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5.2 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

5.3.3 Dos canais às barreiras à geração

No processo clássico comunicacional, suas extremidades correspondem, respectivamente, a um emissor, fonte de informação (como ponto de partida de todo processo, produtor de informação ou sistema de informação) e a um receptor, o usuário da informação. A figura abaixo demonstra o caminho da informação, da fonte ao usuário da informação, onde a mensagem comunicada ou

informação é veiculada por um canal.

Figura 4 – Processo clássico comunicacional Fonte: COSTA (2003) CANAL INFORMACIONAL FONTES DE INFORMAÇÃO/ EMISSOR USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO/ RECEPTOR

No processo clássico comunicacional, o usuário tem uma atitude de recepção da informação, a qual é emitida pela fonte, através do canal informacional. No contexto de busca e uso da informação, ocorre uma inversão do processo clássico comunicacional, ou seja, o usuário assume uma postura pró-ativa, ele estimula a fonte ao buscar informação para satisfação de suas necessidades. Não mais o usuário é manipulado pela fonte, mas é ele que desperta para uma certa necessidade de informação, manipulando a fonte de acordo com o seu interesse. Para isso o usuário utiliza os canais de comunicação que categorizamos como canais formais,

informais, semi-formais e supra-formais, para chegar a fonte, que nesse processo inverso é a receptora do usuário.

Em artigo intitulado “A biblioteca no sistema de comunicação do conhecimento”, há mais de duas décadas Coelho Neto (1982) já defendia a idéia de inversão fonte-receptor para receptor-fonte, quebrando a função paternalista dos sistemas de informação.

Os canais informacionais objetivam estabelecer as condições para troca ou veiculação de informação, que podem ser divididos em quatro tipos, (ARAÚJO, 1998) que expomos a seguir:

a) canais informais: são aqueles caracterizados “por contatos realizados entre os sujeitos emissores e receptores de informação”, configurando-se em contatos interpessoais. Exemplos: reuniões, trocas de correspondências, visitas.

b) canais formais: são aqueles que “veiculam informações já estabelecidas ou comprovadas através de estudos”. Exemplos: documentos, livros, periódicos, obras de referência.

c) canais semi-formais: configuram-se pelo uso simultâneo dos canais formais e informais. Exemplos: participações em conferências e desenvolvimento de pesquisa (utilizando ao mesmo tempo textos, conversa face a face, livros, periódicos).

d) canais supra-formais: configuram-se nos canais de comunicação eletrônica, ou seja, através do uso das tecnologias da informação e comunicação – TIC.

As TIC seriam o “conjunto convergente de tecnologias em microeletrônica, computação (software e hardware), telecomunicações/radiodifusão, e optoeletrônica”

(CASTELLS, 1999, grifo do autor). Assim, os canais supra-formais de informação se constituem em canais de amplo uso nos dias atuais, caracterizando-se primordialmente pelas redes eletrônicas de comunicação, como a Internet, a world-

wide-web, intranets, além de outros canais de sistemas de informação baseados em

computadores, disponíveis on-line, como as próprias bibliotecas digitais especializadas.

De acordo com Araújo (1998), o processo de comunicação através dos canais ditos supra-formais está baseado em quatro propriedades fundamentais:

velocidade eletrônica, processamento da informação, interconexão de redes e comunicação assíncrona (onde não se necessita da presença simultânea do

emissor e receptor).

Mas, ainda devemos ressaltar que nenhum processo informacional é linear ou perfeito. Ele admite desvios ou erros, o que as Ciências da Comunicação denominam de ruídos. Por seu modo, a Biblioteconomia e a Ciência da Informação consideram esses ruídos enquanto obstáculos informacionais. Assim, na utilização de quaisquer fontes e canais informacionais, os usuários da informação têm enfrentado vários tipos de obstáculos ou barreiras, os quais limitam a utilidade ou mesmo interrompem o processo de busca e uso de informação.

Os diversos obstáculos ou barreiras de informação podem ser evidenciados através dos estudos sistematizados de necessidades, buscas e usos de informação, e reconhecidos de acordo com suas singularidades, como os obstáculos relacionados por Araújo (1998) pautada em classificação de Wersig, pela nomenclatura de barreiras da seguinte forma:

barreiras

interpessoais

: entre usuários e intermediários dos serviços de informação;

barreiras intraorganizacionais

: causadas pelas diferentes posições hierárquicas no âmbito das organizações;

barreiras terminológicas

: causadas pelo uso excessivo de termos ou de

uma terminologia inconsistente no âmbito das organizações ou de grupos interdisciplinares. Pode gerar distorções, rejeições ou interpretações errôneas;

barreiras ideológicas:

ocorrem entre grupos sociais de uma mesma

sociedade, mas que possuem ideologias diferentes;

barreiras econômicas:

baseiam-se no fato de que a informação tem

adquirido valor de propriedade privada para seu produtor e seu acesso/uso dependem do poder ou de negociações com seu produtor;

