nielsen Company (2012) Figura 6 - Volume de Vendas Global, por Tipo de Loja

29 A Tabela 3 caracteriza as principais cadeias de supermercados quanto ao volume de negócios, número de lojas e área de vendas, com actividade em Portugal, no ano de 2011.

Tabela 3 - Principais Cadeias de Supermercados em Portugal, de Produtos Alimentares Cadeia de

Supermercados

Volume de Negócios

(milhões de euros) Número de Lojas

Área de Vendas (metros quadrados) Continente 3.779 171 518.000 Pingo Doce 3.677 369 423.347 Auchan 1.659 33 224.757 Lidl 1.175 235 237.397 Minipreço 897 550 209.969 Aldi 62 31

O Continente é a cadeia de supermercados com um maior volume de negócios em 2011, seguido de perto pelo Pingo Doce. Quanto ao número de lojas, verifica-se uma clara superioridade do Minipreço, sendo que isso, como é possível constatar, não significa que sejam a cadeia com maior área de vendas.

3.1.2 Consumo em Portugal

As vendas da distribuição moderna em Portugal desceram 1,5% no primeiro semestre do ano 2013, em comparação com 2012. Esta queda deve-se em grande parte às vendas no retalho não- alimentar, pois o retalho alimentar viu as suas vendas aumentarem em 2,1%, alcançando um total superior a 5 mil milhões de euros. A principal razão apontada para o crescimento das vendas é a redução dos preços dos produtos, através de promoções e campanhas de descontos. A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) afirma que 25% das vendas realizadas no primeiro semestre de 2013 foram feitas com base em promoções, e uma vez que estas promoções são feitas em produtos da marca do produtor, a quota das vendas detidas pela marca do distribuidor baixou (Silva, 2013). Este fenómeno de decréscimo de vendas (alimentar e não-alimentar), mas aumento das vendas da área alimentar também se verifica, se forem comparados os resultados de 2012 com os do ano anterior (aumento de 1,3%, para 12.451 milhões de euros (Fonseca, 2013).

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