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2.3. MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS

2.3.6. Durabilidade em estruturas de concreto

Além de ser um material amplamente utilizado em construções diversas, o concreto pode ser visto ainda como um material instável que sofre alterações em suas propriedades químicas e físicas em função de seus componentes e de características ambientais.

Estas alterações podem comprometer o desempenho da estrutura ou da peça através de mecanismos de deterioração. A forma e a velocidade de deterioração dependem da natureza do material ou componente e das condições de exposição aos agentes.

Sendo assim, a durabilidade pode ser definida como o parâmetro que relaciona as características de deterioração do material e da estrutura em uma edificação em função de características como agressividade ambiental, definindo, portanto a vida útil da mesma.

Além disto, a durabilidade em peças de concreto armado pode ainda ser definida como a capacidade que esta peça possui de manter o seu desempenho acima dos níveis mínimos especificados, de maneira a atender às

materiais, manutenção), da agressividade do meio ambiente em que a estrutura está inserida, da forma de utilização da estrutura e do tempo, ou seja, da vida útil requerida (MEHTA e MONTEIRO,1997).

Em muitas edificações antigas os projetos não receberam alguns cuidados no que diz respeito à durabilidade. Isto sem contar as edificações feitas sem qualquer tipo de projeto. Isto explica diversas manifestações patológicas presentes nestas edificações. De acordo com Brandão (1998), durante muito tempo, o concreto foi considerado um material extremamente durável, opinião esta baseada em obras muito antigas ainda em bom estado de conservação. Entretanto, obras feitas com menor rigor não apresentavam o mesmo estado de conservação e assim, ocorriam diversas manifestações patológicas.

Em se tratando de estruturas de concreto, a dosagem é um aspecto fundamental para a durabilidade. De acordo com Silva (1995), para uma estrutura ser durável e possuir manutenção de baixo custo durante a vida útil é necessário que a composição do concreto seja adequada de forma que o material resista à solicitação do meio ambiente, proteja as armaduras da corrosão, e sofra tensões inferiores à capacidade para qual foi produzido, o que evita a ocorrência de fissuras excessivas.

Na dosagem, um parâmetro importante é a quantidade de água no concreto, que define características como a densidade, compacidade, porosidade, permeabilidade, capilaridade, fissuração e resistência mecânica, que são indicadores de qualidade do material. Todas estas características estão diretamente ligadas aos conceitos de durabilidade e vida útil.

A NBR 6118 restringe a relação água/cimento (Tabela 2.2) de acordo com a classe de agressividade ambiental (Tabela 2.1). Seguir esta recomendação da norma significa produzir concreto com menores quantidades de água, entretanto com menor porosidade e permeabilidade e, portanto, mais duráveis. Na prática, o aumento na trabalhabilidade quando requerido, é conseguido com uso de aditivos e/ou adições minerais.

Vale lembrar que é necessário fazer uma cura eficiente do concreto para que a água incorporada na mistura com o objetivo de oferecer trabalhabilidade e possibilitar as reações de hidratação do cimento não seja perdida. A parte da

água utilizada com o objetivo de permitir o adensamento sai da mistura por evaporação. Assim, a cura deve ser de tal forma que não se permita a saída rápida de água, ou mesmo o excesso de saída desta, o que provocaria tensões internas no concreto e a formação de fissuras. Neste caso pode ocorrer a entrada de agentes externos agressivos no concreto, comprometendo a durabilidade do mesmo.

Portanto, produzir um concreto durável significa fazer uma dosagem adequada, com boa especificação de materiais, produzir o concreto de maneira correta e dentro dos parâmetros de dosagem. Além disto, o concreto durável requer cuidados no seu processo de endurecimento, sempre com o objetivo de reduzir a possibilidade de ataque de agentes agressivos, uma vez que a permeabilidade do concreto para líquidos e gases é relevante para a durabilidade deste.

No projeto e na execução, adotar cobrimentos adequados é uma necessidade para manter a estrutura segura por mais tempo. De acordo com Helene (1992b), o concreto possui uma rede de poros que é um conjunto de canais capilares, nem sempre comunicados entre si, mas que fazem com que exista certa permeabilidade aos líquidos e gases. Assim, a camada de cobrimento é permeável em certa medida, sendo necessário além da qualidade, o concreto deve possuir a espessura adequada para dificultar a entrada destes agentes até as armaduras. Isto poderia reduzir o pH do concreto, causando a despassivação das armaduras.

O uso de concreto de maiores resistências também é um critério de durabilidade. Seu uso não se faz apenas por exigências estruturais. Em alguns casos, a resistência mecânica pode nem ser o parâmetro mais importante. Vale lembrar que o concreto mais resistente é na maioria das vezes um concreto mais durável, com menor permeabilidade e porosidade. Ou seja, o concreto mais durável pode ser o concreto mais resistente.

No caso das marquises de concreto armado, a adoção de critérios de durabilidade assume uma maior importância. Em primeiro momento, estas muitas vezes são estruturas em concreto aparente, o que torna a agressão ambiental um fator de grande influência. Em segundo momento, é um elemento

que muitas vezes está sujeito à presença de umidade em sua parte superior, na qual estão situadas as armaduras principais.

É necessário lembrar ainda que o risco que processos corrosivos nas armaduras trazem no que diz respeito à possibilidade de colapsos é grande. Sendo assim, o concreto assume um papel muito importante para a proteção destas armaduras, e desta forma deve atender a todas as especificações normativas de durabilidade.

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