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4.3 ESTRUTURA DO MODELO PROPOSTO DE GESTÃO DA ÁGUA PARA AS

4.3.2 Do (Realizar)

Realização do Plano de Ação para o Gerenciamento da Água e Efluentes

Nesta fase do modelo de gestão da água, o autor desta pesquisa optou por sugerir um plano de ação contendo elementos de gestão para o gerenciamento da água e efluentes de uma organização, baseado em elementos sugeridos nas fases de “Elaboração de Políticas e Diretrizes” (desenvolver e implementar planos de ação para a gestão da água da organização, com o objetivo de minimizar seu uso e o descarte de efluentes, tendo como foco as operações diretas, a cadeia de suprimentos e a bacia hidrográfica de atuação) e “Identificação de Riscos e Oportunidades”, considerando para este último, planos de ação para a mitigação de riscos operacionais.

O objetivo desta fase é após a realização da contabilização do uso da água e descarte de efluentes das operações diretas e da cadeia de suprimentos, desenvolver e implementar ações para a gestão da água da organização, com o objetivo de minimizar seu uso e o descarte de efluentes, tendo como foco as operações diretas, a cadeia de suprimentos e a bacia hidrográfica de atuação. Em relação aos demais riscos envolvidos - financeiros, socioambientais, de produto e reputacionais - relacionados ao uso da água e descarte de efluentes nas operações diretas e na bacia hidrográfica de atuação, sugere-se que o plano de ação para mitigá-los seja implementado somente após a identificação dos mesmos. Deste modo, não foram sugeridas ações nesta fase com o objetivo de mitigar estes riscos a ser identificados, nem para a realização das oportunidades identificadas. Sendo assim, esta fase pode ser considerada contendo apenas ações iniciais de gerenciamento da água e efluentes, que certamente poderá ser aprimorada ao longo

da evolução do desenvolvimento e aprendizado da organização sobre seu plano de gestão da água, podendo incluir ações de mitigação de riscos e de elaboração de estratégias operacionais e comerciais, de forma a se aproveitar as oportunidades identificadas.

É importante destacar que toda a ação desenvolvida nesta fase (elemento de gestão) deve contar com seus respectivos indicadores de gestão e metas, de forma a melhor gerenciá-los e obter a melhoria contínua do plano de gestão da água. Para a elaboração do plano de ação, deve-se seguir uma metodologia. A mais indicada é a metodologia conhecida como 5W2H. Ela permite, a qualquer momento, identificar dados e rotinas mais importantes de um projeto ou de uma unidade de produção. (LISBOA; GODOY, 2012). Assim, durante a implementação de cada elemento de gestão do plano de ação, devem ser seguidas as seguintes etapas: - What? (O quê?): Qual a atividade? Qual é o assunto? O que deve ser medido? Quais os resultados dessa atividade? Quais atividades são dependentes dela? Quais atividades são necessárias para o início da tarefa? Quais os insumos necessários?

- Who? (Quem?) Quem conduz a operação? Qual a equipe responsável? Quem executará determinada atividade? Quem depende da execução da atividade? A atividade depende de quem para ser iniciada?

- Where? (Onde?): Onde a operação será conduzida? Em que lugar? Onde a atividade será executada? Onde serão feitas as reuniões presenciais da equipe? - Why? (Por quê?): Por que a operação é necessária? Ela pode ser omitida? Por que a atividade é necessária? Por que a atividade não pode fundir-se com outra atividade? Por que A, B e C foram escolhidos para executar esta atividade?

- When? (Quando?): Quando será feito? Quando será o início da atividade? Quando será o término? Quando serão as reuniões presenciais?

- How? (Como?): Como conduzir a operação? De que maneira? Como a atividade será executada? Como acompanhar o desenvolvimento dessa atividade? Como A, B e C vão interagir para executar esta atividade?

- How much? (Quanto custa?) Quanto custa a operação atual? Qual é a relação custo / benefício? Quanto tempo está previsto para a atividade?

Nesta fase do modelo de gestão, foram sugeridos os elementos de gestão que deverão ser realizados (atividades) da etapa “What – O Quê?”, da metodologia de implementação de plano de ação pelas organizações, subdivididos em “Água”, “Efluentes” e “Etapa agrícola”. Estes elementos de gestão foram extraídos das publicações que contém as iniciativas de boas práticas de gestão da água e foram selecionadas aquelas consideradas as mais importantes e aplicáveis pelo autor desta pesquisa.

