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CONCLUSÕES 424 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

N. E.M MVOTMA-SIAV Licit.96/96/97

NBE-MVOTMA 715 PPT-BHU-Conjunto Memost. 2.301 Relocação-inundados 185 Registro de Provedores 495 Reforma e ampliação 5.186 Selo SIAV 109 Outros 3.018 2000-2004 Aquisição no mercado 608 36.933 Ampl. N.E.M.-MVOTMA-SIAV 1.443 Convênio MVOTMA-IMM 820 Cooperativas 2.269 MEVIR 4.802 MVOTMA-BPS-Licit. 1.106 N.E.M.-MVOTMA-SIAV 2.569 Relocação-inundados 518 Registro de Provedores 532 Reforma e ampliação 20.684 Viv. MVOTMA-BPS-Licit. 97 1.582 2005-2009 Aquisição no mercado 1.201 24.223 Amp. MVOTMA-BPS 434 Cesta de materiais 1.687

Contratação de abrigos domésticos 46

Convênio de emergência 1.180 Cooperativas 1.875 Garantia de aluguel 2.286 MEVIR 3.699 MVOTMA-SIAV-Grupos 1.087 Relocação-inundados 519 Reforma e ampliação 10.209 TOTAL 95.055

Fonte: NIN, 2010, p. 47. Tabela adaptada pelo autor.

Cerca de 80% do orçamento previsto para o financiamento habitacional do MVOTMA para o período 2005-2009 ficou comprometido, em função das obras em andamento com empréstimos contratados pela administração do quinquênio 2000-2004. Essa situação levou o Ministério a estabelecer uma nova política de intervenção pública na produção de moradia e

habitat capaz de se sustentar a longo prazo. Dessa forma, o produto habitação segue uma sistemática de priorização dos programas com menores encargos, em que a unidade (de 2, 3 ou 4 dormitórios) é definida pela quantidade de integrantes e o pagamento se dá em

168 função da capacidade econômica de cada família. O subsídio à parcela surge como um mecanismo de inclusão ao tipo de unidade necessária a cada composição familiar, tornando a produção do sistema de financiamento público mais flexível e abrangente, que em síntese significou retorno a uma política social e não apenas de mercado.

Tabela nº. 07 - Programas Urbanos do Sistema Público - Março de 2005- Março de 2010

MVOTMA-ANV Soluciones Habitacionales 2005-2009

Construcción Vivienda

Construcción Vivienda Nova para Activos 19.207

Construcción MVTOMA (2, 3 y 4 dormitorios) 2.294

MEVIR 4.775

Cooperativas 5.531

Convenio MVOTMA-IM 2.379

SIAV-NBE 3.024

Vivienda por autoconstrucción assistida y urbanización 402

Vivienda realojadas - PIAI 802

Vivienda para pasivos 1.251

Sub Total - Producción Vivienda 20.458

Fonte: MVOTMA - Plan Quinquenal de Vivienda 2010-2014 - Adaptado pelo autor

No período de 2005 a 2009, segundo relatório do Plano Quinquenal de 2010-2014, o MVOMA financiou a produção de 20.458 unidades, sendo 5.531 pelo sistema cooperativista (vide Tabela nº. 07).

Dentre as formas de financiamento possíveis, no período de 1985 a 2010 cabem destacar:

• Empréstimos para construção por cooperativas: o BHU outorgava empréstimos reajustáveis a sociedades que, regidas pelos princípios do cooperativismo, tivessem por objetivo principal a provisão de moradia adequada e estável aos seus associados, mediante a construção por esforço próprio, ajuda mútua, administração direta ou contratos com terceiros, com serviços complementares à moradia (art. 130 da Lei nº. 13.728). As cooperativas podiam ser de usuários ou de proprietários.

