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3.1. Dificuldades na Implementação da Educação Física no 1º Ciclo

Na perspectiva de Cruz (1993), são várias as dificuldades para a implantação da educação física, nas escolas do 1º ciclo, as quais assentam, nas faltas de sistema e de vontade política e depois na grande incompreensão e insensibilidade que, a seu respeito, se faz sentir no seio da comunidade escolar.

O mesmo autor refere que algumas escolas foram equipadas e apetrechadas com instalações próprias e material didáctico específico. E apesar de um número relativamente reduzido, alguns professores do 1º ciclo ensinaram a leccionação da Educação Física nas suas escolas, revelando disposição e interesse na realização das tarefas, embora sendo um processo sem tradição e sem implantação, mas que assumiram como importante, pondo em prática o que a Lei de Bases do Sistema Educativo determina para o 1º ciclo, um “ensino globalizante, da responsabilidade de um único professor, que pode ser coadjuvado em áreas especializadas”. Constatando-se a existência de todos os alunos, com elevada motivação para a prática e estudo das matérias da Educação Física.

No estudo referido realizado em escolas do Município de Oeiras em Lisboa, onde o corpo docente era constituído maioritariamente por docentes do sexo feminino, pouco jovem, com resistências à inovação e com a dificuldade de introdução da leccionação da Educação Física pelo professor do 1º ciclo, refere que os mesmos ao serem questionados sobre o facto da não leccionação dessa área nas suas escolas, apontaram como razões

impeditivas, que a Educação Física é da competência única do especialista, pois estes é que “sabem das técnicas”, é que sabem prevenir os riscos e evitar os acidentes; que lhes falta formação nesta área curricular, considerando-se inaptos e não competentes; a falta de instalações e equipamento especifico; a consideração desta área como uma matéria menor perante as outras áreas curriculares e a ausência de qualquer processo avaliador da leccionação, ou não, da disciplina e da sua eficácia.

Os objectivos da actividade educativa, na realidade, são avaliados de diferentes maneiras, já que na opinião da maioria dos pais e encarregados de educação o importante no 1º ciclo é aprender a ler, escrever e contar. Os pais não se preocupam se os seus filhos na escola fazem ou não Educação Física, se desenvolvem ou não capacidades físicas, ou seja, se no que diz respeito ao desenvolvimento corporal, enquanto desenvolvimento harmónico da personalidade, a escola cumpre a sua função para com a sociedade e o aluno. Há insucesso da família nesta área, pois o contributo da família é decisivo para a prática da política educativa. Assim como a precaridade das condições que ainda se observa é, de igual, factor de insucesso. Concluindo-se então que esta área curricular não é concretamente entendida como matéria curricular objecto de estudo e de ensino.

As importantes experiências autárquicas de apoio às actividades físicas das crianças do 1º ciclo dos seus concelhos, não eliminarão o insucesso, mas estão a reduzir de forma significativa a alta taxa verificada. Somente por aplicação de experiências apoiadas pela autarquia se tem tornado de maior importância o avanço para a implantação desejada.

3.2. A Promoção da Saúde nas Aulas de Educação Física do 1º Ciclo

Wold e Anderssen (1992, citado por Esculcas, 1999), referem que as crianças em idade escolar deveriam ser consideradas um grupo alvo para a promoção da actividade física habitual.

Na perspectiva de Sleap (1990), um currículo de educação física que ofereça a todas as crianças experiências agradáveis e divertidas pode levá-las a ver a actividade física como um elemento positivo e recompensante da vida, ou seja, como algo valioso e não desprezivo. Se forem motivadas a iniciarem estilos de vida activos e se lhes forem dadas razões fortes para os manterem ao longo da vida, o processo de readquirir esses

O mesmo autor refere que existem quatro razões principais que justificam a saúde como um objectivo nas aulas de educação física do 1º ciclo: Sendo elas a contribuição da educação física para crescer e se desenvolver; a promoção do valor da actividade física habitual; contribuir para estabelecer um estilo de vida activo e prevenir factores de risco de doenças cardiovasculares. A educação física no 1º ciclo tem um papel importante a desempenhar na prevenção da doença.

Gomes (1993b), considera que, nas idades mais baixas, o objectivo da educação física centra-se no desenvolvimento de uma capacidade desportivo-corporal fundamental, no ensinar a viver sadiamente, na iniciação desportiva e no desenvolvimento individual e social. A iniciação desportiva engloba a aprendizagem de rotinas motoras e sociais específicas, indispensáveis à prática de várias actividades físicas e modalidades desportivas. Nestas idades o que atrai para as actividades físicas, parece ser apenas uma só palavra e uma só imagem, o desporto.

Neste sentido o mesmo autor cita Siedentop (1987), que afirma que o ensino da educação física, sendo este o processo que visa aumentar as capacidades humanas para o desenvolvimento de actividades motoras competitivas e expressivas, apresenta como primeiro objectivo ajudar os alunos a serem desportivamente competentes, onde aprendem a compreender e a valorizar os vários papéis que podem assumir no desporto, assim como a distinguir as práticas desportivas positivas das negativas e ainda a serem admiradores da participação desportiva, ao mesmo tempo que preservam e engrandecem a cultura desportiva.

Nestas idades e fase de escolaridade, a educação física, apresenta como objectivos, o desenvolvimento fundamental da criança através dos estímulos oriundos da exercitação e da actividade física; o aperfeiçoamento dos procedimentos básicos do comportamento motor, ou seja, das habilidades fundamentais gerais (correr, saltar, lançar, agarrar, etc...), o desenvolvimento das habilidades fundamentais especificas (as anteriores, num grau coordenativo mais elevado, combinação de duas ou mais habilidades e sua automatização) para que se tornem possíveis as habilidades especializadas (viradas para técnicas desportivas), o desenvolvimento de competências desportivas (em formas adaptadas), associando à prática desportiva meio de socialização, instrumento de cultura e um caminho para uma vida sadia, entre outros.

CAPITULO IV