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Documentos do Estado do Maranhão e do Município de São Luís

4 ASPECTOS LEGAIS DA INCLUSÃO ESCOLAR DE PESSOAS COM

4.3 Documentos do Estado do Maranhão e do Município de São Luís

A Constituição do Estado do Maranhão de 1989, prescreve no Artigo 217, Capítulo VI (Da Educação, Da Cultura e do Desporto) que

A educação, direito de todos e dever do Estado, será promovida e incentivada com a colaboração da família, visará ao desenvolvimento integral e preparo da pessoa para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, com base nos princípios e garantias da Constituição Federal. (MARANHÃO, 2005, p. 44).

No Parágrafo 2º, Artigo 218 do Capítulo VI desta Constituição, reafirma-se que o ensino fundamental é obrigatório e contará com a atuação prioritária dos Municípios. Acrescenta-se do artigo 223 deste mesmo Capítulo que “o Estado e os Municípios garantirão o ensino obrigatório em condições apropriadas para os portadores de deficiência física, mental e sensorial, com estimulação precoce e ensino profissionalizante.” (MARANHÃO, 2005, p. 44).

No âmbito estadual a Resolução Nº 291/2002 do Conselho Estadual de Educação (CEE/MA) estabelece normas para a Educação Especial na Educação Básica no Sistema de Ensino do Estado do Maranhão e dá outras providências (MARANHÃO, 2002).

O Artigo 1º do Capítulo I (Da Educação Especial) da Resolução Nº 291/2002 da CEE/MA prescreve que

A educação especial insere-se na educação básica, abrangendo educação infantil, ensino fundamental e ensino médio, na educação superior e nas modalidades da educação escolar: educação de jovens e adultos, educação profissional e educação indígena (MARANHÃO, 2002, p. 1).

Ainda no Capítulo I, Artigo 2º desta Resolução a educação especial é entendida como “um conjunto de conhecimentos, tecnologias, recursos humanos e materiais didáticos que devem atuar na relação pedagógica para assegurar resposta educativa de qualidade às necessidades educacionais especiais dos alunos” (MARANHÃO, 2002, p. 1).

No Artigo 7º do Capítulo II (Do Atendimento Do Aluno) da Resolução Nº 291/2002 da CEE/MA consta que “o atendimento de alunos com necessidades educacionais especiais deve ser previsto no projeto político pedagógico da escola e calcado no respeito às

diferenças individuais e na igualdade de valor entre as pessoas” (MARANHÃO, 2002, p. 3). Merece destaque, também, o Artigo 9º do Capítulo II desta Resolução, o qual estabelece que “o atendimento dos alunos com necessidades educacionais especiais deve ser realizado em classes comuns do ensino regular, em qualquer etapa ou modalidade da educação básica” (MARANHÃO, 2002, p. 3). Ainda no Capítulo II, o Artigo 10 define que

Cabe às escolas do ensino regular organizar e oferecer aos alunos incluídos nas classes comuns, respeitadas as necessidades individuais, os seguintes serviços de apoio pedagógico especializado:

I - Serviço de itinerância: serviço a ser desenvolvido por um professor especializado ou por equipe técnica que, no mínimo uma vez por semana, realize visitas às escolas para oferecer aos alunos apoio pedagógico especializado e orientar os professores. II - Sala de recursos: serviço suplementar de natureza pedagógica, que se utiliza de recursos educacionais específicos e adequados às necessidades educacionais dos alunos, oferecido no próprio contexto escolar, conduzido por professor especializado.[...]. (MARANHÃO, 2002, p. 3)

É previsto no Artigo 11 do Capítulo II da Resolução Nº 291/2002 da CEE/MA atendimento especializado (Psicologia, Fonoaudiologia, Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Psicomotricidade, Reabilitação e outros) a alunos incluídos em classes regulares, em caráter complementar, transitório ou permanente. No Parágrafo Único desse artigo consta que “[...]os alunos que necessitem de serviços especializados devem permanecer freqüentando suas salas de aula e receber o atendimento em turno diferente” (MARANHÃO, 2002, p. 4).

O documento em questão, ainda, relata no Artigo 14 do Capítulo II que as escolas regulares devam prever, no seu próprio contexto, classes especiais para os alunos que apresentarem dificuldades acentuadas de aprendizagem ou condições de comunicação e sinalização diferentes dos demais ou que necessitem de ajudas e apoios intensos (MARANHÃO, 2002).

As condições e organização das classes especiais são destacadas no Artigo 15 do Capítulo II da Resolução Nº 291/2002 (CEE/MA). Segundo este artigo,

IV - As classes especiais devem ser regidas por professores especializados, mediante a utilização de métodos, técnicas, procedimentos didáticos e quando necessário, equipamentos e materiais didáticos específicos.

