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DURAÇÃO DA COMBUSTÃO AUGMENTO DO ACIDO CARBÓNICO EM DECIMAS MILLESIMAS

No documento Luz natural e artificial das escolas (páginas 78-87)

Horas Petróleo Gaz Óleo

1 9,29 7,08 , 5,37

2 '• 14,56 13,42 10,38

3 17,79 15,13 11,90

4 18,11 15,62 12,29

Pela inspecção d'esté quadro, vê-se bem que a luz do petróleo é, das três comparadas, a que altera mais rapidamente o ar. Branislaw obser- vou mais que, quando o acido carbónico che- gava a attingir 18 decimas millesimas no ar, este se tornava impróprio para a respiração : não podendo attribuir isto á quantidade d'aci- do carbónico, aquelle hygienista lembra que talvez a viciação do ar seja produzida pelos productos da combustão incompleta, taes como hydro-carbonetos e productos empyreumaticos. Ha 2 annos, fez Poincaré varias experiências tendentes a mostrar quanto eram nocivos os vapores do petróleo espalhados no ar que se respira. As principaes lesões materiaes que se

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encontraram nos animaes submettidos á expe- riência, achavam-se sobretudo nos pulmões: em todos havia uma congestão, mais ou menos geral, mais ou menos intensa, e uma hyper- plasia das suas cellulas epitheliaes. O tecido pulmonar mostrava-se semeado de gottas li- vres, dando a mesma sensação que as gottas de petróleo, misturadas com agua: a distilla- ção mostrava a desapparição completa das gottas primitivamente observadas.

Apezar d'estas experiências terem sido fei- tas em animaes, que se submettem a condi- ções especiaes, ainda assim, não deixam de ter certo peso, nas considerações de que estou tra- tando. Elias mostram que os vapores e ema- nações do petróleo são mais ou menos noci- vos aos órgãos respiratórios.

O gaz de illuminação é o mais geralmente empregado nas cidades, tendendo sempre a substituir os outros combustíveis. As suas principaes vantagens são: a limpeza absoluta', a economia de tempo e de despeza, o serviço fácil, e um poder illuminante muito considerá- vel. Apresenta comtudo muitos inconvenientes.

Um kilpgramma de gaz exige para a sua combustão 13:620 litros d'ar. Um bico de gaz, que queime 158 litros de gaz por hora, con- some no mesmo tempo 234 litros d'oxygenio, e lança na atmosphera da sala mais de 128 litrosd'acido carbónico; além dos outros pro- ductos gazosos e do carvão pulverisado.

Eis duas poderosas causas de viciação do ar da escola. Além d'isso, a combustão perfeita do gaz tem o serio inconveniente de condensar e depositar grande quantidade de vapor d'agua, ao longo das paredes.

Segundo Alexandre Layet, a luz eléctrica é aquella que, debaixo d'esté ponto de vista da viciação atmospherica, satisfaz melhor ás con- dições hygienicas. Consta de experiências fei- tas, que, tomando a mesma intensidade lumi- nosa, ao passo que a luz eléctrica não produz n'uma hora mais que \% litros de acido carbó- nico, 100 lâmpadas Carcel produzem 5:565; 100 bicos de gaz 8:800; 100 lâmpadas de petróleo 9:400; e 680 velas 10:400 litros. Como se vê, é a luz eléctrica a que menos vicia o ar.

II. O 2.° ponto de vista, debaixo do qual a hygiene deve considerar a luz artificial, diz respeito á quantidade de calor desenvolvido pela chamma.

Logo que o aquecimento produzido pela luz seja sufficiente para actuar por irradiação so- bre o organismo, torna-se nocivo á saúde: já a propósito das congestões cephalicas, men- cionei, entre as suas causas, a temperatura elevada do meio escolar.

