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3. EDIFICAÇÕES FLEXÍVEIS

3.7 Edificação flexível

No final do século XX, a busca da total flexibilidade dos edifícios teve uma de suas mais expressivas manifestações: a formulação do conceito de “escritório virtual”.

Nele, a empresa da era da informação tende a prescindir dos escritórios tradicionais, onde cada funcionário tem seu espaço de trabalho fixo, tornando-se necessária apenas uma instalação bem aberta e capaz de permitir a reorganização de seu layout, para que salas de reuniões e gabinetes de trabalho possam ser rapidamente modificados, mediante a movimentação de alguns painéis de parede, de algumas portas, de algumas tomadas de força e saídas de ar condicionado.

Além disso, nesse modelo os espaços de trabalho individuais são substituídos por espaços utilizados por vários funcionários em diferentes horas do dia ou dias da semana, com o claro objetivo de maximizar o retorno do investimento feito em infra-estrutura física e equipamentos por uma determinada organização.

Sua premissa é a suposta vocação da era da informação para a impessoalidade do trabalho e para a mobilidade dos trabalhadores do setor terciário (ou, ao menos, de boa parte deles) no desempenho de suas atividades.

Campos (2002) também defende a tese de que uma das mais fortes tendências no desenvolvimento das técnicas construtivas, ao longo do século XX, tem sido a busca contínua pela flexibilidade, tanto dos processos produtivos quanto dos edifícios produzidos.

A crescente industrialização e o desenvolvimento de dispositivos de segurança e conforto (pára-raios, instalações sanitárias, iluminação, aquecimento e ventilação, ar condicionado, elevadores e escadas rolantes, proteção contra o fogo, engenharia estrutural, acústica) evoluíram de tal modo que, naquela época, os sistemas de um edifício podiam representar quase a metade do seu custo total, tornando-se assim aparatos não só visíveis, mas também os protagonistas de uma estética moderna.

Castro Neto (1994) apud Neves (2002) sugere que a definição de Edifícios Inteligentes(EI) ou Edifícios de Alta Tecnologia(EAT) deve seguir o IBI (Intelligent Buildings Institute) dos Estados Unidos:

“Os EI/EAT são aqueles edifícios que oferecem um ambiente produtivo e econômico através da otimização de quatro elementos básicos, que são a estrutura (componentes estruturais do edifício, elementos de arquitetura, acabamentos de interiores e móveis), os sistemas (controle de ambiente, calefação, ventilação, ar- condicionado, luz, segurança e energia elétrica), os serviços (comunicação de voz, dados, imagens, limpeza) e o gerenciamento (ferramentas para controlar o edifício), bem como as inter-relações entre eles” (p. 02).

Nos dias atuais, observa-se a tendência do mercado imobiliário, principalmente no que diz respeito aos edifícios de escritórios, em produzir edifícios multifuncionais, articulando espaços para as atividades de negócios, habitação, entretenimento e lazer.

A utilização do elevador constituiu como outro fator vital nas mudanças econômicas e sociais que acompanharam o surto de urbanização das cidades. Da mesma forma, as diferenças climáticas foram progressivamente atenuadas porque tanto equipamentos quanto materiais foram desenvolvidos no sentido de moderar o efeito das condições externas no interior dos edifícios.

Assim, no seu desejo de responder aos desafios colocados pela modernidade, a Arquitetura do Movimento Moderno, que teve a sua gênese ao longo dos anos 1920 e que se afirmou depois da II Guerra Mundial, serviu-se dos novos materiais e incorporou os novos sistemas de tal modo que, na atualidade, as edificações são baseadas num leque de desenvolvimentos técnicos.

As transformações na construção do século XX decorreram fundamentalmente da influência dos progressos técnicos, tanto sobre o universo dos materiais de construção, quanto sobre o desenvolvimento e o aperfeiçoamento dos sistemas.

No quadro dessas evoluções, as técnicas construtivas avançaram progressivamente em direção à ampliação dos vãos livres, capazes de responder ao anseio dos usuários por edificações cada vez mais flexíveis e confortáveis, sendo que o impacto das inovações técnicas acabou transformando hábitos e modos de vida de uma multidão de consumidores.

As grandes reduções nos custos dos equipamentos de informática impulsionaram a expansão da automação nas edificações, que atualmente busca meios para maior economia de energia, juntamente com a administração eficaz do seu consumo, além da redução da taxa condominial dos modernos edifícios, em relação ao valor da taxa dos mais antigos, que não dispõem de sistemas avançados de controle.

