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2 MARCO TEÓRICO E REFERENCIAL

2.2 EDUCAÇÃO PRESENCIAL E A DISTÂNCIA

2.2.2 Educação a Distância

2.2.2.1 Educação a distância no Brasil e no Maranhão

De acordo com Alves (2009), a Educação a Distância no Brasil já era praticada antes de 1900, quando eram oferecidos, nos classificados dos jornais do Rio de Janeiro, os primeiros cursos profissionalizantes de datilografia por professores particulares. De fato e

com registro, a EaD foi iniciada somente com a instalação, em 1904, das Escolas Internacionais (empresa americana especializada nos setores de comércio e serviços, que utilizava o ensino por correspondência). Essa fase, caracterizada como da primeira geração, também encontrou sua expansão no país por meio do Instituto Monitor (1939) e do Instituto Universal Brasileiro (1941), só para citar essas três importantes organizações que delinearam seu mercado por uma educação profissional por correspondência e que até hoje atuam no país. De onde se pode concluir que no Brasil esta primeira geração de EaD teve como foco a educação técnica.

O Brasil entra na segunda geração da EaD com a criação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, em 1923, que, embora sendo uma instituição privada, funcionava numa escola superior mantida pelo governo, mas por pressão dos revolucionários de 1930 foi doada em 1936 ao Ministério da Educação e Saúde, o que motivou a criação, em 1937, do Serviço de Radiodifusão Educativa do Ministério da Educação. Esta geração no Brasil foi caracterizada principalmente pela educação de adultos.

Os efeitos da criação da Open University inglesa também foram sentidos aqui no Brasil, tanto que alguns parlamentares tomaram a iniciativa, em 1972, de criar uma universidade aberta, por meio da proposição Nº 962, que foi arquivada. Outra tentativa foi feita em 1974, por meio do projeto de lei Nº 1.878, que também foi arquivado.

Bayma   (2009)   aponta   uma   tendência   da   educação   brasileira   na   busca   de   “uma   convergência entre a   educação   convencional   e   virtual”,   justificada   em   decorrência   da   legislação educacional e a consolidação da educação a distância no país, onde busca-se um modelo híbrido, tendo como determinantes os objetivos e perfis dos alunos e das instituições.

Dentro do contexto estadual pode-se dizer que a educação a distância no Estado do Maranhão inicia na segunda geração de EaD, com a Fundação Maranhense de Televisão Educativa (TVE do Maranhão), em dezembro de 1969, uma das nove emissoras educativas instaladas no país entre o período de 1967 e 1974, sem nenhum planejamento de política setorial do governo federal (FRADKIN, 2008). Destas, somente três, entre elas a TVE do Maranhão, se voltaram para a educação, fazendo com que a partir daquele ano fossem ministradas aulas do segundo ciclo do ensino fundamental no Centro Educativo do Maranhão (Cema).

Considerada sua contribuição para a Educação, a Fundação Maranhense de TVE introduzira inovações tanto no conteúdo, como no processo. A socialização dos alunos através das telessalas, o exercício da responsabilidade, a ênfase dada à

dinâmica de grupo e ao papel do orientador são dignos de menção (AVÍZ; SILVA, 2001, p. 49).

A TVE do Maranhão foi a primeira emissora a elaborar um sistema próprio de televisão educativa, que teve origem nas necessidades detectadas por um diagnóstico que apontava a baixa frequência escolar e a falta de professores qualificados no Estado. Funcionou, inicialmente, como circuito fechado de televisão (depois em circuito aberto), com televisores em branco e preto instalados nas salas de aula, tendo a presença de um orientador de aprendizagem que auxiliava os alunos nas atividades agendadas no material didático impresso (OZORIS, 2001).

A Unesco considerou a TVE do Maranhão como a melhor experiência de televisão educativa na América Latina, tendo seu modelo copiado para o restante do país e para o continente africano. Ainda hoje a TVE do Maranhão é referenciada nacional e internacionalmente como uma experiência brasileira única e pioneira em EaD (SILVA, 2008). A segunda incursão maranhense na educação a distância ocorreu a partir das ações da Universidade Estadual do Maranhão, quando da criação de uma nova versão para o Programa de Capacitação Docente (Procad), que ministrava cursos presencias nas férias escolares para professores da rede pública de Educação. A Uema definiu seus objetivos de EaD  por  meio  da  Resolução  nº  73/98  do  Cepe/Uema,  quando  buscava  “ampliar  o  espaço  de   atuação da Uema frente aos desafios geográficos limitadores da oferta de cursos presenciais”   (Uema, 1998). A implantação desse programa contou com a consultoria da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), uma das universidades pioneiras na oferta de cursos a distância no país. Iniciou com a autorização para funcionamento do Curso de Magistério em Nível Médio (Magistério 2001), aprovado segundo Parecer nº 246/98 e Resolução nº 192/98 do  Conselho  Estadual  de  Educação  (CEE),  cujo  objetivo  expresso  era  “propiciar  a  formação   de professores leigos em atividade na rede pública do Estado do Maranhão”.  Essa  primeira   experiência com a modalidade de ensino a distância tratava-se de uma concessão extraordinária do CEE, que permitiu à Uema atuar no nível da educação básica no Estado do Maranhão (CEE, 1998). O curso contava com fascículos impressos adquiridos da UFMT e era acompanhado de tutoria presencial, com tutores formados pela própria UFMT. Em 2000, essa experiência proporcionou a criação do Núcleo de Educação a Distância (Nead) da Uema, seguido, em 2001, pelo credenciamento do MEC para oferta de cursos na modalidade a distância (Portaria nº 2.216, de 11/10/2001) e mudança para a atual denominação de Uemanet, dez anos depois, em maio de 2008 (MEC/SESu, 2001).

Cabe ainda citar como experiência singular no Estado a criação da Universidade Virtual do Estado do Maranhão (Univima), em julho de 2003, pela Secretaria Estadual da Ciência, Tecnologia, Ensino Superior e Desenvolvimento Tecnológico (Sectec), da qual a própria Uema é uma autarquia vinculada. A Univima foi estruturada nos moldes de uma universidade virtual, conforme descrito por Moore e Kearsley (2007), comportando estúdios de gravação e edição, salas de videoconferência, laboratórios de informática e de produção. Utiliza os serviços de teleconferência através da plataforma digital do software IP.TV, desenvolvido pela empresa VAT, que integra os sinais de TV por rede IP da Internet, que são enviados por banda alugada de satélite, para captação em antenas parabólicas instaladas nos seus polos. A Univima, como não é credenciada pelo MEC para oferecer cursos regulares de educação a distância, manteve parceria com a Uema no projeto piloto do curso de Administração na modalidade a distância da UAB.

Convém explicar que nesse modelo de organização das instituições com finalidade dupla, aqui denominada de semipresencial ou bimodal, aparece quase sempre a figura dos Nead – Núcleos de Educação a Distância das universidades públicas. Esses Núcleos congregam pessoal técnico e pedagógico, e de suporte de TIC, sendo que os professores geralmente são convidados a participar diretamente junto aos departamentos. Várias são as atividades, vinculações e denominações dos Nead nas universidades. Na Universidade Estadual do Maranhão adotou-se a denominação de Núcleo de Tecnologias para a Educação, cuja sigla ficou instituída como Uemanet, para lembrar que o Núcleo faz parte da Uema e é o responsável pelo apoio às atividades da educação, subsidiando com as TIC os cursos em todos os níveis, encontrando-se, por conseguinte, vinculado diretamente à Reitoria, como órgão de assessoria e operacionalização da EaD na universidade.