Por este lado, o gaz e o petróleo são os que mais desvantagens apresentam : a luz das ve- las é, debaixo d'esté ponto de vista, muito su- perior ; e deveria ser preferida se não fosse a sua fraca intensidade luminosa. Fischer, to-

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mando por ponto de comparação uma intensi- dade.luminosa de 100 velas, e calculando o des- envolvimento de calor,por hora, estabeleceu a seguinte tabeliã : Calorias 12,150 7,200 6,800 9,200 8.940 9,700 57 a 158 290 a 336

Como se vê n'esta tabeliã, a superioridade pertence á luz eléctrica ; porque é a que me- nos calorias desenvolve, na mesma unidade de tempo. Todavia, d'esta mesma vantagem resul- ta um inconveniente de bastante peso ; e é que a luz eléctrica, por isso mesmo que impede o aquecimento do ar d'uma sala, não contribue em nada para a sua ventilação. O gaz compen- sa até certo ponto a viciação que causa no ar ambiente, com o seu poder de ventilação; e em muitas circumstancias é isto uma grande van- tagem. Experiências feitas em theatros de França comprovam o que acabo de exarar.

III. A terceira questão consiste na influencia da luz artificial sobre a vista. Já a propósito

Luz de gaz » » petróleo » » óleo de colza » » paraffina » » estearina » » cebo » eléctrica d'arco .. » d'encandescencia .

da luz natural, assentei que a luz deve, primei- ro que tudo, ser sufficiente; na luz artificial muito mais deve attender-se a esta qualidade, porque é geralmente a insufflciencia um dos

< seus maiores defeitos. Jával dizia que a luz

artificial nunca é demais. Todavia, é preciso fazer distincção entre o grau de illuminação dos objectos, que se destacam á vista, e a acção immediata do foco luminoso sobre os olhos : esta ultima é que deve ser evitada ; isto é, a luz não deve offuscar.

A luz solar, diffusa e coada atravez da at- mosphera, é a mais agradável e salutar á vis- ta; mas quando se olha directamente o sol, o olho, atacado na sua integridade, pôde ser feri- do de lesões muito graves, como a retinite e a necrose por coagulação. A fixação da luz arti- ficial, com quanto não apresente esta gravida- de, pôde todavia dar origem a iritis e conjun- ctivites passageiras.

Em geral, um foco luminoso é uma causa de aggressão para os olhos que não são sub- trahidos á sua acção immediata, que tanto mais pronunciada se torna, quanto maior fôr a in- tensidade d'esse foco. Remedeia-se este incon- veniente collocando entre a luz e o olho um plano opaco; comtudo a irradiação luminosa pôde tornar-se aggressiva, reflectindo-se até sobre os objectos, que o olho é obrigado a fi- xar. Debaixo d'esté ponto de vista, a melhor luz seria aquella que, á semelhança do sol, po-

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desse estar a distancia, favorecendo a agude- za visual, e illuminando suficientemente os objectos.

A luz eléctrica parece ser a que melhor sa- tisfaz a estas condições. Pelo lado da intensi- dade, podemos distinguir duas espécies de luz eléctrica: as lâmpadas d'arco voltaico, e as lâmpadas de encandescencia. Como o arco voltaico tem uma intensidade muito viva, só convém para illuminar vastos recintos; as alampadas de encandescencia, fornecendo in- tensidades médias, deveriam satisfazer melhor ás condições da luz escolar.

A luz eléctrica tem todavia, debaixo do pon- to de vista de que estou tratando, um grave inconveniente: é a grande quantidade de raios chimicos (violetes e ultra-violetes) que esta luz contêm, e que exercem uma acção nociva so- bre o órgão visual. Bouchardat, baseando-se em experiências de Regnauld, estudou a acção da electricidade sobre os tecidos do olho; e con- clue dizendo, que a influencia dos raios chimi- cos do espectro sobre este órgão, hão-de for- çosamente fatigal-o. Este inconveniente faz com que se ponha de parte a luz do arco voltaico : outro tanto, porém, não acontece á luz das lâm- padas d'encandescencia, porque esta é bastan- te intensa e pôde ser graduada á vontade; além d'isso a sua côr, levemente alaranjada, é favo- rável ao funccionalismo do olho, e apresenta fraca proporção de raios chimicos. Emfim a

luz é fixa, e não eleva a temperatura ambiente. A' vista do que precede, parece que a luz que satisfaz a maior numero de condições hy- gienicas, é a luz eléctrica; e depois d'ella a luz do gaz.