barreiras legais:

são representadas pelas restrições estabelecidas ao acesso/uso da informação, especialmente a informação tecnológica – aplicável a produção de bens e serviços;

barreiras de tempo:

atuam no fenômeno informacional através de dois aspectos: a) pelo fato de que a informação envelhece, torna-se obsoleta como bem cultural ou de produção, o que obriga o usuário a estar atento à oferta de conhecimento, de modo a encontrar novos dados que complementam seu conjunto de informação; b) pelo fato de que, freqüentemente, muito tempo é gasto entre a produção de informação e sua disseminação por um meio de comunicação eficiente;

barreiras de eficiência:

atua tanto do ponto de vista do sujeito que transfere a informação (emissor), como do sujeito que utiliza tal informação (receptor), em termos de estratégias de busca, custos financeiros e outros serviços;

barreiras financeiras:

considerando que, enquanto mercadoria, a informação tem um preço relativo aos seus custos e à demanda de mercado; •

barreiras de idioma:

(têm sido vencida através da adoção do inglês como

língua comum em vários campos de atividades e também através de serviços de tradução);

barreiras de capacidade de leitura:

relaciona-se à capacidade do usuário de informação em selecionar e ler o material relevante para atender suas necessidades;

barreiras de consciência e conhecimento da informação:

o que significa para o sujeito emissor atender à demanda do sujeito receptor apenas com informação conhecida ou ampliar suas fontes ao limite da exaustividade; •

barreiras de responsabilidade:

o uso da informação depende da atividade

do usuário e de sua capacidade para fazer uso ativo do conhecimento técnico-científico no seu trabalho.

As barreiras e obstáculos informacionais também são denominadas e classificadas por diferentes terminologias. No quadro elaborado por Costa (2002) que demonstramos a seguir vemos a articulação, de forma simples e apenas comparativa, de duas classificações à de Araújo, uma da literatura nacional, Figueiredo (1991), e outra internacional, Guinchat e Menou (1994), visando tornar mais claro o que acabamos de expor:

BARREIRAS INFORMACIONAIS

ARAÚJO FIGUEIREDO GUINCHAT e MENOU

Barreiras

intraorganizativas

Obstáculos institucionais Barreiras financeiras Obstáculos financeiros Barreiras interpessoais Barreira de atraso na

biblioteca

Obstáculos técnicos Barreiras de idioma Barreira da língua estrangeira Obstáculos lingüísticos Barreiras ideológicas Obstáculos psicológicos Barreiras terminológicas Barreira terminologia

Barreiras econômicas

Barreiras legais Barreira restrições à informação

Barreiras de tempo Barreira de restrições de tempo

Barreiras de eficiência Barreira estratégias fracas busca

Barreira capacidade leitura Barreira de consciência e conhecimento da informação Barreiras de responsabilidade Barreira de informação de qualidade inferior Barreira demora da publicação Barreira excesso de informação Barreira desconhecimento da informação Barreira dispersão da informação em diferentes canais

Barreira de Literatura não- convencional

QUADRO 1 - Barreiras Informacionais Fonte: COSTA (2003)

No processo de transferência de informação (fluxo de informação), os canais de comunicação geralmente enfrentam problemas no que diz respeito às barreiras que se fazem presentes no contexto comunicacional. Podemos entender barreira como sendo algo que reduz a eficiência do processo de transferência de informação, ou seja, algo que reduz seu uso e efetividade. Qualquer que seja o canal de comunicação utilizado, sempre existirão barreiras para dificultar o trânsito da informação entre os indivíduos. No entanto, os avanços nas TIC têm ajudado a diminuir algumas barreiras como, por exemplo, as de natureza física. As de natureza psicológica, ainda persistem, pois são inerentes à própria natureza dos sujeitos sociais uma vez que lidam com questões de cunho emocional e limitações mentais dos seres humanos.

Ao analisarmos tais barreiras seremos capazes de descrever com maior precisão as dificuldades encontradas na experiência de geração de informação no contexto de uma BD propondo possíveis precauções.

6

METODOLOGIA

N

Neste capítulo descrevemos o campo de pesquisa do projeto, evidenciando

além dos recursos humanos (pesquisadores) e tecnológicos (hardware, software e

multimídia), as etapas e técnicas utilizadas para coletar, organizar e analisar os dados.

6.1 DELIMITAÇÃO DO CAMPO DE PESQUISA

Esta pesquisa teve como campo de estudo a BDPF. De forma mais específica analisamos as ações de geração da informação, os recursos tecnológicos utilizados e as barreiras informacionais surgidas no contexto da referida biblioteca. Assim, nosso campo de pesquisa envolveu todo campo da BDPF em sua fase inicial de implementação (mar/2001 a mar/2003). Foi realizada uma entrevista de grupo focal junto aos principais condutores do processo de implementação. Como recurso complementar, aplicamos dois tipos de questionários com perguntas abertas e fechadas.

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