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1 INTRODUÇÃ O

1.7 DOENÇA ISQUÊMICA DO CORAÇÃO E INFARTO AGUDO

Doença Isquêmica do coração (DIC) é um termo geral para qualquer tipo de doença cardíaca que resulta de uma oxigenação inadequada, devido a estreitamento dos vasos sangüíneos resultando em isquemia, ou seja, redução no suprimento de sangue para o músculo cardíaco.

A cardiopatia isquêmica apresenta um grande espectro de manifestações, como isquemia silenciosa, anginas, arritmias, morte súbita e infarto agudo do miocárdio (IAM) (PORTO et al, 2005).

O IAM ocorre devido à necrose da célula miocárdica (tecido), resultante da oferta inadequada de oxigênio ao músculo cardíaco.

Nas últimas décadas, em todo o mundo, as doenças cardiovasculares (DCV) passaram a ser a principal causa de mortalidade. Apesar da magnitude, nos últimos 40 anos, a tendência dessas taxas tem declinado em países como Estados Unidos, Canadá, Austrália, Japão e Reino Unido e países da Europa Ocidental, após um período estacionário (BEAGLEHOLE, 1990).

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2002 ocorreram 16,7 milhões de óbitos, dos quais 7,2 milhões foram por DIC. Seu crescimento acelerado em países em desenvolvimento representa uma das questões de saúde pública mais relevantes do momento.

Entre os americanos a doença cardíaca é a principal causa de morte e causas de invalidez. Em 2004, os custos para o tratamento das DCV foram estimados em cerca de 368,4 US$ por indivíduo, contribuindo de maneira significante com o aumento dos gastos da saúde pública nos Estados Unidos. Na Inglaterra há uma incidência de 2,6 por mil habitantes / ano por DIC. Valores desta ordem, sem dúvida acrescenta um caráter preocupante para países em desenvolvimento, em que a incidência e a prevalência do IAM são crescentes. (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2002).

A partir dos anos 70, no Brasil, tem havido um declínio de mortalidade por DIC (LOTUFO, 1993; LOLIO, 1995).

Souza et al (2001), analisaram a mortalidade pelas DIC’s nas cinco regiões do Brasil de 1979 a 1996, concluíram que o risco de morte pelas DIC está diminuindo na região Sul e Sudeste e aumentando nas regiões Centro-oeste, Nordeste e Norte.

Em 1998, conforme dados do DATASUS, as doenças do aparelho circulatório representaram 33,8% do total de óbitos, sendo as DIC e principalmente o IAM o seu maior componente.

No Brasil a proporção eleva-se para um em cada três óbitos por DIC (CHOR et al, 1995), e a exemplo do mundo, o infarto agudo do miocárdio possui relevante impacto em termos de mortalidade e número de hospitalizações.

O quadro apresenta segundo faixa etária acima de 30 anos e regiões do Brasil, o número de internações e custo total (Tabela 1.1).

Comparando os dados de 2000 e 2006, observa-se aumento no número de internações tanto por IAM como por DIC em aproximadamente 70% e 50% e nos valores gastos em internações.

No Vale do Paraíba Paulista em 2006 foram gastos R$ 8.282.040,57 em internações por DIC e IAM, os que equivalem a 10% dos gastos no estado de São Paulo.

Tabela 1.1 - Dados referentes ao número e custos de internações por Infarto Agudo do Miocárdio e Doenças Isquêmicas do Coração, no ano 2000 e 2006.

Infarto agudo do

Miocárdio Doença isquêmica do coração Custo Total

LOCAL

Internações R$ Internações R$ Internações R$

2000 39.698 36.861.524,05 107.340 193.804.683,79 147.038 230.666.207,84 BRASIL 2006 58.310 97.039.513,13 147.251 356.468.662,77 205.561 462.508.175,90 2000 22.481 22.658.704,01 57.369 102.919.140,36 79.850 125.577.844,37 SUDESTE 2006 32.707 55.626.273,17 72.865 175.710.498,83 105.572 231.336.772,00 2000 11.712 13.233.591,10 32.543 64.881.656,00 44.255 78.115.247,10 SÃO PAULO 2006 17.956 33.679.562,03 41.500 110.267.206 59.456 143.946.768,53

FONTE: Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/ SUS), Ministério da Saúde disponível http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe/sih/cnv/mruf.def

Durante muito tempo, persistiu a idéia de que as enfermidades seriam determinadas geneticamente e que pouco se poderia fazer para sua prevenção, porém, o reconhecimento dos fatores de risco modificou a maneira de vê-las.

O impacto e a influência que o comportamento e o estilo de vida têm no desenvolvimento e evolução das cardiopatias é inegável, os epidemiologistas modernos, passaram a ver o ambiente e a forma de viver dos indivíduos como causas de doenças.

Estudos voltados para as variações geográficas de DIC têm demonstrado a importância da inclusão dos fatores ambientais, o desenvolvimento sócio-econômico, o processo de urbanização e seu impacto sobre o estilo de vida das populações (GATRELL, 2002; SILVA, 1998).

Os fatores de risco referem -se a qualquer atributo de exposição do indivíduo, que aumenta a probabilidade de padecer de uma doença não transmissível. No contexto da saúde pública, as verificações desses fatores são utilizadas para descrever a distribuição de uma doença futura em uma população, e não para predizer a saúde de uma pessoa em particular (OPAS, 2003), segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (2003), os riscos podem ser classificados em fatores individuais e fatores comunitários ou contextuais.

1. Fatores Individuais:

• Não modificáveis (idade, sexo e composição genética);

• Comportamentais (tabagismo, má alimentação e inatividade física);

• Intermediários (níveis séricos de colesterol, diabete mellitus, hipertensão e obesidade).

2. Fatores Comunitários ou Contextuais:

• Socioeconômico (pobreza, emprego, composição familiar); • Meio Ambiente (clima, poluição);

• Urbanização (acesso a produtos e serviços).

A distribuição da morbidade e mortalidade por DIC expressa as diferenças sociais associadas à renda, escolaridade, ocupação e classe social (SOUZA, 2001).

Os estilos de vida com maiores exposições ao tabagismo, a inatividade física, além de dietas ricas em gorduras saturadas, com conseqüente aumento dos níveis de colesterol e hipertensão, explicam no máximo 50% das doenças do coração, a outra metade ainda é desconhecida ou mal explicada. Isso mostra a necessidade de ampliar as investigações sobre outros fatores, incluindo aspectos psicossociais e culturais.

As diferenças quanto à renda, a escolaridade, baixa condição de vida têm sido relacionadas ao desenvolvimento de DCV.

É conhecido que os fatores de riscos tendem a ocorrer com maior freqüência e em maior número nas populações com menor poder econômico e cultural (MACKENBACH, 1989).

O papel do desenvolvimento sócio-econômico, do processo de urbanização e seu impacto sobre os estilos de vidas das populações (TYDÉN, 2002), trouxe uma melhoria na qualidade de vida, e um aumento da expectativa de vida, e em conseqüência um aumento das doenças degenerativas, situação observada em países de primeiro mundo.

As DCV são a primeira causa de mortalidade, morbidade entre os idosos, que representam a parcela da população mundial que mais cresce, tanto em países desenvolvidos e quanto em desenvolvimento. Cerca da metade dos indivíduos com mais de 60 anos apresenta evidência de comprometimento cardiovascular, compreendendo infarto prévio, angina, insuficiência cardíaca, etc. (CHOR, 1995).

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