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Do Passado ao Futuro: processos de urbanização e novos desafios

A Restauração sempre foi uma localidade de interesse para a compreensão das formas de organização e sociabilidade no Alto Juruá. Desde a fundação dos seringais, até os dias atuais, essa localidade foi parte integrante e importante dos processos históricos da região. Olhar para a história da Restauração é também, de certa maneira, olhar para a história da Reserva Extrativista como um todo. Os processos de mudança que acontecem nessa comunidade não têm apenas alcance interno, como visto no capítulo anterior, e modificam dinâmicas de comunidades que estão mais acima ou mais abaixo no rio.

O interesse deste capítulo é apresentar as mudanças ocorridas na Restauração nas últimas décadas, mostrando como moradores antigos sentiram no cotidiano essas transformações, sobretudo as ocorridas na última década, e indicar quais os conflitos e aspirações que surgem do contato entre vários tipos de visão sobre a comunidade.

Restauração, quatro décadas em desenhos

É onde as águas do Riozinho se encontram com as águas do Tejo que se localiza a Restauração, um lugar em que um grande número de moradores da floresta tem concentrado suas moradias, vivendo em uma comunidade maior do que qualquer outra comunidade existente na Reserva Extrativista do Alto Juruá.

Trata-se de um local historicamente importante, tendo sido sede de seringal com um grande barracão no tempo da borracha e também palco do mais famoso embate contra

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um patrão dentro do rio Tejo, até hoje lembrado em detalhes pelos moradores51 (FRANCO, 2001).

A antiga sede de seringal da Restauração era capaz de controlar todo fluxo de pessoas e mercadorias por via fluvial das produtivas colocações do Alto Rio Tejo e de seus afluentes. Segundo mapa elaborado por Almeida, ainda na década de 1980, o barracão da Restauração era um dos maiores do Tejo (ALMEIDA, 1992). Cabia ao barracão e seus trabalhadores o controle de toda circulação de mercadorias e de borracha na região do seringal Restauração, que incluía todos os afluentes do Tejo e que se localizava em uma região altamente produtiva, dada a quantidade e a qualidade das seringueiras.

Além de ser sede de seringal, contando com um grande barracão, a Restauração também era formada por algumas colocações, já que ali havia seringueiros que cortavam as estradas do entorno. Como em qualquer outra colocação a ocupação do território seguia um padrão de baixa densidade populacional, devido à necessidade de adaptar a organização do espaço e a produção à distribuição natural das seringueiras. Assim, em meados do século XX, a Restauração era habitada por poucas famílias de seringueiros, além do patrão e de outros funcionários da sede do seringal.

Mapas produzidos por um antigo morador da Restauração, Antonio Gomes do Nascimento, mostram como era a distribuição de casas na Restauração em meados do século XX e como se deu a transformação da comunidade ao longo de mais de quarenta

51 O confronto ocorreu durante uma reunião do movimento dos seringueiros, em 7 de março de 1989,

realizada na Igreja da Restauração, e que contava com a presença de Antonio Macedo e Chico Ginú. Na ocasião, o patrão da Restauração, o Zé Silva, agrediu Antonio Macedo com um soco e em seguida tirou uma tesoura dos bolsos para furar o líder do movimento. Na ocasião a família de seu Milton se envolveu na confusão contra o patrão, que acabou baleado no braço por um segurança de Antonio Macedo. A história do embate logo correu pela região como exemplo de vitória da organização dos seringueiros contra a violência dos patrões (FRANCO, 2001, p.426 e ss.).

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anos. A partir desses mapas é possível analisar o crescimento do número de casas da comunidade ao longo da segunda metade do século passado.

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Figura 14: Mapa da Restauração em 1995, por Antonio Gomes do Nascimento

Analisando os mapas das décadas entre 1960 e 1990, vemos que durante esse período houve um crescimento no número de residências na Restauração, mas trata-se de um

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pequeno crescimento se comparado ao que ocorreu na década de 2000. Para o ano de 1965, Antonio registrou sete residências, além de um barracão e uma igreja católica. Dentre estas residências estava a de Renato Lebre, patrão na época; para 1975 desenhou nove residências, além de um barracão e uma igreja católica; para 1985 desenhou doze residências, além de um barracão e uma igreja católica; para 1995 também foram doze residências, além de uma cantina da associação (que substituiu o barracão após a criação da Reserva), uma igreja católica, uma hospedaria, uma casa de TV, uma subprefeitura e duas escolas.

