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Documentação fotográfica, tratamento e interpretação de imagens

3. Materiais e métodos

3.3 Documentação fotográfica, tratamento e interpretação de imagens

Especial atenção foi dada à documentação fotográfica dos afloramentos estudados. Além do valor per se das imagens como documento, desenho e interpretação das fotos de campo foram uma das principais ferramentas de trabalho utilizadas na presente tese.

Sempre que possível as fotos foram obtidas em campo como imagens RAW, que é um nome genérico para o formato da imagem não processada obtida pelo sensor digital da câmara. Diferentes fabricantes usam diferentes formatos para imagens RAW (por exemplo, .NEF para câmaras Nikon, .CRW para câmaras Canon, etc). Imagens RAW preservam o máximo possível de informações da imagem, em especial no que diz respeito ao alcance de luminosidade e cores, bem como os metadados associados à imagem. No entanto, para edição, confecção de fotomosaicos, impressão etc. essas imagens precisam ser convertidas, e softwares específicos se fazem necessários. No caso do presente doutorado, foi utilizado o software FastStone Image Viewer, que é gratuito e permite a visualização e conversão de uma grande variedade de formatos.

3.3.1 Confecção de fotomosaicos

Em geral, os afloramentos que permitem a melhor caracterização das estruturas estudadas são extensos, tornando necessária a confecção de fotomosaicos dessas exposições. Para tanto, podem ser utilizados softwares específicos. Neste trabalho, foi utilizado o software PanaVue Image Assem- bler (versão 3.5), que oferece simplicidade de uso e resultados bastante satisfatórios. No entanto, é bom ressaltar que os melhores resultados não são obtidos utilizando as funções automáticas do programa, e que um pouco de trabalho manual é necessário. O procedimento seguido para confecção de fotomosaicos é o seguinte:

1. Obtenção das imagens: fotografa-se o afloramento com bastante sobreposição entre duas fotos consecutivas (mais de 50%). Isso garante que todo o afloramento será coberto, diminui erros de paralaxe e permite que se elimine eventuais imagens defeituosas (desfocadas, tremidas etc.), além de proporcionar mais flexibilidade na etapa 3. É recomendável utilizar-se uma linha de referência (por exemplo, a linha de sinalização na margem de uma estrada) para evitar variação da distância ao afloramento. Deve-se procurar manter o plano focal da câmara paralelo à superfície do afloramento. O uso de tripés, embora recomendável, pode consumir bastante tempo; monopés fornecem uma alternativa mais prática e rápida.

3. Materiais e métodos Chamani, M. A. C. - Tectônica sinsedimentar no Siluro-Devoniano da Bacia do Parnaíba

2. Imagens de detalhe: imagens de detalhe das estruturas observadas e outros aspectos do afloramento, além de seu valor documental intrínseco, auxiliam na etapa de desenho e interpretação dos fotomosaicos, e sua obtenção é essencial.

3. Recorte das imagens: recortam-se as imagens de forma a deixar apenas uma estreita faixa de sobreposição entre duas imagens consecutivas; nesta etapa, deve-se procurar configurar os recortes de forma que estruturas que se queira ressaltar não fiquem em áreas de emendas.

4. Montagem do fotomosaico: no caso do software PanaVue Image Assembler confecciona-se o mosaico posicionando manualmente os pontos de ancoragem, de forma que estes se situem na faixa do afloramento que se quer evidenciar; isso evita que ocorram “degraus” indesejados nesta faixa. Os melhores resultados são obtidos usando apenas um ponto de ancoragem entre duas imagens consecutivas.

A figura 20 mostra de forma esquemática o processo de montagem dos fotomosaicos. Erros de paralaxe devido ao deslocamento lateral da câmara são minimizados com o emprego da técnica descrita acima, mas erros induzidos pela inclinação do afloramento são quase inevitáveis no caso de afloramentos altos ou com ângulos de talude moderados a baixos. Na etapa de desenho e interpretação deve-se levar esse problema em conta, evitando-se, por exemplo, a duplicação de estruturas (figura 20, D).

