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Educação para o trânsito

No documento REFERENCIAL CURRICULAR 2012 ENSINO MÉDIO (páginas 39-41)

1. Educação, escola e currículo

1.10 Educação para o trânsito

Apesar de todo o progresso científico e tecnológico adquirido pela humanidade, a sociedade ainda não conseguiu eliminar alguns problemas de convivência entre as pessoas, especialmente nas cidades. A sociedade contemporânea, em processo de transformação constante,

exige da educação escolar mudanças de paradigmas para orientar e resgatar os valores primordiais à vida, às relações e ao convívio social.

A educação se tornou espaço de mediação de conhecimentos e instrumento da construção da base ética da vida em sociedade. Nesse sentido, a convivência social no trânsito nem sempre está ancorada no princípio da igualdade. Esse aspecto deve ser trabalhado de forma contínua e prática nas instituições educacionais. Segundo Saviani (2004), a transformação da igualdade formal em real está associada à transformação dos conteúdos formais, fixos e abstratos, em conteúdos reais, dinâmicos e concretos do dia a dia e seu entorno.

Com a implementação da Política de Educação e Ensino para o Trânsito nas escolas estaduais de Mato Grosso do Sul, conforme Resolução/SED n. 2.037/06, os subsídios para o planejamento na educação básica e suas modalidades, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação n. 9394/96, são assegurados na perspectiva de construção do processo educativo da criança e do jovem, pautado no direito a eles garantido constitucionalmente.

Dessa forma, a inclusão da educação e do ensino para o trânsito na prática pedagógica da comunidade escolar proporciona mudanças de comportamentos, inclusão social, respeito à diversidade e solidariedade e, ainda, estimula, nas crianças, adolescentes, jovens e adultos atitudes, valores e hábitos que venham de fato contribuir para a preservação da vida, para a paz no cotidiano dos espaços urbanos e rurais, capazes de ajudar na redução dos acidentes de trânsito.

A educação e o ensino para o trânsito estão diretamente relacionados à cidadania, aos direitos humanos e à ética, compreendendo conteúdos, conhecimentos e orientações curriculares e no que se refere à organização curricular, englobam todas as áreas do conhecimento, sendo previstas duas possibilidades: como componente da parte diversificada do currículo ou como tema transversal, integrando as áreas do conhecimento. Assim, conforme Saviani (2004), quanto mais adequados forem os nossos conhecimentos sobre a realidade, mais adequados serão os meios para agir e intervir sobre ela.

Faria e Braga (1999) sugerem que, para ser eficiente, um programa de educação para o trânsito deve transformar o estudante em agente ativo no processo de ensino e de aprendizagem, com o objetivo de formar cidadãos conscientes. Para tanto, deve também desenvolver o tema nos seus aspectos histórico, social, local, legal e comunitário, dentre outros, para que haja uma substituição dos comportamentos de risco por comportamentos adequados, pela consciência da responsabilidade individual e pelo respeito aos outros.

As questões relativas ao trânsito, desencadeadas pelo desrespeito às leis e ao próximo, devem ser discutidas e analisadas, considerando o contexto social, cultural e político da sociedade contemporânea, embasada em conceitos éticos e morais, que deverão orientar o trabalho pedagógico nas unidades escolares, como parte integrante e fundamental da formação de estudantes.

Segundo Mills apudPereira (1986), quando se pretende obter mudanças de opinião da

população para solucionar questões sociais, como no caso da maneira correta de se comportar no trânsito, os exemplos de pessoas e grupos admirados costumam exercer influência positiva. Para tanto, ações multissetoriais devem ser estimuladas, porém elas dependem de vontade política e

atuação coordenada (SOUZA; MINAYO, 1995), e por isso são difíceis de serem realizadas, pois, segundo Chamé (1997), as questões da interdisciplinaridade dedicadas aos estudos de vários setores da vida coletiva são consideradas um desafio à tecnologia e à criatividade humana.

Estudos internacionais ressaltam que os programas educativos são fundamentais para a redução dos acidentes de trânsito, mesmo que seus resultados só apareçam em médio ou em longo prazo, pois eles são o único meio de aumentar o nível de consciência social e de responsabilidade individual dos cidadãos, fazendo com que eles respeitem os direitos alheios (FARIA & BRAGA, 1999). Partindo do senso comum com o intuito de desenvolver o senso crítico do estudante, a organização curricular na escola deve buscar ressignificar os conteúdos de todas as disciplinas escolares, trazendo para o trabalho pedagógico as questões relacionadas ao trânsito.

Diante dessa colocação, apresentamos objetivos que podem ser buscados na efetivação da educação e ensino para o trânsito: a) entender a importância da participação do cidadão na organização do sistema de trânsito acessível a todos; b) reconhecer a importância da legislação de trânsito para o convívio no contexto das cidades, o exercício da cidadania, a conquista da dignidade humana centrada em valores que priorizem a vida; c) motivar a participação no planejamento de gestão de sua cidade, utilizando-se dos instrumentos da Política Urbana: Municipalização, Plano Diretor, Lei do Uso do Solo e Zoneamento Urbano, Programa 0660 “Segurança e Educação para o Trânsito: Direito e Responsabilidade de Todos”- Ação 8487 – Fomento a Projetos destinados à Redução de Acidentes no Trânsito; d) sensibilizar sobre a importância de pensar o presente e o futuro para as cidades onde se vive, garantindo a acessibilidade das pessoas com deficiência e mobilidade reduzida; e) promover e incentivar o conhecimento e as discussões sobre a cidade; f) aplicar o desenvolvimento de conteúdos que promovam o conhecimento sobre os aspectos legais e sobre o desenvolvimento sustentável dos municípios; g) qualificar, por meio de curso técnico de nível médio, na forma integrada à educação profissional; h) promover desenvolvimento dos conteúdos propostos para a aquisição da Carteira Nacional de Habilitação - CNH, ressaltando a importância dos valores morais e éticos indispensáveis à preservação da vida; i) reivindicar direitos e contribuir na melhoria da qualidade de vida em sociedade assegurando a acessibilidade e mobilidade; j) promover atividades que incentivam o conhecimento das legislações referentes à acessibilidade da pessoa com deficiência e mobilidade reduzida; l) desenvolver projetos de cunho científico, articulando as questões do trânsito com os conteúdos das disciplinas escolares do currículo.

Dessa forma, a educação e o ensino para o trânsito, como elementos da parte diversificada do currículo ou como tema transversal integrado às áreas de conhecimento, devem ser assegurados pela comunidade escolar e expressos no Projeto Político-Pedagógico e no Regimento Escolar, de forma a permitir que os saberes sobre o trânsito façam parte do trabalho pedagógico da escola.

No documento REFERENCIAL CURRICULAR 2012 ENSINO MÉDIO (páginas 39-41)

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