A Restauração era considerada na década de 1950, segundo Mariana Pantoja Franco, “território dos Nascimento”, um grupo de parentes identificados e unidos em torno da figura de Francisco Feitosa do Nascimento, um cearense que migrou para o Alto Juruá nas primeiras levas de seringueiros. Os desenhos de Antonio mostram que, ainda em 1965, Francisco habitava a Restauração com seu filho João Nascimento e com sua filha Mariana, casada com Milton Gomes. Dez anos depois, dos descendentes de Francisco Feitosa do Nascimento, apenas sua filha Mariana continuava lá. A Restauração perdia, então, o domínio dos Nascimento52 e, segundo o mapa de 1985, passava a ver Milton Gomes começar a aglutinar em torno de sua pessoa um grupo de parentes dominantes na região, que ficaria conhecido na década de 1990 como os Milton (FRANCO, 2001). Apesar do domínio da nova parentela, nunca mais um grupo atingiu um grau de controle

52 Esses dados condizem com os relatos reproduzidos no capítulo anterior sobre o abandono de

comunidades pelos moradores do Alto Juruá. As ondas de mudança de comunidade são, muitas vezes, iniciadas com a saída ou morte de uma pessoa que é referência para as demais na comunidade. Na Restauração, a saída de Francisco Nascimento levou à dissolução da parentela até então dominante na localidade, abrindo espaço para que uma nova parentela pudesse substituí-la.

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sobre o território como os Nascimento parecem ter conseguido53. A região que antes era “território dos Nascimento” perdia a referência direta e dominante a um único grupo de parentes.

Em resumo, a Restauração assistiu em quarenta anos, a um aumento discreto no número de residências. Entre 1965 e 1995, período em que o crescimento no número de casas foi modesto comparado com a década de 2000, todos os chefes de família haviam se mudado dali. Antonio, o responsável pelos desenhos e Damião, seu irmão, parecem ser os únicos que permaneceram por todo esse tempo ali, sendo que em 1965, ainda crianças, moravam na casa dos pais54.

Se em 1950 a Restauração era território dos Nascimento, com organização em torno de um grupo de parentes dominantes, em 1995 não se podia afirmar que outro grupo de parentes ocupou o lugar de dominante. Os Milton, um grupo de parentes que de certa maneira era parto do grupo d’os Nascimento (seu Milton era genro do velho Nascimento), provavelmente eram maioria, mas havia na localidade mais cinco ou seis famílias dividindo o território e a utilização dos recursos.

A importância histórica da Restauração na dinâmica regional do Alto Tejo e a possível falta de predominância política de um grupo familiar sobre o território, que se diluirá junto com a existência de uma força hegemônica representada pelos patrões nos

53 A história do grupo de parentes de Milton Gomes e o importante papel dos Milton na luta contra os

patrões e pela criação da Reserva Extrativista estão detalhados no livro de Mariana Ciavatta Pantoja Franco (FRANCO, 2001)

54 A família de seu Milton esteve sempre morando nas proximidades da Restauração, tendo passagens

pela Foz do Machadinho, rio acima, e também rio abaixo, na localidade Sete Estrelas, ambos os territórios do antigo seringal da Restauração.

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seringais55, podem ser apontados como fatores relevantes para explicar a situação encontrada atualmente na comunidade.

A política regional no processo de surgimento da Vila

No início da década de 1990, após a criação da Reserva Extrativista e com o aprofundamento da crise da borracha e a presença mais efetiva do estado nacional na região, começam a surgir transformações que possibilitaram a formação da Vila Restauração.

