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DO CURSO NORMAL À HABILITACAO ESPECÍFICA PARA O

DO CURSO NORMAL À HABILITACAO ESPECÍFICA PARA O

MAGISTÉRIO EM 2° GRAU

Neste texto objetiva-se analisar de que forma a Lei de Diretrizes e Bases para o ensino de 1° e 2° graus – a Lei Federal 5692/71 – passou a organizar a formação para o magistério, que modificações essa lei impôs à legislação anterior – a LDB 4024/61 – e quais têm sido os posicionamentos favoráveis e contrários a essas alterações.

Vale ressaltar que, embora a Lei 5692/71 tenha sido promulgada a 11 de agosto de 1971, as discussões para sua elaboração começaram no ano anterior, quando foi instituído o GT – Grupo de Trabalho – responsável pela elaboração do projeto de lei que seria levado à Câmara dos Deputados para aprovação. No Quadro 1, a seguir, pode-se observar o cronograma das ações desenvolvidas até que a referida lei fosse aprovada.

QUADRO 1

CRONOLOGIA DA 5692/71 – DA INSTAURAÇÃO DOS TRABALHOS À APROVAÇÃO DA LEI

ANO DATA AÇÃO

20 de maio Promulgação do Decreto n° 66.600, que institui o GT para elaboração do Projeto de Lei para a reforma educacional

15 de junho Início das atividades do GT 1970

14 de agosto Apresentação do relatório ao Ministro da Educação Jarbas Passarinho

30 de março Exposição de motivos do Ministro da Educação ao Presidente da República, Emílio G. Médici

25 de junho Mensagem do Presidente da República ao Congresso Nacional para votação do Projeto de Lei

1971

11 de agosto Promulgação da 5692/71

Mas, para investigar como se deu, na prática, a transição da Lei 4024/61 para a Lei 5692/71, no que se refere à formação de professores, o primeiro passo consiste em analisar como a 5692/71 tratou a formação de professores. A análise da estrutura organizacional da lei na Figura 1 pode dar algumas pistas a esse respeito.

FIGURA 1

Organização estrutural da 5692/71

Fonte: Lei 5692, de 11 de agosto de 1971.

Lei 5692/71

CAPÍTULO I Do Ensino de 1° e 2° Graus CAPÍTULO II Do Ensino de 1° Grau CAPÍTULO III Do Ensino de 2° Grau CAPÍTULO IV Do Ensino Supletivo CAPÍTULO V

Dos Professores e Especialistas

CAPÍTULO VI

Do Financiamento

CAPÍTULO VII

Das Disposições Gerais

CAPÍTULO VIII

Pela Figura 1 é possível perceber que a formação para o magistério está contemplada, à primeira vista, no Capítulo V, intitulado Dos Professores e Especialistas. Nesse Capítulo, definia-se:

Art. 29. A formação de professores e especialistas para o ensino de 1° e 2° graus será feita em níveis que se elevem progressivamente, ajustando-se as diferenças culturais de cada região do País, e com orientação que atenda aos objetivos específicos de cada grau, às características das disciplinas, áreas de estudo ou atividades e às fases de desenvolvimento dos educandos. (Lei n° 5692, de 11 de agosto de 1971).

Ao explicitar as exigências de formação para os professores é trazida à tona a destinação prevista para o corpo docente formado, ou seja, o ensino de 1° e 2° graus. Mas o que seria isso?

Verifica-se, ao analisar a Lei, que a alteração mais visível instituída pela Lei 5692/71 diz respeito à organização do sistema de ensino em graus. Até então, quando vigorava a LDB anterior (Lei 4024/61), o sistema de ensino estava dividido em níveis primário, médio e superior. O nível primário, por sua vez, dividia-se em educação pré-primária e ensino primário; e o médio, em ensino Secundário, Técnico e Normal – este último destinado à formação para o magistério de ensino primário.

Essa alteração é demarcada no primeiro parágrafo do artigo primeiro da lei de 1971, no qual se esclarecia que, para efeito do que dispunham os Arts. 176 e 178 da Constituição Nacional, o ensino de 1° grau passava a corresponder ao antigo ensino primário acrescido do primeiro ciclo do antigo ensino médio (o ginasial) e o de 2° grau, ao segundo ciclo do antigo ensino médio (o colegial). A formação de professores para o ensino primário e pré-primário, antes realizadas em curso específico a esse fim – o Ensino Normal – passa, com essa lei, a constituir uma das habilitações do ensino médio – Habilitação Específica para o Magistério em 2º Grau.

