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2.1. E VOLUÇÃO DOS S ISTEMAS DE D RENAGEM U RBANA P ERSPETIVA H ISTÓRICA

2.2.5. E NQUADRAMENTO L EGAL – L EGISLAÇÃO R ELEVANTE

Os serviços públicos de drenagem e tratamento de águas residuais constituem uma preocupação nacional e europeia, no que diz respeito a proporcionar ao consumidor qualidade de vida através da eficiência do serviço prestado. Todavia, a satisfação do utente é apenas conseguida através da cooperação de várias entidades nacionais e internacionais. (Marques, 2010)

Dos diplomas legais vigentes em Portugal, relativos às infraestruturas sanitárias, destacam-se (Marques, 2010):

• Decreto-Lei nº 207/94, de 6 de Agosto, relativo aos sistemas de distribuição e drenagem pública e predial;

• Decreto-Lei nº152/97, de 19 de Junho, relativo à recolha, tratamento e descarga de águas residuais no meio aquático;

• Decreto-Lei nº 56/99, de 26 de Fevereiro; relativo à qualidade de descarga e concentração de substâncias perigosas;

• Decreto-Lei nº 348/98, de 9 de Novembro, apenas uma atualização do Decreto-Lei nº 152/97 de 19 de Junho;

• Decreto-Lei nº 236/98, de 1 de Agosto, relativo a normas, critérios e objetivos de qualidade das descargas para proteção dos meios aquáticos;

• Decreto-Lei nº 294/94, de 16 de Novembro, relativo ao regime jurídico de concessão de gestão e exploração dos sistemas multimunicipais de tratamento de resíduos sólidos urbanos; • Decreto-Lei nº 319/94, de 24 de Dezembro, relativo à construção, gestão e exploração dos

sistemas multimunicipais de captação e tratamento de água para consumo público;

• Decreto-Lei nº 23/95, de 23 de Agosto, relativo aos sistemas públicos e prediais de distribuição de água e drenagem de águas residuais.

2.3. PROBLEMAS NOS SISTEMAS DE DRENAGEM URBANA

Após a definição clara dos objetivos a cumprir pela rede de saneamento das águas residuais, é de extrema importância a avaliação e sintetização dos possíveis problemas que poderão existir durante o funcionamento da infraestrutura. A análise detalhada do ciclo de vida da estrutura permite não só prever situações danosas numa fase ainda primária, como estimar os custos inerentes ao funcionamento e desempenho total da rede.

As infraestruturas sanitárias, embora apresentem uma importância fulcral para a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos nos núcleos urbanos, podem originar severos danos nas suas redondezas, no caso de indevida monitorização ou falta de controlo. A deficiente manutenção não é contudo o único fator para a deterioração das redes urbanas. O desgaste do material, por exemplo, surge naturalmente, uma vez que as solicitações externas são várias e podem alternar com o tempo, causando roturas e fissuras nos órgãos da rede, que, envelhecidos, não respondem de uma forma tão eficaz. Cabe à equipa projetista estipular o tempo de vida útil da infraestrutura e suas principais fragilidades, de acordo com as suas características específicas.

A crise atual obriga a cortes orçamentais nos mais diversos setores, tendo por isso os municípios de estabelecer níveis de prioridade e urgência, de acordo com as dificuldades com que se vão deparando ao longo dos tempos. Posto isto, nem sempre sobra capital suficiente para investir na reparação de pequenos danos locais nas infraestruturas de saneamento, resultando posteriormente em investimentos megalómanos. Saliente-se que, atualmente, há uma tendência para os consumidores pagarem taxas mais elevadas de consumo de água do que propriamente de saneamento, visto que se trata de um ramo com muito menos história do que o primeiro, havendo ainda uma adaptação das entidades gestoras aos modelos de gestão mais adequados, quer a nível organizacional, quer tarifário.

Entre os problemas mais recorrentes nos sistemas de drenagem urbana distinguem-se: (Ellis e Bertrand-Krajewski, 2010; Cardoso, Prigiobbe, et al., 2006; Kretschmer, Ertl, e Koch, 2008; Merril e Butler, 1994; Inflow, Infiltration and Exfiltration Policy, 2004; Bertrand-Krajewski et al., 2005):

• Infiltrações: afluência de água indevida à rede de coletores. A sua origem pode estar associada a fenómenos pluviométricos ou não e é um dos principais entraves à eficiência dos SDU’s;

• Exfiltrações: extravasamento de água sanitária para o exterior. Devem-se essencialmente a roturas e fissuras estruturais na rede de drenagem;

• Acumulação de sólidos: o incorreto dimensionamento das redes de drenagem e o excesso de transporte sólido pode originar a deposição de sedimentos nos coletores, principalmente se a rede não possuir velocidade que permita assegurar as condições de autolimpeza;

• Roturas nas tubagens e caixas de visita;

• Descargas de emergência no meio recetor: decorrente do mau dimensionamento da rede, excesso de infiltração, fenómenos pluviométricos extraordinários, etc, que obrigam a descarregar água sanitária no meio recetor, contaminando o solo envolvente e provocando vários impactes a nível ambiental;

• Controlo de seticidade: provocando o desgaste excessivo das redes;

• Intrusões de raízes: atravessamento de raízes pelas fissuras, entupindo os coletores e reduzindo a sua capacidade de transporte.

• Novo design do sistema: a discrepância entre o formato das redes atuais com as redes envelhecidas pode provocar discrepâncias sérias nomeadamente no desempenho, tendo por isso que existir um prévio estudo que assegure a coexistência entre ambas;

• Ligações cruzadas no sistema: a grande variedade de substâncias à rede de drenagem pode resultar em sérios problemas a nível de tratamento dos efluentes, reduzindo a sua qualidade quando rejeitados no meio hídrico.

Os problemas enumerados podem ainda ser agravados pelas alterações climáticas (Galvão, 2009). A entidade gestora é a principal responsável pela frequência destes acontecimentos, sendo por isso sua função admitir a existência destas situações e promover a sua reparação imediata, através de

investimento de capital, formação de pessoal técnico para execução e contratação/aluguer de maquinaria e/ou equipamentos necessários.

Verifica-se, contudo, uma passividade das empresas na atuação e tomada de medidas e estratégias, procurando apenas respostas rápidas aos problemas. Numa perspetiva futura, estas soluções são simplesmente temporárias e resultam em falsas economias, uma vez que obrigam a investimentos muito superiores nos futuros próximos.