Já em 1989 o governo federal passa a financiar ações autônomas dos seringueiros através do Plano de Desenvolvimento Comunitário, elaborado entre CNS e Unicamp, nas pessoas de Antonio Luiz Batista de Macedo e Mauro W. B. de Almeida, e aprovado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).Tal plano deu apoio a atividades diversas, dentre elas a compra de mercadorias para diminuir a dependência dos seringueiros aos barracões e aos patrões, e durou até 1992, adentrando o período posterior à criação da Reserva.

Em 1991, em um convênio entre a associação local e o IBAMA, é realizado um cadastramento e levantamento sócio-econômico, além da produção de mapas colaborativos com os moradores e do Plano de Utilização, que definiu as regras de uso dos recursos naturais dentro da unidade de conservação.

Após a criação da Reserva, com apoio do CNS e assessoria do professor Mauro Almeida e seus alunos, a Associação dos Seringueiros e Agricultores da Reserva

55 A partir de 1995 se cria alguns serviços na comunidade. A família de seu Milton, que havia participado

ativamente do processo de criação da Reserva, ocupou os postos de trabalho na escola, na cantina da Associação e no posto de saúde. Já na casa de TV, na subprefeitura e na escola municipal, eram outras famílias que ocupavam os postos.

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Extrativista do Alto Juruá (ASAREAJ) busca recursos com instituições governamentais e passa a desenvolver atividades dedicadas à melhoria da qualidade de vida da população, levando as primeiras escolas e postos de saúde56 para dentro da Reserva, além de realizar trabalhos de mobilização política e formação de lideranças.

Entre 1995 e 1998 a associação local consegue se integrar ao Projeto Reservas Extrativistas, financiado pelo Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7), no âmbito do CNPT-IBAMA, recebendo mais recursos para implementação de políticas sociais e mobilização política.

“Em resumo, no período de 1988 a 1998, foram realizadas duas experiências de planejamento na Reserva Extrativista do Alto Juruá. A primeira, com duração de 1989 a 1992, teve resultados políticos e organizacionais positivos, e resultados econômicos negativos. Os resultados positivos foram a mobilização de novas lideranças que se acrescentaram às lideranças sindicais já existentes, a criação da Associação dos moradores e a destruição do sistema de barracões na área, dando impulso ao movimento que levou ao decreto federal criando a primeira Reserva Extrativista” (ALMEIDA, 1998, p.14.)

Esse período de dez anos, em que o financiamento governamental incidiu sobre a associação local, representou uma mudança de foco das políticas públicas na região. Se até então o governo federal financiava o que chamava de “desenvolvimento regional” através do fortalecimento dos “seringalistas” (termo oficial para se referir aos patrões), agora as verbas aplicadas na região não mais focavam o fortalecimento da indústria da borracha, mas a melhoria da qualidade de vida dos moradores, seja investindo em acesso a direitos básicos de cidadão, como educação e saúde (ALMEIDA, 1998), ou então no fortalecimento da própria associação, conseqüentemente formando um

56 Os postos de saúde e a formação de agentes locais de saúde foram resultado do projeto Saúde Sem

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contexto político para garantir ampla participação política dos moradores locais na gestão do território e dos recursos (cf. COSTA, 1998).

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A criação da Reserva Extrativista e o financiamento governamental de atividades da Associação minaram o poder da antiga elite patronal sobre a região da Reserva. Com a perda do controle sobre a terra e com o declínio cada vez mais acentuado da borracha, nos anos de 1990, os antigos patrões foram encontrar nos cargos políticos uma maneira de equilibrar novamente forças na disputa política com seus antigos seringueiros.

Um dos arrendatários de seringais no momento de criação da Reserva, Orleir Cameli, cujos planos frente à crise da borracha era iniciar a extração madeireira na região, é um exemplo de patrão que se envolveu com a política, sendo eleito, em 1994, governador do Estado do Acre57.