A formação de professores, como fica evidente pela análise do artigo 29 da Lei 5692/71, deveria ser progressiva, ou seja, para atuar nos diferentes graus de ensino seriam feitas exigências distintas, como fica explicitado no artigo 30 da lei:

a) no ensino de 1° grau, da 1ª à 4ª séries, habilitação específica de 2° grau.

b) no ensino de 1° grau, da 1ª à 8ª séries, habilitação específica de grau superior, ao nível de graduação, representada por licenciatura de 1° grau obtida em curso de curta duração.

c) Em todo o ensino de 1º e 2° grau, habilitação específica obtida em curso superior de graduação correspondente à licenciatura plena.

§ 1° - Os professores a que se refere a letra <a> poderão lecionar na 5ª e 6ª séries do ensino de 1° grau se a sua habilitação houver sido obtida em quatro séries ou, quando em três mediante estudos adicionais correspondentes a um ano letivo que incluirão, quando for o caso, formação pedagógica. (Lei n° 5692, de 11 de agosto de 1971, art. 30).

O Quadro 2, a seguir, sintetiza esse conjunto de alterações:

QUADRO 2.

ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE ENSINO PROPOSTO PELAS LEIS 4024/61 E 5692/71

LEI 4024/61 LEI 5692/71

Ensino Superior 3° Grau

Ciclo Colegial (3 Séries): - Secundário - Técnico - Normal (formação de professores para o ensino primário e pré- primário) Educação de Grau Médio Ciclo Ginasial (4 séries): Comum Técnico Normal*

Ensino de 2° Grau (3 ou 4 séries) – Habilitações profissionalizantes incluindo a formação de professores Exame de Admissão Ensino primário (4 séries) Educação de Grau primário Educação pré-primária (escolas maternais, jardins de infância para crianças menores de 7 anos)

Ensino de 1° Grau (8 séries)

Assim, observa-se que o tema da formação de professores não se limitava ao capítulo V, relativo aos professores e especialistas, mas também estava contemplado no 2° grau, uma vez que a formação nesse nível de ensino permitiria que o aluno se qualificasse para ser professor de 1ª à 4ª séries do 1º. grau ou, ainda, fazendo um ano adicional de estudos específicos, ser professor até a 6ª série desse grau de ensino.

Esse ano adicional estava referido no artigo 22, no qual ficou definida a organização do ensino de 2° grau. Nesse artigo, pode-se ler: “(...) o ensino de 2° grau terá três ou quatro séries anuais, conforme previsto para cada habilitação” (Lei n° 5692, de 11 de agosto de 1971, art. 22). Por essa determinação fica evidente que, no 2° grau, coexistiriam, além da Habilitação Específica para o Magistério, outras habilitações e isso é confirmado em outros artigos e parágrafos da Lei:

§ 3° - Para o ensino de 2° grau, o Conselho Federal de Educação fixará, além do núcleo comum, o mínimo a ser exigido em cada habilitação profissional ou conjunto de habilitações afins.

§ 4° - Mediante aprovação do Conselho Federal de Educação, os estabelecimentos de ensino poderão oferecer outras habilitações profissionais para as quais não haja mínimos de currículo previamente estabelecidos por aquele órgão, assegurada a validade nacional dos respectivos estudos. (Lei n° 5692, de 11 de agosto de 1971, art. 4°, alínea III, grifos meus).

Esses trechos demonstram, portanto, que, em 1971, quando promulgada a nova reforma do ensino de 1° e 2° graus, a formação para o magistério estava contemplada no 2° grau, sendo uma habilitação profissional entre outras possíveis. Mas, para compreender que alterações essa legislação instituiu, vale confrontar essas determinações com o que era previsto pela legislação anterior, a Lei n° 4024, de 20 de dezembro de 1961.

2.1. A formação de professores no confronto entre a 5692/71 e a 4024/61

A fim de perceber as possíveis modificações instituídas pela 5692/71 no que se refere à formação de professores, no confronto com a legislação anterior, a 4024/61, o primeiro passo é seguir as pistas que a própria organização estrutural desta lei possa indicar. Por conta disso, vale observar a Figura 2 que expressa essa estrutura.

FIGURA 2.

Organização estrutural da LDB 4024/61

LDB 4024/61

TÍTULO I Dos Fins da Educação

TÍTULO II Do Direito à Educação TÍTULO III Da Liberdade do Ensino TÍTULO IV Da Administração do Ensino TÍTULO V Dos sistemas de Ensino

TÍTULO VI

Da educação de grau primário

TÍTULO VII Da educação de grau médio

TÍTULO VIII*

Da Orientação Educativa e da Inspeção

TÍTULO IX

Da Educação de Grau Superior

TÍTULO X

Da Educação de Excepcionais

TÍTULO XI

Da Assistência Social Escolar

TÍTULO XII**

Dos Recursos para a Educação

TÍTULO XIII**

Disposições Gerais e Transitórias

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