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Graduação em Engenharia de Minas pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (1980), Mestrado (1991) e Doutorado (1996) em Administração pela Faculdade de Economia Administração e Contabilidade FEA/USP, ambos em métodos quantitativos e Informática. Foi consultor da SEED/MEC de 1996 a 2001. Foi consultor ad-hoc via PNUD e UNESCO. Atualmente é Professor Assistente Doutor na UNESP - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - FC / Depto de Computação - Bauru, onde coordena o LTIA - Laboratório de Tecnologias da Informação Aplicada- homologado pelo CATI/Sepin-MCT. No LTIA orienta e desenvolve projetos de pesquisa e software relacionados com embedded

Políticas de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, tendo cursado "Strategic R&D

Management" na Wharton School e feito Pós Doutorado no INSEAD/França na área de

Estratégia em Políticas de Inovação. O que é o LITIA?

O LITIA, Laboratório de Tecnologias da Informação Aplicada, é um laboratório de pesquisa e inovação, para o desenvolvimento de aplicações junto a empresas para a solução de problemas tecnológicos. A função desse tipo de laboratório é resolver os problemas da área de inovação. Atuamos sob demanda e somos auto-sustentáveis, pois captamos recursos juntos às empresas que nos procuram.

O que o Laboratório já produziu na área de televisão digital?

Ligados à TV digital, até 2009 e início de 2010 nós trabalhávamos porque tínhamos uma forte área de sistemas embarcados. Trabalhamos em cima dos sistemas operacionais que são executados na set to box, que é a base de grande parte da interatividade na televisão digital.

O termo interatividade é empregado hoje de diversas formas e em diferentes contextos. Inserida no âmbito da televisão digital, como pode ser entendida a interatividade?

É a possibilidade de você poder ter acesso a recursos que não estão explicitamente sendo transmitidos na transmissão digital, ou seja, conteúdos que estão ocultos mas que estão sendo transmitidos simultaneamente à transmissão normal. É a possibilidade de que eu possa ter acesso a eles pelas capacidades que a set to box oferece.

Que possibilidades se apresentam para o telejornalismo com o uso dos recursos interativos?

Um dos projetos que nós desenvolvemos aqui, foi a possibilidade de você pode ter acesso a um programa que era gravado, o programa tinha seu desenrolar, e você podia ter acesso durante o programa a informações adicionais sobre o que era dito pelos entrevistados, ter acesso a matéria completa não editada, você podia ter acesso ao glossário dos termos técnicos que eventualmente eram usados pelos entrevistados, ter acesso aos links de assuntos correlacionados, podia clicar nesse link e ter acesso aos sites web e você também podia acessar informações adicionais correlacionadas à matéria. Isso tudo desviava você da própria matéria, mas como a

matéria era gravada você sempre podia voltar ao ponto de onde decidiu parar. A interatividade existia, mas o pressuposto era de que era uma matéria gravada.

Qual foi a complexidade de construção de todos esses recursos a que você se referiu?

Tecnicamente falando? Foram recursos construídos sem grande complexidade, que dependem unicamente do poder de processamento da set to

box. Nós usamos naquele projeto uma set to box de alto desempenho. Então, como

ela tinha alta capacidade de processamento, ela era capaz de processar simultaneamente várias atividades ao mesmo tempo, ou melhor, quase ao mesmo tempo, pois você tem que parar uma atividade para começar outra. Essa é uma característica dos sistemas embarcados, eles são como o telefone celular, quando você está falando você só está falando, quando está ouvindo música, só está ouvindo música, quando toca o telefone para a música e você atende o telefone. Essa é a característica dos sistemas embarcados, grande poder de processamento mas não processamentos simultâneos.

O uso em larga escala de recursos como esses utilizados no projeto são viáveis?

A categoria de set to box que nós utilizamos para produzir esse recursos são de alto desempenho e consequentemente de alto custo. Então, surge uma situação extremamente complexa, pois a set to box popular, que é a que nós temos hoje, tem pouquíssima capacidade de processamento, ela basicamente só é capaz de fazer a conversão do sinal. É essa a set to box que o ex - ministro da comunicação, Hélio costa, anunciava por um preço na ordem de trezentos a quatrocentos reais.

Todos esses recursos a que o Senhor se referiu são recursos que possibilitam a chamada “interatividade local”, mas e o diálogo direto com a emissora?

Ai entra a questão do que é a interatividade: interatividade é eu versus o conteúdo que acabou de chegar ou sou eu versus o emissor do conteúdo? A

interatividade local é tão ou mais preciosa que a interatividade com o emissor, principalmente porque eu acho que há muito pouco o que fazer em relação ao emissor. A interatividade com o emissor já existe e ponto final. Um programa como o Faustão oferece uma enorme gama de interatividade disponível com o emissor, SMS, telefone, email e o próprio acesso ao site da globo.com. São formas diretas de você interagir com o programa, independente da TV ser digital ou não. Então, a interatividade com o emissor já existe e as razões para que essa interatividade aconteça são limitadas, porque a capacidade de interferência no programa tem que ser limitada por razões óbvias, pois o programa não é uma parafernália, uma cacofonia popular. As possibilidades de consulta à população para mudar o roteiro de um programa são relativamente poucas, agora, as possibilidades de interatividade do telespectador em relação ao conteúdo transmitido disponível na set

to box são muitas, eu diria até infinitas.

O Senhor acredita na concretização da interatividade dos canais abertos?

Eu acredito que sim, baseado no seguinte raciocínio, como esse material só poderá ser manipulado por set top box de um custo diferenciado. As emissoras estarão produzindo esse material para as classes A, B e um parte da C, ou seja, as emissoras estarão produzindo esse material para um público segmentado, algo que a TV aberta nunca conseguiu fazer, que foi se comunicar diretamente com esses segmentos.

Mas então o Senhor está trabalhando com a hipótese de que esses recursos interativos estarão restritos a essas classes sociais?

Eles estarão naturalmente restritos, porque as classes C, D e E não terão recursos para comprar a set to box e manipulá-la. Eu estou dando uma hipótese cruel, mas o tempo dirá.

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