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Doenças equiparadas a acidente de trabalho: ocupacionais

3 ACIDENTE DE TRABALHO

3.3 Doenças equiparadas a acidente de trabalho: ocupacionais

As doenças ocupacionais, termo consagrado pela doutrina como gênero, o qual se fragmenta em duas espécies, estão dispostas no art. 20 da Lei nº 8.213/1991, o qual considera como acidente de trabalho a doença profissional e a doença do trabalho (incisos I e II).117

Castro e Lazzari as definem da seguinte forma:

[...] As doenças ocupacionais são aquelas deflagradas em virtude da atividade laborativa desempenhada pelo indivíduo. Valendo-nos do conceito oferecido por Stephanes, são as que “resultam de constante exposição a agentes físicos, químicos e biológicos, ou mesmo do uso inadequado dos novos recursos tecnológicos, como os da informática”. Dividem-se em doenças profissionais e do trabalho [...].118

A primeira delas, denominada de doença profissional (também conhecida por

115 BRANDÃO, Cláudio. Acidente do Trabalho e Responsabilidade Civil do Empregador. São Paulo: Ltr, 2006. p. 133-134.

116 Art. 216. Os acidentes do trabalho são classificados em três tipos: I - acidente típico (tipo 1), é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa; II - doença profissional ou do trabalho (tipo 2); III - acidente de trajeto (tipo 3), é aquele que ocorre no percurso do local de residência para o de trabalho, desse para aquele, ou de um para outro local de trabalho habitual, considerando a distância e o tempo de deslocamento compatíveis com o percurso do referido trajeto. (BRASIL. Instrução Normativa INSS nº 11, de 20 de setembro de 2006. Estabelece critérios a serem adotados pela área de Benefícios. Brasília, Disponível em: <http://www.normaslegais.com.br/legislacao/ inss11.htm>. Acesso em: 24 jun. 2019.)

117 Art. 20. Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as seguintes entidades mórbidas: I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social; II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I. (BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de Julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Brasília, 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm>. Acesso em: 10 jun. 2019).

118 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 10. ed. Santa Catarina: Conceito Editorial, 2008. p. 510.

50 tenopatia ou ergopatia), é causada pelo exercício de função peculiar à determinada atividade, estando, portanto, intrinsecamente relacionada à tarefa exercida pelo trabalhador. É o que pode acontecer, por exemplo, com os empregados de mineradoras que são expostos a pó de silica e são acometidos por silicose.

Esta moléstia advém, portanto, de uma série de circunstâncias comuns a essa categoria de empregados, podendo ser considerada típica de determinada profissão.119

Já a segunda, doença do trabalho (denominada também de mesopatia), é adquirida ou desencadeada em decorrência de condições especiais em que o empregado presta o serviço, relacionando-se, assim, às condições do ambiente que cerca o funcionário e não necessariamente às atividades por ele desempenhadas, podendo ser desenvolvida por razões diversas ao labor exercido. Esse é o caso, por exemplo, de surdez causada pelo excesso de ruídos do local de trabalho.

Nessa última hipótese, a atividade em si desempenhada pelo trabalhador não provoca qualquer doença auditiva (a título de exemplo, menciona-se um zelador que trabalhe em uma casa de show), mas, em virtude das condições do ambiente em que labora, o obreiro se sujeita ao ruído excessivo que, por sua vez, provoca a perturbação funcional.120

Em ambas as situações, para que a moléstia seja enquadrada como doença ocupacional, a legislação prevê que ela deve constar na respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social (competência atualmente exercida pelo Ministério da Economia face à extinção daquele).

Todavia, importante consignar que, independentemente de estar presente na supracitada relação, a doença ocupacional, seja do trabalho ou profissional, restará caracterizada se configurado o nexo causal entre a moléstia e a lesão provocada, razão pela qual deverá ser assim reconhecida pela Previdência Social, conforme § 2º do art. 20 da Lei nº 8.213/1991.121

Destaca-se que o § 1º do referido dispositivo prevê expressamente que algumas situações específicas não se enquadram como acidentes de trabalho, sendo elas: a doença

119 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Indenizações por Acidente do Trabalho ou Doença Ocupacional. 8. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Ltr, 2014. p. 51.

120 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de Direito Previdenciário. 10. ed. Santa Catarina: Conceito Editorial, 2008. p. 510-511.

121 Art. 20 [...] § 2º Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na relação prevista nos incisos I e II deste artigo resultou das condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a Previdência Social deve considerá-la acidente do trabalho. (BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de Julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Brasília, 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm>. Acesso em: 10 jun. 2019)

51 degenerativa; a inerente à idade do segurado; a que não cause incapacidade para o trabalho; a doença endêmica adquirida por trabalhador que resida em região onde ela se desenvolve, exceto quando ficar comprovado que a contaminação ocorreu pela exposição ou contato direto decorrente do trabalho.

O art. 23 estabelece, ainda, que, para fins de caracterização de doença profissional ou doença do trabalho, considera-se como dia do acidente um dos três eventos a seguir, valendo para tanto aquele que ocorrer primeiro: a data em que se iniciou a incapacidade para o exercício das atividades laborais, a data do afastamento obrigatório em casos necessários, ou a data em que o diagnóstico da moléstia for efetuado.