Os empréstimos limitavam o número de unidades ao máximo de 50, e ao mínimo de 10. Quando o projeto compreendesse mais de 50 unidades, admitia-se a possibilidade de desmembramento em etapas, com a construção de 10 a 50 unidades cada uma. A etapa seguinte só se liberaria após a execução de 50% da obra. Conforme a Ley Nacional de

Vivienda, as liberações eram autorizadas para unidades que se enquadrassem nas categorias I (Econômica) e II (Média), de acordo com a Tabela nº. 04. As formas possíveis de financiamento deveriam se enquadrar em uma das alternativas prefixadas, como indicado na Tabela nº. 08.

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Tabela nº. 08 - Formas de Financiamento do Programa para Cooperativas

Condições Ajuda Mútua Poupança e Empréstimo

Empréstimo Máximo 90% do valor de taxação 85% do valor de taxação Capital Social Mínimo 10% do valor de taxação 15% do valor de taxação

Taxa 2% ao ano 2% ao ano

Hipoteca 30 anos, com carência durante a execução das obras

30 anos, com carência durante a execução das obras Subsídio Implícito na taxa de juro Implícito na taxa de juro

Fonte: www.bhu.net

O percentual máximo de empréstimo sobre o valor de taxação das unidades residenciais e de salões comunitários eram estratificados por tipo de cooperativa. Para cooperativas de ajuda mútua, o percentual era de no máximo 90% do valor de taxação e para cooperativas de poupança e empréstimo havia duas faixas: para categoria II (Média), até 85% e para categoria III (Confortável), até 70%, não podendo superar 85% do valor venal respectivo.

As cooperativas de poupança e empréstimo deveriam efetuar um depósito complementar sobre o montante de contrapartida do programa, e as cooperativas de ajuda mútua deveriam garantir o equivalente mínimo de 10% e máximo de 15% do valor de taxação para cobrir com mão-de-obra o montante de contrapartida do programa. Para todos os casos, o terreno e as obras de urbanização não poderiam superar 15% do valor de construção definido no artigo 23 da Lei nº. 13.728.

Para concessão de empréstimo para as cooperativas de poupança, o BHU exigia que as mesmas tivessem depósito de 50% do valor correspondente de contrapartida para liberação dos créditos contratados, e também que as cooperativas contassem com o assessoramento técnico de um Instituto de Assistência Técnica - IAT. Em 1995, foi aprovado um decreto com normativas específicas de funcionamento dos IATs, de seus controles e dos controles internos de funcionamento das cooperativas.

O MVOTMA financiava cooperativas de moradia cujos integrantes tinham em sua totalidade rendimentos inferiores a 60 UR mensais por núcleo familiar, podendo ser cooperativas de ajuda mútua ou de poupança prévia, de acordo com as definições dos artigos respectivos da Lei 16.237, com aporte mínimo de 15% do Valor de Taxação, e máximo de 20%. O aporte poderia se efetivar por meio de ajuda mútua, poupança prévia ou outras formas, como terreno e materiais de construção.

O empréstimo hipotecado deveria ser reintegrado pela cooperativa em um prazo máximo de 25 anos com taxa de juros de 4,5% ao ano, podendo comprometer no máximo

170 20% da renda familiar, sendo a parte do subsídio outorgado pelo MVOTMA e os recursos do empréstimo oriundo do Fondo Nacional de Vivienda y Urbanización - FNVyU.

• Empréstimos para construção por Fundos Sociais: o BHU outorgava empréstimos reajustáveis a organizações representativas de trabalhadores que estabelecessem, por

Convênio Coletivo ou por um laudo de Conselho de Salários, a inclusão de um aporte para constituir Fundos Sociais com a finalidade de prover habitação por meio da construção e conservação de moradia própria e permanente dos participantes. O financiamento do programa se dava mediante a contrapartida mínima de 30% do Fundo e máxima de 70% do banco.

• Convênios com Intendências Municipais: foram realizados convênios com o

MVOTMA para financiamentos específicos de solução habitacional do tipo NBE, em virtude das cheias dos rios Uruguai e Negro, ocorridas em 1997. Convênio semelhante foi realizado com a Intendência Municipal de Montevidéu para solução deficitária de 200 famílias localizas às margens do Arroio Miguelete.