A implementação do plano de ação para o gerenciamento da água e efluentes pode ser algo muito complexo dentro de uma empresa, dependendo de seu porte e de sua organização. Devido a esta complexidade, as empresas devem estar conscientes sobre o papel de cada parte interna envolvida na implementação de um modelo de gestão da água (WBCSD, 2012).

É essencial também o uso de dados confiáveis. Portanto, sempre que possível, é importante que dados da própria empresa sejam utilizados e que estes possam ser auditados internamente, mais do que dados publicados por uma terceira-parte, que apresentam uma margem de erro bem maior e podem causar distorções na gestão do recurso. Também, os dados da bacia hidrográfica nas quais as empresas estão inseridas e operam devem ser confiáveis e comparáveis com os dados de outras bacias (WBCSD, 2012).

Água

- Implementar tecnologias para reduzir o uso da água, incluindo maquinários mais eficientes e métodos de produção.

- Reduzir os impactos na qualidade da água, nas operações diretas e na cadeia de suprimentos - upstream e downstream.

- Manter ou aprimorar a qualidade da água da planta e incentivar a cadeia de suprimentos a fazer o mesmo.

- Aprimorar a melhoria na eficiência operacional do uso da água da planta. - Respeitar os limites de retirada de água subterrânea.

- Implementar o armazenamento de água subterrânea, reservatórios e represas, se aplicável.

- Realocar a água que foi economizada para outras atividades da planta. - Realizar a captura, tratamento, reuso e reciclagem da água da chuva.

- Adotar sistemas mais eficientes de refrigeração, que utilizam o reuso da água. - Para as operações diretas, utilizar água de reuso para as instalações sanitárias e outras instalações não produtivas.

- Reduzir o uso de água por unidade de produto nas operações diretas e ao longo da cadeia de suprimentos, através de mudança comportamental, inovação, tecnologia, reuso.

- Desenvolver sistemas fechados de uso da água nos processos produtivos.

- Incentivar a coinovação entre produtores e consumidores ou em parceria com fornecedores, com o objetivo de se reduzir o consumo de água em toda a cadeia de valor.

- Fornecer acesso à água, saneamento e higiene para todos os funcionários no local de trabalho.

- Aprimorar a consciência sobre assuntos relacionados à água dentro da planta, engajando-se com os funcionários sobre questões relacionadas à água.

- Exigir práticas de gestão sustentável da água dos fornecedores através de código de fornecimento e cláusulas contratuais, e apoiá-los na melhoria da gestão da água, através do compartilhamento de práticas de sustentabilidade do uso da água.

- Identificar a possibilidade de dessalinização da água, quando aplicável. - Implementar tecnologias inteligentes de medição do uso e consumo de água.

- Implementar indicadores de uso da água, de preferência alinhados às boas práticas internacionais: por unidade de produto, por receita, por área das instalações, por funcionário – gestão, transparência, benchmarking interno e externo.

- Definir padrões de desempenho (metas) de retirada de água / consumo e para cada ação implementada.

- Educar os consumidores e ajudá-los a minimizar os impactos do uso da água associados com o uso de produtos intensivos em água.

Efluentes

- Implementar unidades e métodos inovadores de tratamento de efluentes nas operações diretas.

- Definir metas quantificáveis de redução de descarte de efluentes.

- Minimizar os descartes de efluentes e os impactos na qualidade da água local. - Considerar todas as opções de uso dos efluentes nas instalações.

- Analisar oportunidades relacionadas, como a venda de efluentes tratados para reuso.

- Não destinar efluente sem tratamento, baseado em legislações correlatas. - Promover a recuperação, reuso e reciclagem de efluentes.

- Implementar indicadores de descarte de efluentes, de preferência alinhados às boas práticas internacionais: por unidade de produto, por receita, por área das instalações, por funcionário – gestão, transparência, benchmarking interno e externo.

- Definir padrões de desempenho (metas) de descarte de efluentes das operações diretas e para cada ação implementada.

- Identificar o potencial de desenvolvimento de projetos de créditos de carbono (ex. tratamento de esgoto).

Etapa agrícola (elementos aplicáveis somente à etapa agrícola de produção de produtos e serviços)

- Implementar novas técnicas de irrigação, para evitar a dispersão de pesticidas e fertilizantes.

- Desenvolver o uso de novas tecnologias, incluindo métodos eficientes de irrigação, novas variedades de plantas resistentes à secas, eficiência no uso da água e tolerância ao sal.

- Promover o aumento da produtividade agrícola: irrigação por gotejamento e por aspersão, etc.

- Promover o aprimoramento da melhoria da produtividade na agricultura, além do melhor aproveitamento da água da chuva.