5. Parecer Técnico
5.5 Dr Dário de Medeiros Lima
Entrevista realizada em 20 de abril de 2016
Como principal responsável por assuntos aeroportuários na Prefeitura Municipal de Guarujá, Dário Lima está à frente do processo de implantação do Aeroporto Metropolitano do Guarujá.
Sua contribuição foi fundamental para uma análise mais precisa do objeto de estudo.
Além de disponibilizar o material apresentado no capítulo das “Propostas Existentes”, Dário forneceu um panorama dos tramites burocráticos para viabilização do equipamento que constam no capitulo “Cronograma de Implantação do Aeroporto do Guarujá”.
Por fim sua entrevista contribuiu com dados e argumentações de alguém que é profundo conhecedor da área e seu potencial.
1. A Base Aérea de Santos é o melhor lugar para um aeroporto no litoral de São Paulo?
Considerando as características existentes de uma Base Aérea já consolidada, apresenta todas as qualidades necessárias
108Currículo consta no Apêndice 2
possibilitando a implantação do equipamento com um custo reduzido comparado a outros locais.
Vale ressaltar também a importância da nossa região que conta com 1.750.000 habitantes e esse número sextuplica na temporada.
2. De acordo com a declaração do ex-senador José Serra feita ao jornal A Tribuna109 no dia 21/08/2014 a proximidade com a serra do mar inviabiliza o projeto de um aeroporto na base aérea de Santos. O senhor concorda com essa afirmação? Por que?
Discordo plenamente!
Em primeiro lugar, não há comprometimento técnico, haja vista que a atual Base Aérea de Santos, que se originou como base aeronaval, existe a aproximadamente 94 anos.
Aqui operaram e irão operar equipamentos civis e militares das mais diversas dimensões, obedecendo sempre as regulações federais estaduais e municipais em vigência.
E em segundo lugar, não menos importante a contrariedade do então senador refere-se à sua intensão de implantar a ligação seca viária entre Santos e Guarujá através de uma ponte e que o calado
109http://www.atribuna.com.br/elei%C3%A7%C3%B5es-2014/serra-defende-
aéreo do referido equipamento inviabilizaria a existência da instalação aeronáutica da região. O que seria impossível e será.
3. O senhor acha que a proximidade com a linha férrea e com o porto de Santos aumenta a competitividade do aeroporto na base aérea de Santos, em comparação aos outros aeroportos, com relação a logística de transporte de cargas?
Estamos trabalhando especificamente para passageiros.
4. Atualmente a pista tem 1390m de comprimento, o plano diretor contempla ampliação para 1600m, é possível amplia-la para 2180m rotacionando-a em 19º e diminuindo o MDA (Minimum Discent Altitude) por sair da rota do morro do Tejereba. O senhor acha essa solução viável? Por que ela não foi adotada?
Particularmente não me agrada a ideia de um equipamento que venha trazer progresso e que venha junto com um impacto muito grande e que demande de um tempo muito grande de conciliação do projeto para poder ser implantado.
Essa demora pode até comprometer o projeto.
Precisamos pôr o equipamento para funcionar logo com os estudos que já foram feitos para esta pista.
De qualquer forma esta medida é perfeitamente factível.
Porem precisamos operar o aparelho o quanto antes, nem que se feche o aeroporto por um período determinado no futuro para executar essa alteração posteriormente.
5. Com a capacidade ampliada esse aeroporto deveria comportar voos internacionais?
Sim, uma vez que, em uma segunda fase, o aeródromo poderá ser internacionalizado para passageiros dependendo da demanda.
Além disso aeronaves cargueiras, mesmo que menores que cargueiros convencionais, também poderão operar em rotas internacionais.
Por fim, a aviação executiva internacional também é uma possibilidade real.
6. Segundo a pesquisa “Matriz Origem e Destino” feita em 2002 nos aeroportos de Congonhas e Guarulhos não havia demanda para implantação de voos comerciais regulares na Base Aérea de Santos. Pode se dizer que essa pesquisa por si só demonstra a inviabilidade do empreendimento?
Em contrapartida a pesquisa encomendada ao final de 2015 pela SAC (Secretaria de Aviação Civil) demonstrou total viabilidade da implantação do equipamento da região, além de o projeto do Guarujá
ter sido elencado ao final de 2012, pelo próprio governo federal, como prioritário dentre 270 projetos distribuídos em todo território nacional.
Essa mesma pesquisa demonstrou que existe uma demanda de 80 passageiros por dia, todos os dias do ano, para o Aeroporto Santos Dumont.
Em 2015 a Baixada Santista disponibilizou 1.000.000 de passageiros para os aeroportos de São Paulo e Campinas. Parte desta demanda poderia ser atendida aqui, reduzindo custos e gerando empregos na nossa região.
7. Conversando a respeito da melhor forma de implantação do aeroporto surgiu a ideia de se criar um terminal de embarque hidroviário no aeroporto implantando-o sobre a lagoa a leste da pista de forma a criar um modal alternativo para chegada dos passageiros vindos do centro de santos e de outras localidades. Analisando essa possibilidade, você acha que isso aumentaria excessivamente os custos de embarque? O senhor acha essa proposta viável?
Extremamente viável considerando a subutilização das hidrovias regionais.
8. Pensando nos outros modais de transporte e a forma como eles se relacionam com o aeroporto proposto pela prefeitura do Guarujá o potencial da área está sendo totalmente aproveitado?
O foco do nosso projeto é civil de passageiros aliado a pequenas cargas de alto valor agregado.
No primeiro momento não contemplamos conexão com a malha ferroviária e com o porto.
9. Com relação ao dimensionamento do terminal de passageiros já existe uma metragem pré-estabelecida?
20.000m² previstos.
Inclusive sugerimos que poderá ser edificado de forma modular permitindo crescimento de acordo com a demanda.
Sem dúvida essa medida é importantíssima para acabar com os puxadinhos nos aeroportos brasileiros.
10. Com relação à aviação geral, quais equipamento estão previstos no complexo aeroportuário da prefeitura do Guarujá (hangares para jatos executivos, centro de manutenção de aeronaves, helicentro...)?
11. Este empreendimento será custeado através de PPP (Parceria Público Privada)?
Particularmente ainda não vi PPP eficiente no Brasil.
O município não tem dinheiro suficiente para este empreendimento, por isso estamos apostando na iniciativa privada.
O governo federal sinalizou 7 bilhões de reais para implantação de aeroportos regionais em todo país através do FNAC (Fundo Nacional de Aviação Civil) e do PIL (Plano de Investimento em Logística), dos quais 70 milhões serão concedidos ao Guarujá.
Estimamos o investimento em 300 milhões de reais.
Acredito que a iniciativa privada tenha interesse em custear tudo, através de empréstimo subsidiado do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento) para se blindar de qualquer oscilação política que possa burocratizar a liberação da verba.
110Ratton, Carlos. Reunião detalha projeto do Aeroporto Metropolitano. Diário
Oficial do Município de Guarujá, Guarujá, 27 jul.