É possível observar, portanto, grandes mudanças na arquitetura, não só na organização e utilização do espaço, mas também no projeto das instalações e nos ambientes das edificações. Hoje em dia, a crescente necessidade de transmissão de voz, dados, textos e imagens, decorre da generalização e extensão da informática na vida cotidiana, embora ainda haja certo controle sobre o movimento de pessoas e objetos no edifício, imprescindível devido aos problemas de segurança das grandes cidades.

A nova condição imposta aos arquitetos na concepção do projeto é o levantamento das necessidades atuais e futuras dos usuários para a previsão de espaços que

sejam flexíveis a possíveis modificações de layouts ou adequação das novas tecnologias da Telemática.

Identificar e caracterizar os equipamentos, revelando sua importância no contexto de uma residência ou edifício, permite conhecer o processo de estruturação dos novos espaços, gerados no âmbito dos chamados edifícios de alta tecnologia.

A análise do desempenho do edifício é cada vez mais indispensável em um projeto. O incremento qualitativo nas condições ambientais pode ser conseguido por meio da distribuição do controle aos próprios usuários. Em outras palavras: se o indivíduo tem autonomia para escolher, no ambiente de trabalho ou doméstico, a temperatura do ambiente ou a quantidade de iluminação, por exemplo, ele certamente as configura da maneira que mais lhe agrada.

O arquiteto do século XXI deve entender a evolução pela qual a vida quotidiana da população urbanizada e seus projetos vêm passando. Ademais, deve contemplar estudos sobre o conforto térmico, luminoso e acústico, não mais considerados como gastos, mas sim pontos-chave para a economia e para as estratégias de vendas, tendo em vista que toda tecnologia disponível proporciona uma redução de custos vantajosa.

As empresas que atuam no mercado imobiliário dos grandes centros urbanos devem estar atentas, portanto, para a redução de custos proporcionada pela tecnologia disponível, levando-se em consideração que os espaços têm de ser flexíveis para possíveis modificações de layouts ou adequações das novas tecnologias da Telemática.

Enfim, o projeto deve ser concebido para se adaptar ao desenvolvimento das tecnologias, integrando às instalações tradicionais as novas potencialidades de aplicações, com previsibilidade futura. A automação predial, por exemplo, deve ser realidade em grande parte das edificações dentro de um tempo relativamente curto.

Conclui-se, então, que todas essas transformações – surgimento de novos materiais, modernos sistemas estruturais (de instalações e vedações, por exemplo), a revolução da informática, o controle de redes de utilidades, a ampliação dos serviços (comunicação de voz, dados, imagens, limpeza), aliadas às profundas mudanças sociais, tornaram-se o cérebro das edificações ao inter-relacionar os sistemas e gerenciá-los.

A partir disso, há dois pontos a se considerar:

a) a dinâmica urbana: em menos de duas décadas, regiões residenciais foram transformadas em comerciais, levando à obsolescência edificações projetadas fora dos conceitos de flexibilidade, isto é, que haviam sido projetados para única condição de uso (comercial ou residencial). Como resultado, foram gerados grandes custos com reforço estrutural, a fim de

que tais edifícios fossem adaptados às novas condições de uso. Para tanto, utilizou-se, primordialmente, vigas altas e um grande número de pilares internos;

b) o principal agente dessa obsolescência.

O projeto e a execução de edificações em lajes lisas tornou-se uma resposta aos anseios da sociedade moderna, já que convivem harmonicamente com sistemas flexíveis, constituídos pelo sistema de divisórias, instalações hidro-sanitárias, iluminação, pisos e fechamentos oriundos de fabricantes diversos, capazes de adaptarem-se a diferentes estruturas portantes e permitir modificações de layouts, reposições e melhoramentos sem intervenções profundas nas estruturas dos edifícios que os abrigam.

As lajes lisas com vigotas pré-fabricadas treliçadas que utilizam fôrmas perdidas em blocos de Poliestireno Expandido (EPS) ou fôrmas plásticas removíveis (fabricadas em polipropileno), trouxeram novas perspectivas ao projeto de lajes lisas, permitindo vãos maiores com baixo peso próprio. Os blocos de EPS facilitam a execução de nervuras transversais (presentes também nas fôrmas plásticas removíveis), agregando ao sistema as vantagens proporcionadas pelas lajes bidirecionais.

Os elementos pré-moldados são leves, de fácil manuseio, transporte e montagem, dispensam o uso de fôrmas e equipamentos especiais e requerem pouco escoramento. Além disso, programas computacionais surgidos nos últimos anos propiciam cálculos mais refinados, que permitem prever com maior precisão o comportamento da estrutura em serviço.

Dessa maneira, os projetistas passam a ter maior segurança no projeto de sistemas menos usuais, como lajes lisas nervuradas, sem vigas internas, capitéis e até mesmo vigas de borda.

4. LAJES LISAS NERVURADAS PRÉ-FABRICADAS COM VIGOTAS

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