• Recuperação e melhoria do estoque construído: créditos destinados à reparação, recuperação e manutenção de moradias cujas famílias tinham renda inferior a 60 UR mensais por meio do programa Credimat.

O BHU também estabeleceu convênios específicos com a Intendência Municipal de Montevidéu, nas seguintes linhas:

• Carteira Municipal de Terras: em 1990, por meio do decreto 24.624, a IMM cria a

Carteira Municipal de Terras com a finalidade de obter terrenos aptos para a construção de moradias para utilizá-los em programas habitacionais promovidos pela IMM. Para administrar essa Carteira é criado o Setor de Terras para Habitação. O decreto previa, entre outras condicionantes, que a escolha dos terrenos deveria levar em conta sua localização, com relação à disponibilidade de serviços básicos complementares e de rede de saneamento, podendo ser outorgada aos participantes a propriedade da moradia.

Também possibilitava a outorga do direito de uso dos terrenos municipais ocupados irregularmente, desde que apresentassem um grau importante de consolidação dos terrenos, estabelecidos os afastamentos frontais, afetações, espaços livres, ruas e passagens que fossem necessários.

Quanto às condicionantes dos beneficiários, com preferência para grupos organizados, o decreto estabelecia comprovação de carência grave de moradia, e renda familiar não superior a 3 salários mínimos nacionais, para o caso da outorga do direito de uso do terreno

171 ou de alienação. Sob os preceitos desse mesmo decreto, a IMM realizou também a regularização fundiária de assentamentos irregulares, na forma de regularização, de realocação e de alienação de terrenos a grupos cooperativos.

• Carteira de Propriedades: dentro das prerrogativas do mesmo decreto da Carteira

Municipal de Terras, e com base nas experiências pilotos de reciclagem de edifícios, a partir de 1998 se cria a Carteira de Propriedades, com o objetivo de dispor de propriedades e terrenos nas áreas centrais passíveis de concessão às cooperativas independentes ou às suas federações (FUCVAM e FECOVI), para que estas pudessem gerenciar o empréstimo para a construção de moradia nova ou operações de reciclagem no interior do perímetro da Cidade Velha.

2.4-Referências Tipológicas da Produção Habitacional das Cooperativas Pioneiras A formação dos primeiros grupos cooperativos uruguaios coincide com a chegada de levas de imigrantes europeus, ao final do século XIX. O ano de 1870 figura como marco de instituição embrionária das primeiras cooperativas, como a Sociedad de Socorros Mutuos, fundada por trabalhadores do ramo gráfico. A partir do início do século XX, essas experiências de associativismo de trabalhadores começam a se difundir por outras partes do país, associadas muitas vezes à formação dos primeiros sindicatos de trabalhadores nos ramos gráfico, ferroviário, frigorífico e têxtil. (BERTULLO et al, 2003, pp. 5-6).

Após o período embrionário, a partir da década de 1920 surgiram as primeiras cooperativas com um formato institucional e jurídico próximo dos modelos consagrados internacionalmente. No Uruguai, foram as cooperativas de consumo que lideraram o processo de constituição estatutária e também de formulação das primeiras regulamentações legais, como a de criação do Instituto Nacional Cooperativo e do Instituto Cooperativo Rural. Em 1926, se institui a Lei de Cooperativas e, em 1937, a Lei sobre Sociedades Cooperativas.

Entre o final dos anos 1930 e os anos 1960, conforme Bertullo et al (2003), se consolida o arcabouço institucional e jurídico de constituição das várias cooperativas existentes até hoje no país. Em 1941, foram instituídas as Cooperativas Agropecuárias por meio da Lei nº. 10.008, de 05 de abril de 1941; em 1946, as Cooperativas de Consumo, por meio da Lei Geral nº. 10.761, de 05 de agosto de 1946; em 1966, as Cooperativas de Produção e Trabalho, pela Lei nº. 13.481; em 1968, as Cooperativas de Habitação, por meio da Lei nº. 13.728; em 1971, são regulamentadas as Cooperativas de Poupança e Crédito pela

