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1. INTRODUÇÃO

2.8 Educação ambiental e desenvolvimento sustentável

A busca de um novo modelo de desenvolvimento, que seja comprometido com a sustentabilidade do planeta, requer mudanças radicais nos comportamentos e estilos de vida da sociedade moderna, reconhecendo o papel da educação ambiental como um dos pilares a dar sustentabilidade a essas mudanças.

Nesse entendimento, a função da educação ambiental é contribuir para a formação de cidadãos mais conscientes, capazes de decidirem e atuarem nas questões que comprometam o bem-estar de cada um e da sociedade.

Segundo Silva (2001), em relação à problemática decorrente dos resíduos sólidos, vivenciada atualmente, torna-se imprescindível o exercício da cidadania e a responsabilidade ambiental de cada um. Isso porque a concretização de um trabalho efetivo, comprometido com a solução de tais problemas, só trará respostas satisfatórias se a sociedade participar. Para tanto, faz-se necessário que a população reconheça as inconveniências acarretadas pela disposição final inadequada dos rejeitos e, ao mesmo tempo, perceba que as raízes do problema estão entrelaçadas com fatores sociais, econômicos, políticos e culturais. Portanto, não podem ser previstos ou resolvidos por meios puramente tecnológicos. Devendo agir primeiramente sobre os valores, atitudes e comportamentos dos indivíduos em relação ao seu ambiente.

Os programas educativos têm como objetivo educar e informar a sociedade sobre a importância da redução, reutilização e reciclagem dos resíduos, além dos impactos provocados pelo lixo ao serem lançados inadequadamente ao ambiente. Contudo, sabe-se que não é um trabalho tão fácil, principalmente quando nos referimos aos hábitos culturais de uma sociedade.

A natureza egocêntrica do homem e seu descaso com os problemas ambientais vêm afetando cada vez mais o meio ambiente em função dessa postura. Segundo Silva (2001), o desafio deste século é recuperar a humanidade pela sensibilização ecológica, rejeitando qualquer tipo de desenvolvimento que polua ou degrade a vida e o meio ambiente.

O elemento mobilizador de mudanças significativas em todos os projetos de reciclagem de resíduos sólidos tem sido a educação ambiental. Através dela as comunidades passam a participar conscientes do seu papel como agentes de transformação do ambiente em que vivem, bem como de suas condições de vida.

Desta maneira, a coleta seletiva surge como uma das principais estratégias de minimização dos problemas causados pelo destino inadequado de resíduos. Então, a partir de contribuições acadêmicas e apoio técnico vêm para contribuir a maximização dos benefícios que podem advir desse programa. Acredita-se que o elemento mais importante, no momento, seria investir em educação ambiental como forma de desencadear a consolidação da consciência ambiental e de participação cidadã, tornando os resultados mais fatisfatórios e consistentes.

A educação ambiental assemelha-se aos pilares de edifícios, pois é a base fundamental para o sucesso do programa de coleta seletiva, acreditando-se que uma sociedade mais organizada, ciente de seus direitos e deveres, tem mais capacidade de assumir sua própria transformação.

Nos dias de hoje, o conceito de Desenvolvimento Sustentável norteia a elaboração de projetos e políticas públicas, que visam criar uma relação equilibrada com o meio ambiente, e que procuram atender não só as necessidades atuais, mas também as futuras. Seu entendimento e aplicação tornam-se importantes na elaboração de propostas que busquem solucionar os problemas relacionados ao tratamento dos resíduos sólidos. Os resíduos orgânicos também merecem atenção especial, devido, entre outros aspectos, ao grande volume gerado pela sociedade. Nesse sentido é preciso utilizar-se de um modelo de gerenciamento que tenha um maior conhecimento e controle da cadeia produtiva dos produtos orgânicos para reutilização do composto orgânico de forma sustentável (MIRANDA, 2003).

A compreensão do Desenvolvimento Sustentável também é outro ponto importante para mudança de hábitos diante da problemática dos resíduos sólidos e a criação de políticas públicas coerentes.

