• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO II AS POLÍTICAS GOVERNAMENTAIS VOLTADAS À INFÂNCIA

2.2 A Educação Infantil no Contexto Atual

Na perspectiva de ampliar os direitos da criança, o governo do presidente Luis Inácio Lula da Silva lançou um conjunto de documentos orientadores e não normatizantes (municípios e setores privados não são obrigados a cumpri-los). Estes documentos se revelam significativos ao se constituírem numa direção apontada pelas políticas públicas em âmbito nacional para a Educação Infantil.

O conjunto de documentos a que nos referimos anteriormente são aqui referenciados:

1. Política Nacional de Educação Infantil: pelo direito das crianças de 0 a 6 anos: pelo direito das crianças de 0 a 6 anos à educação.

2. Parâmetros Básicos de infra-estrutura para instituições de Educação Infantil. 3. Parâmetro Nacional de Qualidade para a Educação Infantil.

4. Proinfantil – destinado à formação de profissionais que atuam em creche e pré-escola.

Observa-se que os documentos ainda são desconhecidos por parte daqueles que atuam com crianças desta faixa etária e ainda não são utilizados como referência de discussão entre gestores no sentido de planejar políticas de atendimento a Educação Infantil.

Quanto às orientações curriculares, muitos profissionais ainda seguem o que preconizam os Referenciais Curriculares Nacionais, talvez porque este documento foi maciçamente discutido com gestores e professores.

Os Parâmetros registram a necessidade de que as instituições se proponham a promover a igualdade de oportunidades educacionais, levando em consideração as diferenças, diversidades e desigualdades de imenso território e das muitas culturas nele presentes. Os documentos se articulam nos seguintes eixos: concepção de criança e concepção de pedagogia da Educação Infantil; o debate sobre a qualidade da educação em geral e o debate específico no campo da educação da criança de 0 a 6; os resultados de pesquisas recentes; bem como a qualidade na perspectiva da legislação e da atuação dos órgãos oficiais do país.

Vale ressaltar que o documento possui grande qualidade gráfica e apresentação indiscutível, em versão impressa e também disponibilizado eletronicamente13, trazendo concepções condizentes com os estudos atuais da área. Um ponto que ainda denota reflexão se refere à importância dada aos estudos efetuados anteriormente pelos próprios órgãos do governo. Não há referencias sobre estudos efetuados na área, ou menção ao reconhecimento da importância da caminhada histórica da área de Educação Infantil.

Neste sentido, faz-se necessário analisar a importância que o Plano Nacional de Educação traz à Educação Infantil. Barreto (2003, p.53) assim descreve:

Situar o lugar das políticas e dos programas atuais, de âmbito federal, dirigidos à criança de 0 a 6 anos de idade, especialmente daqueles que se referem ao atendimento em creches e pré-escolas, bem como analisar alguns desafios impostos pelo Plano Nacional de Educação Infantil no que tange à Educação Infantil é um desafio que se impõe a categoria.

O Plano Nacional de Educação foi instituído em 1998, e aprovado em 2001, com a responsabilidade de projetar e traçar as metas e objetivos para a educação previstas na LDB. Nele estão descritas as especificidades da Educação Infantil: inclusão na Educação Básica, formação dos profissionais, atendimento, dentre outros itens importantes para serem alcançados, haja vista que o plano foi estabelecido como uma meta a ser atingida no prazo de dez anos.

O PNE traça um panorama da Educação Infantil no Brasil, observando as diferenças de tratamento e alegando que no ano de 1998 o maior número de atendimentos concentrava-se na esfera pública e menor na esfera privada. Os objetivos do PNE (1998, p.15) são:

• Ampliar a oferta de Educação Infantil de forma a atender, em cinco anos, a 30% da população de até 03 anos de idade e 60% da população de 04 a 06 anos, e até o final

13 O documento na íntegra está disponível no endereço:

da década, alcançar a meta de 50% das crianças de 0 a 03 anos e 80% das crianças de 40 e 05 anos.

• Estabelecer um Programa Nacional de Formação dos Profissionais de Educação Infantil, com a colaboração da União, Estados e municípios, buscando a formação em nível superior de 70% destes profissionais. Admitindo para contratação apenas aqueles com titulação mínima (nível médio, normal ou cursos específicos superiores). Estabelecendo também programas de formação em serviço para a atualização permanente.

• Incluir creches ou entidades equivalentes no sistema nacional de estatísticas, adotando o atendimento integral nestas instituições,

• Assegurar que alem dos recursos municipais estes apliquem 10% dos recursos de manutenção e desenvolvimento não vinculados ao FUNDEF e que sejam aplicados à Educação Infantil.

O documento demonstra que, em suas metas apontadas, já se percebia uma necessária ampliação de recursos e atendimento a Educação Infantil e a criança brasileira. Analisando as metas descritas é possível perceber que ainda há muito a fazer e as iniciativas em âmbito federal podem ser consideradas tímidas, levando em consideração que ainda é grande o número de crianças que precisam ter seus direitos garantidos. Em nível local, os municípios também precisam desencadear ações amplas e urgentes no sentido de atender as metas previstas no PNE, pois até o momento verificamos que muitos municípios ainda não vêem a Educação Infantil como prioridade.

Reforçando o que vimos até então, Barreto (2003, p.63) registra:

Evidenciam os grandes passos que necessitam ser dados para mudar a situação da Educação Infantil em nosso país. O primeiro que aborda o lugar da criança de até 6 anos de idade e, especialmente da Educação Infantil, nas políticas públicas federais (...) É imprescindível que se busque aplicar os princípios de integração horizontal das políticas, ou seja, a integração entre os diferentes setores governamentais que tem responsabilidades com a criança de 0 a 6 anos, alem da integração vertical, isto é, entre as esferas federal, estadual e municipal.

As análises até aqui efetuadas demonstram que garantir uma educação pautada no atendimento a criança pequena demanda custo, planejamento, qualificação profissional e redimensionamento de prioridades. Não se deve pensar apenas na responsabilidade de uns sobre os outros, mas também em uma obrigação de todos no sentido de querer e precisar fazer bem, com um padrão mínimo de qualidade, buscando alcançar um padrão máximo.

Há necessidade de formação de profissionais que atuam com a criança pequena, bem como de seus gestores, pois não cabe apenas ensinar bem, mas também gerir os recursos a ela disponibilizados de forma clara e coerente. É preciso, ainda, conhecer as reais necessidades

locais para a Educação Infantil, implantando ações contínuas que atendam as necessidades da criança daquele espaço e dar a ela o direito à informação e ao conhecimento. Isto é nada mais do que garantir que a criança tenha um mínimo de dignidade e condições de viver e conviver na sociedade que ora se apresenta.

Pois conforme registra Kramer et.al.(2001, p.46):

É consenso que a educação das crianças pequenas é uma das áreas educacionais que mais retribuem à sociedade os recursos que foram nela investidos (...) é urgente à expansão de oferta de creches e pré-escolas, de modo a assegurar que o preconceito constitucional se torne fato, garantindo o acesso a todas as crianças à Educação Infantil de qualidade, que contribuam efetivamente para o desenvolvimento e o conhecimento das crianças.

Documentos relacionados