172 Lei nº. 13.988; e, em 1988, são regulamentadas as Cooperativas Agroindustriais por meio da Lei nº. 14.827.

As cooperativas de habitação estão organizadas em duas federações: FUCVAM e

FECOVI. A Federación Uruguaya de Cooperativas de Vivienda por Ayuda Mutua -

FUCVAM, foi criada em 1970 e congregava cerca de 340 afiliadas, em 2006 (CABRERA ALVAREZ, 2008, P. 70). Desde sua fundação, em 1970 até hoje, as cooperativas filiadas a

FUCVAM produziram, mais de 22.000 unidades habitacionais em todo o país. As Cooperativas de Ajuda Mútua são as que, durante a construção, utilizam o trabalho comunitário de seus sócios como parte da contrapartida dos recursos investidos na operação financeira, mediante a coordenação técnica de profissionais de um Instituto de Assistência Técnica.

A Federación de Cooperativas de Vivienda de Usuarios por Ahorro Previo -

FECOVI, criada ao final de 1969 como Federación Nacional de Cooperativas de Vivienda -

FENACOVI sofreduros golpes com a instauração do regime militar, que colocou uma série de obstáculos ao desenvolvimento do cooperativismo de habitação, até que um decreto em 1976, suprimiu as cooperativas de ahorro previo. Neste marco, a Federación desaparece como organização, enquanto suas cooperativas continuam funcionando, e voltam a existir institucionalmente a partir de 1984, com o fim da ditadura.

A FECOVI e o Centro Cooperativo Uruguayo - CCU são atualmente membros da

Confederación Uruguaya de Entidades Cooperativas - CUDECOOP, criada também em 1984, com representatividade em todo o território uruguaio, e referência internacional do cooperativismo daquele país. Atualmente, a FECOVI reúne cerca de 90 cooperativas de

ahorro previo em todas as etapas - construídas, em obra e em formação -, abrigando em torno de 4.500 famílias33.

O total estimado de unidades produzidas pelo sistema cooperativo, desde suas origens até hoje, soma cerca de 26.500 unidades, sendo que cerca de 83% das unidades foram construídas por cooperativas de ajuda mútua, filiadas a FUCVAM, e 17% por cooperativas de poupança prévia, filiadas a FECOVI.

Segundo dados da CUDECOOP, apurados por Bertullo et al (2003), havia no Uruguai, em 1988, 1.264 entidades cooperativas e 808.861 sócios, distribuídos por modalidades de acordo com a Tabela nº. 09. Chama a atenção o fato de que mais de 54% das entidades eram de Habitação, modalidade que congregava cerca de 3,25% do número total de associados. O

173 maior número de associados se concentrava na modalidade de Poupança e Crédito, com cerca de 66,67% do total de sócios cooperativistas.

Tabela nº. 09 - Número de Entidades e de Sócios por Modalidade de Cooperativas - ano: 1988

Modalidade Número de

Entidades

Número de sócios

Agropecuárias e de Fomento Rural 179 37.049

Poupança e Crédito 60 539.295 Consumo 38 231.290 Produção ou Trabalho 279 8.365 Habitação 685 26.332 Médicas 23 2.800 TOTAL 1.264 808.861

Fonte: Bertullo et al (2003, p. 12 com base em dados da CUDECOOP)

Cerca de 70% de todas as cooperativas de habitação se concentravam em Montevidéu, onde vivia cerca de 40% da população do país, segundo o Censo demográfico de 2011 do

INE. Como referência, entre 2000 e 2004, foram construídas 2.204 unidades habitacionais pelo sistema cooperativista, sendo que 1.242 unidades corresponderam a Montevidéu, o que equivalia a pouco mais de 56% do total das unidades construídas por esse sistema no país.

