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Um projeto bem elaborado deve proporcionar segurança às estruturas e assegurar-lhes desempenho eficiente em serviço, além de aparência aceitável. Dessa maneira, devem ser observadas as exigências relacionadas à capacidade projetada, bem como às condições em uso habitual e, em especial, as especificações referentes à durabilidade.

Nesse sentido, os erros de projeto, em conjunto com a utilização de materiais inapropriados, representam uma parcela relevante das ocorrências relacionadas ao aparecimento de manifestações patológicas. Outro aspecto importante para a durabilidade das estruturas é a avaliação do grau de agressividade do meio ambiente. A fim de que sejam elaboradas especificações adequadas, torna-se essencial entender o comportamento dos materiais que compõem a estrutura quando submetida a diversas condições de exposição (ADAMATTI et al., 2016).

A durabilidade pode ser entendida como a capacidade do material em suportar as solicitações para as quais foi concebido ao longo de um determinado período, em decorrência de um ou mais processos patológicos instalados de natureza físico-mecânica, química, biológica ou eletroquímica. Os mecanismos de

degradação, deterioração ou envelhecimento comprometem o desempenho do material, componente ou sistema, reduzindo ou anulando sua aptidão ao uso nas condições de serviço (RIBEIRO; CASCUDO, 2018).

O comitê 201 do ACI (1991) define a durabilidade do concreto de cimento Portland como a capacidade de resistir a ação das intempéries, ataques químicos, abrasão ou qualquer outro processo de deterioração, assim o concreto durável manterá sua forma original, qualidade e capacidade de utilização quando exposto ao meio ambiente. Já a NBR 6118 (ABNT, 2014) define a durabilidade de estruturas de concreto armado como sendo a capacidade da estrutura resistir às influências ambientais previstas e definidas em conjunto pelo autor do projeto estrutural e pelo contratante, no início dos trabalhos de elaboração do projeto.

Sendo assim, um concreto é considerado durável quando desempenha as funções que lhes foram atribuídas, mantendo a resistência e a utilidade esperadas durante um período de vida previsto. Como qualquer tipo de material, a elevada durabilidade do concreto não implica uma vida útil indefinida, nem deve suportar qualquer tipo de ação, pois, com as interações com o meio ambiente, a microestrutura e as propriedades dos materiais mudam ao longo do tempo (RIBEIRO; CASCUDO, 2018).

Andrade (2005), do mesmo modo, destaca de forma bastante precisa que um concreto durável não confere, necessariamente, durabilidade à estrutura. As características e propriedades do concreto, apesar de importantes, somente compõem os parâmetros e aspectos globais que Influenciam a durabilidade, dentre os quais podem se destacar, ainda, detalhes arquitetônicos e construtivos, deformabilidade da estrutura, cobrimento da armadura, entre outros.

Para Santos (2006), é conhecido que a proteção química e a barreira física que o concreto confere ao aço não garantem que as estruturas sejam eternamente duráveis. Até mesmo estruturas de concreto com armadura adequadamente protegida por uma camada suficientemente espessa de concreto e com baixa permeabilidade, com o passar do tempo, estarão sujeitas ao processo de deterioração provocado pela ação de agentes agressivos presentes no ambiente onde a estrutura está inserida.

A falta de durabilidade de uma estrutura de concreto armado pode ser causada por agentes externos advindos do meio ou por agentes internos ao concreto. As causas podem ser classificadas como físicas, mecânicas e químicas.

As causas físicas são provindas do congelamento e das diferenças entre propriedades térmicas do agregado e da pasta de cimento, enquanto as causas mecânicas estão associadas principalmente a abrasão. As causas químicas podem ser provenientes do ataque de sulfatos, ácidos, carbonatação e íons cloreto, que induzem a corrosão eletroquímica da armadura (NEVILLE, 2013).

Segundo a NBR 6118 (ABNT, 2014), as estruturas de concreto armado devem ser projetadas e construídas de modo que, sob condições ambientais previstas e quando utilizadas conforme preconizado em projeto conservem a segurança, estabilidade e aptidão em serviço durante o período correspondente à sua vida útil.

Igualmente, a durabilidade do concreto é influenciada negativamente pelo desgaste da superfície, fissuras causadas pela pressão da cristalização de sais nos poros e exposição a temperaturas extremas, tais como congelamento ou fogo. Efeitos químicos deletérios também podem afetar a durabilidade como lixiviação da pasta de cimento por soluções ácidas, e reações expansivas envolvendo ataque por sulfatos, reações álcali-agregados e corrosão das armaduras no concreto (MEHTA; MONTEIRO, 2014).

De acordo com Helene (1993), a durabilidade de estruturas de concreto está diretamente relacionada a alguns fatores, como o traço do concreto (relação água/cimento e tipo de cimento), adensamento efetivo do concreto na estrutura, cura e cobrimento das armaduras, pois estes são os principais parâmetros que regem as propriedades de absorção capilar de água, permeabilidade, migração de íons e difusividade de água ou de gases, bem como a maioria das propriedades mecânicas. Contudo, além disso, torna-se imprescindível levar em consideração as características do meio ambiente aonde está inserida a estrutura.

Já Jinping e Xuesong (2010) acreditam que a durabilidade do concreto deve ser considerada tendo em vista quatro fatores principais que são: ambiente, que pode ser classificado como comum, marinho e industrial; materiais; componentes e estrutura. Para estes autores a durabilidade da estrutura de concreto é definida em função da sua resistência em função do uso sem custos adicionais para manter a sua segurança, funções e aparência do concreto durante a vida útil previamente estipulada.

Deste modo, as estruturas de concreto armado quando inseridas no ambiente ao qual estão expostas passam a sofrer alterações que podem com o passar do

tempo comprometer sua estabilidade e funcionalidade. Neste sentido é importante associar a qualidade e o desempenho requeridos das estruturas frente as ações ambientais as quais estão sujeitas e adotar medidas que garantam o seu bom funcionamento.

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