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Do presente e futuro ao passado da EC

Capítulo III Uma abordagem sustentada para o ensino/aprendizagem da EC

2. Apresentação de propostas de didatização

2.3. Do presente e futuro ao passado da EC

O segundo momento está relacionado com as diversas outras formas de recorrer ao modo conjuntivo, largamente exploradas nos cadernos de exercícios propostos aos alunos sob a forma de exercícios lacunares estruturais. O uso do Pretérito Mais-Que-Perfeito Composto do Conjuntivo é imprescindível para completar o leque de situações envolvendo a EC e deverá ser trabalhado o mais brevemente possível (início do nível B2), até porque os alunos acabando de interiorizar a estrutura “Se + Imperfeito do Conjuntivo + Imperfeito do Indicativo/Condicional” e “Se + Futuro do Conjuntivo + Presente do Indicativo/Futuro do Indicativo”, destinadas a situações presentes ou futuras,

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vão necessitar imediatamente de referir-se, em aula, a contextos e situações do passado, por muito que se queira evitar. A nossa proposta é não deixar passar demasiado tempo entre a primeira etapa e a que trabalha situações do passado e permitir o aprofundamento e a consolidação do hábito, que os alunos já criaram, de lançar frase introduzida pela conjunção condicional “se”.

Deste modo, os aprendentes são levados a interiorizar a ideia do uso de “se + Mais-Que-Perfeito Composto + Pretérito mais-que-perfeito composto do Indicativo/Condicional Composto/Condicional” para se referir a uma condição que se coloca no passado - a natureza deste tipo de hipótese é contrafactual, usando-se “se + Imperfeito do Conjuntivo + Imperfeito do Indicativo/Condicional” e “se + Futuro do Conjuntivo + Presente do Indicativo/Futuro do Indicativo” para uma construção de natureza hipotética. Associaria, portanto, o desenvolvimento deste trabalho a um momento da aprendizagem em que podem ocorrer impressões e sentimentos da parte do locutor, como no exemplo abaixo:

Situação de comunicação: Expressar impressões e sentimentos

Recurso linguístico: “Se + Pretérito Mais-Que-Perfeito Composto do Conjuntivo” Contexto: O tenista norte-americano, Isner, vai jogar contra Anderson no Grand Slam e expressa a sua sentimento de alegria por ter optado por ir para a Universidade.

Texto:

John Isner e Kevin Anderson vão defrontar-se esta sexta-feira, pelas 13 horas, numa meia-final com alguma história e não é apenas por ser a mais alta da história dos torneios do Grand Slam. É que frente a frente vão estar duas antigas estrelas do circuito universitário norte-americano, que optaram por um caminho diferente do convencional para o início da sua carreira.

O gigante norte-americano de 33 anos relembra a Universidade como os melhores anos da sua vida. “A

Universidade foi o caminho certo para chegar onde estou. Se não tivesse ido para a Universidade não estaria aqui nas meias-finais de Wimbledon. A ideia de ser profissional nunca me passou pela cabeça até terminar o ‘Liceu’.”

Antigo craque dos Georgia Bulldogs, Isner admite que é especial encontrar Anderson, que representou a University of Illinois. “É especial para nós. É bom ver

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de ténis mais importante do Mundo. Uma coisa é certa: um de nós vai jogar a final de Wimbledon!”.122

Exploração > desconstrução da situação comunicativa:

Se não tivesse ido para a Universidade não estaria aqui nas meias-finais de Wimbledon.123

Questionamento: O tenista foi estudante universitário? Como avalia ele esse facto?

Através dos procedimentos aconselhados para os momentos anteriores (cf. Desconstrução da situação comunicativa e dos recursos da EC presentes no texto, envolvimento em tarefas comunicativas) os aprendentes associarão o recurso Pretérito Mais-Que-Perfeito Composto do Conjuntivo à expressão de uma condição que o enunciador acha irreal no passado, ou seja, uma mera imaginação contrária ao que passou no passado. O verbo na oração subordinada encontrar-se-á no Pretérito Mais-Que-Perfeito Composto do Conjuntivo, e o verbo na oração principal no Pretérito mais-que-perfeito composto do Indicativo ou também no Condicional Pretérito, sendo o Condicional Composto usado em ocasiões formais e o Pretérito mais-que-perfeito composto do Indicativo em ocasiões quotidianas.

Sugere-se que tarefas em que os alunos estarão envolvidos para este momento, sejam muito cuidadosamente orientadas para o quotidiano do aluno/grupo, podendo partir de jogos ou mero questionamento baseado no modelo “preparação > foco > tarefa > avaliação > elaboração (Rose, D. & Martin, J.: 2012), ou, muito simplesmente, através da resposta a um estímulo negativo, como no exemplo:

Estímulo: - Não deram atenção ao texto sobre as docas de Lisboa por isso o teste correu mal.

Resposta (possível): – Se tivéssemos dado atenção ao texto sobre as docas 122 https://bolamarela.pt/isner-se-nao-tivesse-ido-para-a-universidade-nao-estaria-aqui-nas-meias-finais-de-w imbledon/(Consultado a 17 de dezembro de 2018) 123 https://bolamarela.pt/isner-se-nao-tivesse-ido-para-a-universidade-nao-estaria-aqui-nas-meias-finais-de-w imbledon/(Consultado a 17 de dezembro de 2018)

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tínhamos tido melhores notas.

A partir daqui, presume-se que os alunos estão aptos a realizar a condição e formular hipóteses com muito mais à vontade, especialmente com a conjunção “se”, mas convém que este modo de exprimir a hipótese tenha tempo suficiente para se desenvolver dentro do aluno o hábito de realizar, pelo que, nesta proposta, só se prevê trabalhar mais a EC ao longo do nível B2.

Propõe-se uma reflexão sobre os contornos temporais e a natureza da hipótese e consequente sistematização gramatical:

Situações (Hipótese sobre passado)

Antecedente

(Forma verbal) Consequente (Forma verbal) Grau de formalidade (relações) Contra-factual (O tenista já frequentou a universidade) Pretérito Mais-Que-Perfeito Composto do Conjuntivo Pretérito mais-que-perfeito

composto do Indicativo -Formal Texto oral Condicional

Composto/Condicional +Formal Texto escrito

Gráfico 6 Grau de formalidade em construções contrafactuais

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