• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 4 - DOS EQUIVALENTES JURISIDCIONAIS – MEIOS ALTERNATIVOS

4.2 Dos meios alternativos de solução de conflito – autodefesa, autocomposição e

Para melhor compreender estes meios de solução de conflito, torna-se imperioso

103 Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:

I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

II as ações que envolvam exercício do direito de greve;

III as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores;

IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição;

V os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o;

VI as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho;

VII as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho;

VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir;

IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. (BRASIL. Senado Federal.

Constituição Federal da República de 1988. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm acesso em 09/10/2018>. Acesso em 09 de outubro de 2018).

compreender quais são as formas de resolver controvérsias sociais104 posta para a solução de controvérsia na Justiça do Trabalho. São considerados pela doutrina como meios de solução de conflito a autodefesa, a autocomposição e a heterocomposição.

A autodefesa, uma das formas mais antigas formas de solução de conflito social e ainda presente no ordenamento jurídico trabalhista, é a solução da controvérsia diretamente pelas partes, onde prevalece o interesse de um, no caso sempre o de maior força, em detrimento do empenho do outro.

Na seara trabalhista essa forma de solução de conflito ainda é utilizada para dirimir dissídios coletivos de trabalho de interesse de uma determinada categoria profissional (empregados). São consideradas como meio autotutela a greve e do lockout. O direito a greve encontra-se tipificado no art. 9º, caput, da Constituição Federal de 1988105 e regido no plano infraconstitucional pela Lei nº 7.783/89.

Através da greve, uma determinada categoria profissional de trabalhadores na reivindicação pela melhoria de seus direitos trabalhistas ou de condições de trabalho, paralisaram temporariamente a prestação do serviço, com certas peculiaridades aos serviços inadiáveis, como forma de pressionar o empregador a ceder aos seus interesses pleiteados pelos trabalhadores.

O lockout, por sua vez, é a paralisação das atividades empresariais por iniciativa patronal e não dos empregados. O empregador utiliza-se da sua superioridade, da sua força, com o escopo de abortar a negociação coletiva ou embaraçar o atendimento de reivindicações dos respectivos empregados, o que é vedado perante o ordenamento jurídico, segundo consta do art. 17 da Lei de Greve106.

Na solução de conflito através do método da autocomposição, a controvérsia também

104 Os modos de solução de conflito classificam-se em autodefesa, autocomposição e heterocomposição. O primeiro consiste na solução direta entre os litigantes pela imposição de um sobre o outro. O segundo, na solução também direta, mas não pela imposição e sim pelo acordo. O terceiro, na solução por uma fonte suprapartes.”

(NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito Processual do Trabalho, 25ª edição, São Paulo: Saraiva, 2010, p. 39).

105 Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. (BRASIL. Senado Federal. Constituição Federal da República de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm acesso em 09/10/2018>. Acesso em 09 de outubro de 2018).

106 Art. 17. Fica vedada a paralisação das atividades, por iniciativa do empregador, com o objetivo de frustrar negociação ou dificultar o atendimento de reivindicações dos respectivos empregados (lockout). BRASIL. Senado Federal. Legislação. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7783.htm acesso em 09/10/2018>. Acesso em 09 de outubro de 2018.

é apaziguada diretamente pelos protagonistas do dissídio. No entanto, sem imposição de força de uma das partes, mas sim com a sua aproximação, para que democraticamente, através do diálogo, do colóquio, possam chegar num consenso, materializando através de um acordo.

Por fim, na heterocomposição de conflito deixa de ser resolvida diretamente pelas partes conflitantes. Nesta modalidade, transcende o diálogo, a ponderação dos direitos, as benesses da composição da controvérsia pelas partes, para que seja resolvido por um terceiro alheio aos sujeitos do impasse e sem jurisdição.

Há época da Emenda Constitucional nº 45/2004 já havia no sistema jurídico trabalhista um modo de solução de conflito individuais, considerado como inaplicável perante a Justiça do Trabalho, no tocante aos dissídios individuais, no caso a arbitragem.

Segundo se infere do art. 1º, caput, da Lei nº 9.307/96, as pessoas capazes podem fazer-se valer da arbitragem para dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais disponíveis.

Faz-se essa ressalva porque no tocante aos dissídios coletivos este mecanismo de solução de conflito já se encontrava prescrito no art. 114, §§1º e 2º, da Constituição Federal de 1988.

No ano de 2015 adveio outra forma alternativa de dirimir controvérsias. No caso houve a inserção da mediação no mundo do dever ser através da Lei nº 13.140/2015 que visa solucionar as controvérsias entre particulares e sobre a autocomposição de conflitos no âmbito da administração pública.

Este modo de solução de conflitos, assim como a arbitragem, tem sua aceitação quanto a solução dos dissídios coletivos, sofrendo severas críticas quanto a sua aplicabilidade aos dissídios individuas do trabalho. No entanto, esse entendimento precisa ser reformulado, tendo em vista que com a vigência da Lei nº 13.467/2017, a norma celetista passou a prever a possibilidade da utilização da arbitragem a certos empregados.

O Código de Processo Civil de 2015 investiu nos meios alternativos de solução de conflito, como forma de cooperar com a prestação jurisdicional estatal. Extrai-se das normas fundamentais do processo civil, o quanto o legislador foi enfático ao prescrever no art. 3º, §§

107 e 3º108, do Código de Processo Civil de 2015 o compromisso que o Estado tem pela solução

107 §2o O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos. (BRASIL. Senado Federal.

Código de Processo Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/L13105.htm acesso em 09/10/2018>. Acesso em 09 de outubro de 2018).

108 §3o A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial. (BRASIL. Senado Federal. Código de Processo Civil. Disponível em:

consensual do conflito.

Outrossim, impõe também aos construtores jurídicos o estímulo ao uso dos meios alternativos de solução de dissídio, aqueles que participam diretamente da produção da tutela jurisdicional, além de conceder uma atenção especial para a conciliação e a mediação entre os arts. 165 a 175 do Código de Processo Civil de 2015.

Diante desse cenário, buscar-se-á amoldar a aplicação dos meios alternativos de conflitos jurisdicionais, em especial atenção à arbitragem e a mediação aos dissídios individuais do trabalho, sem, no entanto, tratar da autotutela, a partir da adoção de certas cautelas que de malgrado não é tratada nos veículos normativos que regem os meios de heterocomposição de litígio.

4.3 DA AUTOCOMPOSIÇÃO CONCILIAÇÃO JUDICIAL E