DOCUMENTO ENCAMINHADO À DIREÇÃO DE ENFERMAGEM REFERENTE AS AÇÕES DE ENCAMINHAMENTO
Apêndice 9
Santa Maria, março de 2002
Para: Direção de Enfermagem Enfª:
Durante o desenvolvimento da Prática Assistencial do Mestrado Interinstitucional em Filosofia, Saúde e Sociedade da UFSC/UFSM/UNIFRA/UNICRUZ foram realizados encontros com as enfermeiras do pronto-atendimento do HUSM com o objetivo de desenvolver um processo
crítico-reflexivo sobre o “modo de fazer” da enfermeira perante o doente traumatizado grave, em sala de emergência.
Para atingir este objetivo todas as atividades propostas contemplaram a problematização das situações vivenciadas por estas profissionais na sua unidade de trabalho e, com base nas reflexões realizadas, adotar:
• ações manutenção: que consistem nas ações que a enfermeira efetua no seu cotidiano de trabalho e que, conforme avaliação do grupo, podem ser mantidas;
• ações de reparação: que consistem na reelaboração de uma ação deficitária e que foi negociada, no grupo, para implementação no cotidiano do trabalho da enfermeira e,
• ações de encaminhamento: que se referem a elaboração de um documento de encaminhamento de situações que precisam ser reparadas e que estão fora da governabilidade da enfermeira da unidade sendo, portanto, encaminhadas à Direção de Enfermagem para conhecimento.
Na perspectiva de concretização desta última ação citada, e tendo em vista a construção do Pronto-Socorro Regional descrevo, a seguir, algumas preocupações e sugestões das enfermeiras, no sentido de buscar apoio junto a esta direção para tentar as alternativas possíveis de, dentro da perspectiva do que seja assistência ética à saúde e qualidade de vida no trabalho para toda a equipe de enfermagem, estabelecer uma política institucional que permita aos profissionais o cumprimento da Lei do Exercício Profissional e do Código de Ética de Enfermagem.
Dentre as principais preocupações das enfermeiras, apontadas como ações de encaminhamento e discutidas durante os encontros, destaco:
• Estabelecimento de um programa de inclusão dos novos
profissionais na instituição e na unidade de trabalho: estabelecer
um período de capacitação para os profissionais recém contratados no sentido de que ele conheça a filosofia, a missão e os objetivos da
instituição, a estrutura hospitalar como um todo e receba por um período acompanhamento na unidade para a qual será designado a fim de que conheça o seu funcionamento e, ao mesmo tempo, identifique se tem perfil para trabalhar nesta unidade.
• Maior número de trabalhadores: necessidade de se ter equipes distintas para as emergências pediátrica e de adulto, bem como para os doentes em observação a fim de que se possa prestar uma assistência de enfermagem ética e qualificada. Há a necessidade, também, de maior número de pessoal nos serviços de apoio, principalmente no Rx e Tomografia, no período do noturno, feriados e finais de semana, pois, muitas vezes, é necessário que alguém da equipe de enfermagem do PA permaneça nesses locais auxiliando a posicionar os doentes, ficando, desta forma, descoberta a unidade de pronto-atendimento.
• Educação continuada: a capacitação contínua dos profissionais de enfermagem que atuam na unidade de emergência é de fundamental importância. Nesta perspectiva, destaco a importância da participação destes profissionais do curso MAST – Manobras Avançadas de Atendimento no Trauma (curso direcionado aos trabalhadores de enfermagem), a qual traria inúmeros benefícios tanto para os profissionais quanto para a população atendida. As enfermeiras acreditam que este deveria ser um critério estabelecido pela instituição para os profissionais trabalharem na emergência.
• Fluxo dos doentes à unidade de emergência: tendo em vista que uma grande maioria dos doentes que chegam a esta unidade são encaminhados sem aviso prévio, percebemos a necessidade de encaminhar ofício ao presidente do Consórcio Intermunicipal de Saúde e aos secretários de saúde dos municípios envolvidos no consórcio sobre a importância do contato telefônico prévio quando do encaminhamento de doentes ao serviço de emergência.
Sabedoras de que a direção deste hospital tem se empenhado em propiciar maior conforto a sua clientela interna e externa, temos a convicção de que embora o processo de mudança nos exija mais em compromisso, temos a certeza de que nossa Direção se empenhará em alcançar as transformações almejadas.
Com estas considerações sobre as possibilidades visualizadas pelas enfermeiras do pronto-atendimento na melhoria das condições de trabalho, agradeço a atenção e o acolhimento das mesmas
atenciosamente
Tânia Solange Bosi de Souza Magnago Enfermeira – PA/HUSM Mestranda em Enfermagem
ANEXO 1
RESUMO DO TRABALHO APRESENTADO NA VI JORNADA DE PRODUÇÃO ACADÊMICA E II MOSTRA DE ESPECIALIZAÇÃO EM PROJETOS ASSISTENCIAIS DE ENFERMAGEM
Anexo 1
EXPERIÊNCIA DE INTEGRAÇÃO ENTRE GRADUAÇÃO, PÓS- GRADUAÇÃO E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM PROJETO DE CAPACITAÇÃO DE ENFERMEIRAS DO PRONTO-ATENDIMENTO
Adriana Fioravante Regina Fernanda Machado da Silva Tânia Solange Bosi de Souza Magnago Ana Lúcia Cardoso Kirchhof
Enquanto bolsistas do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Saúde e Trabalho (NEST) do Departamento de Enfermagem da UFSM-RS, tivemos a oportunidade de participar da Prática Assistencial promovida por uma enfermeira do Curso de Mestrado em Enfermagem da UFSC. Esta prática teve por objetivo discutir o “modo de fazer” das enfermeiras do pronto-atendimento na assistência ao doente traumatizado grave. Percebemos o quanto podemos ampliar nossa participação em atividades como estas, por meio do desenvolvimento de uma oficina lúdico-educativa, seguida de uma técnica de relaxamento com projeção de imagem. Em um segundo momento, cumprindo o cronograma já estipulado, efetuamos a dramatização de um atendimento realizado no pronto-atendimento, observado pela mestranda, o qual tinha o propósito de fazer com que as enfermeiras refletissem a respeito de seu próprio “modo de fazer”. No decurso dos encontros, podemos observar o enriquecimento de nossas experiências enquanto acadêmicas do quarto semestre, já que constitui em um projeto teórico- prático, no qual as participantes trouxeram suas experiências cotidianas de trabalho, contribuindo para a identificação dos aspectos a serem refletidos. Destacamos esta oportunidade de trocas de experiências como fundamental na formação do enfermeiro, enquanto integra enfermeiros assistenciais, acadêmicos de enfermagem, alunos de pós-graduação e professores com doutorado.