Para Cavalcanti (1994), desenvolvimento é um processo de mudança estrutural, global e contínua, que tem como objetivo satisfazer as necessidades humanas, aumentando a

qualidade de vida de uma sociedade e atingindo níveis desejáveis de organizações. Enquanto, sustentabilidade, segundo Hogan (1993), significa uma inter-relação entre justiça social, qualidade de vida, equilíbrio ambiental e a necessidade de desenvolvimento, respeitando à capacidade de suporte do planeta.

Sabendo da importância da natureza como parte necessária e indispensável da economia moderna, bem como das vidas das gerações presentes e futuras, Binswanger (1997) concorda que o desenvolvimento sustentável significa qualificar o crescimento e reconciliar o desenvolvimento econômico com a necessidade de se preservar o meio ambiente.

Segundo Miranda (2003), os problemas ambientais nas metrópoles brasileiras têm se avolumado a passos largos e a sua lenta resolução tem se tornado de conhecimento público pela intensidade do impacto, como o aumento desmesurado de enchentes, poluição dos recursos hídricos, poluição do ar e problemas de saúde pública. Entretanto, a timidez das iniciativas e a descontinuidade das políticas têm criado um verdadeiro círculo vicioso, mas a inclusão desse problema dentro da esfera da sustentabilidade ambiental implica em uma transformação paradigmática, constituindo-se num elemento complementar para atingir-se um desenvolvimento compatível com a busca de eqüidade.

A reciclagem baseia-se no tratamento de resíduos ou de material usado, de forma a possibilitar sua reutilização e entra em perfeito acordo com os programas de desenvolvimento sustentável. Para Santana (2003), a reciclagem é um processo de reintrodução ou reutilização de qualquer produto ou material separado do lixo.

Com o avanço da tecnologia de reaproveitamento dos resíduos, a qualidade dos materiais reciclados vem melhorando e tornando tão boa quanto a dos produtos feitos a partir de matéria-prima virgem, além de terem, atualmente, boa aceitação pela sociedade.

De acordo com Santana (2003), dentre as vantagens para implantação de um programa de reciclagem de resíduos domiciliares, pode-se citar:

• Aumento da vida útil dos aterros, por ser menor o volume de resíduos a eles destinado;

• Inicio de uma consciência da comunidade sobre a relação homem/natureza e suas conseqüências;

• Diminuição do consumo de energia pelas indústrias;

• Menor custo de produção devido ao aproveitamento dos recicláveis no processo;

• Geração de empregos;

Como “peça fundamental” para desenvolvimento sustentável, a reciclagem destaca-se pelas vantagens econômicas para as indústrias, possibilitando uma redução substancial de custos com matéria-prima, bem como no seu beneficiamento. No caso do vidro e do alumínio, a reciclagem possibilita uma redução considerável nos gastos com matéria- prima e energia que os investimentos de grandes empresas em campanhas de educação ambiental direcionadas para programas de coleta seletiva de lixo são rapidamente recuperados.

De acordo com Santana (2003), a reciclagem possibilita a recuperação de materiais que seriam dispostos em lixões ou aterros e os devolve ao comércio agregando valor, mas, para movimentar este grande mercado, é necessário mão-de-obra para viabilizar algumas etapas do processo de reciclagem, utilizando-as em unidades de beneficiamento de lixo e em programas de coleta seletiva, propiciando postos de trabalho e valorização de uma parcela da sociedade tão marginalizada.

Segundo Acselrad (1999), a cidade sustentável será aquela que, para uma mesma oferta de serviços, minimiza o consumo de energia fóssil e de outros recursos materiais, explorando ao máximo os fluxos locais, satisfazendo o critério de conservação de estoques e de redução do volume de rejeitos.

Entretanto, o sucesso da gestão de resíduos está atrelado a uma mudança de comportamento de empresários e sociedade, ou seja, é preciso que se inicie uma renovação cultural, por meio da mídia, promoção de cursos nas escolas e comunidades sobre educação ambiental, incentivo financeiro às pequenas empresas recicladoras ou associações de catadores e, principalmente, tomada de uma nova postura das prefeituras quando as questões e gerenciamento dos resíduos sólidos.

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