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As economias das meso-regiões

A ECONOMIA PERNAMBUCANA RECENTE

EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO FÍSICA – INDÚSTRIA GERAL

1.2 As economias das meso-regiões

Como se afirmou no início deste capítulo, as condições sócio-econômicas não são homogêneas ao longo de Pernambuco. A estratégia de análise do estado a partir das meso- regiões já foi adotada pelo Governo do Estado em sua busca por interiorizar as decisões no Programa Governo nos Municípios e também por VERGOLINO e MONTEIRO NETO (2002). As duas abordagens são muito distintas. O Governo do Estado adotou como estratégia a elaboração de planejamentos participativos, dos quais fazia parte o levantamento de problemas e potencialidades por parte da comunidade. Os autores referidos analisaram indicadores sócio-econômicos das meso-regiões.

Além disto, a classificação de meso-regiões adotada por estas duas fontes são diferentes entre si e diferentes da classificação do IBGE. Estas diferenças nas classificações das meso-regiões explicitam a dificuldade de encontrar características de homogeneidade. Na seção 1.4, será visto que o próprio Governo do Estado alterou sua subdivisão de Pernambuco.

Ao invés de escolher uma sub-divisão dentre as existentes, optou-se por apresentar a análise de cada autor respeitando-se sua classificação. Isto não altera as conclusões da pesquisa, pois a unidade de análise será o município.

A análise de VERGOLINO e MONTEIRO NETO (2002) permite tornar mais evidente as grandes disparidades existentes entre as regiões do estado. Transcreve-se abaixo duas tabelas destes autores onde se cruza o crescimento do PIB per capita de 1985 a 1996 e o PIB per capita de 1996 na primeira tabela e o crescimento do PIB per capita de 1985 a 1996 e o nível do IDH de 1996 na segunda.

A disparidade fica evidente quando se nota que o grupo de micro-regiões que possuem um alto nível de IDH e de renda per-capita pertencem à região metropolitana ou estão ao seu

redor. A exceção fica por conta de Petrolina. A análise das duas tabelas permite notar que as micro-regiões de Itamaracá e Petrolina apresentam a melhor combinação possível que envolve alto crescimento, alto PIB per capita e alto nível de IDH. Isto mostra que, apesar da forte importância da Região Metropolitana de Recife, Petrolina apresenta-se como um pólo dinâmico de desenvolvimento do Estado.

TABELA 1.2.1

Cruzamento entre PIB per capita 1996 e Taxas de Cresc. per capita 1985 – 96 Crescimento do PIB Per Capita

Níveis de PIB

per capita Baixo Médio Alto

Baixo Alto Capibaribe

Araripina

Itaparica Vale do Ipanema

Médio Capibaribe Salgueiro

Médio Brejo Pernambucano

Mata Meridional Pernambucana Sertão do Moxotó Vitória de Santo Antão Garanhuns Pajeú

Alto Mata Setentrional

Pernambucana Recife Suape Vale do Ipojuca Itamaracá Petrolina

Fonte: VERGOLINO e MONTEIRO NETO (2002, 81)

TABELA 1.2.2

Cruzamento entre IDH e Taxas de Cresc. do PIB per capita 1985 – 96 Crescimento do PIB Per Capita

Níveis

de IDH Baixo Médio Alto

Baixo IDH

Araripina Brejo Pernambucano Mata Merirional Pernambucana

Vale do Ipanema Garanhuns Médio Capibaribe Médio IDH Mata Setentrional Pernambucana Itaparica Sertão do Moxotó Vitória de Santo Antão

Pajeú Salgueiro Alto IDH Alto Capibaribe Recife Suape Vale do Ipojuca Itamaracá Petrolina

Fonte: VERGOLINO e MONTEIRO NETO (2002, 179)

A região metropolitana de Recife mostrou-se com baixo nível de crescimento, o que a levou a ser classificada por VERGOLINO e MONTEIRO NETO (2002) como uma região com uma combinação preocupante, pois a região que deveria puxar o desenvolvimento têm apresentado baixos níveis de crescimento econômico, o que diminuiria o potencial de

spillovers positivos sobre as demais regiões do Estado. Como é na Região Metropolitana que

se concentra a maior parte da indústria e do setor de serviços, sendo a agricultura praticamente incipiente, são estes dois setores que determinam o desempenho econômico da mesma. Como foi visto, vários sub-setores da indústria Pernambucana apresentaram desempenho abaixo da média regional e nacional. Desta forma o maior centro produtivo do estado está passando por uma crise cuja superação auxiliaria o crescimento das demais regiões.

