• Nenhum resultado encontrado

Editais e Projetos Culturais

No documento Download/Open (páginas 42-44)

CARACTERÍSTICAS

2.3. GESTÃO CULTURAL E PROJETOS CULTURAIS

2.3.2. Editais e Projetos Culturais

Notou-se nos últimos anos, a influência de ferramentas utilizadas pelas empresas na Administração Pública. Na área cultural, mecanismo gerenciais, como gestão de projetos, já são pré-requisitos para a liberação de recursos públicos para produtores culturais. Além disso, outro mecanismo utilizado são os editais cuja finalidade é promover a publicidade das regras e procedimentos para a gestão dos recursos públicos.

Com entrada do Gilberto Gil no Ministério da Cultura, em 2003, houve um marco em relação às políticas federais na área da cultura: a prática de balcão do financiamento cultural foi substituída por uma política de editais (COSTA; MELLO; JULIANO, 2010). Dessa forma, os editais foram instrumentos utilizados pelo governo para permitir maior transparência quanto aos processos seletivos para a elaboração de projetos culturais.

A metodologia de projetos tem sido utilizada pelos órgãos governamentais como instrumento para avaliação de financiamento cultural (THIRY-CHERQUES, 2006). Conforme ressalta THIRY-CHERQUES (2006, ,p.15) “define-se projetos como uma organização transitória, que compreende uma sequencia de atividades dirigidas à geração de um produto singular em um tempo dado”

38

Outro autor, bastante conceituado, Maximiano (2002, p.26), define projeto como “um empreendimento temporário de atividade com início, meio e fim programados, que tem por objetivo fornecer um produto singular e dentro das restrições orçamentárias”, para satisfazer as necessidades dos stakeholders.

Conforme a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), na norma técnica 10006, “projeto é um processo único, consistindo de um grupo de atividades coordenadas e controladas com datas para início e término, empreendido para alcance de um objetivo conforme requisitos específicos, incluindo limitações de tempo, custo e recursos”.

As primeiras técnicas de gerenciamento de projetos foram implementadas pelo Departamento de Defesa Americano, desenvolvidas para a Gestão e Controle de Projetos, que são: o

Program Evaluation and Review Technique (PERT), que permite o cálculo a partir da média

ponderada de 3 durações possíveis de uma atividade (otimista, a mais provável, e pessimista); e o Critical Path Method (CPM), que faz a apuração do caminho crítico, dada uma sequência de atividades (DISMORE, 2003).

A partir dessas práticas, tornaram-se necessárias as implementações dessas ferramentas pelas empresas que trabalhavam visando ao gerenciamento dos resultados. Nesse contexto, surgiram várias Instituições voluntárias de estudos em gerenciamento de projetos, dentre essas, a mais conhecida é o Project Management Institute (PMI), que, a partir de 1969, elaborou um manual das melhores práticas para o gerenciamento de projetos, denominado

Project Management Body of Knowlege (PMBOK, 2004).

Conceitua-se Gestão de Projetos como o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas nas ações de projetos, com a finalidade de atender aos seus propósitos; e Projeto o esforço temporário empreendido para gerar um produto, serviço, ou resultado exclusivo (PMBOK, 2004). Um grande teórico no assunto, Kerzner (2002, p. 17), define projetos como “um empreendimento com objetivo identificável, que consome recursos e opera sob pressões de prazos, custos e qualidade”. O autor também conceitua gerenciamento de projeto como sendo o planejamento, programação e controle de uma série de tarefas integradas de forma a atingir seus objetivos com êxito.

Dessa forma, a Gestão Cultural está embasando a ferramenta de gestão de projetos para orientar os gastos e alcançar os resultados planejados. Conforme salienta Cunha (2013, p.25), “durante o processo de planejamento e organização de um projeto, deve- se considerar as políticas e diretrizes específicas dos planos e programas em que estão inseridos, pois o ideal é que sua concepção, desde o início, seja a partir dos programas que integram um planejamento”.

Esse movimento de cadastro de projetos por meio de editais e formas de fomento cultural, avançou do nível federal até o municipal e provocou a trajetória de debates sobre a política de financiamento. Alguns criticam, salientando que as técnicas utilizadas favorecem os técnicos e intelectuais (GUIMARAES, 2007) e acabam não contribuindo para a equidade de participação dos agentes culturais; outros afirmam ser um instrumento de planejamento e controle (CUNHA, 2013).

Nos editais, são definidas as áreas de atuação, o processo de avaliação, as regras para o recebimento dos recursos e a forma de prestação de contas. No entanto, a sua atuação é limita

39

em definir estratégia de distribuição dos recursos diante das várias necessidades regionais, o que contribui para o favorecimento de regiões mais desenvolvidas, em detrimento de outras. Isso ocorre, principalmente, nos recursos destinados à Lei de Incentivo Fiscal, percebendo uma forte concentração de recursos destinados à região sul e sudeste (FREIRE, 2013). Acontece que as empresas privadas visando à estratégia de marketing institucional direcionam seu apoio a projetos que contribuam com a valorização da marca da empresa diante dos seus consumidores finais.

Nessa concepção, os analistas do Governo, responsáveis por avaliar os projetos cadastrados, devem estar atentos para as finalidades almejadas e os impactos que os objetivos alavancados nos projetos culturais podem causar para a sociedade. Cada projeto tem sua especificidade, um público a beneficiar, a depender do contexto histórico e cultural ao qual está inserido (CUNHA, 2013). Dessa forma, Cunha (2013, p.22) ressalta a importância de o Produtor Cultural utilizar-se dessa metodologia para gerenciar os recursos públicos:

“As orientações básicas para a definição e a elaboração de um projeto cultural referem-se à necessidade de composição, com qualidade e eficiência, de um conjunto de ideias bem articuladas entre apresentação, objetivos, justificativa, cronogramas, orçamentos, comunicação e outros itens que compõem a estrutura específica de um projeto. Cada projeto tem características próprias, seu desenho final depende de sua natureza, finalidade e de seu porte”.

Logo, a metodologia de projetos serve como um procedimento para que os produtores culturais possam realizar o planejamento das suas ações. Por meio desse método, é possível direcionar custo, tempo e recursos para alcançar a finalidade desejada. Torna-se, dessa forma, dever do Estado capacitar os agentes culturais para que os mesmos possam desenvolver essa forma de gerência das suas atividades culturais, a fim de que isso não seja um entrave, mas uma ferramenta de melhoria da gestão dos recursos públicos.

No documento Download/Open (páginas 42-44)