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1 EDUCAÇÃO E AMBIENTE

1.4 Educação – ambiental – não formal

A educação ambiental é uma das formas de atuação em gestão ambiental que pode assegurar ganhos como uma de suas estratégias básicas. De um modo geral, as práticas educacionais em EA podem assumir as seguintes formas de manifestação: educação formal, não formal e informal. Segundo Tristão (2011), educação formal é aquela desenvolvida no ambiente acadêmico, desde o ensino infantil até a universidade, e que apresenta objetivos educacionais claros e específicos e uma ação intencional, estruturada e sistemática inserida em algum âmbito institucional. Ela se caracteriza por uma orientação educacional centralizada, associada a órgãos tanto burocráticos como fiscalizadores. A educação informal é aquela transmitida pela família, no convívio social com amigos, ou seja, é aquela decorrente de processos naturais e espontâneos nos quais as pessoas adquirem e acumulam conhecimentos, atitudes e habilidades por meio das vivências do cotidiano, incluído aí o contato com o ambiente ao redor.

A educação não formal define-se como qualquer tentativa educacional organizada e sistemática, com caráter de intencionalidade, que normalmente se realiza fora dos quadros do sistema formal de ensino, para oferecer tipos selecionados de ensino a determinados subgrupos da população (BIANCONI; CARUSO, 2005; COLLEY et al., 2002). Os programas de educação não formal não necessitam obrigatoriamente seguir um sistema sequencial e hierárquico de progressão, sendo que uma das suas características é sua flexibilidade tanto em relação ao tempo quanto à criação e recriação dos seus múltiplos espaços (GADOTTI, 2005).

A educação não formal tem objetivos explícitos de formação ou de instrução que não estão diretamente dirigidos à provisão de graus próprios do sistema educativo regular, mas desempenha funções que podem integrar-se no conceito de educação permanente. A educação não formal pode ser por comunicação de massa. O seu público-alvo é mais heterogêneo do que na educação formal, seu conteúdo tende a ser mais funcional e de caráter menos abstrato e teórico; utiliza normalmente metodologias ativas e intuitivas, tem objetivos normalmente de curto prazo; há menor exigência em termos de formação dos seus educadores, não tem horários nem espaços rígidos e, geralmente, depende de financiamentos de organizações privadas ou governamentais (TRILLA, 1999).

Em se tratando da EA, as práticas educativas não formais podem envolver ações em comunidade e, nesse caso, são chamadas de EA comunitária ou, ainda, EA popular. Estas dizem respeito a uma intervenção que, de modo geral, está ligada à identificação de problemas e conflitos relativos às relações dessas populações com seu entorno ambiental, seja ele rural ou urbano. É sempre importante lembrar que a EA pretende provocar processos de mudanças sociais e culturais que visam obter da sociedade tanto a sensibilização à crise ambiental quanto o reconhecimento dessa situação e a tomada de decisões a respeito (seja no âmbito formal ou não formal) (CARVALHO, 2008b).

Essas mudanças sociais e culturais de comportamento vêm guiadas muito mais pelas nossas emoções e valores do que por nossos conhecimentos, o que torna necessário não só oferecer aos educandos informações como propor experiências que reconstruam a conexão entre eles, como sociedade, e a natureza. Nesse caso, a teoria implícita é que o vínculo emotivo com o meio ambiente será suficientemente forte para promover mudanças de comportamento (TOMAZELLO; FERREIRA, 2001). O ensino não formal e seus espaços não formais podem ser bons aliados para isso. Além da contextualização local, possibilita que uma discussão sobre a dificuldade de pescadores em lidar com a escassez de peixe no açude aconteça no próprio lugar ou até em uma aula sobre a história da humanidade em um museu o que torna o ensino mais instigante e prazeroso, consequentemente aumenta o interesse dos educandos (VIEIRA, 2005). Dias (1998) ainda acrescenta: "um programa de EA, para ser efetivo, deve promover, simultaneamente, o desenvolvimento de conhecimento, de atitudes e de habilidades necessárias à preservação e melhoria da qualidade ambiental" (p. 128).

Com relação a como estão sendo desenvolvidos programas de EA não formal em nosso país, Dias (1998) se mostra preocupado com as estratégias que adotam o uso intensivo de cartilhas, cartazes, folders e outros recursos do gênero, que têm sido protagonistas de desperdício de recursos financeiros, frequentemente públicos, e de fracassos lamentáveis. "A fonte de erros tem sido a mesma: planeja-se sem o conhecimento devido do perfil ambiental das comunidades a serem envolvidas e do seu respectivo metabolismo." (p. 130). É pelo perfil ambiental de uma comunidade que se identificam as suas características sistêmicas de manutenção da vida e de seus valores, e no metabolismo analisamos o desenvolvimento dos processos, seus movimentos e tendências. Somente após conhecermos os detalhes desses mecanismos, podemos iniciar o planejamento para um dado público, com maiores chances de sucesso. Sem conhecer

os objetivos, problemas, prioridades e valores de uma dada comunidade, torna-se praticamente impossível planejar sem cometer erros.

Um programa de EA atinge seus objetivos somente fomentando a participação comunitária, de forma articulada e consciente. Para isso ele deve prover os conhecimentos necessários à compreensão do seu ambiente, de si, de modo a suscitar uma consciência social que possa gerar atitudes capazes de afetar comportamentos.

Pensando na política pública de EA desenvolvida no Rio Grande do Norte, podemos destacar o Programa de Proteção à Natureza do RN – PROECO do IDEMA. Criado em 2006, em convênio com a PETROBRÁS, o Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte (CEFET-RN) e a Fundação de Apoio ao Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte (FUNCERN), abrigou vários projetos voltados à educação ambiental no estado. Projetos bem variados, direcionados a públicos-alvo diferentes, contudo, todos voltados para a EA.

Projetos como Potengi Vivo e Barco Escola, com um trabalho de limpeza, monitoramento e EA voltados para o estuário do rio Potengi, importante rio do estado. Aulas passeio gratuitas a bordo de um barco catamarã com capacidade para 70 pessoas foram realizadas diariamente. "Numa visão multidisciplinar do rio, são abordados aspectos ecológicos, histórico-culturais, econômicos e sociais para estudantes e professores da rede estadual, municipal e particular, além de entidades da sociedade civil de Natal" (IDEMA, 2007). Poética da Terra, projeto que uniu, em um livro, imagens da paisagem potiguar narradas pelos poetas e poetisas locais. Monumentos Geológicos, em parceria com geólogos, professores e pesquisadores da companhia de pesquisa de recursos minerais-CPRM e da UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte, permitiu o conhecimento da geodiversidade, a divulgação de informações científicas e a proteção de monumentos naturais da região, contribuindo assim para a educação ambiental e para o eco-turismo (VARELA, 2013). Foram escolhidos 15 sítios geológicos do estado e em cada local instalaram-se placas informativas descrevendo as características e explicando a importância daquela formação geológica para a região.

O PROECO também abrigou o programa Jovem em Ação Ambiental, o qual consistia na capacitação ao longo de um ano de jovens da comunidade local escolhida como agentes promotores de EA. Além dos programas de EA citados acima, houve o da Caravana Ecológica. Neste estudo, propomos um olhar mais aprofundado ao programa

de EA não formal Caravana Ecológica com destaque para a visão dos participantes na avaliação desse programa.

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