O Programa Governo nos Municípios é a tentativa do Governo do Estado adotar o orçamento participativo. Dentro da metodologia adotada na elaboração dos Planos Meso- Regionais está a participação da comunidade na elaboração de um diagnóstico da região. Foram feitas reuniões por municípios para posteriormente serem feitas reuniões a nível meso- regional. Destas reuniões deu-se origem a relatórios individuais que constituem-se no plano de ação solicitado pela população. A redação destes relatórios fica a cargo da consultoria encarregada de assistir a população nestas reuniões.

Este tipo de metodologia é discutível como fonte adequada de dados, dada a possibili- dade de que os consultores `dirijam` as reuniões de forma que a população destaque exata- mente os problemas que a consultoria está vendo. Contudo, é interessante destes relatórios fazer uma análise dos problemas apontados. Desta análise interessa as igualdades e as desigualdades. O que se afirma é que a comparação dos problemas permite vislumbrar quais são as diferenças existentes entre as meso-regiões. Por mais que a consultoria esteja tentando interferir no apontamento dos problemas, aqueles problemas que realmente afligem uma região são apontados pela população que faz questão que os mesmos constem nos relatórios.

Para a implantação do Programa Governo nos Municípios o estado foi dividido em 10 regiões. São elas: 1) Agreste Central; 2) Agreste Meridional; 3) Agreste Setentrional; 4) Araripe; 5) Itaparica; 6) Mata Norte; 7) Mata Sul; 8) Pajeú-Moxotó; 9). Região Metropolitana

de Recife e 10) São Francisco.14 Em comum todas as regiões apresentaram problemas nos quesitos de educação, saúde, saneamento e abastecimento d’àgua. A educação foi relatada como de baixa qualidade, principalmente na zona rural, tendo grande evasão escolar e problemas de fluxo com alunos apresentando atraso no desenvolvimento.

No tocante à saúde a principal reclamação é no sentido à carência de oferta de serviços, sendo que muitos são disponíveis apenas em poucas cidades principais das regiões. A questão do saneamento e do abastecimento d’água é uma constante entre as regiões, apesar de nem todas terem problemas com a falta de chuvas. Ocorre que os investimentos feitos nesta área estão muito aquém das necessidades em todo o estado, inclusive na RMR.

A tabela 1.2.3 apresenta um esquema resumido dos principais entraves ao desenvolvimento apontados pelos diagnósticos participativos. Nota-se que o entrave “infra- estrutura para o turismo” está presente em todas as regiões analisadas. O fato de todas as regiões apresentarem este entrave, mesmo para aquelas onde o turismo não é importante no tocante ao desempenho econômico leva à conclusão de que este teria sido um problema indicado pela consultoria.

Um entrave que foi agregado para esta pesquisa é o relativo ao atraso tecnológico da indústria local. Isto aparece em algumas regiões, mas no formato específico, mais precisamente, a zona da mata referindo-se à indústria do açúcar e em São Francisco, referindo-se aos equipamentos de irrigação. Nota-se que a deficiência de transporte, acarretando em dificuldades de escoamento da produção, é um problema importante para o estado como um todo, aparecendo de diversas formas, quer seja pela manutenção das estradas, quer seja pela necessidade de alguma estrada específica, quer seja pela melhoria de infra- estrutura dentro da própria região.

14 A numeração das meso-regiões apresentada neste ponto será considerada padrão para o restante desta tese na

TABELA 1.2.3

Entraves ao Desenvolvimento das Meso-Regiões

Meso-regiões Problemas

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

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