As cooperativas, segundo a Ley Nacional de Vivienda, se classificam em Cooperativas Matrizes e Unidades Cooperativas. As Cooperativas Matrizes são aquelas que recebem de forma aberta a inscrição de sócios para, posteriormente, assisti-los na organização de Unidades Cooperativas para cada imóvel ou conjunto habitacional correspondente. A Lei prevê ainda a possibilidade de criação de Unidades Cooperativas autônomas que, por se constituírem com o objetivo único de construir um conjunto ou adquirir um imóvel, dispensam a criação de uma Cooperativa Matriz.

Estas podem ser classificadas como Cooperativas de Usuários ou Cooperativas de Proprietários. As Cooperativas de Usuários concedem aos sócios o direito de uso e gozo da moradia, enquanto o direito de propriedade é retido pela Cooperativa. O direito de uso e gozo se concede sem limitação de tempo, se transmite aos herdeiros e se pode ceder por ato entre vivos observando-se as restrições impostas pela legislação. As Cooperativas de Proprietários atribuem aos sócios a propriedade exclusiva e individual da propriedade horizontal sobre as respectivas moradias, porém com faculdades de disposição e uso limitadas, conforme os artigos 161 e 162 da Lei. De acordo com o inciso II do artigo 161, uma vez adjudicada a propriedade da unidade, o sócio poderá ou não continuar integrando a Cooperativa.

Di Paula (2012, p. 21) define o cooperativismo a partir de duas dimensões fundamentais: a social e a físico-espacial. Do ponto de vista social, o cooperativismo se define

174 como sendo uma empresa econômica de produção de bens e serviços habitacionais; uma organização social privada de ação coletiva de bens públicos e privados; uma filosofia de vida que valoriza determinadas pautas de convivência, solidariedade e auxílio mútuo; e um ator político na concepção da democracia participativa que complementa a democracia representativa tradicional. Do ponto de vista físico-espacial, se define como meio para construir uma moradia para abrigar a família do sócio cooperativista; contribuir com a construção de um bairro e contribuir também para a construção da cidade.

Por outro lado, as melhores realizações efetivadas pelas cooperativas de ajuda mútua se basearam em ideologias urbano-arquitetônicas de qualidade, conduzidas pelo assessoramento técnico, especialmente pelo CCU e CEDAS. Seus principais atributos, de acordo com Couriel e Meñendez (2013/2014, p. 38), foram interpretar as formas organizadas de vida da população de um modo estimulante e criativo, observando como as pessoas definiam os espaços de transição e de uso privado em suas pré-existências, como a implementação do espaço frontal de uso de cada família para a tipologia de planta baixa, e na disposição de um espaço de uso privado nos fundos do lote, em ambos os casos com delimitações muito precisas.

Espacialmente, a moradia integra duas características positivas: por um lado, a disposição do comedor e da cozinha diretamente relacionados com os fundos do lote e entre si, o que facilita sua relação com o espaço exterior como lugar de uso, e por outro, a disposição sistemática da dupla orientação entre a sala de estar e o comedor, que além de permitir uma flexibilidade de usos para cada família, contempla um adequado acondicionamento natural da unidade em matéria de insolação e de ventilação e vincula o espaço frontal, de transição, com o espaço privado da casa e do lote.

Dentro do contexto da produção habitacional cooperativista, cabe destacar algumas obras importantes que marcaram o período de 1968 a 1973, seja por suas características de implantação ou de disposição das unidades, por sua forma de organização ou pela escala do empreendimento. Assinalam-se as experiências de Mesa 1, do Conjunto da COMVINT 1, do Conjunto "José Pedro Varela", do Conjunto Bulevar Artigas, do Conjunto da Cooperativa

VICMAN, do Conjunto da Cooperativa TEBELPA, do conjunto de COVINUVI de Durazno e o

Bairro Cooperativo de Paysandú. Elas compõem um extrato divulgado em muitas publicações como referências da produção daquele período, e seguem funcionando sem grandes alterações e com boa manutenção geral, algumas depois de mais de quarenta anos de existência.

