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DRIVERS DE INOVAÇÃO REATIVOS

No documento Drivers de inovação em modelos de negócios (páginas 102-104)

DRIVERS ATIVOS DRIVERS REATIVOS RESISTÊNCIA Caso Direção Estratégica Criatividade Contexto Econômico Pressão do Stakeholder Dominante Lógica

5.2 DRIVERS DE INOVAÇÃO REATIVOS

Os drivers de inovação reativos levantados na revisão de literatura e estudados nesta pesquisa foram a influência da pressão do stakeholder e do contexto econômico na inovação do modelo

de negócio. Estes são de caráter reativo por serem influências exógenas aos domínios da empresa, ocorrendo em resposta a pressões.

Ambos os drivers reativos tiveram evidências relevantes nos casos, a pressão do stakeholder

para inovação do modelo teve evidências fracas em três casos, sendo estes SP, MZ e MC, em

que todos passaram por aceleradoras governamentais (StartUpBrasil, Seed e StartUp Chile), porém estas aceleradoras não apresentaram evidências de ter influenciado a inovação do modelo de negócio das empresas. Apesar disto, em dois casos os empreendedores atualmente buscam investimentos de terceiros para alavancar o crescimento da empresa - SP e MC -, e buscam

investidores que apresentem habilidades e conhecimento que complementem o negócio. Esta evidência indica que, a princípio, a pressão do stakeholder pode não ter influenciado a

inovação do modelo de negócio no momento em que a pesquisa foi feita, mas ele pode entrar em outras fases e sua influência aumentar (CARAYANNIS; SINDAKIS; WALTER, 2015; GERASYMENKO; DE CLERCQ; SAPIENZA, 2015).

No início do negócio a MZ conseguiu investimento de uma das empresas atendidas pelo antigo

negócio dos empreendedores. Apesar de começarem com um capital inicial pujante e contarem com a experiência do investidor, a empresa passou por sérias dificuldades em seu início. Esta evidência de fraca influência da pressão do stakeholder neste ponto do negócio pode ser

explicada pela relação anterior que os empreendedores tinham com seu antigo cliente, agora investidor.

Recentemente, a MZ acabara de fechar uma nova rodada de investimento, onde fez parceria

com investidores especializados na área de TI e e-commerce. Segundo a teoria, este tipo de parceria tende a pressionar uma decisão por inovação do modelo de negócio, pela experiência prévia do investidor (CHESBROUGH; ROSENBLOOM, 2002; DEMIL; LECOCQ, 2010; MUZELLEC; RONTEAU; LAMBKIN, 2015; SVEJENOVA; PLANELLAS; VIVES, 2010), porém esta influência não pôde ser observada nesta pesquisa.

O caso onde o driver de inovação pressão do stakeholder apresentou forte influência sobre a

inovação do modelo de negócio foi na BV. Apesar de a decisão final ficar por conta dos

empreendedores, a presença do VC (Venture Capitalist) e do Conselho, mesmo que apenas consultivo, pde influenciar a inovação o modelo de negócio, como observaram Gerasymenko, De Clercq e Sapienza (2015); muitas vezes a pressão do VC pode ser para que o empreendedor inove, arriscando mais, porém com suporte.

Logo, é possível inferir que o driver de inovação pressão do stakeholder pode ser intermitente,

e sua influência poderia se dar em qualquer fase da evolução do modelo de negócio da empresa, afetando de maneira indireta, reforçando a direção estratégica ou a criatividade/experimentação, como já apontava a teoria ao tratar da influência do Venture

Capitalist (CHESBROUGH; ROSENBLOOM, 2002; CHESBROUGH, 2010;

GERASYMENKO; DE CLERCQ; SAPIENZA, 2015; MUZELLEC; RONTEAU; LAMBKIN, 2015).

A influência do driver de inovação contexto econômico/social também foi encontrada em

todos os casos, apresentando similaridades que confirmaram os conceitos apresentados na revisão da literatura.

Os quatro casos foram selecionados de maneira intencional, por apresentarem características de inovação disruptiva em seu modelo de negócio (SCHUMPETER, 1961; TEECE, 2010); com isso foi possível atender ao critério de amostra para estudo de casos múltiplos para construção de teoria (EISENHARDT, 1989; YIN, 2015). Apesar de reconhecer a presença dos traços de inovação disruptiva no modelo de negócio, pouco se sabia sobre que tipo de influência a inovação disruptiva tem sobre modelo de negócio, e em que ponto de sua evolução estas características se apresentam (BADEN-FULLER; MORGAN, 2010; DEMIL et al., 2015; SPIETH; SCHNECKENBERG; RICART, 2014; WINTER; SZULANSKI, 2001). Esta característica fundamental da inovação em modelos de negócio foi revelada com o estudo da influência do driver de inovação contexto econômico.

Algumas similaridades surgiram em todos os quatro casos estudados, quando observado o

driver de inovação contexto econômico. Nenhum dos modelos de negócios é realmente novo,

se olharmos o cenário internacional; cada um com suas caraterísticas, eles se inspiraram em modelos de negócios já existentes em mercados desenvolvidos, porém isso não necessariamente é ponto negativo, pois de acordo com Schumpeter (1961) a inovação disruptiva pode se dar tanto no contexto de mercados locais quanto de mercados estrangeiros. Sua característica fundamental é “destruir o antigo criando elementos novos”(1961, p. 110), e trazendo isso para o contexto da teoria de modelos de negócio, na visão de Teece (2010) a inovação de modelo de negócio deve ser de alguma forma “um caminho para vantagem competitiva, se um modelo de negócio está suficientemente diferenciado e difícil de ser replicado” (2010, p. 173).

Outra evidência importante a respeito da influência do driver contexto econômico na inovação

disruptiva do modelo de negócio é que, também nos quatro casos estudados, todos estão crescendo, mesmo no atual cenário econômico brasileiro. A economia brasileira está em recessão, vinda de um PIB de 0,1% com inflação de 6,41% em 2014 para um queda de -3,8% no PIB e inflação de 10,67% em 2015 (CURY; RODRIGUES, 2016; VILLAS BÔAS; PATU, 2016). O cenário atual tem derrubado o ânimo da economia, porém os negócios dos casos estudados mantêm a trajetória de crescimento, e isso pode ser explicado pelo fato de o seu modelo de negócio apresentar características de inovação disruptiva (SCHUMPETER, 1961). Por causa da influência do driver de inovação contexto econômico, esta evidência acaba por

confirmar a teoria, pois estes modelos de negócios baseados em inovações disruptivas devem estar inseridos em um contextos propícios, para que o fenômeno já descrito por Schumpeter (1961) ocorra, pois de acordo com Williamson (2000), eventos como guerras e crises financeiras podem “ocasionalmente, produzir uma ruptura brusca com os procedimentos estabelecidos” ou ainda “oportunidades para muitas vezes suprir uma falha” (2000, p. 598). Assim, as evidências de que a inovação disruptiva se deu início do negócio pôde ser confirmada pela pesquisa.

No documento Drivers de inovação em modelos de negócios (páginas 102-104)

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