Mas não foi apenas o grande comerciante de Cruzeiro do Sul, Orleir Cameli, que se lançou na política para recuperar o prestígio perdido com o fim dos seringais. Muitos foram os ex-patrões que se envolveram na política regional. Na atual gestão municipal, o prefeito é filho de um ex-prefeito, que à época do movimento dos seringueiros era o delegado de polícia e queria prender os líderes do movimento em nome do direito

57 Quando se criou a Reserva, Cameli era o principal arrendatário dos seringais do Rio Tejo. Cameli era

industrial (dono da principal olaria em Cruzeiro do Sul, fabricando material de construção), empresário de transportes e combustíveis (dono de ferry boat, dono de distribuidora de combustível), dono de supermercados, dono de construtoras, e além disso arrendava seringais como o rio Tejo. Em 1994, Cameli elegeu-se governador, tendo sido antes prefeito de Cruzeiro do Sul. Seu primo Carlos César Correia de Messias também foi prefeito de Cruzeiro do Sul e atualmente é vice-governador do estado do Acre (informações de Mauro Almeida: comunicação pessoal).

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patronal, e o vice-prefeito é filho de um ex-patrão do rio Bagé58. Eliza Lozano Costa, em sua dissertação de mestrado, nos dá indícios de como foi a relação entre as antigas elites locais e a associação de moradores da Reserva após a criação do município de Marechal Thaumaturgo:

“Em 1992 é criado o município de Marechal Thaumaturgo, com prefeito, vice- prefeito e vereadores. Em 1994 o conflito da prefeitura e dos vereadores do município com a Associação é absolutamente explícito. O vice-prefeito (e atual prefeito) era delegado de polícia em 89, responsável pelo uso de violência física a Antonio Macedo e Chico Ginu [duas lideranças do movimento à época] quando da implantação da cooperativa [cuja criação era parte dos trabalhos do Plano de Desenvolvimento Comunitário financiado pelo BNDES]. Além destes, haviam os comerciantes locais, os marreteiros e regatões, aumentam [sic] a presença no local, também se colocando contra a Associação, porque a cooperativa esbarrava nas suas relações comerciais” (COSTA, 1998, p.68)

Com a criação do município de Marechal Thaumaturgo, a prefeitura da cidade passa a rivalizar com a ASAREAJ, que, a partir de 1992, atravessa dificuldades por falta de financiamento e descrédito criado por má administração de recursos da cooperativa.

Grande parte dos moradores do município recém-criado se encontrava no interior da Reserva, que representa cerca de 65% do território de Marechal Thaumaturgo59, sendo tanto membros da associação como eleitores do município. Os membros da prefeitura e da associação começam, então, a disputar prestígio junto à população, com vistas a alcançar o cargo dos rivais e ocupá-los com seus aliados. Surge, nesse período, um

58 Esse ex-patrão do Bagé é conhecido como Chiquinho Praxedes. Seu filho, Maurício José da Silva

Praxedes, é hoje vice-prefeito de Marechal Thaumaturgo. O atual prefeito é Randson Oliveira Almeida, filho do ex-prefeito Leandro Tavares de Almeida.

59 Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a área total do Município de

Marechal Thaumaturgo é de 7.744km². Já a área da Reserva Extrativista, segundo dados do ICMBio, é de 5.061,86km².

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quadro político complexo em que associação e prefeitura traçam alianças com poderes estaduais e federais em busca de seu fortalecimento na região (cf. COSTA, 1998).

Nessa disputa entre prefeitura e Associação ao longo da década, a primeira parece ter saído mais fortalecida. Os acontecimentos que se sucedem já nos anos 2000 mostram como a disputa de forças entre essas duas instâncias representativas levou ao fortalecimento do poder da prefeitura dentro da Reserva Extrativista.

Enfraquecida por má gestão de sua diretoria e pela ausência do CNPT-IBAMA atuando efetivamente dentro da unidade de conservação e fazendo valer as leis de gestão, a Associação dos Seringueiros e Agricultores da Reserva Extrativista do Alto Juruá se enfraquece de vez e cai em descrédito junto à população em meados dos anos 200060.

Em 2006, duas novas associações são criadas para ocupar o vazio deixado pela crise da ASAREAJ. Apoiadas pela prefeitura, são criadas uma associação para a bacia do rio Tejo e outra para a bacia do rio Juruá61.