175 2.4.1-Complexo Intercooperativo Mesa 1: Complexo Habitacional "Novo Amanhecer"

De um total de cinco conjuntos das denominadas "Mesas Inter-cooperativas", construídos na primeira metade da década de 1970, se destaca o Complexo Habitacional Intercooperativo "Novo Amanhecer" - MESA 1, formado por cinco cooperativas: COVIPSA

(Cooperativa de Vivienda Personal de SADIL), MACOVI 4 (Metalúrgicos y Afines), COVINE

4 (Cooperativa de Vivienda Grupo 4), COVICO (Cooperativa de Vivienda "Comunidad"),

COVIMT 5 (Cooperativa de Vivienda Matriz Textil, Grupo 5) e COVICESEM (Cooperativa

de Vivienda Central de Servicios Médicos). Foi projetado para atender 420 famílias, na modalidade de ajuda mútua e propriedade coletiva de usuários, localizado no encontro de

Camino Carrasco e Felipe Cardoso, no bairro de Carrasco Norte, Montevidéu. O projeto e a direção de obra esteve a cargo do CCU, com José Luis Livini, como arquiteto responsável, e Emma Menoni, como assistente social.

Além das unidades de habitação, o complexo oferece 22 espaços comerciais de consumo diário, tais como pequenos armazéns, verdureira, açougue, padaria, farmácia, barbearia, cabeleireiro, sapataria e consultórios. Para uso coletivo dos associados foram previstos cinco locais destinados a serviços sociais e de recreação, compostos por um salão de uso comum, biblioteca e mais cinco pequenas salas destinadas para realização de atividades como ioga, danças, jogos, reuniões de pessoas da terceira idade; uma cantina com cancha de bocha e bilhares; jardim de infância e escola primária; cancha de baby-fútbol (semelhante ao futebol de salão) e cancha de futebol para adultos. O conjunto é composto por unidade duplex em fitas com três níveis, sendo o térreo mesclado com comércio e unidades habitacionais (Fig. nº. 17).

Fig. nº. 17 - Complexo Mesa 1-Térreo comercial e unidades duplex

176 Schelotto (2008, pp. 7-8) faz referências positivas às "Mesas Intercooperativas" por conformarem peças urbanas de alto valor espacial e funcional, inseridas em tecidos urbanos periféricos, contribuindo de forma sustentada para a sua configuração. Nota a influência da produção internacional de habitação da época, notadamente experiências inglesas e holandesas, porém com originalidade de projeto na interpretação do perfil socioeconômico dos associados e das possibilidades culturais e técnicas para viabilizar a sua construção. No Complexo Mesa 1, a pré-fabricação foi empregada na confecção de tavelas cerâmicas, vigas protendidas, marcos para portas e janelas, lances de escadas e outros elementos construtivos utilizados não só nas obras locais, mas também distribuídos entre outros grupos cooperativos que estavam executando obras naquele momento.

2.4.2-Complexo "José Pedro Varela"

O Complexo "José Pedro Varela" conforma hoje parte significativa da cidade de Montevidéu, construída em sucessivas etapas. Schelotto (2008, p. 8) assinala a organização original dos conjuntos correspondentes às Zonas I, II e III (Fig. nº. 18) pela resposta positiva aos desafios de escala, num projeto para mais de 4 mil unidades, inserido na periferia de Montevidéu com previsão inicial de implantação de seis zonas para abrigar cerca de 14 mil pessoas. Este foi o primeiro grande conjunto promovido pelo Centro de Assistencia Técnica y

Social - CEDAS, formado por um grupo interdisciplinar de técnicos, logo após à provação da

Ley Nacional de Vivienda, com o objetivo de assessorar as primeiras cooperativas surgidas do

Sindicado Único de la Construcción y Ramas Anexas - SUNCA. Além desse projeto, o

CEDAS também realizou o Conjunto Florencio Sánchez, com mais de mil e quinhentas unidades em Montevidéu, e outros de menor dimensão pelo interior do país.

No estudo da proposta para cada uma das "Zonas" foi considerado prioritário o nível de agrupamento das células habitacionais. Para a Zona I, foram analisadas as possibilidades de agrupamento partindo de premissas sociais (propiciar espaços que potencializassem o

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