Figura 20

Confecção de fotomosaicos. A. Sequência de fotos do afloramento; uma larga faixa de sobreposição (setas vermelhas) é recomendável na obtenção das imagens. B. Corta-se o excesso de sobreposição (áreas hachuradas), mantendo-se apenas uma faixa estreita, e de forma a manter a estrutura que se quer ressaltar (o graben na foto central) sem emendas.

C. Captura de tela do programa Panavue Image Assembler, mostrando a colocação manual dos pontos de ancoragem (círculos amarelos) na faixa do afloramento que se deseja ressaltar. D. Resultado final. Embora a técnica proporcione bons resultados, defeitos como duplicações por erros de paralaxe (setas amarelas) são quase sempre inevitáveis.

3. Materiais e métodos Chamani, M. A. C. - Tectônica sinsedimentar no Siluro-Devoniano da Bacia do Parnaíba

3.3.2 Imagens HDR

Uma técnica de tratamento de imagens que se mostra útil pra a análise de fotografias é a confecção de imagens HDR (High Dynamic Range). Imagens HDR fornecem um alcance de iluminação e contraste mais similar àquele do olho humano, ressaltando detalhes em áreas da foto sub ou superexpostas.

Para a confecção de imagens HDR é necessário a obtenção de ao menos três fotos da mesma cena, uma delas com exposição correta, uma subexposta e outra superexposta. As três imagens são então combinadas através de softwares específicos ou de edição de imagens (como por exemplo o programa Adobe Photoshop) (figura 21). O processo de obtenção das imagens, no entanto, demanda tempo e a relação custo-benefício pode ser pequena.

Alguns softwares permitem a confecção de imagens pseudo-HDR a partir de uma única imagem RAW, fornecendo resultados bastante satisfatórios, como é o caso do software Media Chance Dynamic Photo HDRI, utilizado no tratamento de imagens neste trabalho. Mapeamento tonal das imagens e geração de imagens em cor falsa às vezes se mostram bastante úteis para ressaltar diferenças sutis em fotos de afloramentos, facilitando a identificação de estruturas (figura 22).

Figura 21

Confecção de imagens HDR. Três imagens, uma com exposição normal (A), outra superexposta (B) e outra subexposta (C) combinadas pelo software Media Chance Dynamic Photo HDRI, resultando numa imagem HDR (D).

Figura 22

Imagens pseudo-HDR produzidas a partir de uma única imagem RAW. A, imagem original; B, mapeamento tonal da imagem RAW de forma a produzir um alcance de iluminação mais próximo ao do olho humano, melhorando o contraste e definição da imagem; C, mapeamento tonal em cor falsa da imagem A. Note-se que o mapea- mento tonal ressalta a diferença entre níveis de arenito (rosado) e pelitos (verde).

3.3.3 Desenho e interpretação das fotos de afloramento

Como ficará evidente no restante desta tese, procurou-se confeccionar desenhos de detalhe a partir de todas as imagens relevantes para a descrição dos afloramentos. Essa atenção à ilustração atende a duas funções: 1. destacar as estruturas observadas, facilitando a visualização para o leitor e 2. a confecção de desenhos de detalhe é um valioso auxiliar na descrição e interpretação das estruturas observadas, tendo sido uma das principais ferramentas utilizadas nesta tese.

Para confecção dos desenhos foi usado o software CorelDraw, versão X3. Sempre que necessário, imagens HDR e a imagem original foram sobrepostas em diferentes camadas, de forma a auxiliar no processo de desenho e interpretação das fotos. De modo geral, no resultado final apresentado nesta tese foram descartadas as imagens HDR e utilizadas as imagens originais (exceto em casos de fotos com baixo contraste, onde foram usadas imagens HDR). As imagens sofreram um tratamento mínimo de aumento de contraste e aguçamento. Desenhos e a imagem a partir da qual foram gerados são apresentados lado a lado separadamente, de modo a não influenciar a interpretação do leitor.

3. Materiais e métodos Chamani, M. A. C. - Tectônica sinsedimentar no Siluro-Devoniano da Bacia do Parnaíba