60 A história do enfraquecimento da Associação é longa e cheia de detalhes que não serão explorados

aqui. Pela presidência da Reserva passaram moradores da região da Restauração (Chico Ginú e Milton Gomes, ambos muito próximos a Antonio Macedo), e moradores de outros lugares (Dolor Farias, do rio Bagé, Orleir Fortunato, do Juruá, e Antonio de Paula). Como em qualquer experiência inédita, a gestão da Reserva teve altos e baixos em seus primeiros anos, vide a criação do Plano de Utilização e o fracasso da cooperativa. Porém, no final dos anos 1990 a Reserva elege como presidente Orleir Fortunato, cuja administração é suspeita de desvio de verbas e má aplicação de recursos. Orleir passa a se envolver com a política partidária da região. Mesmo assim, Orleir se reelege com recursos fraudulentos e é acusado de desviar recursos da Associação para campanhas políticas de seu partido. Durante seu segundo mandato, quando a Associação está endividada e as instituições de governo suspendem o envio de recursos para a ASAREAJ, Orleir é preso por tráfico de drogas do Peru para o Brasil, deixando a administração para o vice-presidente que, na prática, não participava da gestão.

61 ASATEJO (Associação Agroextrativista do Rio Tejo) e ASAJURUÁ (Associação Agroextrativista do

Rio Juruá). Essas associações se aproveitaram do descrédito da ASAREAJ e passaram a assinar convênios com órgãos federais. O principal deles foi o “crédito-moradia” do INCRA.

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Na Restauração, todos esses momentos da política regional, desde o tempo da borracha, passando pelo auge da Associação e seu subseqüente declínio, assim como o fortalecimento do poder municipal na região, tiveram reflexos diretos na organização local.

Como localidade importante do Alto Tejo, a Restauração sempre contou com infra- estrutura e serviços que outras comunidades do Tejo não tinham. Desde o início dos seringais até os anos de 1980 a Restauração teve, em um ou outro momento, um ferreiro, uma igreja, um posto policial e até um juiz de paz (cf. FRANCO, 2001).

Com a criação e fortalecimento da Associação, a comunidade continuou a ser foco de ações e ter acesso a bens que a diferenciava de outras localidades. Como mostra os desenhos de Antonio Gomes, a Restauração recebeu durante o início dos anos de 1990 a primeira casa de televisão com gerador de energia elétrica da região do Alto Tejo. Além disso, a Associação, através de suas parcerias com instituições externas, levou para a comunidade sua primeira escola oficial e um posto de saúde, além da cantina da cooperativa, que comercializava mercadorias em troca da borracha62.

Um dos mapas de Antonio se refere ao ano de 1995. Ele retrata um momento em que o município já havia sido criado e quando a ASAREAJ já vinha perdendo força política na disputa com a prefeitura. No mapa já aparecem construções feitas pela administração municipal, incluindo até uma subprefeitura e, conseqüentemente, um subprefeito, que se instalaram na localidade. Uma das escolas do mapa, a Escola Zilda Vasconcelos, existe

62 Já havia uma sala de aula informal junto à casa de seu Milton Gomes e outras pessoas ensinando

crianças e adultos voluntariamente pela Reserva. Porém, foi a Associação que trouxe para Restauração a primeira escola oficial, cujos professores eram pagos por um convênio com a prefeitura, a cantina da cooperativa e o posto de saúde, além de um sistema de comunicação de radiofonia.

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até hoje, e foi mais uma construção da prefeitura no período em que, além de erguer o prédio, passou a ser responsável pelo sistema de ensino cuja instalação de escolas se iniciou com atividades da Associação.

“Antes da criação do novo município, a ASAREAJ já havia tomado a iniciativa de construir quatro escolas (Restauração, foz do Machadinho, Alegria e Volta Grande), além de acolher nas suas instalações da foz do Tejo os alunos e professores daquela localidade. Em alguns locais, como o Belfort e o Vitória, por exemplo, a escola funcionava em instalações providenciadas pelos próprios moradores. No ano de 1994, a ação da prefeitura, fortemente direcionada para a ampliação da rede escolar, já fazia sentir seus efeitos: 32 escolas funcionavam na Reserva, sendo 20 na zona do Juruá e 12 na bacia do Tejo”. (ALMEIDA, 1998,

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