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Nasceu em Boston – EUA no ano de 1930 e faleceu na mesma cidade no ano de 1997. Formou-se na Universidade de Yale em filosofia (1951) e fez mestrado (1952) e doutorado (1955) em Harvard. Foi professor de estudos urbanos e educação no Instituto de Tecnologia de Massachusets. Sua obra, Educando o profissional reflexivo – um novo design para o ensino e a aprendizagem, serviu de base conceitual dessa pesquisa. Nela, o autor propõe uma formação profissional que integra teoria e prática, em um ensino reflexivo baseado no aprender através do fazer.

Donald Schön (2008) apresenta em seu discurso a “reflexão na ação” e também o “conhecer na ação” onde o profissional é incitado a criar repertórios de soluções na sua prática, para ele não basta apenas à bagagem teórica adquirida durante a universidade, porque no dia a dia conforme problemas novos aparecem, surgem também novas soluções, que nem sempre são introduzidos nesse conhecimento prévio. Às vezes um problema aparece de forma única, não tem um manual ou a quem recorrer, então o profissional deve fazê-lo a partir da improvisação, criando, testando e avaliando as estratégias situacionais que produziu.

Em súmula, o profissional quando aplica sua técnica baseada no conhecimento científico denominado de racionalidade técnica, pode em algum momento vivenciar circunstâncias imprevisíveis, que gerem conflitos de valores e incerteza, chamados de zona indeterminada da prática. O ensino que proporciona uma prática reflexiva, permite que nessa

congruência do cotidiano de trabalho, o profissional seja capaz de resolver ou propor soluções mesmo que não tenha experiência sobre a aquela questão, ou mesmo se antecipe a resolver problemas, por conseguir identificá-los. Sendo assim, Schon (2008) propõe a prática do aprender fazendo e da construção do pensamento reflexivo antes, durante e após a ação.

As universidades partem da ideia que a pesquisa rende conhecimento profissional apropriado, e de que o conhecimento profissional ensinado prepara os estudantes para as demandas reais da prática, porém esse pensamento vem sendo questionado. Os educadores profissionais vêm indagando sobre a distância que se encontra as concepções de conhecimento profissional dominante nas escolas e as competências exigidas dos profissionais no campo de execução, justamente por esses profissionais se deparem com situações as quais não conseguem resolver e se anulam frente à incapacidade (SCHÖN, 2008). Sobre a reflexão na ação, Schön (2008) descreve uma sequência dos acontecimentos: primeiro seria uma situação ação a qual trazemos nossas experiências pessoais, implícitas, onde concebemos resposta para um problema sem deliberação consciente; as respostas de rotina produzem uma surpresa, a surpresa leva a reflexão dentro do presente da ação; a reflexão na ação tem uma função crítica, surgem questionamentos, o que nos levou a essa situação, então reestruturamos as estratégias, refazemos novas perguntas; e a reflexão gera o experimento imediato, faz-se a experimentação de novas ações, testa ou afirma as ações inventadas para melhorar. Esses acontecimentos podem não ser tão claros assim como feito nessa descrição.

Ao iniciar o ensino prático o estudante é apresentado o mundo, as teorias, os sistemas, de um específico grupo de profissionais, dessa forma ele segue um padrão, um modelo. Torna-se crucial que ele aprenda a reconhecer a prática competente. “O trabalho de ensino prático é conseguido através de uma certa combinação do aprendizado do estudante pelo fazer suas interações com os instrutores e seus colegas e um processo mais difuso” (SCHON, 2008, p.133).

Um ensino prático reflexivo é uma experiência de alta intensidade interpessoal. O dilema da aprendizagem, a vulnerabilidade dos estudantes e os universos comportamentais criados por instrutores e estudantes influenciam criticamente os resultados pedagógicos. Tais questões são igualmente importantes na sala de aula, mas tendem a ser mascaradas por hábitos convencionais de leitura e anotações (SCHON, 2008, p. 133).

No ensino prático reflexivo para desenvolver habilidades o estudante deve agir com invenções criativas, baseadas na análise de resultados de ações anteriores, deve praticar para

aprender no esforço de construir algo, aprender no todo, habilidade holística, pois no processo de construção de um projeto as unidades se interagem.

Os instrutores em uma aula prática reflexiva são chamados mais abertamente a examinar as teorias em uso que eles trazem para a instrução, e as escolas profissionais, a criar um ambiente intelectual receptivo para tal reflexão (SCHON, 2008, p. 133).

O instrutor deve iniciar o diálogo para obter retorno, “o cenário é estabelecido para um diálogo contínuo de ações e palavras, de reflexão recíproca na ação e sobre a ação”. O diálogo entre o instrutor e estudante deve funcionar bem, assim o estudante reflete sobre o que escuta e em contrapartida o instrutor reflete sobre o que fala para dar respostas coerentes.

Em outras profissões, modelos dominantes de conhecimento profissional e ensino de sala de aula costumam ser hostis à criação de um ensino prático no qual uma importância muito grande é dada ao processo de aprendizagem no fazer e à instrução. Em ambos os casos, o desafio é inventar um casamento viável entre ciência aplicada e talento artístico, ensino de sala de aula e ensino prático (SCHON, 2008, p. 133).

O papel do professor nessa interface é o de buscar desenvolver competências que dinamizem o processo de aprendizagem, estimulando a autoconfiança, as capacidades individuais. Porém as escolas e os professores não estão preparados para esse novo papel que lhe é exigido (ALARCÃO, 2011). À autora salienta que o professor não pode e não deve agir sozinho, a escola deve fazer parte dessa transformação e se organizar de modo a permitir condições de reflexividade individuais e coletivas.

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