Apesar da luz eléctrica ainda não estar em uso nas escolas, parece que no futuro é a que está destinada a substituir a luz solar, porque é também a que mais se approxima d'ella. Jaspar aconselha, afim de moderar a in- tensidade d'esta luz, diffundir os raios lumino- sos, de maneira a pôr o olho ao abrigo d'elles. Para isso, projectam-se os raios no tecto da sala, por meio d'um reflector, suspenso por baixo da alampada a uma distancia tal, que a luz não possa ser vista de ponto algum da sala. D'esta maneira, a atmosphera ambiente tornar-se-ha luminosa de per si, sem fatigar a vista; se a luz, ainda assim, fôr insufficiente, cada alumno terá uma lâmpada sua, que o alu- miará, além da luz geral da sala.

Quando se empregar a luz do gaz, é preci- so não esquecer os seguintes preceitos :

A aula deverá ser espaçosa e bem ventila- da; para isso deverão sempre estar abertos os ventiladores, afim de assegurar a entrada per- manente d'uma nova quantidade d'ar. Um, ou muitos orifícios de evacuação do ar viciado, serão dispostos e calculados, segundo o nume- ro de bicos de gaz accezos.

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cesso de temperatura, convém deixar, entre a meza do trabalho e o reflector, uma distancia

de lm,50; distancia á qual a visão é perfeita, e

o augmento de calor nullo.

Para prevenir a vacillação da luz, tornar a chamma mais branca, e a combustão mais completa, o bico de gaz deve ser sempre mu- nido d'uma chaminé. Se a vacillação depender de differenças de pressão, o contador da esco- la munir-se-ha d'um regulador.

A luz deverá ser reflectida sobre a meza, por meio de largos abat-jours. Se ella for mui- to intensa, poder-se-ha diminuir-lhe o brilho com um segundo reflector, collocado em torno da chaminé. Póde-se ainda diminuirá intensi- dade da luz, proporcionando a distancia entre a meza e o bico de gaz de illuminação.

Não são convenientes os globos, ou vidros despolidos, porque fatigam, se estão em frente dos olhos, e dão uma luz muito indecisa, se estão collocados por cima da cabeça.

Em França, geralmente os bicos de gaz são dispostos na rasão de 6 a 8, por 60 metros quadrados de superficie, e para 60 alumnos.

Em Upsal adopta-se actualmente um syste- ma de illuminação nocturna que parece ser dos mais perfeitos, e que muito conviria imi- tar. A quantidade de luz é calculada de modo a approximar-se quanto possível da luz do dia: como esta luz entra por janellas situadas á es- querda da aula, á noute os bicos de gaz, dis-

mesmo ponto de partida, e com a mesma di- recção que a luz solar.

Tal é o estado d'aperfeiçoamento a que lá fora se tem chegado.

Entre nós nada ha feito n'este sentido: é sabido que a maior parte das escolas são illu- minadas a petróleo, que é o peior dos com- bustíveis, e as poucas que são illuminadas a gaz deixam muito a desejar, pelo que respeita á quantidade e distribuição da luz.

Bom seria, pois, prestar mais attenção a este assumpto, para evitar as graves conse- quências já mencionadas, e que ordinariamen- te resultam da viciação da luz.

PROPOSIÇÕES

Anatomia — 0 vasos efferentes do glomerulo renal podem con- siderar-se como uma veia porta.

Physioiogfa— A apenevrose média do pescoço favorece a cir- culação venosa da região.

materia medica — A luz é um antiseptico.

patnoiogia externa — Não admitto que a myopia seja here- ditaria.

operações — Em toda a operação sangrenta estão indicados os pensos antisepticos.

Partos—Não admitto a sangria no tratamento da eclampsia. Patnoiogia interna—A agua potável é o agente principal da transmissão da febre typhoide.

Anatomia pathologies — A cellula gigante não é um elemento especifico do tubérculo.

Hygiene —Sempre que a hygiéne geral se não opponha, deve a luz das escolas ser unilateral e tomada ã esquerda dos aiumnos.

Patnoiogia geral—0 numero de doenças nervosas está na razão directa dos progressos da civilisação.

Visto. Pôde imprimir-se. O DIRECTOR

No documento Luz natural e artificial das escolas (páginas 78-87)

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