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ORIENTAÇÕES AO PROFESSOR

1. Bases da Educação Ambiental e do Movimento CTS

1.1 EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Apesar de haver registros de que a ação depredatória sempre esteve presente na relação homem-natureza, à conscientização em relação às questões ambientais é relativamente nova, somente nas últimas décadas essa questão aparece com destaque no cenário mundial.

A publicação do Livro “Primavera Silenciosa” de Rachel Carson (Silent

Spring) marcou o início de uma nova maneira de enxergar a relação homem-

natureza, suas 44 edições desencadeou uma inquietação na comunidade internacional sobre a perda da qualidade de vida no planeta, pois reunia narrativas sobre problemas ambientais que estavam surgindo em vários lugares do mundo, promovidos pelo modelo de desenvolvimento econômico adotado e alertava a comunidade internacional para essas questões.

A partir de então várias conferências internacionais aconteceram para tratar sobre assuntos relativos ao meio ambiente, dentre elas destacamos: Estocolmo (1972) e Tbilisi na Geórgia (1977) em que se postulou a Educação Ambiental como elemento essencial para uma educação global orientada para a resolução dos problemas por meio da participação ativa dos educandos na educação formal e não- formal, em favor do bem-estar da comunidade humana. Em 1990, na cidade do Rio de Janeiro aconteceu a Rio-92, com a participação de aproximadamente 170 países,

nessa conferência reconheceu-se a insustentabilidade do modelo de desenvolvimento atual baseado no lucro a qualquer custo. A partir dessa conferência, o modelo de desenvolvimento econômico capitalista passou a ser reconhecido como insustentável, enfatizando-se a necessidade de se buscar um modelo alternativo de desenvolvimento para o planeta.

Apesar de seu início ser marcado por uma visão conservacionista, na qual a preocupação concentrava-se na conservação dos recursos naturais, essas motivações foram superadas por outras concepções que incorporaram os aspectos sociais, econômicos, políticos e éticos ao meio ambiente. Nesse sentido, percebeu- se a educação ambiental como essencial para a formação do cidadão, mediante as mudanças de atitudes na relação do ser humano com o próximo e com a natureza, sensibilizando uma geração para as questões ambientais em seu todo. Tendo em vista que a maioria dos problemas ambientais está ligada a fatores sociais, podemos concluir que vivemos hoje, acima de tudo, uma crise socioambiental, que enfatiza de forma integradora os aspectos ambientais e os sociais.

Abordagens de Meio Ambiente

Não existe uma forma padronizada de realizar a EA, existem variadas maneiras de praticar a educação ambiental, com características e objetivos que dependem da concepção que seus praticantes têm de meio ambiente. (REIGOTA, 1994).

A definição de meio ambiente é um conceito ainda em construção e pode assumir várias definições, dependendo da fonte de consulta (REIGOTA, 1994). Na literatura encontramos as mais variadas formas de entendimento do meio ambiente

e é comum a confusão de meio ambiente com natureza (fauna e flora), sendo a presença do homem vista como ameaçadora.

A definição aplicada nesse trabalho para meio ambiente é dada por Dias (2004) na qual afirma que o meio ambiente é formado pelos fatores bióticos (flora e fauna), abióticos (água, ar, solo, energia, etc.) e pela cultura humana (seus valores). Apesar de o ser humano ter exercido uma relação de dominação sobre a natureza, precisamos ter em mente que fazemos parte das relações estabelecidas no meio ambiente, e que não somos superiores aos outros seres, na verdade o ser humano precisa viver em harmonia com a natureza, pois precisamos dela para a nossa sobrevivência.

Abordagens de Educação Ambiental

A Educação Ambiental é um instrumento que busca disseminar um novo estilo de vida, por intermédio de uma nova postura em relação ao meio ambiente, com a criação de novos valores e mudança de comportamento.

A Educação Ambiental é realizada a partir da concepção que se tem de meio ambiente, segundo Carvalho (2004), não obstante o fato de todos concordarem que algo precisa ser feito em relação à crise ambiental, ainda existem divergências entre diferentes pontos de vista, sobre o que fazer e como gerir as questões ambientais. Essas divergências envolvem diversos grupos sociais, seus projetos e visões de mundo.

Nesse trabalho enfatizaremos as concepções de educação ambiental conservadora e crítica:

a) Educação ambiental conservadora que pode ser definida como aquela que conserva o movimento de constituição da realidade de acordo com os interesses dominantes. Alicerçada na visão de mundo fragmentada, simplifica e reduz a diversidade da relação. A educação ambiental conservadora tende a privilegiar ou promover: a transmissão do conhecimento correta para que o indivíduo compreenda a problemática ambiental e transforme seu comportamento e a sociedade (GUIMARÃES, 2004).

b) Educação ambiental crítica: contrapõe sobre a visão conservadora, subsidiando uma visão de mundo mais complexa. É um processo dialógico que objetiva promover ambientes educativos de mobilização dos processos de intervenção sobre a realidade e seus problemas socioambientais. Na perspectiva da educação ambiental crítica, a formação incide sobre as relações indivíduo- sociedade. As pessoas se constituem em relação com o mundo em que vivem com os outros e pelo qual são responsáveis juntamente com os outros. Na educação ambiental crítica a tomada de posição de responsabilidade pelo mundo supõe a responsabilidade consigo próprio, com os outros e com o ambiente, sem dicotomizar e/ou hierarquizar as dimensões humanas (CARVALHO, 2004).

Uma visão crítica de EA implica a consideração do modelo econômico adotado e as suas implicações tecnológicas e sociais. Assim, entendemos que ao estabelecer como metas para o ensino de ciências discussões críticas, a respeito das questões acima citadas, abordaremos necessariamente as inter-relações Ciência-Tecnologia-Sociedade, que vêm sendo amplamente discutidas no ensino de ciências.

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