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O direito à vida está consignado na Constituição Portuguesa para todos os cidadãos, independentemente da raça, cor, religião, nacionalidade ou idade.

Com o desenvolvimento do conhecimento na área da Saúde tornou-se vinculativo que uma paragem cardiorrespiratória (PCR) não é forçosamente uma situação de morte.

Quando surge uma paragem respiratória e/ou cardiorrespiratória, as hipóteses de sobrevivência para a vítima variam em função do tempo de intervenção. A medicina atual tem recursos que permitem recuperar para a vida ativa, vítimas de paragem cardíaca e respiratória, desde que sejam assegurados os procedimentos adequados em tempo oportuno (INEM - Departamento de Formação em Emergência Médica, 2006).

Se o episódio ocorrer num estabelecimento de saúde, em princípio, serão iniciadas de imediato manobras de Suporte Básico de Vida (SBV) e Suporte Avançado de Vida (SAV), pelo que existe uma maior probabilidade de sucesso.

No entanto, a grande maioria das paragens cardiorrespiratórias ocorre fora de qualquer estabelecimento de saúde. No mercado, no café, em casa, no centro comercial, nas escolas ou mesmo no meio de uma estrada. Na sequência de um acidente ou de uma doença súbita. A probabilidade de sobrevivência e recuperação nestas situações depende da capacidade de quem presencia o acontecimento em saber quando e como pedir ajuda, e iniciar de imediato Suporte Básico de Vida (INEM - Departamento de Formação em Emergência Médica, 2006).

A chegada de qualquer meio de socorro a um local, dotado da competência para realizar eficazmente SBV, ainda que muito rápida, pode demorar mais do que 10 minutos. Se até essa altura ninguém tiver iniciado manobras de SBV em conformidade, as hipóteses de sobrevivência da vítima terão caído de 98% para 11% (DFEM, 2011).

Em condições ideais, todo o cidadão devia estar preparado para saber fazer SBV. No nosso país, existe um longo caminho a percorrer para dotar a população da capacidade de responder a estas situações de emergência médica.

Para incluir o cidadão comum, como elemento ativo, não só de uma cadeia de sobrevivência, mas, numa perspetiva mais global, como interveniente participativo e responsável na sua própria saúde, e pela dos que o rodeiam, há verdadeiramente uma necessidade de promover a saúde.

O termo Promoção da Saúde pode definir-se como o “conjunto de esforços realizados coletiva e individualmente para que se concretize o potencial máximo de saúde a que podemos aspirar” (Loureiro & Natércia, 2010). Apesar de a sua abordagem parecer simples, carece de grandes esforços individuais e coletivos urgentes. Todos somos chamados a participar: o cidadão em geral, os profissionais de saúde, os políticos, os autarcas, os professores nas escolas e as famílias. A necessidade urgente de desenvolver os recursos na promoção da saúde provém de um direito e da expetativa natural de todo o Ser Humano.

Numa analogia antiga propunha-se que, em vez de se gastarem avultados recursos tentando resgatar as pessoas afogadas num rio, se procurasse evitar que caíssem ao mesmo. É essa a promessa salvífica da promoção da saúde, assente na compreensão das causas da saúde (os determinantes da saúde, sobretudo os de índole social) sobre as quais é imperativo atuar, de forma concertada. Há de facto uma necessidade de fazer participar todos os setores da sociedade para estabelecer consensos e compromissos entre todos. Esta presença de preocupação pela saúde, em todas as políticas, é hoje, internacionalmente aceite como a via mais promissora, se exercida a todos os níveis, do global ao local (Loureiro & Natércia, 2010).

Conseguimos estabelecer uma ponte entre a saúde e o desenvolvimento humano e económico. A saúde é uma condição para o desenvolvimento individual e de investimento no futuro. É a base da produtividade no trabalho, da capacidade para aprender na escola e do bem-estar intelectual, físico e emocional (United Nations Millenium Declaration, 2000).

Em termos económicos, saúde e educação são as duas pedras fundamentais do capital humano. Um bom nível de educação e de saúde tem valor próprio para o bem-estar das pessoas. Os dois conceitos estão intrinsecamente ligados. A educação ajuda a melhorar a saúde e uma boa saúde contribui para uma melhor educação. Além disso, a educação favorece o crescimento económico e o aumento do rendimento de pessoas pobres. As melhorias na saúde geram retornos significativos (Loureiro & Natércia, 2010).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é necessário garantir que todos tenham condições facilitadoras de acesso aos cuidados de saúde, à informação, ou a ambientes que capacitem para estilos de vida mais saudáveis.

Os objetivos apontados relacionam-se todos eles com a Promoção da Saúde, quer quanto aos valores subjacentes, quer quanto às estratégias e às competências necessárias para os concretizar.

A melhoria de determinantes da saúde como a pobreza, o acesso aos bens, incluindo educação, a capacidade de ouvir os cidadãos, tem de ter por base políticas que

promovam a democracia, ambientes saudáveis, rendimentos económicos capazes de satisfazer, pelo menos, as necessidades básicas, serviços de saúde próximos das pessoas e um nível de literacia dos cidadãos que seja habilitante para opções críticas e sustentadas. A comissão em Macroeconomia e Saúde (WHO, 2001) defende a necessidade de posicionar o setor da saúde num contexto mais vasto de Promoção da Saúde. Uma política efetiva requer a compreensão detalhada de que as condições locais – ecológicas, sociais, demográficas, económicas e políticas – afetam a saúde e precisam de ser abordadas segundo uma estratégia de saúde pública. O modelo de desenvolvimento da saúde integra os valores da democracia e do chamado empowerment dos cidadãos e das comunidades.

2.1 – PROMOÇÃO DA SAÚDE: UMA ABORDAGEM ESTRATÉGICA E