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2.2.2 Documento sobre ‘Situação da Geração Eléctrica através de Sistemas Híbridos no Estado do Pará e Perspectivas frente à

Universalização da Energia Eléctrica’

O trabalho realizado pelo Grupo de Estudos e Desenvolvimento de Alternativas Energéticas (GEDAE) da Universidade Federal do Pará (UFPA) «[2]», apresenta uma análise dos sistemas energéticos híbridos de geração de electricidade, os quais estão instalados em localidades isoladas ou com fraca ligação à rede eléctrica, no estado regional do Pará no Brasil.

Os aspectos analisados no trabalho são: - o perfil das localidades abastecidas;

- as tecnologias de conversão energética nas diversas configurações de SEH; - os impactos sociais, económicos e ambientais proporcionados por SEH’s; - a gestão e a sustentabilidade dos SEH’s;

- as perspectivas relacionadas com o fornecimento global da energia eléctrica no Brasil. As fontes de energia para a geração de electricidade nos SEH’s analisados são:

- energia solar; - energia eólica;

- energia química do gasóleo.

Outras fontes de energia renováveis, que estão disponíveis e que podiam ser usadas nos SEH’s, são:

- energia hídrica;

- energia química da biomassa (lenha, biogás e qualquer substância de origem biológica).

O não-abastecimento de electricidade das áreas rurais isoladas no estado regional do Pará deve-se às características intrínsecas do próprio meio rural, tais como:

- pequenas vilas dispersas e isoladas; - baixa densidade demográfica; - baixo rendimento económico;

- infra-estrutura precária ou inexistente da rede eléctrica; - elevada distância em relação aos grandes centros; - locais remotos e de difícil acesso;

- desinteresse da administração pública; - outras características.

Essas características e o elevado investimento com reduzido retorno inviabilizam a tradicional electrificação por extensão da rede eléctrica.

Das possíveis alternativas de geração eléctrica que existem para o fornecimento de electricidade nessas áreas, destacam-se duas:

- geração eléctrica proveniente do gasóleo;

- geração eléctrica proveniente de formas iniciais de energia renováveis.

As instituições nacionais do Brasil, como o «Grupo de Estudos e Desenvolvimento de Alternativas Energéticas» (GEDAE), o «Centro de Pesquisas de Energia Eléctrica» (CEPEL), a empresa «Petróleo Brasileiro, S.A.» (PETROBRAS) e as «Centrais Eléctricas do Pará, S.A.» (CELPA), e instituições internacionais, como o «Departamento de Energia» dos Estados Unidos (“DOE”) e o «Laboratório de Energias Renováveis» dos Estados Unidos (“NREL”), têm despendido esforços conjuntos na inserção de sistemas energéticos híbridos em localidades isoladas no Estado do Pará. Desde 1996, foram implantados quatro SEH’s, nas seguintes localidades:

- Joanes; - Praia Grande; - Tamaruteua; - São Tomé.

Na actualidade, alguns desses SEH’s estão totalmente ou parcialmente inactivos, por causa da manutenção inadequada e de outros factores referentes à operação e gestão desses SEH’s.

O tipo de cada SEH analisado pelo Grupo de Estudos e Desenvolvimento de Alternativas Energéticas (GEDAE) «[2]» é:

- para Joanes, do tipo eólico-solar-fotovoltaico com salvaguarda de abastecimento de energia em bateria electroquímica e-ou em rede eléctrica exterior;

- para Praia Grande, do tipo eólico-gasóleo com salvaguarda de abastecimento de energia em bateria electroquímica e em depósito de gasóleo;

- para Tamaruteua, do tipo eólico-solar-fotovoltaico-gasóleo com salvaguarda de abastecimento de energia em bateria electroquímica e em depósito de gasóleo;

- para São Tomé, do tipo eólico-solar-fotovoltaico-gasóleo com salvaguarda de abastecimento de energia em bateria electroquímica e em depósito de gasóleo.

A operação do sistema, nos quatro SEH’s, não é automática.

Os impactos sócio-económicos são positivos, e os impactos ambientais são mais positivos do que negativos.

Houve má gestão nos SEH’s das comunidades de Joanes, Praia Grande e Tamaruteua, os quais estão inoperantes, e os SEH’s de Praia Grande e Tamaruteua tornaram-se insustentáveis por várias causas.

O SEH de São Tomé tem boa gestão e está operacional.

Uma alternativa, que se apresenta atractiva para a electrificação de áreas rurais isoladas em vez da expansão da rede eléctrica, é aplicação dos SEH’s, pelos seguintes motivos:

- um SEH proporciona uma maneira importante do uso dos recursos de energias renováveis, em contrapartida aos recursos energéticos não-renováveis fósseis;

- um SEH aproveita os recursos locais existentes;

- um SEH pode ser dimensionado de acordo com a necessidade real de cada comunidade;

- o fornecimento de electricidade pode ser descentralizado e autónomo.

Na experiência adquirida dos SEH’s apresentados, o principal problema não se restringe só em encontrar a melhor alternativa para a geração de electricidade, mas também em implementar o melhor modelo de gestão, que ao mesmo tempo garanta a sustentabilidade dos SEH’s e a integração social e económica das comunidades beneficiadas.

O SEH existente no edifício J da FEUP é de um tipo quase igual ao dos SEH’s de Joanes, de Tamaruteua e de São Tomé, excepto na salvaguarda de abastecimento de energia por meio de rede eléctrica exterior ou por meio de depósito de gasóleo.

A má gestão nos SEH’s de Praia Grande e Tamaruteua levou à falência operacional desses SEH’s, pelos seguintes motivos:

- na gestão económico-financeira:

- escassez de recursos financeiros captados para manutenção, resultante da falta de uma tarifação adequada;

- na gestão de manutenção:

- falta de zelo pelos equipamentos dos sistemas;

- aplicação de manutenção inadequada por pessoas não-especializadas; - na gestão administrativa:

- quase nenhuma participação efectiva das prefeituras municipais.

No SEH de São Tomé, houve boa gestão económico-financeira, porque se utilizou um novo modelo de tarifação baseado em pré-pagamento.

Do trabalho feito pelo Grupo de Estudos e Desenvolvimento de Alternativas Energéticas (GEDAE) «[2]», pode-se constatar que os vários tipos de gestão de um SEH são importantes, para que o SEH funcione bem durante muito tempo, tornando-se num sistema sustentável.

2.2.3 - Documento sobre ‘Electrificação de Edificações Rurais Isoladas