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DOENÇAS LIGADAS À CARÊNCIA DE SANEAMENTO

Este problema em torno da água e do saneamento faz com que o combate às doenças parasitárias e infecciosas seja um dos mais interessantes desafios do século XXI. A contaminação fecal é um dos problemas de saúde mais sérios em países pobres que faz com

que 3 milhões de crianças morram a cada ano de doenças entéricas e até mais sofram com doenças debilitantes devido a parasitas intestinais (CARNEIRO et al. 2002).

Este quadro é significativamente preocupante e, para Colley (2000), uma mudança positiva na gestão do combate a estas doenças se deu devido à alteração da perspectiva dos últimos anos, quando as agencias e governos reconheceram que as infecções, não somente são resultantes da pobreza e das baixas qualidades de vida, mas também são as maiores contribuintes para as mesmas. Essa alteração foi fundamental para levar à promoção de um desenvolvimento social e econômico e o combate aos problemas de saúde pública.

As agências de saúde e o governo dos países desenvolvidos são hoje responsáveis por grande parte dos investimentos em saúde nos países de baixa renda. Segundo o relatório anual da OMS sobre saneamento – Estadísticas Sanitarias Mundiales 2009 (2009), em 2006, os recursos externos representaram 17% dos gastos em saúde nestes países, em comparação com os 12% do gasto de saneamento totais em 2000. Em alguns casos, dois terços do total de gasto em saneamento no país, se financia mediante os recursos externos. O gasto com saúde na escala mundial acendeu da ordem de 8,7% do produto interno bruto, com a taxa mais alta (12,8%) na região das Américas e o mais baixo (3,4%) na região do sudeste da Ásia em 2006. Em média, isto se traduz em aproximadamente US$ 716 por habitante, considerando as enormes variações que vão desde os escassos US$31 por habitante no sudeste da Ásia até os US$ 2.636 nas Américas. A participação do governo com os gastos sanitários varia de 76% na Europa a 34% no sudeste da Ásia.

Além disso, a nível mundial, existem 13 médicos e 28 enfermeiras para cada 10.000 habitantes, com grandes variações entre países e regiões. Na África há somente 2 médicos e 11 enfermeiras para cada 10.000 habitantes, em comparação com 32 e 79, respectivamente, na Europa. Estes dados não são uma regra para a avaliação da qualidade de pessoal e serviços de saúde, mas a OMS faz uma estimativa de que o número de 23 profissionais de atenção à saúde (incluindo unicamente médicos, enfermeiras e parteiras) para cada 10.000 habitantes provavelmente não alcançam as taxas de cobertura adequadas para as intervenções chaves de atenção primária que são prioritárias para o marco dos objetivos de desenvolvimento do milênio (OMS, 2009).

No Brasil, as alterações ocorridas no perfil de morbidade e mortalidade, no qual se ressalta uma perda de importância relativa das doenças infecciosas, principalmente a partir do último quarto do século XX, contribuíram para criar uma falsa expectativa de que todo esse grupo de doenças estaria próximo à extinção. Entretanto, as doenças infecciosas e parasitárias - DIP ainda têm ocupado um papel relevante entre as causas de morte. Este grupo de doenças se reveste de importância por seu expressivo impacto social, já que está diretamente associado à pobreza e à qualidade de vida, enquadrando patologias relacionadas a condições de habitação, alimentação e higiene precárias. Além disso, a análise do comportamento das DIP pode servir para avaliar as condições de desenvolvimento de determinada região, através da relação entre níveis de mortalidade e morbidade e condições de vida da população (PAES e SILVA, 1999).

No que se refere especificamente à morbidade hospitalar, informações provenientes do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) do SUS indicam que a proporção de internações por doenças infecciosas, em relação ao total de internações no país, não apresenta a mesma intensidade na tendência de redução que a verificada para a mortalidade. No ano de 2001, as DIPs representaram a segunda causa de internações na Região Nordeste, e a terceira e quarta causas de internações, respectivamente, nas Regiões Sul e Sudeste (BRASIL, 2004a).

Os parasitas intestinais estão entre os patógenos mais freqüentemente encontrados em seres humanos. Dentre os helmintos, os mais freqüentes são os nematelmintos Ascaris

lumbricoides e Trichuris trichiura e os ancilostomatídeos, Necator americanus e Ancylostoma duodenale. Dentre os protozoários, destacam-se Entamoeba histolytica e Giardia lamblia.

Estima-se que cerca de 1 bilhão de indivíduos em todo mundo sejam acometidos por Ascaris

lumbricoides, sendo apenas pouco menor o contingente infestado por Trichuris trichiura e

pelos ancilostomatídeos. Estima-se, também, que 200 e 400 milhões de indivíduos, alberguem

Giardia lamblia e Entamoeba histolytica, respectivamente. (OMS, 2000). Os danos que os

enteroparasitas podem causar aos seus portadores incluem, entre outros agravos, a obstrução intestinal (Ascaris lumbricoides), a desnutrição (Ascaris lumbricoides e Trichuris trichiura), a anemia por deficiência de ferro (ancilostomatídeos) e quadros de diarréia e de deficiência de absorção de nutrientes (Entamoeba histolytica e Giardia lamblia), sendo que as manifestações clínicas são usualmente proporcionais à carga parasitária (FERREIRA et al, 2000).

Devido à necessidade de se fazer um controle da qualidade microbiológica da água de abastecimento alguns microrganismos foram eleitos como indicadores de contaminação. Estes microorganismos foram eleitos por serem utilizáveis para todos os tipos de água, estar sempre presentes nos lugares onde estão os patógenos entéricos, sobreviver na água mais tempo que os patógenos entéricos, são facilmente detectáveis por testes de fácil execução e a quantidade da sua presença na água é proporcional ao grau de poluição fecal. Os principais indicadores utilizados para exame da água são: coliformes totais, coliformes fecais, estreptococos fecais e clostrídios sulfito-redutores, todos indicadores de contaminação fecal (PELCZAR, CHAN e KRIEG, 1996)

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