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Do esperado ao encontrado

No documento Relatório Final de Estágio Profissional (páginas 32-37)

“A socialização do professor é antecedida por vivências que marcam a forma como o futuro profissional valoriza as experiências da sua Formação Inicial, sendo as experiências como aluno apontadas como as mais relevantes neste período de pré-socialização” (Albuquerque, Pinheiro & Batista, 2006)

O estágio profissional funcionou como o culminar do meu percurso formativo. Esta “viagem” cruzou-se com diversos intervenientes, desde os alunos da turma que acompanhei, ao núcleo de estágio, constituído pelos Estudantes Estagiários, o Professor Cooperante e a Orientadora, aos professores do Grupo de Educação Física, até à restante comunidade escolar – pessoal docente e não docente, alunos, entre outros. O contacto com a comunidade em que a escola está inserida foi, também ela, um elemento relevante no processo.

A minha vida cruzou-se com esta escola pelo simples facto de ter excelentes indicações de colegas dos anos transatos, que me aconselharam vivamente a realizar aqui o estágio. Segundo eles, esta era uma escola onde iria crescer e aprender. Nela encontraria os melhores professores e funcionários. Deste modo, entrei com pensamentos positivos para o estágio, preparada para adquirir novos conhecimentos e experiências a vários níveis, no sentido de melhorar as minhas competências no domínio pedagógico e didático.

No que concerne às expectativas em relação ao núcleo de estágio, começando pelos meus colegas, a relação que tive, noutros tempos, com ambos não foi a mesma. Por um lado relevo alguém com quem trabalhei ao longo de quase toda a minha formação, para além de ser alguém que está no baú dos amigos. Por outro lado, alguém com quem não tinha grande contacto. No entanto, neste momento, é alguém com quem posso contar e com quem falo de tudo. Orgulho-me em poder afirmar, convictamente, que tive o melhor

grupo de estágio e que somos uns verdadeiros discípulos

“Almeidagarrettianos”. Se no início tinha dúvidas relativamente ao estágio, se seria realmente isto que pretendia fazer, agora não existe qualquer dúvida!

ultrapassar qualquer contratempo ou qualquer problema maior que, no presente ou no futuro, possa surgir. Almoçar sem eles, ir e vir da escola sem a sua companhia, já não é a mesma coisa. Fomos um grupo dentro e fora da escola, de manhã, à tarde e à noite, se fosse preciso.

Entreajuda, companheirismo, luta, paixão e dedicação penso que são as palavras ideais para caracterizar o grupo de estágio que tive. Entreajuda e companheirismo porque apesar de cada um de nós ter tido a sua turma todos trabalhámos no mesmo sentido. Estivemos juntos no mesmo barco a lutar por algo comum. De facto, não houve lugar para tristezas neste grupo, houve sim lugar para uma luta por algo melhor, na tentativa de superar as dificuldades. Paixão por todo o ambiente desportivo, pelo ensino e pelos nossos alunos. Dedicação, porque todos nós acreditamos que sem dedicação não há conquistas.

Ainda dentro do núcleo de estágio, relativamente ao Professor Cooperante, os meus colegas dos anos transatos sempre me deram muito boas indicações. Este foi um aspeto que comprovei logo no primeiro encontro, aquando da nossa apresentação na escola. O Professor Cooperante mostrou-se sempre uma pessoa completamente disponível para nos ajudar e com vontade de nos incentivar a tentar ir sempre mais além. É uma pessoa que adora desafios mas que também gosta de desafiar. É alguém muito competente e um verdadeiro Amigo. Fiquei espantada, logo no meu primeiro dia na escola, com o enorme respeito e apreço que todos lhe têm, com a sua relação com o pessoal docente e não docente. O seu reconhecimento enquanto profissional ficou, desde logo, evidente. Ele é um exemplo a seguir, um modelo daquilo que sempre sonhei ser. Relativamente à Professora Orientadora, confesso que apenas tive o prazer de a conhecer no primeiro ano deste plano de estudos, aquando da sua lecionação da unidade curricular de Desenvolvimento Curricular, no entanto, sempre tive indicações de uma pessoa competente, apaixonada pelo que faz, exigente no trabalho e sempre pronta a ajudar. Sempre me aconselharam a trabalhar com ela e decidi aceitar o conselho, do qual não me arrependo minimamente. A exigência é algo que não me preocupa, pelo contrário, motiva- me. Considero-a um desafio. Estive no estágio para trabalhar e a exigência era

algo essencial ao bom trabalho e ao sucesso. Se temos alguém exigente a nosso lado é sinal que temos alguém preocupado e competente que nos pretende acompanhar nesta caminhada. Com ela aprendi a ser também exigente comigo própria. Com ela cresci, e aprendi a ser Professora!

Relativamente ao Grupo de professores de Educação Física, desde o início, sempre esteve disponível para nos ajudar. De um modo geral, todos me acolheram da melhor maneira, incentivando-me a superar os obstáculos. Tenho pena de não ter tido oportunidade de partilhar mais experiências com o grupo, pelo facto de a escola estar em obras, em resultado da intervenção da Parque Escolar, não havendo, assim, grande espaço para momentos de convívio que, provavelmente, teriam sido possíveis se tivesse havido outras condições, designadamente um gabinete específico ou o bar a funcionar nas suas perfeitas condições. Esta vivência apenas foi possível no último período.

Ao contrário do estereótipo ainda presente em muitos contextos escolares acerca dos professores de Educação Física, como sendo aqueles que “não fazem nada” e que apenas questionam os alunos sobre “o que querem fazer hoje”, o grupo é constituído por um conjunto de professores competentes, preocupados com o ensino/aprendizagem dos seus alunos e é reconhecido na comunidade escolar.

A partilha de experiências com professores experientes revelou-se bastante importante, para nós estagiários. Acerca deste tema, Almeida (2010) afirma que “as experiências coletivas também são fontes de construção de saberes” 1.

O autor acrescenta que “as relações que os professores estabelecem

quotidianamente com outros professores, as trocas de experiências, não só na própria escola como também em cursos, palestras, congressos, bem como a interação entre professores mais experientes e professores mais jovens, são alguns exemplos de situações que podem resultar na produção coletiva de saberes”. Por sua vez, Tardif (2007, cit. por Almeida, 2010) afirma que é por meio “do confronto entre os saberes produzidos pela experiência coletiva dos professores, que os saberes experienciais adquirem certa objetividade (...)”.

De facto, é através da partilha de experiências e do contacto com novas pessoas, novos lugares e com outros professores mais experientes que vamos edificando a nossa identidade (enquanto jovens professores), mas também crescendo e aprendendo a ser “mais professores”, porque na verdade o saber não é imutável.

No documento Relatório Final de Estágio Profissional (páginas 32-37)