V - A permanência dos alunos nestas classes deve ser discutida pela equipe pedagógica da escola, visando a sua inclusão na classe comum, na série correspondente ao seu aproveitamento definido em avaliação especial. (MARANHÃO, 2002, p. 4)

Aspectos relacionados às adaptações curriculares ou currículos diferenciados para alunos com necessidades educacionais especiais estão previstos no Artigo 18 do Capítulo II da Resolução Nº 291/2002 (CEE/MA). Nesse artigo, prevê-se a possibilidade de atendimento em escolas especiais públicas ou privadas, caso não sejam providos, pela escola regular, adaptações curriculares significativas ou currículos diferenciados para alunos com necessidades educacionais especiais que o requeiram (MARANHÃO, 2002).

O artigo 30 do Capítulo II da Resolução Nº 291/2002 (CEE/MA) salienta que, para alunos com necessidades educacionais especiais incluídos nas classes comuns, deve ser desenvolvido o mesmo currículo previsto para os demais, em consonância com os Parâmetros Curriculares Nacionais. Destaca-se do artigo 44 desta Resolução que

Os professores, para atuar nas classes comuns inclusivas, devem ser capacitados em cursos que incluam em seus currículos conteúdos sobre educação especial, conforme especificado no §1º do Artigo 18 das Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (MARANHÃO, 2002, p. 11).

No contexto municipal, a Lei Municipal nº 3.443, de 26 de março de 1996, no Artigo 1º assegura ao educando portador de deficiência mental ou sensorial, prioridade de vaga em escola pública municipal mais próxima de sua residência, assim como dispõe sobre os seguintes aspectos: a) necessidade de professores especializados, habilitados para trabalharem com as diferentes necessidades educacionais especiais do aluno matriculado; e b) o deslocamento dos professores especializados será determinado pelas características do tipo de demanda que procurar a escola, a partir de uma política de atendimento em educação especial (RAMOS, 2001).

É oportuno neste momento, também, tecer comentários sobre a Resolução Nº 10/2004 do Conselho Municipal de Educação (CME) que estabelece normas para a Educação

Especial na Educação Básica no Sistema de Ensino Municipal de São Luís.

Tanto o Artigo 1º como o Artigo 2º do Capítulo I (Da Educação Especial) da Resolução Municipal Nº 10/2004 reafirmam o prescrito nos Artigos 1º e 2º da Resolução Nº 291/2002 do Conselho Estadual de Educação do Maranhão. Depreende-se da Resolução Municipal Nº 10/2004, em seu artigo 5º, Capítulo II (Do Atendimento do Aluno), que “[...]a escola deve acolher todas as crianças independentemente das condições físicas, sensoriais, emocionais, lingüísticas ou outras” (MARANHÃO, 2004, p. 2). Outrossim, o Artigo 7º do Capítulo II da Resolução Municipal nº 10/2004 (CME) reafirma no âmbito municipal, o prescrito na Resolução Estadual Nº 291/2002 (CEE/MA), conforme já citado neste trabalho. Já o Artigo 10 do Capítulo II da Resolução Municipal nº 10/2004 (CME) reassegura em âmbito municipal os seguintes serviços de apoio pedagógico especializado: serviço de itinerância e sala de recursos (MARANHÃO, 2004).

Convém salientar que nesta Resolução Municipal encontra-se previsto, no Artigo 35 do Capítulo II, a realização de uma avaliação psicopedagógica do aluno para ingresso nas alternativas de atendimento e serviços da Educação Especial, a fim de realizar um levantamento das possibilidades e necessidades educacionais deste aluno para a definição do atendimento educacional adequado (MARANHÃO, 2004).

A Resolução Municipal também prevê, no Artigo 48 do Capítulo II, que a “[...] matrícula inicial de alunos que apresentem necessidades educacionais especiais, deve ser realizada em classes comuns e obedecer aos mesmos critérios estabelecidos para a matrícula de qualquer aluno no ensino regular” (MARANHÃO, 2004, p. 12).

Após a análise da Resolução Nº 10/2004 do Conselho Municipal de Educação de São Luís, verificou-se que a maioria dos artigos contidos nesta Resolução esta baseada na Resolução Nº 291/2002 do Conselho Estadual de Educação do Maranhão.

Luís, é o Plano Decenal Municipal de Educação de São Luís. O referido documento, ainda em discussão, traça para um período de dez anos (2004 a 2013), as linhas de ação a serem efetivadas no âmbito da Educação do Município de São Luís (SEMED, 2004. Também a elaboração do Plano Decenal Municipal de Educação de São Luís (2004/2013) baseou-se nos seguintes documentos: Constituição Federal de 1988, Constituição do Estado do Maranhão de 1989, Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990, Lei 9.394/1996de 1996 e o Plano Nacional de Educação de 2001. Convém salientar que o conceito de educação adotado no Plano é o proposto na Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 205 do Capítulo V, e no Artigo 1º do Título I da Lei 9.394/1996 (SEMED, 2004).

O Plano Decenal Municipal de Educação de São Luís (2004/2013) (SEMED, 2004) caracteriza-se pela implementação de um sistema descentralizado e municipalizado de políticas públicas. Enfatiza-se, ainda, a gestão democrática e a participação da comunidade escolar na elaboração do projeto político-pedagógico da escola, numa perspectiva participativa envolvendo organizações governamentais, não-governamentais, a União, o Estado e o Município (SEMED, 2004).

O foco central do Plano é a função social da escola, considerando ser a mesma o local de aprendizados básicos, no sentido de ler, escrever e contar, mas fundamentalmente, um espaço de humanização e socialização do aluno. Considera- se contudo, estar a escola situada em um espaço da cidade, o que compromete o processo educacional com a realidade social. (SEMED, p. 13)

O Plano Decenal Municipal de Educação de São Luís (2004/2013) (SEMED, 2004) tem como proposta a Educação Cidadã, cujo eixo norteador é a Escola Inclusiva, influência advinda da Educação Especial (SEMED, 2004). Depreende-se desse documento as seguintes considerações acerca da escola inclusiva:

[...] representa uma expressão do combate à exclusão social, econômica, cultural e educacional. Deve buscar não somente o acesso de crianças e jovens desde a educação infantil e nos demais níveis e etapas de ensino mas, garantir mecanismos de permanência [...]. Deve ser um espaço educativo aberto às diferenças, que não somente devem ser aceitas mas, também acolhidas como subsídios para montar ou completar o cenário escolar, rompendo com as exclusões sociais, culturais, étnico/raciais e de

pessoas com necessidades especiais [...]. Deve ser um local onde educadores e educandos, sintam-se como aprendizes permanentes [...]. (SEMED, p. 35)

Outro eixo norteador do Plano Decenal Municipal de Educação de São Luís (2004/2013) (SEMED, 2004) é a capacitação de recursos humanos nas áreas de Educação Infantil, Educação Especial, Educação de Jovens e Adultos e Ensino Fundamental. No Plano há uma programação específica para cada categoria profissional como gestores, especialistas e professores (SEMED, 2004).

Como uma das diretrizes do Plano Decenal Municipal de Educação de São Luís (2004/2013) (SEMED, 2004) para a educação infantil enfatiza-se “a adequação do prédio às características das crianças com deficiência, eliminando-se barreiras arquitetônicas” (SEMED, 2004, p. 61). Esse aspecto é de significativa importância para o desenvolvimento do presente trabalho.

Sobre a Educação Especial, o conceito adotado no Plano Decenal Municipal de Educação de São Luís (2004/2013) ( SEMED, 2004) é o contemplado na atual Lei 9.394/1996 (Brasil, 2001).

Em relação aos objetivos do Plano Decenal Municipal de Educação de São Luís (2004/2013) (SEMED, 2004, p.78 – 79 ) direcionados às pessoas com necessidades educacionais especiais, pode-se destacar:

[...] assegurar o direito à matricula para alunos com deficiência em todas as escolas municipais mediante condições adequadas para que se proceda ao atendimento; promover a integração/inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais na rede regular de ensino mediante flexibilização curricular[...];

assegurar acessibilidade aos alunos que apresentam necessidades educacionais especiais, mediante a eliminação de barreiras arquitetônicas, incluindo instalações físicas, equipamentos e mobiliários [...]

O Plano Decenal Municipal de Educação de São Luís (2004/2013) (SEMED, 2004) prevê como objetivos relacionados aos profissionais ligados à educação de pessoas com

necessidades especais:

[...] garantir a formação continuada na área de Educação Especial para gestores, professores e especialistas em educação, visando à construção de um sistema educacional inclusivo [...];

articular com instituições de formação para o Magistério, no sentido de incluir disciplinas específicas da educação especial na formação inicial de professores [...] (SEMED., 2004, p.78-79)

Frente à necessidade de organizar a prática pedagógica na Educação Especial, o Plano Decenal Municipal de Educação de São Luís (2004/2013) (SEMED, 2004) delimita os seguintes objetivos: “[...] ampliar os serviços de apoio pedagógico em salas de recursos para alunos incluídos em classes comuns [...]; ampliar o trabalho de orientação e supervisão pedagógica através de atendimento itinerante [...]” (SEMED, 2004, p.78-79).

Na tentativa de engajar a sociedade no processo de inclusão de pessoas com necessidades especiais o Plano Decenal Municipal de Educação de São Luís (2004/2013) (SEMED, 2004) traça os seguintes objetivos:

[...] promover campanhas para assegurar condições que favoreçam a sensibilização e conscientização da comunidade em geral quanto ao direito à educação e demais políticas públicas asseguradas aos alunos com necessidades especiais, possibilitando sua autonomia moral, social e intelectual [...];

implementar o trabalho de acompanhamento e orientação familiar, potencializando- as para contribuírem efetivamente no processo de inclusão escolar dos alunos com necessidades educacionais especiais [...] (SEMED, 2004, p.78-79)

É importante salientar que o Plano Decenal Municipal de Educação de São Luís (2004/2013) (SEMED, 2004)adota, na Educação Especial, o modelo de avaliação psicopedagógica com a finalidade de encaminhar o aluno para o ensino regular, para classe especial e outros atendimentos profissionais externos à instância de atendimento educacional do Município de São Luís. (SEMED, 2004)

Após tecer comentários sobre os aspectos legais que norteiam a inclusão escolar de pessoas com necessidades especiais, o próximo capítulo destina-se à descrição da metodologia utilizada para a realização da nossa pesquisa.

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